Por Denise Neves – Colaboradora B+ no RJ
Edição Flávia Viana
Kelner interpreta o DJ Mark da Boate Radar Club em ‘Verdades Secretas 2’. O ator vive um triângulo amoroso com as personagens Chiara (Rhay Polster) e Aline (Paula Burlamaqui) na segunda parte demais um trabalho de sucesso da TV Globo.
Em alta nas plataformas de streaming, o ator também possui passagem em outros projetos audiovisuais como as séries ‘Sob Pressão’, disponível no Globoplay, e ‘Todxs Nós’, da HBO.
Natural de Rio Tinto, município do interior da Paraíba com cerca de 24 mil habitantes, Kelner Macêdo foi para João Pessoa aos 16 anos de idade para apostar no sonho de ir mais além.
“Ninguém nunca me disse que eu poderia ser ator... O que eu poderia fazer era trabalhar em uma oficina mecânica ou carregar caixa em um supermercado, e eu pensava que poderia fazer outras coisas."
"Por que não posso ser um médico? Ou um advogado? Ou um ator?”, relembra.
Foi quando Macêdo se mudou para a capital paraibana e ingressou na faculdade de Psicologia. Aos 21, viu que não era isso que queria e descobriu onde era de fato o seu devido lugar: na arte.
A partir disso, o ator foi para São Paulo (SP), onde conseguiu o seu primeiro papel já como protagonista, interpretando o personagem Elias em ‘Corpo Elétrico’.
“Foi um processo muito transformador para mim, tanto do meu olhar para o mundo quanto para eu me ver também”, diz.
De lá para cá, Kelner já fez outros trabalhos de destaque na televisão como em ‘Onde Nascem Os Fortes’, ‘Sob Pressão e ‘Verdades Secretas 2’ da Rede Globo.
Na TV fechada, participou de ‘Todxs Nós’ da HBO. Já no teatro, o último espetáculo no qual atuou foi na peça ‘Lobo’, que saiu de cartaz logo no início da pandemia.
Agora, com o final do grande sucesso e fenômeno que foi ‘Verdades Secretas 2’, no qual interpretou o DJ Mark.
O ator se prepara para os seus próximos trabalhos previstos para o ano que vem, como as gravações da última temporada de ‘Sob Pressão’ e as estreias do longa-metragem ‘A Vida Que Resta’ e do curta ‘Promessa De Um Amor Selvagem’.
Além disso, Macêdo prevê os lançamentos dos seus próprios projetos, como a peça ‘Cavalo’ e o curta ‘Ponte do Rio Seco’, escrito e dirigido por ele.
“O curta fala de um jovem ator que chega na cidade de São Paulo para o primeiro longa-metragem da sua carreira, onde acontecem encontros específicos que ele tem dentro dessa cidade”, conta.
Durante a entrevista ao Correio B+ dessa semana, ele falou sobre sua carreira e contou com exclusividade pra gente sobre os seus próximos trabalhos previstos para o próximo ano.
Leia a entrevista na íntegra e saiba todos os detalhes:
CE: O que te levou a ser ator? Alguma referência?
KM: “Eu venho de uma infância pobre, que não tinha acesso à cultura e à arte. Então, isso não me era dado como uma referência.
As maiores referências artísticas que eu tinha era a televisão, por causa das novelas, e o rádio. Na minha cidade não existia cinema e nem teatro.
O que existia era locadora e todo o dinheiro que eu tinha, eu gastava para alugar filmes. Eu me reunia com alguns amigos e a gente alugava quatro ou cinco filmes e assistíamos o final de semana inteiro.”
CE: Você teve incentivo na infância para seguir a carreira de ator?
KM: “Ninguém nunca me disse que eu poderia ser ator... O que eu poderia ser é trabalhar em uma oficina mecânica ou carregar caixa em um supermercado, e eu pensava que eu posso fazer outras coisas.
Por que não posso ser um médico? Ou um advogado? Ou um ator?”
CE: Como surgiu a oportunidade para fazer o Elias em ‘Corpo Elétrico’?
KM: “O diretor Marcelo Caetano me convidou para fazer o teste. Eu fiz e passei, depois fiquei mais um ano sendo testado por ele à distância, entre conversas e encontros, outros atores também foram testados, até que ele acabou voltando para mim, que fui quem fiz o primeiro teste para o Elias.”
CE: E como foi para você, logo de cara conseguir um papel como protagonista de um filme? E como você se preparou para interpretar o personagem?
KM: “Foi um processo bem intenso. No primeiro mês, eu fiquei fazendo experiências dentro da cidade de São Paulo. Fui construindo qual era a cidade que o personagem habitava e sendo atravessado por essa cidade.
Eu fui modificando tudo em meu corpo, na minha observação sobre as pessoas e sobre as coisas. Foi um processo muito transformador para mim, tanto o meu olhar para o mundo quanto para eu me ver também.”
CE: Nas gravações de ‘Verdades Secretas 2’, no qual você interpreta o DJ Mark... As cenas de sexo são tranquilas para você?
KM: “Para mim, é super tranquilo. O meu corpo é o meu maior instrumento de trabalho, é o meu meio de comunicação, é a partir dele que eu gero emoções.
Ver um homem gay, nordestino, pardo e que veio de uma família pobre, eu acho que já é estabelecer um contato, e a cena de um sexo conta essa história.
O meu corpo está disponível para narrar isso. Para mim, uma cena de sexo é como todas as outras.”
CE: O que você e o DJ Mark têm em comum? E o que não têm?
KM: “Nós temos pontos de vistas muito diferentes. Ele é muito mais lunar, da noite, e eu sou muito mais solar, eu sou do dia, da praia... A nossa maior proximidade é na balada, aí eu me vejo mais nele, mas fora disso, nós somos bem diferentes.”
CE: O DJ Mark vai estar na 3ª temporada de ‘Verdades Secretas’?
KM: “Eu não sei. Ninguém sabe de nada, na verdade. (risos)”
CE: Qual foi o personagem mais difícil que você já interpretou?
KM: “O Hugo, de ‘A Vida Que Resta’. Ele tem uma relação desconhecida com um personagem que se suicida, o Felipe.
Após isso, os pais dele vão procurar uma forma de estabelecer esse luto, cada um da sua maneira. E o Hugo tem um encontro com o pai do Felipe e muitas coisas vão se desdobrando a partir desse encontro.”
CE: Pode contar um pouco sobre o ‘Promessa De Um Amor Selvagem’ também?
KM: “É um curta sobre quebra de expectativas que transforma todo o ponto de vista inicial. O meu personagem é um cara misterioso chamado Bruno, um andarilho que tem alguns encontros no meio do caminho que acabam transformando a passagem dele no decorrer do filme.”
CE: O último espetáculo no qual você se apresentou foi na peça ‘Lobo’, encerrada com a chegada da pandemia no país. Há alguma previsão do seu retorno aos palcos?
KM: “Sim, uma peça de solo teatral, que se chama ‘Cavalo’. É de autoria minha e eu ainda estou escrevendo, e devo entrar em processo de criação no segundo semestre do ano que vem. Fala sobre a extinção da espécie humana como a conhecemos e a busca por um novo lugar na Terra.”
CE: Além da peça, você também tem um outro projeto seu em vista, o curta-metragem ‘Ponte do Rio Seco’. Pode contar um pouco sobre ele?
KM: “É um filme sobre quebra de expectativa, a gente começa contando uma história e depois se surpreende com o rumo que as coisas vão tomando.
Fala de um jovem ator que chega na cidade de São Paulo para o primeiro longa-metragem da sua carreira e acontecem encontros específicos que ele tem dentro dessa cidade.
E ele vai sendo recebido por essa cidade e também a recebe. Então, é um filme sobre atravessamentos de um jovem dentro de São Paulo.”
CE: Se você pudesse ser um super-herói, qual você seria?
KM: “Um super-herói LGBTQIA+. Um super-herói que ainda não existe, que vai falar do que é diferente, que vai falar da diversidade, que vai falar de raça, de cor, de gênero... Acho que seria esse.”
CE: E quais são os seus desejos para 2022?
KM: “Eu desejo uma vida mais gostosa para todo mundo. Menos sofrimento, menos desgraça, menos depressão... Eu acho que tudo isso é uma resposta para tudo o que plantamos na vida.
É impossível não receber de volta o que a gente emana, e o que eu venho tentando emanar para todo mundo é mais paz, amor, tranquilidade, vida boa, bons relacionamentos, bons sonhos... Ser tudo bom, bom, bom.
Principalmente no Brasil, que a gente está vivendo essa desgraça, que, além do vírus, tem um outro vírus, que está na presidência. Então o meu maior desejo é que esses vírus desapareçam e que venha muita cura.”


Ryan Keberle, trombonista - Foto: Divulgação / Alexis Prappas

Marcio Benevides, Maria José falcão e Fabiana Jallad
Andreas Penate e Monica Ramirez


