Robert Downey Jr. conseguiu encaixar Sherlock Holmes na lista de heróis do cinema atual. Interpretando novamente o detetive mais audacioso de todos os tempos em Sherlock Holmes - O Jogo de Sombras, que chega aos cinemas brasileiros na próxima sexta-feira (13), o ator norte-americano transformou o metódico e dedutivo personagem de Sir Arthur Conan Doyle em algo palpável para as produções de ação - agressivo, bonachão e, ainda assim, sagaz.
Assim como o playboy Tony Stark - o Iron Man -, Sherlock Holmes é mais um personagem com a cara do próprio Downey Jr.: cheio de manias e bem-humorado. Tudo isso sem perder o charme de galã. A nova persona do detetive pode decepcionar os fãs mais fervorosos dos romances do escritor e médico britânico, mas cumpre o seu papel; o de trazer a um novo público as aventuras do herói mais inteligente da literatura criminal.
Nessa sequência, dirigida mais uma vez por Guy Ritchie (Snatch e RocknRolla) com a mesma equipe de produção, Sherlock Holmes tem pela frente o único vilão à altura de sua astúcia e força: Professor Moriarty. Cunhado como "Napoleão do Crime" por Conan Doyle, o personagem de Jarred Harris é responsável por uma série de acontecimentos distintos que apenas o detetive consegue ver ligação.
Como uma teia de aranha, a morte de um magnata americano do aço, os bombardeios em Estrasburgo e Viena, a overdose de um traficante chinês de ópio e a queda de um rico indiano produtor de algodão levam Sherlock Holmes a cair de forma quase doentia no jogo do renomado professor universitário. Demonstrando ainda mais o impacto da industrialização europeia no fim do século 19 (a trama se passa em 1891), o filme se desenrola entorno da ambição macabra de Moriarty: lucrar com a guerra no velho mundo, vendendo desde armas a esparadrapos. Algo semelhante com o que aconteceu na Primeira Guerra Mundial, em 1915.
Quase enlouquecendo com seu novo caso e sempre um passo atrás do seu maior vilão, Sherlock Holmes precisa da ajuda de seu caro parceiro, Dr. Watson (Jude Law), que desta vez vive um dilema pessoal. Às vésperas de seu casamento, o médico está dividido em ter uma vida tranquila ao lado de sua mulher Mary - interpretada novamente por Kelly Reilly - ou a emoção de buscar a justiça. Como era de se esperar, Watson é jogado pelo detetive para o lado da caça.
Em O Jogo das Sombras, há uma troca de mocinhas. Trabalhando ao lado de Mariarty, a paixão do investigador particular, a ladra Irene Adler (Rachel McAdams), é descartada logo no início da trama, deixando espaço para a cigana Sim. Interpretada pela sueca Noomi Rapace (em seu primeiro papel na língua inglesa), Sim é a última peça de Sherlock Holmes para acabar com os planos do professor e acompanha o detetive e seu parceiro nos melhores embates entre a Inglaterra, França, Alemanha e Suíça.
E são com esses três personagens que o filme ganha seu lado de ação. Com a relação de Sherlock Holmes e Dr. Watson já apresentada ao público no primeiro filme, as cenas de combate e destruição ganham mais destaque e tempo na sequência. Principalmente o que os produtores chamam de "visão Holmes", aqueles cálculos mentais que o detetive vê em câmera lenta antes dos conflitos. São nessas passagens que mostram que o novo Sherlock Holmes é mais músculos do que cérebro.
O filme ainda conta com um novo personagem, Mycroft Holmes (Sthephen Fry), irmão mais velho do detetive. Exercendo um alto cargo no governo britânico, ele é mais um aliado do investigador particular, mas ao mesmo tempo um ardiloso competidor. Tão inteligente quanto Sherlock, os dois disputam deduções, mas Mycroft é preguiçoso e desinteressado nas pessoas, o que torna o personagem mais cômico da trama. Pena para Watson e Mary, que ficam no meio dos Holmes.
Sherlock Holmes - O Jogo de Sombras se sai melhor que seu antecessor com um roteiro mais apreensivo e violento. Ao colocar um vilão em igualdade com o herói, o filme mostra o detetive mais suscetível ao erro e mais paranóico em sua missão, lembrando um pouco das crises de descontrole e dúvida causadas pelo vício em ópio do Sherlock Holmes de Conan Doyle.
Ryan Keberle, trombonista - Foto: Divulgação / Alexis Prappas

Marcio Benevides, Maria José falcão e Fabiana Jallad
Andreas Penate e Monica Ramirez


