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O impacto da política de Donald Trump no agronegócio brasileiro

Entenda como o governo Trump pode influenciar o agronegócio brasileiro, impactando exportações, relações comerciais com a China e políticas ambientais, segundo especialistas do setor

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Na recente conversa com o engenheiro agrônomo e analista Alcides Torres, da Scott Consultoria, foi discutido o impacto que o governo Trump pode ter sobre o agronegócio brasileiro.

Segundo Torres, um governo republicano nos Estados Unidos tende a ser mais favorável ao setor agropecuário do Brasil do que uma administração democrata, como evidenciado em gestões anteriores.

A possível intensificação de uma guerra comercial entre EUA e China poderia favorecer as exportações brasileiras de carne, soja e milho, devido ao aumento da demanda chinesa por produtos brasileiros.

A valorização do dólar, que recentemente se aproximou de R$ 6, amplia a competitividade das exportações brasileiras, tornando os produtos nacionais mais acessíveis em relação aos concorrentes.

Em contrapartida, tal cenário onera as importações do Brasil, mas, segundo Torres, esse é um aspecto que beneficia o saldo da balança comercial do setor agrícola brasileiro.

Outro ponto de atenção refere-se à política tarifária. Trump, durante sua campanha, mencionou um possível aumento nas tarifas de importação. Atualmente, a carne bovina brasileira, fora das cotas de importação, já é taxada em 27% ao entrar nos EUA, e a elevação em 10% deste percentual poderia impactar significativamente o setor.

Mesmo assim, os EUA representam uma fatia importante do mercado exportador brasileiro, respondendo por cerca de 8% do volume exportado e até 10% do faturamento.

Quanto ao mercado de combustíveis renováveis, Torres ressalta a possibilidade de uma mudança na política americana em relação aos combustíveis verdes, enfraquecendo o apoio a esta indústria, que foi fortalecido pelo governo democrata. Caso ocorra essa mudança, é provável que ocorra um excedente de oleaginosas como a soja no mercado internacional, afetando diretamente o Brasil.

Confira na íntegra: 

 

O produtor rural Pedro de Camargo Neto, ex-secretário de produção do Ministério da Agricultura, pontua que, em um cenário de maior aproximação com a China, o Brasil poderia explorar oportunidades estratégicas, como investimentos em infraestrutura.

Segundo Camargo Neto, no entanto, a falta de uma visão estratégica por parte do governo brasileiro compromete tais negociações, perdendo-se a chance de estabelecer acordos vantajosos.

A questão ambiental também se coloca como um ponto crítico. A postura de Trump frente às mudanças climáticas já foi marcada pelo ceticismo, o que pode gerar tensões em um contexto de eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes.

Camargo Neto enfatiza a necessidade de uma liderança brasileira que promova propostas ambientais coerentes e baseadas na ciência, contribuindo para um consenso global. Contudo, ele aponta que falta visão estratégica para que o Brasil assuma tal papel.

Este panorama evidencia a complexidade das relações entre as políticas de um governo estrangeiro e o impacto direto no agronegócio brasileiro, com possíveis desdobramentos tanto para a economia quanto para a política ambiental do país.

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Safra de cana-de-açúcar enfrenta déficit hídrico e prejuízos bilionários em São Paulo e Mato Grosso

Safra de cana enfrenta prejuízos bilionários e déficit hídrico recorde em SP e MS. Produção e produtividade agrícola caem, mas qualidade da matéria-prima (ATR) é beneficiada pela falta de chuvas. Confira os impactos no setor sucroalcooleiro brasileiro

28/10/2024 05h00

Reprodução IA

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A colheita de cana-de-açúcar no Brasil passa por um momento crítico, com prejuízos significativos e déficits hídricos que impactaram fortemente a produção.

Segundo o presidente da Datagro, Plinio Nastari, os incêndios que ocorreram entre agosto e setembro nas lavouras de São Paulo resultaram em prejuízos que superam os R$ 10 bilhões, ultrapassando consideravelmente os R$ 6,5 bilhões de crédito disponibilizados pelo governo federal para a recuperação das áreas atingidas.

Mesmo assim, a produtividade acumulada da safra se mantém dentro da média das últimas 10 safras, atingindo 83,2 toneladas por hectare, em comparação com a média histórica de 79,7 toneladas por hectare.

Apesar desse resultado, a produtividade agrícola de setembro mostrou queda em relação ao ano anterior, com uma média de 69,7 toneladas por hectare nesta safra, comparadas às 83,4 toneladas no mesmo período da safra passada.

Ouça na íntegra no Spotify:

 

Em contrapartida, a qualidade da matéria-prima (ATR) foi beneficiada pela falta de chuvas, alcançando um índice acumulado de 136,7 quilos de ATR por tonelada de cana, ligeiramente superior ao registrado na safra anterior.

Em Mato Grosso do Sul, os dados também revelam desafios. O ATR no mês de setembro subiu 1%, passando de 146,5 para 147,9.

No entanto, a produtividade sofreu queda de 20%, passando de 81,6 toneladas por hectare para 65,5 no mesmo mês. No acumulado anual, a produtividade na região também caiu 10%, de 86,4 toneladas para 77,8.

Esses números refletem um cenário adverso para o setor sucroalcooleiro brasileiro, que lida com as consequências do clima e busca soluções para mitigar os impactos econômicos e ambientais.

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Produtores rurais do centro-oeste se mobilizam contra moratória da soja

Produtores rurais do Centro-Oeste enfrentam desafios com a Moratória da Soja e a Lei Anti desmatamento da União Europeia, alegando impactos negativos nas atividades agrícolas e prejuízos financeiros

21/10/2024 05h00

Produtores de soja

Produtores de soja Reprodução IA

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A Moratória da Soja e a Lei Anti desmatamento são considerados grandes entraves pelos produtores rurais do Centro-Oeste brasileiro, que estão declarando guerra às tradings e à União Europeia devido a essas questões.

A onda política de direita consolidada pelos resultados das eleições municipais reforçou a pauta ruralista no maior polo agrícola do país.

Isso levou à aprovação de um projeto de lei na Assembleia Legislativa de Mato Grosso, que impede a concessão de benefícios fiscais a empresas que aderirem à Moratória da Soja.

O que é a Moratória da Soja?

Criada em 2006, a Moratória da Soja é um acordo entre a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (ANEC), ONGs ambientais e o governo, que visa impedir a venda e financiamento de soja produzida em áreas desmatadas na Amazônia Legal após 2008.

Esse pacto busca conciliar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental, promovendo práticas sustentáveis.

Renovada anualmente desde 2008, a moratória foi, em 2016, renovada indefinidamente.

Apesar de ser reconhecida por ambientalistas como uma medida importante para o combate ao desmatamento, muitos produtores de soja do bioma amazônico se opõem a ela.

Eles alegam que foram excluídos do acordo e que enfrentam prejuízos financeiros significativos. Segundo cálculos da Associação dos Produtores de Soja, desde 2008, os prejuízos anuais alcançam R$ 32 bilhões em Mato Grosso.

A Abiove discorda, afirmando que a moratória impulsionou o crescimento da área de cultivo de soja no bioma amazônico, que aumentou de 14 para 74 milhões de hectares.

Em setembro, a pedido de associações de produtores de Maranhão, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) instaurou um inquérito para apurar uma possível manipulação de mercado relacionada à moratória.

Ouça na íntegra no Spotify:

 

A denúncia foi aprovada pela Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados.

Lei Anti desmatamento: Mais um Obstáculo

Os produtores rurais do Centro-Oeste também estão se mobilizando contra a Lei Antidesmatamento aprovada pela União Europeia em 2023.

A legislação proíbe a importação de produtos de áreas desmatadas após dezembro de 2020, afetando commodities como café, soja, óleo de palma, madeira, couro, carne bovina, cacau e borracha.

A lei, que entrará em vigor em 2025 para grandes empresas e em 2026 para micro e pequenas empresas, é vista pelos produtores brasileiros como desproporcional e injusta.

Segundo o vice-presidente do Brasil e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, o governo tem trabalhado para demonstrar que o Brasil é um exemplo em energia renovável e no combate ao desmatamento ilegal.

O presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), Maurício Buffon, criticou a legislação europeia, afirmando que as demandas são inviáveis, apesar do Brasil estar preparado para atender às exigências.

Este cenário reflete o crescente embate entre as políticas ambientais internacionais e os interesses do agronegócio brasileiro, que busca conciliar sua expansão com as exigências globais de sustentabilidade.

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