Economia

Entrevista

"A Expogrande vai voltar a ser a maior feira agropecuária", Guilherme Bumlai, presidente da Acrissul

Essa é a expectativa do novo presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul, que almeja recolocar a pecuária em destaque e dissociada do atual modelo que apenas favorece aos grandes frigoríficos

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O novo presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), Guilherme Bumlai, anunciou esta semana suas principais linhas de atuação para o mandato que terá pelos próximos três anos.

Logo de início, ele deixou claro que já está trabalhando no resgate da Expogrande, no sentido de torná-la a maior feira de agropecuária do Estado, além de aumentar seu alcance no cenário nacional.

Guilherme Bumlai, que assumiu a presidência da Acrissul há menos de um mês, destacou que levará – de forma mais incisiva – as demandas dos produtores rurais pecuaristas para os novos governantes, principalmente na esfera estadual, no impulsionamento da logística por meio de recursos do Fundo de Desenvolvimento do Sistema Rodoviário do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundersul).

Ele deixou claro que está disposto a enfrentar as dificuldades mercadológicas impostas ao setor, sobretudo no enfrentamento aos gigantes no setor – no caso, os grandes frigoríficos –, no sentido de reposicionar a classe empresarial na disputa pelos mercados local, nacional e internacional da carne bovina. Além disso, Guilherme Bumlai explicou que a Acrissul não é, exclusivamente, uma entidade longeva ligada apenas à pecuária bovina.

Por isso, também trabalhará para os interesses de agricultores e criadores de outras culturas, como a de suínos, aves, ovinos e caprinos, embora as duas últimas ainda sejam incipientes no Estado.

Um dos grandes desafios à frente da Acrissul é conseguir o estabelecimento de um melhor preço de mercado. 

Confira a entrevista:

Quais os maiores desafios para o próximo triênio à frente da Acrissul?
Um dos maiores desafios é a retomada dos tempos áureos da Expogrande. Não só no aspecto econômico, mas também no comercial e participativo da sociedade.

Pretendemos fortalecer o elo com o governo do Estado, levando a demanda dos produtores rurais na aplicação dos recursos do Fundersul, principalmente em questões como revitalização de estradas, pontes e outros anseios do setor. Vamos buscar, à frente da Acrissul, uma gestão participativa entre todos os nossos associados.
 
Como seria essa gestão participativa?
Já criamos diversas comissões para agilizarmos nossas demandas, com destaque para temas como pecuária, agricultura, meio ambiente, relações institucionais e comerciais, além de uma comissão organizadora de eventos já visando a retomada da Expogrande.

Queremos, ainda, retomar as palestras técnicas e cursos em diversas áreas para levar novos conhecimentos aos associados.

Qual o tamanho da Acrissul hoje e o que ela representa para a economia de Mato Grosso do Sul?
A Acrissul é uma das entidades mais longevas do Estado e a segunda do Brasil. Foi fundada em 1931, e só não é mais antiga que a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu [ABCZ].

Grandes decisões econômicas, políticas e comerciais foram tomadas com a Acrissul. Hoje, Mato Grosso do Sul tem o quinto maior rebanho nacional, com algo em torno de 19 milhões de cabeças, e houve, inclusive, um decréscimo nesse número, entre 2020 e 2021, de aproximadamente 2%.

Essa redução no rebanho se deu por conta do aumento das terras utilizadas para a agricultura. A entidade Acrissul não é, exclusivamente, só de criadores. Ela abrange agricultura, que também faz parte da matriz econômica do nosso Estado.

O que você pretende fazer no mercado de carnes nos próximos três anos, que é o período do primeiro mandato?
Os números sobre pecuária, notadamente no mercado da carne, são muito variados. A carne de Mato Grosso do Sul é de altíssima qualidade.

As carcaças de melhor qualidade são exportadas e as de menor, infelizmente, ficam por aqui. Abastecemos grande parte do mercado brasileiro e também temos uma parcela significativa nas exportações.

A questão desses números é que, no caso dos grandes frigoríficos, há um mercado paralelo e é justamente por isso que ocorre a variação nos números. Neste momento, não posso precisar o que vem de cada um.
 
Como está a relação entre a Acrissul e os grandes frigoríficos?
Os grandes frigoríficos têm um mercado paralelo e hoje estamos na mão de dois deles, que são os players do mercado e que são um grande problema para nós.

Falta opção e concorrência para que possamos ter melhores preços na hora da venda. Esses grandes players adquiriram frigoríficos menores, e hoje, basicamente, estamos nas mãos deles dois.

Essa verticalização não foi boa para o criador de gado bovino porque essa concentração gera menos concorrência, o que acaba recaindo no preço.

O preço médio da arroba do gado (boi e vaca) está bem abaixo dos preços praticados em 2021, atualmente R$ 260 em média. Na contramão, os custos para produzir ficaram maiores, como o produtor consegue fechar essa conta?
Tivemos um grande aumento de custo nos insumos e a arroba, nos últimos meses, teve o preço em queda. Saiu do patamar de R$ 335 para R$ 270 em um intervalo de menos de um ano.

Sem dúvida, foi grande o declínio, ao passo que os insumos se elevaram. É necessário que haja uma retomada dos preços para o criador.

Um dos problemas disso é que os grandes frigoríficos também têm seus rebanhos, ou seja, eles também são criadores. Hoje, por exemplo, o preço da arroba no período de entressafra, que já foi um bom negócio, muitas vezes não tem diferença. Esse preço fica quase que linear durante todo o ano por causa desses dois frigoríficos.

Essa situação de hoje, motivada pela força de grandes players, não tem como se tornar um elemento motivador para que os criadores excluídos deste mundo de negócios possam se reagrupar formando cooperativas e, assim, criar uma nova frente de concorrência nos negócios?
O mercado da carne é muito sensível. Tanto é que os grandes players compraram os pequenos frigoríficos. Eles têm uma facilidade maior de exportação, e os menores necessitam de aprovações para conseguirem realizar essa vendas para o mercado exterior.

Durante um bom tempo, o que segurou o preço foi aquela parcela da carne que era exportada. Isso sustentou o preço da arroba. A exportação diminuiu, começou a sobrar mais carne no mercado interno e o preço da arroba passou a cair.

Mas onde eu quero chegar? Acho que é preciso um bom estudo para desenvolver um trabalho para, eventualmente, começar a pensar em uma cooperativa. Isso requer muitos cuidados, porque precisam ter plantas aprovadas para que essa carne produzida pela cooperativa possa ser exportada e não fique somente no mercado interno, porque esses preços são menores.

Então, é um mercado complexo e de altíssimo investimento que precisa, realmente, ter um debate bem aprofundado para ver se a melhor solução para uma melhor remuneração do criador. O debate é importante, é oportuno e sempre devemos estar em busca de melhores preços e rentabilidade. A cooperativa pode ser um caminho.
 
Hoje, muito se fala na questão da sustentabilidade para uso da terra. Como o novo presidente da Acrissul enxerga a possibilidade da integração lavoura, pecuária e floresta?
Acho que nas áreas onde houver aptidão para lavoura, pecuária e floresta não teremos nenhum problema. É preciso buscar sempre uma melhor rentabilidade por hectare. Isso é muito interessante e muito já vem sendo feito.

Na área do Pantanal, que é grande, cabe a pecuária sustentável. Não cabe agricultura. Ali no Pantanal, que é uma das áreas mais preservadas do Brasil, é impossível fazer essa integração.

Nesse caso, temos de trabalhar na melhoria genética do rebanho utilizando pastagens com grande potencial. O que vier para agregar a rentabilidade será muito bom.

O que seria uma pastagem ideal para o criador?
É muita particularidade, porque há regiões no Pantanal que a pastagem tem de aguentar um solo mais úmido, no caso a humidícola.

O desafio é você ter uma pastagem com menos plantas daninhas e com boa fertilidade. O outro desafio é não deixar a área se degradar. Assim, ela será bem ocupada e terá boa rentabilidade. 

O criador de bovinos está inserido em outras criações também?
Já temos criadores importantes no ramo da suinocultura e da avicultura. Além disso, dentro do universo da Acrissul, o segmento da pecuária leiteira cresceu muito. Isso não significa que o criador tenha apenas um único negócio na sua propriedade.

Em alguns casos, o espaço necessário é menor, e já há essa variedade em criar outras espécies. Existe a agregação de valor dentro da propriedade rural. No entanto, isso é uma particularidade de cada criador, principalmente daqueles dispostos a encarar novos desafios.
 
Qual o principal problema a ser resolvido para os criadores de gado?

Sem dúvida, será como melhorar os nossos preços. O maior desafio será a melhoria da rentabilidade para os criadores que estão com margens de lucro achatadas.

E o consumidor que ama comer carne como fica nessa história? Afinal, todos querem comer e pagar um preço menor. Como fica essa equação?
Essa equação não é fácil de se resolver, mas entre o criador e a prateleira, no caso o consumidor, existem vários intermediários. Grande parte deste custo está ficando no meio do caminho.

Neste caso, é preciso estreitar a relação entre criador e prateleira, porque só dessa forma o preço ao consumidor será mais acessível.

Em termos de políticas governamentais, quais seriam as maiores reivindicações para o próximo governador do Estado?
O assunto número um é questão fundiária. É a manutenção da paz no campo para que o produtor possa ter tranquilidade para produzir. E aí nós estamos falando de invasões e questões indígenas.

Essas duas questões serão dialogadas com o próximo gestor, porque iremos em busca deste compromisso. Vamos fazer essa articulação com as outras representatividades do setor.

Há um pensamento similar, e isso fortalece o setor. Quero fazer uma gestão onde possamos contar com todas as entidades, com o apoio da Famasul e de sindicatos rurais. Sem dúvida, todos nós estaremos juntos da maior feira agropecuária do nosso Estado, que é a Expogrande.

O Estado está a uma campanha de vacinação de ficar livre da febre aftosa sem a necessidade da vacinação, como o senhor enxerga essa mudança? As vacinações representam grandes custos?
Sempre há um custo com vacinações de uma maneira geral. O mais importante, neste caso, é que seremos uma área livre da febre aftosa sem vacinação, e isso deverá gerar muitos negócios. É um marco importante para o Estado. Em termos de vacinação, o maior custo é na aftosa, porque se torna necessário fazer manejo do gado. A zona livre sem vacinação é um benefício maior que esse custo. Teremos preços melhores para o mercado externo. 

Perfil

Guilherme de Barros Costa Marques Bumlai é paulista, 44 anos, pecuarista, advogado formado pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB).

Foi presidente da Associação Sul-Mato-Grossense Nelore-MS e diretor da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB). Foi membro do conselho da Acrissul de 2009 a 2022.

Tornou-se presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul) este mês.

LOA

Câmara de Campo Grande aprova orçamento de quase R$7 bilhões para 2026

O valor representa um aumento de 1,49% com relação ao orçamento do ano de 2025

16/12/2025 15h30

Câmara Municipal de Campo Grande

Câmara Municipal de Campo Grande FOTO: Gerson Oliveira/Correio do Estado

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A Câmara Municipal de Campo Grande aprovou nesta terça-feira o Projeto de Lei 12.049/25 que estima a receita e fixa o orçamento financeiro para o ano de 2026 na Capital. 

O documento prevê que o valor disponível para o próximo ano seja de R$ 6,974 bilhões, um aumento de 1,49% no comparativo ao do ano de 2025, que foi de R$ 6,871 bilhões. 

No relatório final da Lei Orçamentária Anual (LOA), foram inseridas 731 emendas dos vereadores, todas aprovadas em sessões, e contemplam investimentos na saúde, com destaque para o Hospital Municipal, recursos para contratação de mais profissionais da área, casa de parto humanizado, além da área de bem-estar animal com Hospital Veterinário.

Há ainda emendas para investimentos em asfalto, ampliação de ciclovias e drenagem e contenção de enchentes, preservação de parques, recursos para inclusão, educação, habitação e segurança.

O projeto segue agora para aprovação ou veto da prefeita Adriane Lopes.

Caso alguma emenda seja vetada, ela deve retornar para a Câmara, que pode manter o que foi vetado ou derrubar o veto e garantir que a emenda seja aprovada, com a promulgação. 

Para o vereador Otávio Trad (PSD), presidente da Comissão de Finanças e Orçamento e relator da LOA, o documento contempla um número recorde de emendas. 

Das 736 emendas, 731 foram consideradas aptas para a discussão e votação, sendo 317 emendas impositivas, ou seja, indicadas pelos vereadores e que, obrigatoriamente, precisam ser executadas pela prefeitura. 

Cada vereador destinou R$ 830 mil na modalidade, sendo metade do recurso destinado exclusivamente para a área da saúde. 

“Nós andamos a cidade diariamente, sabemos das necessidades. A população vem nos cobrar infraestrutura, saúde pública e estamos refletindo essas cobranças na peça orçamentária, para que possa ser investida a arrecadação nos locais de maior necessidade”, ressaltou o vereador Otávio Trad. 

Apenas o vereador Marquinhos Trad (PDT) votou contrário ao Projeto de Lei. 

FOLHA DE PAGAMENTO

Câmara Municipal de Campo Grande

Como já adiantado pelo Correio do Estado, a Prefeitura de Campo Grande vai comprometer mais da metade do orçamento de 2026 com despesas de pessoal e encargos sociais. 

Dos R$ 6,97 bilhões, R$ 3,9 bilhões, o equivalente a 56% da Receita Corrente Líquida (RCL), serão destinados para pagamento da folha do funcionalismo, aposentadorias e encargos.

O porcentual é maior que o observado na LOA 2025, quando o gasto com pessoal representou cerca de 52% da RCL, segundo levantamento feito pelo Correio do Estado.

Apesar do crescimento, o índice permanece dentro dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que estabelece teto de 54% para o Poder Executivo e até 60% para o conjunto dos Poderes.

A maior parte dos recursos para 2026 continua concentrada em despesas correntes (93,35%), enquanto apenas 6,55% estão reservados para investimentos e amortização da dívida. 
Neste ano, o porcentual de investimentos foi de aproximadamente 9%, o que indica retração da capacidade de obras e novos projetos no próximo ano. 

 

 

*Colaborou Súzan Benites

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LOTERIAS

Resultado da Super Sete de ontem, concurso 785, segunda-feira (15/12): veja o rateio

A Super Sete tem três sorteios semanais, às segundas, quartas e sextas, sempre às 21h; veja quais os números sorteados no último concurso

16/12/2025 08h30

Confira o rateio da Super Sete

Confira o rateio da Super Sete Foto: Super Sete

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A Caixa Econômica Federal realizou o sorteio do concurso 785 da Super Sete na noite desta segunda-feira, 15 de dezembro de 2025, a partir das 21h (de Brasília). A extração dos números ocorreu no Espaço da Sorte, em São Paulo, com um prêmio estimado em R$ 500 mil.

Premiação

  • 7 acertos - Não houve ganhadores
  • 6 acertos - Não houve ganhadores
  • 5 acertos - 19 apostas ganhadoras, (R$ 1.562,45)
  • 4 acertos - 365 apostas ganhadoras, (R$ 81,33)
  • 3 acertos - 3.498 apostas ganhadoras, (R$ 6,00)

Confira o resultado da Super Sete de ontem!

Os números da Super Sete 785 são:

Verifique sua aposta e veja se você foi um dos sortudos deste concurso.

  • Coluna 1: 5
  • Coluna 2: 2
  • Coluna 3: 4
  • Coluna 4: 9
  • Coluna 5: 2
  • Coluna 6: 9
  • Coluna 7: 8

O sorteio da Dupla Sena é transmitido ao vivo pela Caixa Econômica Federal e pode ser assistido no canal ofical da Caixa no Youtube.

Próximo sorteio: Super Sete 786

Como a Super Sete tem três sorteios regulares semanais, o próximo sorteio ocorre na quarta-feira, 17 de dezembro, a partir das 21 horas, pelo concurso 786. O valor da premiação está estimado em R$ 600 mil.

Para participar dos sorteios da Super Sete é necessário fazer um jogo nas casas lotéricas ou canais eletrônicos.

Como jogar na Super Sete

Os sorteios da Super Sete são realizados às segundas, quartas e sextas-feiras, sempre às 20h (horário de MS).

O Super Sete é a loteria de prognósticos numéricos cujo volante contém 7 colunas com 10 números (de 0 a 9) em cada uma, de forma que o apostador deverá escolher um número por coluna.

Caso opte por fazer apostas múltiplas, poderá escolher até mais 14 números (totalizando 21 números no máximo), sendo no mínimo 1 e no máximo 2 números por coluna com 8 a 14 números marcados e no mínimo 2 e no máximo 3 números por coluna com 15 a 21 números marcados.

Há a possibilidade de deixar que o sistema escolha os números para você por meio da Surpresinha, ou concorrer com a mesma aposta por 3, 6,  9 ou 12 concursos consecutivos através da Teimosinha.

O valor da aposta é R$ 2,50.

Probabilidades

A probabilidade de vencer em cada concurso varia de acordo com o número de dezenas jogadas e do tipo de aposta realizada.

Para a aposta simples, com apenas sete dezenas, que custa R$ 2,50, a probabilidade de ganhar o prêmio milionário é de 1 em 158.730, segundo a Caixa.

Já para uma aposta com 21 dezenas (limite máximo), a probabilidade de acertar o prêmio é de 1 em 280, ainda segundo a Caixa.

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