ADRIANA MOLINA
Depois de cinco meses em alta, o preço do álcool voltou a ser vantajoso para veículos flex em Campo Grande. O combustível, que precisa representar menos de 70% do valor da gasolina para ser mais econômico que seu concorrente ao consumidor, já atinge 68,6% no preço médio, segundo pesquisa feita pelo Correio do Estado.
Nos 41 postos pesquisados na Capital, a média do álcool foi de R$ 1,73 e a da gasolina, R$ 2,52. Os valores representam queda de 15,6%, ou R$ 0,32 no caso do álcool; e cerca de 2%, ou R$ 0,05 na gasolina, nas últimas quatro semanas. Atualmente o litro do derivado da cana-de-açúcar pode ser encontrando variando entre R$ 1,58 e R$ 2,05. Já o do petróleo custa de R$ 2,37 a R$ 2,69 na cidade.
Desde quando a queda começou, o Sindicato do Comércio Varejista de Petróleo e Lubrificantes de Mato Grosso do Sul (Sinpetro-MS) atribuiu o decréscimo ao consumidor exclusivamente à questão de oferta e demanda. Em entrevista ao Correio do Estado na edição do dia 21 de março, o diretor de comunicação da entidade, Marcos Villalba, disse que a redução brusca nos preços do combustível é reflexo da diminuição do consumo por conta dos altos custos e do aumento da produção, já que a safra de cana começou a ser colhida. Neste ano a destinação da cultura para produção de etanol será 20% superior à do ano passado.
"As companhias já estão realinhando a produção e os proprietários de veículos flex passaram para a gasolina quando o álcool disparou. Com isso está sobrando produto no mercado e os preços começaram a cair", explicou. Porém, gerentes de postos de abastecimento afirmam que o combustível voltou a ser vantajoso em relação à gasolina por conta da redução da margem de lucro das empresas revendedoras, que tomaram a atitude depois de ficar com o álcool encalhado nos tanques por conta dos altos preços.
Conforme os cálculos do gerente do Posto Cidade, Luiz Alberto Calepso, para a empresa, a distribuidora reduziu a cotação do litro de álcool em, no máximo, R$ 0,02 nos últimos 30 dias, enquanto que na bomba, o consumidor já paga R$ 0,37 a menos − na primeira semana de março, o combustível custava R$ 1,97, e hoje, R$ 1,63. "Para os preços ficarem menores, tivemos que retirar o pagamento com cartão, além de reduzir a margem de lucro, porque na distribuidora mesmo, para nós, quase não baixou", conta.
A retirada dos cartões, que cobram taxa de cerca de 1,8% no débito e 2,8% no crédito, pelos cálculos de Calepso, reduziu em cerca de R$ 0,07 o valor do litro ao consumidor. Isso significa que pelo menos R$ 0,28 saíram do lucro da revendedora, já que da distribuidora são apenas R$ 0,02. "Foi a saída que encontramos para tornar o álcool mais barato pra quem abastece e competitivo no mercado", disse o gerente.
No Posto São Marcos, o gerente Natanael da Silva Santos diz que dos R$ 0,32 baixados na bomba, apenas R$ 0,12 são de repasse da distribuidora. "Diminuímos a margem de lucro por competitividade e agora devemos estabilizar em R$ 1,66", prevê. A diferença de R$ 0,20 na margem da revendedora significa queda de R$ 8 mil por mês na receita da empresa, já que ela compra cerca de 40 mil litros de álcool no período.
ANP
Dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) revelam que o preço médio do álcool nas distribuidoras caiu cerca de R$ 0,25 em Campo Grande, passando de R$ 1,81, em 6 de março, para R$ 1,56, no dia 27 do mesmo mês. Porém, como há variações, algumas revendedoras receberam quedas menores ou maiores do que média verificada, já que na primeira semana de março o combustível custava de R$ 1,68 a R$ 1,86, e no final do mês, entre R$ 1,42 e 1,79 nas distribuidoras.