A implementação do Vale de Celulose em Ribas do Rio Pardo segue impulsionando o mercado imobiliário de Mato Grosso do Sul. Desta vez, o reflexo aparece em Camapuã, a 140 quilômetros da Capital.
A estrada MS-338, até então sem asfalto, está com as obras de pavimentação a todo vapor. A via liga Camapuã diretamente a Ribas do Rio Pardo, em uma extensão de apenas 80 quilômetros.
Moradores de Camapuã relatam que a cidade está mais movimentada e comércios como barbearias estão tendo aumento de procura.
A arquiteta e corretora de imóveis, Cleide Rezende, conta que, após a chegada dos trabalhadores da empresa de asfalto, a procura por aluguel cresceu muito.
“Eu não tenho mais nenhum imóvel disponível para locação. A verdade é que há muita procura e pouca oferta neste momento”, disse.
Entre os motivos para a procura no município está o alto valor dos aluguéis em Ribas do
Rio Pardo. Desde o início das obras para instalação da fábrica de celulose, o preço dos imóveis e dos aluguéis chegou a aumentar cerca de 400%.
Logo, atualmente, compensa mais financeiramente alugar em Camapuã, em razão do preço e da procura ser menor em comparação ao que acontece em Ribas.
Uma das medidas de contingência em Ribas é a construção de novas casas, que ainda está em andamento.
Neste ano, a Suzano começou a construir 954 casas para garantir moradia aos seus funcionários a partir do próximo ano, quando a fábrica deve entrar em operação.
Segundo a empresa, serão 551 casas de 46 metros quadrados (dois quartos) e 403 com 59,3 metros quadrados (três quartos). A previsão é de que as primeiras unidades sejam entregues no primeiro semestre do próximo ano e todas devem estar concluídas até o fim de 2024.
Com relação ao número de funcionários nas obras do asfalto entre Ribas e Camapuã, a Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos do Estado (Agesul) informou que cerca de 160 pessoas trabalham nas obras do asfalto, boa parte delas vinda de várias localidades do País.
Logo, o número expressivo de pessoas impulsionou o mercado imobiliário em Camapuã e, sobretudo, estima-se que mais pessoas devam procurar moradia no município vizinho após a finalização do asfalto, considerando a distância curta de 80 quilômetros.
A pasta destaca que a pavimentação da MS-338 está dividida em dois lotes:
Lote 1: 45,30 quilômetros, a partir do entroncamento com a BR-060. Investimento: R$ 120,1 milhões.
Lote 2: 66,26 quilômetros, iniciando no final do lote 1 e terminando no entroncamento com a MS-357. Investimento: R$ 132,5 milhões.
A pavimentação da rodovia contribui com a integração logística de Ribas, que, desde 2021, vive um boom de desenvolvimento por causa da construção da nova indústria de celulose da empresa Suzano.
“Partindo do cruzamento com a MS-357 em Camapuã, a primeira frente de obra na MS-338 segue até o entroncamento com a MS-245”, informou a Agesul.
Geração de empregos
Após a chegada da Suzano Papel e Celulose, Ribas do Rio Pardo vive o auge do crescimento econômico e populacional. A fábrica será a maior no ramo da celulose no mundo.
Estima-se que o polo deva produzir 2,55 milhões toneladas/ano. “Temos três plantas de celulose em operação com produção de 5 milhões de toneladas por ano”, disse o secretário de Estado de Produção, Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico e Agricultura Familiar (Semagro) Jaime Verruck, em evento realizado em 2022.
Atualmente, Três Lagoas é considerada a capital mundial da celulose e MS é o Estado que mais exporta no país, o equivalente a 27% de toda a celulose comercializada no exterior.
Apenas nos últimos dois anos, Ribas gerou 6.185 novos empregos, abriu 1,4 mil empresas e ganhou 9,5 mil habitantes.
Segundo a prefeitura, antes da chegada da fábrica, em 2020, o município tinha 25.310 habitantes, e, atualmente, em 2023, tem 34.810 moradores.
Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged) indicam que, em 2020, o número de pessoas com carteira assinada na cidade era de 4.968 e, em 2022, saltou para 11.153 empregados. O crescimento é de 124,49% em dois anos.
Qualificação
Como forma de cumprir com o compromisso firmado com a comunidade no lançamento do projeto, a Suzano está trabalhando para que grande parte do contingente de trabalhadores da empresa seja de moradores de Ribas do Rio Pardo e região.
Para isso, a companhia já deu início a uma série de qualificações profissionais nas áreas florestal e industrial, informou o Governo do Estado.
Desde o início do empreendimento, a Suzano já formou 203 novos profissionais para a silvicultura (40% delas contratadas) e 158 então em formação para a colheita (com alto percentual de contratação previsto).
Até 2024, serão ofertadas 944 vagas para formação na colheita e outras 331 vagas para formação na área logística.
Já na operação industrial, já foram formadas com cursos técnicos e pós-técnico 198 pessoas (66,6% contratadas). Dos contratados, 83% são de Ribas do Rio Pardo e região.
Segundo o presidente da Suzano, Walter Schalka, atualmente, cerca de 10 mil trabalhadores estão trabalhando na obra.
Obras e investimentos
Segundo a Agesul, até fevereiro deste ano, o trecho que recebeu R$ 120,1 milhões de investimento já estava com 49,98% concluído.
Paralelo ao investimento na MS-338, o Governo do Estado destina R$ 24 milhões para a pavimentação de 12,1 quilômetros da MS-357, no trecho que vai da MS-340, no final do perímetro urbano de Ribas do Rio Pardo, até o entroncamento com a MS-338, completando assim a ligação rodoviária com Camapuã.
Duas pontes também estão em construção no trecho, uma sobre o Rio Botas e outra sobre o Rio Pardo.
Ambas as obras (MS-338 e MS-357) são tocadas com recursos do Fundersul (Fundo de Desenvolvimento do Sistema Rodoviário de Mato Grosso do Sul).