Levantamento feito pela Associação de Bares e Restaurantes de Mato Grosso do Sul (Abrasel-MS) mostra que o setor vai faturar 30% a mais durante a Copa do Mundo do Catar, que começa neste domingo (20). Dos 6.700 bares e restaurantes existentes no Estado, 45% deles, ou 3.015, vão reproduzir as transmissões dos jogos.
Para o presidente da Abrasel-MS, Juliano Wertheimer, diante de um cenário pós-pandemia, as expectativas para esta Copa são muito boas. “Esperamos um crescimento de até 30% na demanda do setor e, se o Brasil avançar na competição, essa porcentagem pode aumentar. Os resultados dos jogos farão toda diferença”, disse o empresário.
Ainda de acordo com ele, o período em que a competição será realizada é um diferencial, principalmente porque, naturalmente, a chegada do fim de ano e do verão já aumenta as expectativas.
“Além disso, nós também teremos a primeira parcela do 13º salário sendo paga durante a Copa do Mundo, no dia 30 de novembro, e o Auxílio Brasil turbinando os gastos e fazendo com que a economia gire”, revela Wertheimer.
Na Abrasel-MS, todos os empresários são unânimes em afirmar que a Copa do Mundo é muito boa para os bares, mas causa prejuízos ou a redução de movimento nos restaurantes.
Por isso, neste ano, a associação está observando uma mudança muito interessante: os restaurantes estão fazendo reservas para novembro e dezembro – justamente no período da competição.
“Então, podemos dizer que as expectativas têm sido boas tanto para os bares quanto para os restaurantes”, afirma Wertheimer.
Questionado sobre a possibilidade de reajuste de preços, o presidente da entidade explica que existe essa possibilidade pelo fato de o setor estar atrasado em relação à inflação média e apresenta valores pouco acima da metade da inflação da alimentação dentro de casa.
“Além disso, estamos ainda com 19% dos estabelecimentos operando com prejuízos e 36% apenas em equilíbrio. Então, é bastante provável que essas empresas busquem corrigir os preços de maneira com que elas voltem à rentabilidade”, destacou Wetheimer.
Uma pesquisa realizada na semana passada mostra que, em Mato Grosso do Sul, 45% dos bares exibirão os jogos no estabelecimento; 38% terão ambientação com o tema da Copa; e 13% pretendem realizar eventos antes e depois dos jogos do Brasil. Em compensação, 31% não promoverão nada relacionado à Copa do Mundo.
A pesquisa aponta ainda que 53% farão campanha de marketing com o tema da Copa; 43% terão promoções especiais; 30% criarão pratos e drinques temáticos; e 29% terão ações especiais no delivery.
TRADICIONAL
De olho na Copa e sem se importar com estimativas de vendas, os empresários João Marcelo da Cunha e Fernanda Buono, proprietários do Bar Mercearia, no centro de Campo Grande, já trabalham no clima do maior evento esportivo do mundo.
O casal, dono de um dos bares mais traicionais da cidade, informou que no horário de funcionamento todos os jogos serão transmitidos.
Segundo Fernanda Buono, nos dias de jogos do Brasil, o bar vai abrir e fechar em horários diferenciados, para que os clientes possam curtir e torcer com toda intensidade. Ela diz ainda que a Copa do mundo é sempre especial porque atrai um público maior. Neste caso, a empresária se refere a pessoas de outras nacionalidades que residem ou que estejam conhecendo Campo Grande.
Não haverá mudança no critério de atendimento. Isso significa que não há possibilidade de reserva de mesas. “Aqui no Mercearia, trabalhamos sempre com mesas por ordem de chegada em todos os jogos de futebol, e na Copa não será diferente.
Quem quiser assistir aqui deve chegar cedo para conseguir uma mesa para assistir confortavelmente”, detalha Fernanda.
Já o empresário João Marcelo da Cunha, fundador do bar, deixa bem claro que a Copa é sempre um período melhor para o setor.
“Em termos de faturamento mensal, esperamos ter um aumento de 30%, por conta de os jogos da Copa estarem sendo transmitidos aqui no Mercearia”, destaca.
NACIONAL
Na perspectiva nacional, conforme a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a Copa do Mundo deve gerar 7,75 mil contratações temporárias em bares e restaurantes. Ainda de acordo com a projeção, a atividade pode injetar R$ 864,49 milhões no faturamento dos estabelecimentos durante os 28 dias do torneio.
A entidade aponta que, historicamente, o faturamento do segmento costuma crescer 2,52% nos meses em que as Copas acontecem, em relação à média mensal dos meses imediatamente anteriores.
Descontada a inflação, o montante equivale a um aumento de 8,3% em comparação com o último Mundial, realizado em 2018 na Rússia. Já em comparação com a Copa de 2014, no Brasil, o faturamento previsto é 2,6% menor.
Ainda de acordo com a CNC, o fato de o campeonato ser disputado no período de pagamento da primeira parcela do 13º salário favorece a expansão dos gastos.
O economista da CNC, Fábio Bentes, diz que o salário médio de admissão desses funcionários extras deverá chegar a R$ 1,5 mil. Entre as principais vagas, estão garçons e auxiliares, que respondem por 23,4% dos postos; cozinheiros, 15,6%; e atendentes de lanchonete, 15%.
SERVIÇOS
Conforme publicado pelo Correio do Estado na edição de ontem (15), o setor de serviços puxa a recuperação da economia local e nacional.
A Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta que, no acumulado do ano, o setor está 6,5% positivo em relação ao volume de vendas e 14,3% positivo em relação às receitas das vendas acumuladas em Mato Grosso do Sul.
Para Bentes, o fim de 2022 apresenta um cenário promissor para essas atividades, especialmente para as dedicadas aos serviços de alimentação.
“Apesar de ter sido um dos setores mais castigados pelas consequências econômicas decorrentes da pandemia, quando comparado com as demais atividades econômicas, o setor de serviços apresenta atualmente o maior avanço, de 12%, em relação ao patamar pré-Covid-19”, analisa o economista.
Apesar de ter apresentado queda em julho e agosto, no acumulado de 12 meses, o índice de receita nominal dos serviços apresenta alta de 13,8% e o índice de volume sobe 6,1% em MS.
O doutor em Economia Michel Constantino explica que o setor de serviços foi o mais afetado na pandemia, retornou com muita força e agora está se acomodando. Ele aponta ainda que o agregado mostra alto crescimento, e agora as reduções são resultado de acomodação em meses específicos.
“Está voltando a se comportar conforme o mercado, subindo em alguns meses com mais força e reduzindo em outros meses de forma natural. É assim que as variáveis econômicas se comportam. A previsão é de que 2022 termine com um ótimo resultado agregado”, finaliza.