As declarações do CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, sobre o boicote às carnes brasileiras repercutiram níveis entre os deputados da Assembleia Legislativa. O tema foi debatido na sessão nesta terça-feira (26), gerando questionamentos sobre a qualidade da carne francesa em comparação com produção no Brasil.
“Ficamos muito mal impressionados com o grupo Carrefour. Muito decepcionado até porque, quem pode falar da qualidade da carne do Mato Grosso do Sul é a China, não é a França, que compra apenas 3% da carne do Estado. É muito estranho a França querer queimar nosso produto. A França é um país que não sabe produzir carne, tem o subsídio do Governo. Aqui é feito na raça, e a nossa carne é muito melhor, senão não vendíamos para o mercado chinês”, ressaltou o deputado Paulo Corrêa (PSDB).
Outro deputado que manifestou indignação com as declarações do CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, foi Junior Mochi (MDB). Durante a sessão, ele apresentou um moção de repúdio à carta assinada pelo executivo, ressaltando que suas falas colocam em xeque os cuidados sanitários e podem gerar impactos negativos no mercado brasileiro.
“O mercado francês não representa quase nada em termos de importação de carne. Nas palavras do CEO do Carrefour, ele deixa dúvidas quanto a sanidade de nosso rebanho, e com isso obviamente pode desencadear um problema, justamente que o Mato Grosso do Sul e Brasil como um todo combate há muitos anos, que a questão da sanidade dos nossos animais e a febre aftosa.”, relatou Júnior Mochi.
O deputado Zé Teixeira também criticou o posicionamento do Carrefour e questionou a venda do produto nos mercados do país.
“Isso nada mais é do que a briga internacional sobre mercado. O que está havendo na França, e o Carrefour acompanhou os empresários do agronegócio francês, em fazer essa chantagem. Eu quero parabenizar o ministro da Agricultura brasileiro. Se a carne brasileira, ou do Mercosul, não está em garantia de sanidade para ir para a França, não justifica os produtores rurais [nossos] venderem para os mercados que estão aqui no Brasil.
Pedido de desculpas não será aceito pelos agricultores
Mais cedo, a ex-ministra da Agricultura e senadora de Mato Grosso do Sul, Tereza Cristina criticou a decisão do Carrefour de retirar as carnes comercializadas no Mercosul de seus estabelecimentos na França. A notícia, que gerou revolta entre os agricultores brasileiros, deve intensificar o boicote ao Carrefour, e o pedido de desculpas da empresa não será facilmente aceito pelo setor.
"Essa campanha contra a carne brasileira, querendo dizer que nós não seguimos os protocolos, eu acho um pouco ridícula, porque a França faz o controle da entrada desta pequeníssima parcela de carne que ela compra do Brasil", disse a senadora de MS, em entrevista à Globonews.
Ao ser questionado sobre sua análise da declaração do CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, o senador rechaçou as manifestações ao acordo entre o Mercosul e a União Europeia.
"Essa campanha contra a carne brasileira, querendo dizer que nós não seguimos os protocolos, eu acho um pouco ridícula, porque a França faz o controle da entrada desta pequeníssima parcela de carne que ela compra do Brasil", disse a senadora de MS, em entrevista à Globonews.
Brasil é o que mais exporta carne para Europa
Atualmente, o Brasil é o maior produtor de carne bovina do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos.
Conforme a nota do Ministério da Agricultura, divulgado pelo Portal Uol, o país tem laços comerciais com mais de 160 países, atendendo padrões rigorosos de qualidade, inclusive com países da União Europeia que compra e atesta dentro das suas autoridades sanitárias, a qualidade das carnes produzidas no país.
"Sabemos que a agricultura brasileira fornece carne de alta qualidade, respeito às normas e sabor. Se a comunicação do Carrefour França gerou confusão e pode ter sido interpretada como questionamento de nossa parceria com a agricultura brasileira e como uma crítica a ela, pedimos desculpa", diz um trecho do documento.
Ainda de acordo com o ministério, o Brasil tem um sistema rigoroso de avaliação e que coloca o Brasil como o principal exportador de carne bovina do mundo.
"O Mapa reitera os elevados padrões de qualidade, sanidade e sustentabilidade da produção agropecuária brasileira. Assim, o Mapa enaltece o trabalho desempenhado pelo setor, a gestão ativa das associações e seus associados na defesa de uma produção de excelência que chega às mesas de consumidores em mais de 160 países do mundo", pontuou o ministério na nota.
Ainda de acordo com a pasta, que deve trabalhar incansavelmente para "esclarecer os fatos para não permitir que declarações equivocadas coloquem em dúvida um trabalho de defesa agropecuária de alto nível e de uma produção de alta qualidade e comprometida com uma das legislações ambientais mais rigorosas do planeta".