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Casos de ferrugem asiática triplicam e produtores de soja trabalham em alerta

Número de ocorrências chega a 24 em Mato Grosso do Sul na safra 2022/2023, ante oito focos registrados no ciclo anterior

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O número de casos de ferrugem asiática nos plantios de soja na safra 2022/2023 já se encontra em 24 e triplicou em relação ao ano passado, quando apenas oito focos foram registrados.

Os dados foram informados pelo presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso do Sul (Aprosoja-MS), André Dobashi, que admitiu o alastramento da doença por todo o Estado.

Dobashi explica que quem trabalha com esta cultura agrícola está acostumado a lidar com esse problema. A recomendação aos produtores rurais é um nível maior de atenção. Ainda segundo ele, “o número de casos aumentou porque neste ano está chovendo mais”.

A doença com ocorrências no País é causada pelo fungo Phakopsora Pachyrhizi, agente causal da ferrugem asiática.

O nome se deve ao fato de a primeira manifestação ter sido relatada no Japão, em 1903. Desde então, disseminou-se rapidamente pelo continente asiático, permanecendo endêmica, porém, com surtos epidêmicos esporádicos.

Este ano, em todo o Brasil, já foram registrados 120 casos, dos quais 50 ocorreram no Paraná.

Em Mato Grosso do Sul, dados do Consórcio Antiferrugem apontam que na safra 2018/2019 foram registradas 54 ocorrências, o que foi considerado dentro da normalidade.

Na safra seguinte, a de 2019/2020, Mato Grosso do Sul registrou 37 ocorrências. Na safra 2020/2021, o número de ocorrências ficou em 25. Em seguida, na safra 2021/2022, com a estiagem, o número caiu para apenas oito casos. 

Neste ano, o número saltou para 24, dos quais 18 foram descobertos na semana passada. Os municípios de Chapadão do Sul, Sidrolândia, São Gabriel do Oeste, Maracaju e Dourados são os que detêm os maiores números ocorrências.

Para o presidente da Aprosoja-MS, apesar de o fungo, que se prolifera em um clima quente e úmido, já ser conhecido pelos produtores rurais, o manejo integrado de pragas deve ser intensificado. 

“Não é hora de relaxar. Há risco de prejuízos. Agora, torna-se necessário realizar o rodízio de princípios ativos na lavoura, para evitar que haja resistência a fungicidas. Isso porque a condição do momento é favorável para a ocorrência de ferrugem asiática, e a produção, em caso de falta de combate ao fungo, poderá ser reduzida em até 90%”, destaca.

A “vantagem” é que a doença não é mais novidade para o produtor de soja, que a cada ano vem aprimorando o aparato tecnológico com manejos nas fazendas, com a finalidade de evitar ou reduzir os danos causados pelo fungo.

As plantas em estágio fenológico R5 (enchimento de grãos) são as que acumulam o maior número de casos. Entretanto, a doença foi identificada também nos estágios R4 (quando a vagem se forma) e R6 (com os grãos completos). 

CONTROLE

As boas práticas para o enfrentamento da ferrugem iniciam na entressafra, com o controle de plantas voluntárias no vazio sanitário.

Na avaliação de André Dobashi, a semeadura antecipada, principalmente quando permitida pelas condições climáticas, é uma boa alternativa para reduzir os riscos, pelo fato de a presença do patógeno aumentar conforme o andamento do ciclo de cultivo. 

“Por isso o monitoramento constante é outro aliado do produtor, pois, a partir dele, é possível identificar a doença no início do ciclo, aumentando a eficiência dos produtos controladores”, avalia.

De acordo com estudos apresentados pelo Consórcio Antiferrugem, os sintomas causados pelo fungo iniciam no terço inferior das plantas, com pequenas lesões escurecidas na face superior e estruturas de reprodução do patógeno na face inferior das folhas. 

Com a evolução da doença, as pontuações aumentam, fazendo com que a área fotossinteticamente ativa seja reduzida, causando amarelecimento e queda das folhas. A partir disso, a produção de fotoassimilados é comprometida, prejudicando o enchimento dos grãos e, consequentemente, a produtividade das áreas.

Quanto às estimativas de produção, a Aprosoja-MS informou que todas serão mantidas, ou seja, a área plantada continua de 3,842 milhões de hectares, com um pequeno aumento de 2,5%.

A produtividade deverá ser de 53,44 sacas por hectare, uma alta de 38,27% na comparação com a safra anterior. Quanto à produção, a estimativa permanece em 12,318 milhões de toneladas, o que significa um aumento de 41,72%.

Na prática, em Mato Grosso do Sul, a maioria dos produtores iniciou o manejo das doenças no plantio da cultura com tratamento de sementes. Esse procedimento será mantido até a colheita, com protocolos preventivos em razão de seu histórico de infestação. 

“Estamos com alguns casos de ferrugem em função do tempo, umidade e altas temperaturas favorecendo o patógeno. Os casos mais aparentes são onde o produtor não fez o protocolo preventivo da ferrugem, porém, estão aplicando produtos curativos para atenuação dos sintomas ou reparação dos danos provocados pelo patógeno”. 

“As doenças demonstram grande preocupação, tanto no gasto elevado em seu controle como na rápida dispersão nas lavouras”, disse, em nota, o Consórcio Antiferrugem.


 

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Jucems

MS registra a primeira queda do ano na abertura de novas empresas

Mesmo assim, o número registrado até o mês de novembro já é maior que o total do ano passado

08/12/2025 14h15

No mês de novembro, MS registrou a primeira queda no número de novas empresas

No mês de novembro, MS registrou a primeira queda no número de novas empresas FOTO: Gerson Oliveira/Correio do Estado

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Pela primeira vez no ano, no mês de novembro Mato Grosso do Sul registrou queda no número de empresas abertas. 

De acordo com a Junta Comercial do Estado (Jucems), foram registrados 917 novos empreendimentos, enquanto no mês de outubro, foram 1.131, o décimo mês em alta de registros. 

Mesmo com a queda no décimo primeiro mês, o número de empresas abertas em Mato Grosso do Sul até agora já é maior que o do ano passado inteiro. 

São 12.296 até novembro de 2025, enquanto em 2024, foram 11.164 no total. 

O setor de Serviços continua sendo o que mais acumula registros de novas empresas, sendo 691 em novembro.

No mês de novembro, MS registrou a primeira queda no número de novas empresasEscreva a legenda aqui

Esse setor é o que mais movimenta a economia estadual e nacional devido a sua vasta gama de setores. São exemplos de empresas do ramo as que prestam atendimentos e oferecem produtos, como escritórios, empresas, escolas, restaurantes, agências, serviços de banho e tosa entre outras.

Em seguida, o Comércio registrou 193 e a Indústria, 33. 

No acumulado do ano, o setor de Serviços também lidera o ranking, com 9.242 no total, seguido do Comércio, com 2.611 e da Indústria, com 433 novos registros. 

Na distribuição regional, Campo Grande é a responsável pelo maior número de novos registros, com 442, representando 48% do número total no Estado.

Em seguida, vêm os municípios de Dourados (102), Três Lagoas (38), Ponta Porã (33), Maracaju (25), Nova Andradina (18), Chapadão do Sul e Naviraí (17), Corumbá (14), Sidrolândia (13), Ribas do Rio Pardo (11), Inocência (10), Aparecida do Taboado (9), Paranaíba e Ivinhema (8). 

Empresas negativadas

Mesmo em um ano de crescente abertura de novos negócios em Mato Grosso do Sul e em todo o País, o número de empresas inadimplentes também alcançou grandes números

Segundo o Indicador de Inadimplência das Empresas da Serasa Experian, o Brasil acumula 8,4 milhões de empresas com dívidas. 

Na região Centro-Oeste, no mês de setembro, foram contabilizadas 729.275 empresas negativadas. Destas, 115.831 são de Mato Grosso do Sul, 4.616 a mais que o levantamento do mês de agosto, que era, até então, o maior já registrado. 

Esse número representa 31,17 das empresas ativas registradas no Estado. 

São ainda 917.472 dívidas negativadas, resultando em um montante de quase R$ 2 bilhões em contas atrasadas no Estado. 

Mesmo assim, MS teve o menor número registrado da região Centro-Oeste. Goiás é o líder do ranking por região, com 265.076 negócios com contas em atraso, seguido pelo Distrito Federal, com 190.160 empresas e Mato Grosso, com 158.208. 

Na região Centro-Oeste, no mês de setembro, foram contabilizadas 729.275 empresas negativadas. Destas, 115.831 são de Mato Grosso do Sul, 4.616 a mais que o levantamento do mês de agosto, que era, até então, o maior já registrado. 

São ainda 917.472 dívidas negativadas, resultando em um montante de quase R$ 2 bilhões em contas atrasadas no Estado. 

Mesmo assim, MS teve o menor número registrado da região Centro-Oeste. Goiás é o líder do ranking por região, com 265.076 negócios com contas em atraso, seguido pelo Distrito Federal, com 190.160 empresas e Mato Grosso, com 158.208. 

BALANÇO

Na contramão do País, MS vê triplicar a adesão de produtores ao seguro rural

O total de apólices de seguro também está maior neste ano, indica Ministério da Agricultura

08/12/2025 08h00

As lavouras de soja e milho lideram as contratações de seguro

As lavouras de soja e milho lideram as contratações de seguro Gerson Oliveira

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Mato Grosso do Sul registrou 79.613 apólices de seguro rural neste ano, conforme dados do Atlas do Seguro Rural do Ministério da Agricultura (Mapa). A quantidade representa um aumento de 3,7% em relação ao ano passado, quando foram registradas 76.802 apólices. Já o número de produtores que aderiram ao seguro triplicou, saindo de 3.560 em 2024 para 12.027 neste ano, alta de 237%. 

A Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul) explica que eventos climáticos extremos influenciaram diretamente a busca pelo seguro. “Esse impacto é hoje um dos principais motores de crescimento do setor.

Secas prolongadas, excesso de chuvas, geadas e ondas de calor têm se tornado mais frequentes e intensas, aumentando a percepção de risco entre os produtores”, avalia o analista de economia da Famasul, Jean Américo.

As lavouras de soja e milho lideram as contratações de seguro

Os dados ainda apontam que o número de produtores caiu mais do que a metade em todo o Brasil. O número de produtores que contrataram algum seguro rural neste ano foi de 35.230, o que representa uma redução de 59% no comparativo com os 85.580 do ano anterior.

A retração na quantidade de produtores tem explicação, conforme os especialistas da área. Luciano Lemos, corretor de seguros, enumera dois fatores que puxam essa queda, a diversificação de culturas por produtor e a dificuldade de acesso ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) entre pequenos.

“Hoje é normal uma área ter três culturas dentro do Plano Safra e quando o produtor já é familiarizado com o seguro rural, ele faz a contratação. E isto é possível com produtores maiores e assim explica o outro lado. Produtores menores não têm estrutura para mais culturas em sua área e assim a contratação do seguro é menor ou não chega a ter acesso pelo PSR, pois o recurso é muito pequeno para a demanda. Com isso, acaba tendo uma concentração de apólices em um número menor de produtores”, explica.

Nesse contexto, o comportamento dos produtores também mudou. Américo observa que o perfil de quem busca o seguro rural está mais diversificado.

“De forma geral, o perfil do produtor que busca seguro rural realmente mudou nos últimos anos. No passado, era mais comum entre grandes produtores, no entanto, hoje também é buscado por pequenos e médios [produtores]. Isso se deve ao aumento dos riscos climáticos, à maior necessidade de proteger a renda, ao acesso ampliado ao crédito e à maior divulgação do seguro por cooperativas, assistência técnica e instituições financeiras. Assim, o seguro passou a ser uma ferramenta usada por produtores de diversos portes”, afirma.

Ainda assim, o analista destaca que barreiras continuam limitando o alcance do seguro. “A baixa adesão ao seguro rural ocorre principalmente pelo custo considerado elevado, pela desconfiança quanto ao pagamento de indenizações, pela burocracia envolvida na contratação e em alguns casos pela falta de informação dos produtores”, pontua.

“Além disso, a oferta limitada de produtos, a baixa percepção de risco e a instabilidade orçamentária do PSR reduzem ainda mais o interesse do produtor rural em contratar o seguro. A combinação desses fatores explica por que muitos produtores ainda não acessam o seguro rural”, analisa.

PRODUÇÃO

O economista Daniel Frainer, por sua vez, contextualiza o cenário econômico que cerca o setor. Para ele, o ambiente financeiro geral permanece estável, mas com mudanças na postura dos bancos.

“O cenário econômico, em essência, manteve-se estável. A principal alteração reside na abordagem das instituições financeiras. Observa-se uma menor disposição em conceder alienação fiduciária, privilegiando, em vez disso, o refinanciamento de dívidas sem garantias”, acrescenta.

“No setor agrícola, o panorama é favorável. O País se aproxima de uma safra recorde. A desvalorização do dólar impulsiona a viabilidade de diversas produções, dado que a maioria dos insumos é importada. Consequentemente, a rentabilidade dos negócios rurais tende a aumentar”, elenca.

A pecuária, no entanto, vive situação oposta. “Em contraste, a pecuária de corte enfrenta dificuldades. A recuperação judicial de alguns frigoríficos e a inadimplência geraram um cenário adverso para os produtores. A tendência é de retração do setor, já observada nos últimos 10 anos, com a redução do rebanho. Embora o rebanho total não tenha diminuído em virtude da expansão em outras regiões, como o estado de Goiás, a perspectiva é de encolhimento do setor no estado em questão”, complementa.

Ainda de acordo com Frainer, em relação à lavoura, a expectativa é de expansão e aumento da viabilidade dos negócios, impulsionada pelo cenário internacional positivo, como a recente liberação das exportações para os Estados Unidos.

“A cotação do dólar, abaixo de R$ 5,30, facilita a aquisição de insumos. Espera-se que o próximo ano se inicie sem as instabilidades observadas recentemente, indicando um cenário mais promissor”, acrescenta. 

Lemos acrescenta que tendências setoriais definem o que é mais seguro e devem continuar orientando o mercado. “A soja e o milho são as culturas com maior demanda de seguro, pois são as maiores áreas plantadas, e devem continuar puxando as demandas de seguro agrícola nos próximos anos”.

Já para o analista da Famasul, esse crescimento também leva à modernização dos processos. “Esse movimento se reflete em maior demanda por apólices, expansão da oferta de produtos e maior participação das seguradoras nas regiões mais vulneráveis”, descreve Américo.

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