As fronteiras terrestres que separam Brasil e Paraguai estão fechadas há quase três meses. Mesmo com a flexibilização do comércio em Pedro Juan Caballero, a reabertura da divisa com a cidade sul-mato-grossense Ponta Porã ainda não tem data para acontecer. Os comerciantes dos dois países sofrem com a separação das cidades-irmãs. Além da queda nas vendas, acreditam que a economia só possa ser retomada com o fim do bloqueio. Uma das possibilidades para mitigar perdas é o comércio virtual entre os países.
De acordo com o presidente da Câmara de Comércio e Turismo de Pedro Juan Caballero, Victor Barreto, o comércio livre entre as cidades é essencial para a sobrevivência do varejo. “A fronteira vai continuar fechada por muito tempo. Estamos com praticamente todo o comércio funcionando aqui na cidade [Pedro Juan Caballero]. Como a fronteira vai seguir fechada, estamos negociando com o governo para reativar a economia de alguma outra maneira, porque o prejuízo é grande com o bloqueio”, disse.
A presidente da Associação Comercial e Empresarial de Ponta Porã (Acepp), Fabrícia Prioste, disse que os dois lados perdem, mesmo com o impedimento da passagem de brasileiros para o lado paraguaio, o que aumenta as vendas na cidade sul-mato-grossense, não há o que se comemorar.
“No comércio de Ponta Porã, houve um aumento nas vendas, porém, sentimos falta do cliente de Pedro Juan. Trata-se de cidades gêmeas siamesas, impossível sentir-se privilegiado neste momento delicado”, disse Fabrícia.
O empresário e diretor da Acepp, Amauri Ozório Nunes, conta que tinha empresas dos dois lados da fronteira, mas, com o impedimento do trânsito entre os países, precisou fechar o comércio do lado paraguaio.
“Eu fechei a loja do Paraguai, aqui no Brasil estamos trabalhando normal, só perdemos os clientes paraguaios. Fronteira fechada é uma realidade que temos de nos acostumar”, lamentou Nunes.
MEDIDAS
O governo paraguaio anunciou nesta terça-feira (16) que medidas tributárias, tarifárias e de fortalecimento do comércio eletrônico serão aplicadas nas cidades fronteiriças, cujas economias dependem do varejo, que hoje está parado pelo fechamento de fronteiras. De acordo com o jornal paraguaio ABC Color, o anúncio foi feito pelo ministro das Finanças, Benigno López.
A proposta, de acordo com o ministro, é estabelecer um sistema de compras on-line, no qual o produto adquirido do lado paraguaio seja levado para um entreposto aduaneiro, para que turismo de compras seja restabelecido. O comprador estrangeiro poderá retirar a mercadoria sem ter de entrar no território paraguaio, respeitando o fechamento da fronteira.
Segundo informações divulgadas pela Agência EFE, a ministra de Indústria e Comércio do país vizinho, Liz Cramer, também frisou a importância da relação comercial entre Mato Grosso do Sul e o Paraguai. “As fronteiras são as áreas mais afetadas pela falta de abertura do país, o que ainda não é visto”, declarou Cramer em entrevista coletiva após uma reunião de ministros com o presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez.
A ministra ressaltou ainda a necessidade de adoção das entregas em domicílio entre as cidades. “O projeto já tem o seu piloto e vamos poder anunciar que será viável em modo experimental”, disse a ministra, que enfatizou que o serviço será supervisionado pelas autoridades sanitárias e pelo cordão militar que garante o fechamento da fronteira.
FLEXIBILIZAÇÃO
O Paraguai registrou 1.289 casos confirmados da Covid-19 e 11 mortos, o país não registra nenhum óbito há mais de um mês. Na segunda-feira (15), o Paraguai adotou a terceira fase da saída da quarentena, permitindo a reabertura de restaurantes, academias, teatros, exames e defesa de diplomas no Ensino Superior, em meio a medidas e protocolos rigorosos.
Na nova etapa, os restaurantes estão autorizados a abrir, desde que com agendamento prévio, reserva de mesa e registro individualizado de cada cliente, com nome, sobrenome, endereço, número de documento de identidade e telefone.
O bloqueio total da linha internacional entre Paraguai e Brasil foi anunciado no dia 19 de março. Desde então, as fronteiras do país vizinho com Mato Grosso do Sul e Paraná seguem fechadas.