Economia

MATO GROSSO DO SUL

Contingenciamento do governo vai congelar salários dos servidores

Medidas adotadas pela gestão estadual visam cortar 25% dos gastos, que vão de horas extras a passagens

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O governo de Mato Grosso do Sul entrou em modo de contenção, com salários congelados, reajuste de contratos e freio em novos investimentos.

Decreto publicado ontem no Diário Oficial do Estado (DOE) impõe regras temporárias de racionalização, reprogramação e controle de gastos em toda a estrutura do Executivo.

As medidas são uma resposta ao encolhimento da arrecadação, conforme adiantou o Correio do Estado na edição desta terça-feira.

A decisão afeta diretamente os mais de 85 mil servidores públicos estaduais, que não terão novos reajustes salariais neste ano. Segundo o titular da Secretaria de Estado de Governo e Gestão Estratégica (Segov), Rodrigo Perez, a margem legal foi atingida. 

“Os reajustes para as categorias estão congelados, estamos no limite prudencial com a folha de pagamento”, afirmou ao Correio do Estado. Ele lembrou que já houve a revisão anual de 5,06% em maio e que não há possibilidade de ampliação desse índice neste momento.

Medidas de contingenciamento

Além do congelamento dos salários, o governo determinou que todos os órgãos da administração direta, autarquias e fundações estaduais reduzam em 25% suas despesas de custeio, o que inclui contratos de serviços, horas extras, passagens aéreas, diárias, participação em eventos e aquisição de bens permanentes.

O objetivo é conter o avanço das despesas correntes e manter a capacidade de investimento e pagamento do Estado.

Os cortes são motivados principalmente pela redução das receitas com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), especialmente pela queda do volume do gás natural importado da Bolívia, que é nacionalizado em Mato Grosso do Sul. 

O Decreto nº 16.658, assinado pelo governador Eduardo Riedel, estabelece o regramento da contenção e entra em vigor de forma imediata. As determinações valem até o dia 31 de dezembro.

O texto define que o total de empenhos das secretarias e das fundações estará limitado aos valores empenhados no exercício anterior, com exceção das despesas com pessoal, que já estão sujeitas a restrições da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

A publicação justifica a medida com base no Relatório de Gestão Fiscal do primeiro quadrimestre, que mostra que Mato Grosso do Sul atingiu o limite prudencial de gastos com pessoal.

Cortes

Segundo o texto publicado, os órgãos estaduais deverão apresentar, em até 10 dias, um plano de reprogramação das despesas de custeio, indicando os contratos que poderão ser reduzidos, os impactos esperados e os valores estimados da economia.

Caso não apresentem ou descumpram o plano, os ajustes serão feitos pelas Secretarias de Fazenda e de Governo e Gestão Estratégica.

A orientação do governo é de preservar investimentos e cortar gastos não essenciais. “Por exemplo, se formos comprar uma viatura da Polícia Militar, é um investimento, mas trocar algum veículo de uso normal, isso pode esperar”, explicou Rodrigo Perez ao Correio do Estado.

Ele citou também iniciativas já em andamento. “No caso do Detran-MS, eles vão aditivar um contrato de informática, mas passaram a comunicação para SMS, isso já traz uma grande economia”, completou.

O decreto também proíbe aquisição de novos veículos, mobiliários, equipamentos e outros bens permanentes, salvo se houver autorização prévia dos secretários de Fazenda e de Governo e Gestão Estratégica. Exceções deverão ser justificadas com documentos, relatórios e impacto orçamentário.

A contenção das despesas também tem como objetivo preservar a Capacidade de Pagamento (Capag) do Estado. Esse indicador, avaliado pela Secretaria do Tesouro Nacional, é usado pelo governo federal como critério para concessão de financiamentos e empréstimos com garantia da União.

Para manter, no mínimo, a nota B, o Estado precisa garantir um indicador de poupança corrente que reflita capacidade de gerar recursos próprios.

O decreto determina que os valores economizados com o corte de despesas sejam prioritariamente destinados a despesas de capital, ou seja, investimentos em infraestrutura e aquisição de bens duráveis.

Repasses

Mesmo diante do pacote de cortes, o governo informou que não poderá alterar os repasses do duodécimo aos Poderes Legislativo e Judiciário, ao Ministério Público e à Defensoria Pública, por se tratar de valores definidos em legislação específica e protegidos por normas constitucionais.

“Isso é mais complicado de alterar. São contratos já pactuados, com legislação específica e que não são de competência do governo do Estado alterar”, afirmou Perez, ao ser questionado sobre possíveis ajustes nos recursos repassados aos demais Poderes.

Como mostrou o Correio do Estado na edição de ontem, o efeito prático do decreto será percebido em toda a estrutura pública.

O corte de 25% no custeio afeta diretamente o funcionamento administrativo, e medidas adicionais, como limitação de horas extras e viagens, foram orientadas a todos os secretários e dirigentes de autarquias.

A meta é evitar despesas que possam ser adiadas ou reduzidas, sem prejudicar diretamente a prestação de serviços essenciais, como saúde, educação e segurança.

O diagnóstico do governo, como explicou o governador Eduardo Riedel, é de que a crise exige respostas rápidas e firmes, com foco na contenção do crescimento das despesas. 

“Estou publicando um decreto sobre contingenciamento, que é uma primeira medida de impacto, mas isso já está bem conversado com os secretários, cada um deles com a sua meta, com o seu objetivo, cortando algumas ações que não têm impacto direto na população, que seriam importantes, mas que não dá para fazer nesse momento”, disse Riedel.

Mesmo com o arrocho, o governo pretende manter os repasses para os municípios, especialmente os vinculados a grandes obras e convênios estratégicos. 

“Crise é crise, e nós temos que atuar como tal para a gente poder diminuir a aplicação de recursos, o que não fere em nada grandes iniciativas ou ações estruturadas, com os municípios principalmente, mas que a gente vai rever alguns valores que estavam previstos no orçamento”, reiterou o governador.

 Conforme adiantou o Correio do Estado em julho, as medidas poderão resultar em uma economia de R$ 800 milhões até o fim deste ano. A ordem é revisar todas as ações que não tenham impacto direto na vida da população e postergar projetos que, apesar de planejados, possam ser adiados sem prejuízo imediato.

“O corte é de agora para dezembro. A gente ainda está fechando esse desenho, que não está pronto. A gente projeta algo em torno de R$ 500 milhões a R$ 800 milhões de redução de custeio no orçamento anual”, revelou Rodrigo Perez.

 

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Jucems

MS registra a primeira queda do ano na abertura de novas empresas

Mesmo assim, o número registrado até o mês de novembro já é maior que o total do ano passado

08/12/2025 14h15

No mês de novembro, MS registrou a primeira queda no número de novas empresas

No mês de novembro, MS registrou a primeira queda no número de novas empresas FOTO: Gerson Oliveira/Correio do Estado

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Pela primeira vez no ano, no mês de novembro Mato Grosso do Sul registrou queda no número de empresas abertas. 

De acordo com a Junta Comercial do Estado (Jucems), foram registrados 917 novos empreendimentos, enquanto no mês de outubro, foram 1.131, o décimo mês em alta de registros. 

Mesmo com a queda no décimo primeiro mês, o número de empresas abertas em Mato Grosso do Sul até agora já é maior que o do ano passado inteiro. 

São 12.296 até novembro de 2025, enquanto em 2024, foram 11.164 no total. 

O setor de Serviços continua sendo o que mais acumula registros de novas empresas, sendo 691 em novembro.

No mês de novembro, MS registrou a primeira queda no número de novas empresasEscreva a legenda aqui

Esse setor é o que mais movimenta a economia estadual e nacional devido a sua vasta gama de setores. São exemplos de empresas do ramo as que prestam atendimentos e oferecem produtos, como escritórios, empresas, escolas, restaurantes, agências, serviços de banho e tosa entre outras.

Em seguida, o Comércio registrou 193 e a Indústria, 33. 

No acumulado do ano, o setor de Serviços também lidera o ranking, com 9.242 no total, seguido do Comércio, com 2.611 e da Indústria, com 433 novos registros. 

Na distribuição regional, Campo Grande é a responsável pelo maior número de novos registros, com 442, representando 48% do número total no Estado.

Em seguida, vêm os municípios de Dourados (102), Três Lagoas (38), Ponta Porã (33), Maracaju (25), Nova Andradina (18), Chapadão do Sul e Naviraí (17), Corumbá (14), Sidrolândia (13), Ribas do Rio Pardo (11), Inocência (10), Aparecida do Taboado (9), Paranaíba e Ivinhema (8). 

Empresas negativadas

Mesmo em um ano de crescente abertura de novos negócios em Mato Grosso do Sul e em todo o País, o número de empresas inadimplentes também alcançou grandes números

Segundo o Indicador de Inadimplência das Empresas da Serasa Experian, o Brasil acumula 8,4 milhões de empresas com dívidas. 

Na região Centro-Oeste, no mês de setembro, foram contabilizadas 729.275 empresas negativadas. Destas, 115.831 são de Mato Grosso do Sul, 4.616 a mais que o levantamento do mês de agosto, que era, até então, o maior já registrado. 

Esse número representa 31,17 das empresas ativas registradas no Estado. 

São ainda 917.472 dívidas negativadas, resultando em um montante de quase R$ 2 bilhões em contas atrasadas no Estado. 

Mesmo assim, MS teve o menor número registrado da região Centro-Oeste. Goiás é o líder do ranking por região, com 265.076 negócios com contas em atraso, seguido pelo Distrito Federal, com 190.160 empresas e Mato Grosso, com 158.208. 

Na região Centro-Oeste, no mês de setembro, foram contabilizadas 729.275 empresas negativadas. Destas, 115.831 são de Mato Grosso do Sul, 4.616 a mais que o levantamento do mês de agosto, que era, até então, o maior já registrado. 

São ainda 917.472 dívidas negativadas, resultando em um montante de quase R$ 2 bilhões em contas atrasadas no Estado. 

Mesmo assim, MS teve o menor número registrado da região Centro-Oeste. Goiás é o líder do ranking por região, com 265.076 negócios com contas em atraso, seguido pelo Distrito Federal, com 190.160 empresas e Mato Grosso, com 158.208. 

BALANÇO

Na contramão do País, MS vê triplicar a adesão de produtores ao seguro rural

O total de apólices de seguro também está maior neste ano, indica Ministério da Agricultura

08/12/2025 08h00

As lavouras de soja e milho lideram as contratações de seguro

As lavouras de soja e milho lideram as contratações de seguro Gerson Oliveira

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Mato Grosso do Sul registrou 79.613 apólices de seguro rural neste ano, conforme dados do Atlas do Seguro Rural do Ministério da Agricultura (Mapa). A quantidade representa um aumento de 3,7% em relação ao ano passado, quando foram registradas 76.802 apólices. Já o número de produtores que aderiram ao seguro triplicou, saindo de 3.560 em 2024 para 12.027 neste ano, alta de 237%. 

A Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul) explica que eventos climáticos extremos influenciaram diretamente a busca pelo seguro. “Esse impacto é hoje um dos principais motores de crescimento do setor.

Secas prolongadas, excesso de chuvas, geadas e ondas de calor têm se tornado mais frequentes e intensas, aumentando a percepção de risco entre os produtores”, avalia o analista de economia da Famasul, Jean Américo.

As lavouras de soja e milho lideram as contratações de seguro

Os dados ainda apontam que o número de produtores caiu mais do que a metade em todo o Brasil. O número de produtores que contrataram algum seguro rural neste ano foi de 35.230, o que representa uma redução de 59% no comparativo com os 85.580 do ano anterior.

A retração na quantidade de produtores tem explicação, conforme os especialistas da área. Luciano Lemos, corretor de seguros, enumera dois fatores que puxam essa queda, a diversificação de culturas por produtor e a dificuldade de acesso ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) entre pequenos.

“Hoje é normal uma área ter três culturas dentro do Plano Safra e quando o produtor já é familiarizado com o seguro rural, ele faz a contratação. E isto é possível com produtores maiores e assim explica o outro lado. Produtores menores não têm estrutura para mais culturas em sua área e assim a contratação do seguro é menor ou não chega a ter acesso pelo PSR, pois o recurso é muito pequeno para a demanda. Com isso, acaba tendo uma concentração de apólices em um número menor de produtores”, explica.

Nesse contexto, o comportamento dos produtores também mudou. Américo observa que o perfil de quem busca o seguro rural está mais diversificado.

“De forma geral, o perfil do produtor que busca seguro rural realmente mudou nos últimos anos. No passado, era mais comum entre grandes produtores, no entanto, hoje também é buscado por pequenos e médios [produtores]. Isso se deve ao aumento dos riscos climáticos, à maior necessidade de proteger a renda, ao acesso ampliado ao crédito e à maior divulgação do seguro por cooperativas, assistência técnica e instituições financeiras. Assim, o seguro passou a ser uma ferramenta usada por produtores de diversos portes”, afirma.

Ainda assim, o analista destaca que barreiras continuam limitando o alcance do seguro. “A baixa adesão ao seguro rural ocorre principalmente pelo custo considerado elevado, pela desconfiança quanto ao pagamento de indenizações, pela burocracia envolvida na contratação e em alguns casos pela falta de informação dos produtores”, pontua.

“Além disso, a oferta limitada de produtos, a baixa percepção de risco e a instabilidade orçamentária do PSR reduzem ainda mais o interesse do produtor rural em contratar o seguro. A combinação desses fatores explica por que muitos produtores ainda não acessam o seguro rural”, analisa.

PRODUÇÃO

O economista Daniel Frainer, por sua vez, contextualiza o cenário econômico que cerca o setor. Para ele, o ambiente financeiro geral permanece estável, mas com mudanças na postura dos bancos.

“O cenário econômico, em essência, manteve-se estável. A principal alteração reside na abordagem das instituições financeiras. Observa-se uma menor disposição em conceder alienação fiduciária, privilegiando, em vez disso, o refinanciamento de dívidas sem garantias”, acrescenta.

“No setor agrícola, o panorama é favorável. O País se aproxima de uma safra recorde. A desvalorização do dólar impulsiona a viabilidade de diversas produções, dado que a maioria dos insumos é importada. Consequentemente, a rentabilidade dos negócios rurais tende a aumentar”, elenca.

A pecuária, no entanto, vive situação oposta. “Em contraste, a pecuária de corte enfrenta dificuldades. A recuperação judicial de alguns frigoríficos e a inadimplência geraram um cenário adverso para os produtores. A tendência é de retração do setor, já observada nos últimos 10 anos, com a redução do rebanho. Embora o rebanho total não tenha diminuído em virtude da expansão em outras regiões, como o estado de Goiás, a perspectiva é de encolhimento do setor no estado em questão”, complementa.

Ainda de acordo com Frainer, em relação à lavoura, a expectativa é de expansão e aumento da viabilidade dos negócios, impulsionada pelo cenário internacional positivo, como a recente liberação das exportações para os Estados Unidos.

“A cotação do dólar, abaixo de R$ 5,30, facilita a aquisição de insumos. Espera-se que o próximo ano se inicie sem as instabilidades observadas recentemente, indicando um cenário mais promissor”, acrescenta. 

Lemos acrescenta que tendências setoriais definem o que é mais seguro e devem continuar orientando o mercado. “A soja e o milho são as culturas com maior demanda de seguro, pois são as maiores áreas plantadas, e devem continuar puxando as demandas de seguro agrícola nos próximos anos”.

Já para o analista da Famasul, esse crescimento também leva à modernização dos processos. “Esse movimento se reflete em maior demanda por apólices, expansão da oferta de produtos e maior participação das seguradoras nas regiões mais vulneráveis”, descreve Américo.

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