Economia

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Financiamentos imobiliários caem 41% em um ano no Estado

Em outubro de 2021, foram firmados 1.070 contratos, enquanto no mesmo mês deste ano foram 629

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Os efeitos da alta taxa de juros podem ser sentidos nos indicadores de financiamentos imobiliários.

Levantamento realizado pela Associação Brasileira de Entidades de Crédito e Poupança (Abecip), a pedido do Correio do Estado, mostra que a quantidade de unidades financiadas em outubro de 2022 atingiu a marca de 629. 

Em comparação com o mesmo mês do ano passado, a queda é de 41,21%. Naquele período, foram fechados 1.070 acordos de financiamento imobiliário em Mato Grosso do Sul. 

Já em volume financeiro, a queda é de 35,5% no mesmo recorte referente ao mês de outubro. Naquele mês em 2021, foram negociados R$ 287,792 milhões em financiamentos, já em outubro deste ano foram R$ 185,572 milhões.

 Em comparação com o mercado nacional, a queda no Estado supera a média. Em outubro de 2021, foram firmados 71.123 contratos; no mesmo mês de 2022, a Abecip apontou 59.337 contratos firmados, queda de 16,57%.

Em relação a valores, a redução é de 14,19%, saindo de R$ 17,156 bilhões em 2021 para R$ 14,721 bilhões no décimo mês do ano.

 No compilado de janeiro até outubro, as quedas são mais tímidas. Em MS, a retração é de 8,13%, e no Brasil chegou a -15,72%. 

Essas quedas podem ser explicadas pela alta vertiginosa da taxa Selic. Depois de ser fixada em 2% em agosto de 2020, o menor patamar da história, a Selic foi mantida em 13,75%, após decisão do Comitê de Política Monetária (Copom). 

Doutor em Economia, Michel Constantino ressalta que esse patamar da taxa Selic é um “freio de mão puxado” para investimentos e financiamentos. 

“Isso porque o custo do dinheiro está alto. Esse é o objetivo, frear o dinheiro em circulação e desincentivar o uso de crédito neste momento, para reduzir a inflação”, explica

Na ponta dos valores, as retrações são mais contidas. Em MS, inclusive, no recorte de janeiro a outubro, a Abecip aponta alta de 3,02%, saindo de R$ 2,167 bilhões em 2021 para R$ 2,234 bilhões neste ano, apesar da queda de unidades. 

Em âmbito nacional, a retração é mais acentuada, atingindo variação negativa de 12,05%. Nos dez primeiros meses de 2021, foram financiados R$ 171,847 bilhões, contra R$ 151,197 bilhões no mesmo período de 2022. 

DEMANDA

Segundo o presidente do Sindicato da Habitação de Mato Grosso do Sul (Secovi-MS), Geraldo Paiva, a redução na procura por financiamento se deve à expectativa da população pela redução dos juros no início do próximo ano. 

“Acreditamos que com a queda da inflação os juros cairão ainda no primeiro semestre de 2023”, projeta. 

Apesar da esperança do dirigente, a expectativa da maior parte do mercado no fim do período eleitoral era de que o ciclo de redução da taxa Selic se iniciaria a partir do segundo semestre. 

No entanto, com as recentes falas do presidente eleito, a expectativa do mercado financeiro é de que a redução seja adiada para 2023. Neste sentido, Paiva comenta que tem expectativa de ver uma condução econômica do novo governo federal similar ao primeiro mandato do presidente Lula.

“Recuperação do salário mínimo com melhora do poder econômico das classes de menor poder aquisitivo. Devemos nos atentar apenas para o controle das contas públicas pelo novo presidente, que se não houver controle de gastos pode atrasar a redução dos juros”, analisa.

O presidente da Associação dos Construtores de Mato Grosso do Sul (Acomasul) e do Sindicato do Comércio de Materiais de Construção (Sindiconstru), Diego Canzi Dalastra, classifica o reajuste nos valores dos imóveis como o principal fator de queda do interesse das classes C, D e E pelo financiamento. 

“Como nós tivemos um aumento no índice do INCC muito acentuado nos últimos dois, três anos, consequentemente, o valor dos imóveis sofreu uma correção. Então, o imóvel que antes era vendido a R$ 140 mil hoje é vendido entre R$ 180 mil e R$ 190 mil”, explica. 

MAIS CARO

Segundo Dalastra, a parcela dos 20% de entrada para a liberação do financiamento nos bancos passa a ser mais pesada, assim como os pagamentos mensais que aumentam apenas com a alta dos juros praticados na economia. 

“O grande problema está aí. As pessoas não têm o valor da entrada. E se você pegar os índices da construção civil, nossos números foram positivos em 2022. Então, nós aumentamos as construções”, comentou. 

Na edição de 31 de outubro, o Correio do Estado informou que, com a manutenção da taxa básica em 13,75%, os valores das parcelas do financiamento imobiliário aumentaram 24% em um ano. 

“Não há uma adesão tão grande por conta do valor referente à entrada, e outro fator é que as taxas de juros subiram. Consequentemente, o valor da parcela do financiamento fica mais alto. Isso também é um fator negativo”, complementa. 

Assim como Geraldo Paiva, Diego Dalastra acredita que o mercado se aquecerá ainda mais com a troca de governo federal, pois, de acordo com ele, deve assumir um governo “que tem uma política mais voltada para habitação social”. 

Tanto Dalastra como Paiva comentam que o setor como um todo tem altas expectativas de que haja o retorno do programa Minha Casa Minha Vida.

“[Esperamos] que volte com os programas de subsídio. Isso flexibilizava muito a questão da entrada. Por quê? Porque o consumidor utiliza esse valor de subsídio como entrada no financiamento imobiliário. Então o setor vê isso como um ponto muito positivo”, complementa Dalastra. 


 

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CAMPO GRANDE (MS)

Expogrande 2026 vai ocorrer de 9 a 19 de abril

Serão 11 dias de shows, leilões, exposições, atrações e comida típica

20/12/2025 09h45

Exposição de animais na Expogrande

Exposição de animais na Expogrande Gerson Oliveira

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86ª edição da Exposição Agropecuária e Industrial de Campo Grande (Expogrande) ocorrerá de 9 a 19 de abril de 2026, no Parque de Exposições Laucídio Coelho, localizado na rua Américo Carlos da Costa, número 320, vila Carvalho, em Campo Grande.

De acordo com publicação da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), serão 11 dias de shows, leilões, exposições de animais, música e comida típica.

Atrações musicais, estimativa de público e arrecadação/movimentação financeira ainda não foram repassados pela associação.

Polícia Militar (PMMS) e Guarda Civil Metropolitana (GCM) vão marcar presença para realizar a segurança do evento.

Promovida pela Acrissul, a Expogrande é considerada a maior feira agropecuária do Estado e já recebeu o título de 2ª maior feira agropecuária do Brasil, ficando atrás apenas da ExpoZebu, realizada em Uberaba (MG).

A Expogrande 2025 ocorreu de 3 a 13 de abril, com shows de Hugo & Guilherme, Matuê, Matogrosso & Mathias, Chitãozinho & Xororó, Jorge & Mateus e Vh & Alexandre.

No ano passado, o evento recebeu 125 mil pessoas e movimentou R$ 640,7 milhões.

SALDO POSITIVO

Exportação de carne dispara em MS mesmo sob tarifaço

Entre julho e novembro deste ano, o Estado exportou 165,4 mil toneladas, alta de 13%

20/12/2025 08h40

Em relação ao volume financeiro, as exportações de carne bovina aumentaram 51,1% no comparativo com todo o ano de 2024, com a venda de US$ 1,7 bilhão a outros países

Em relação ao volume financeiro, as exportações de carne bovina aumentaram 51,1% no comparativo com todo o ano de 2024, com a venda de US$ 1,7 bilhão a outros países Gerson Oliveira/Correio do Estado

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As exportações de carne bovina seguem em ritmo de crescimento no fim deste ano. Em Mato Grosso do Sul, entre os meses de julho e novembro, o Estado embarcou 165,4 mil toneladas de carne, volume 13% maior que o de todo o primeiro semestre, quando foram embarcadas 145,9 mil toneladas.

Os dados divulgados pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul) apontam que o volume também é 18% superior ao resultado do segundo semestre de 2024, quando foram contabilizadas 140,4 mil toneladas destinadas à exportação.

Conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic), em relação ao volume financeiro movimentado, as exportações de carne bovina aumentaram 51,1% no comparativo com todo o ano de 2024, com a venda de US$ 1,7 bilhão a outros países.

São US$ 516 milhões a mais que o US$ 1,2 bilhão comercializado nos 12 meses do ano passado.

As vendas de carne bovina aumentaram mesmo com o tarifaço da gestão de Donald Trump, que começou a valer em abril com taxa de 10% e que foi reajustado em mais 40% em agosto. As tarifas foram retiradas em 21 de novembro, e o resultado poderá ter reflexo apenas neste mês.

Em relação ao volume financeiro, as exportações de carne bovina aumentaram 51,1% no comparativo com todo o ano de 2024, com a venda de US$ 1,7 bilhão a outros paísesEstado registrou aumento das vendas ao mercado internacional - Foto: Gerson Oliveira/Correio do Estado

A tendência de aumento e resiliência ainda deve permanecer, conforme avaliação da consultora de economia da Famasul, Eliamar Oliveira.

“Mesmo que dezembro tradicionalmente registre leve desaceleração em relação a novembro, a projeção aponta para um fechamento forte, com expectativa de superar 90 mil toneladas no quarto trimestre, repetindo o desempenho do trimestre anterior, que alcançou 94,6 mil toneladas. Esse comportamento confirma a consistência da demanda internacional pela carne produzida no Estado e reforça a importância da pecuária sul-mato-grossense nas exportações do agro brasileiro”, expressa.

Eliamar pontua que a intensificação do confinamento reflete o avanço de sistemas produtivos mais eficientes. São técnicas que reduzem o ciclo de engorda e permitem maior regularidade no abastecimento da indústria, de acordo com a consultora.

“Entre julho e novembro, o abate total em MS cresceu 6%, em relação ao mesmo período de 2024, enquanto o abate de animais jovens, entre 13 e 24 meses, aumentou 7%, evidenciando o efeito direto dessas tecnologias na previsibilidade da oferta, especialmente no segundo semestre”, contextualiza.

“O uso ampliado de instrumentos de gestão de risco, como travas de preços, contribui para mitigar a volatilidade do mercado, garantir maior segurança sobre a rentabilidade e dar equilíbrio financeiro ao produtor, mesmo em cenários de custos elevados”, completa Eliamar.

MERCADO INTERNO

O relatório Agro Mensal do Itaú BBA aponta que, mesmo com as exportações aquecidas em outubro, o forte crescimento dos abates ampliou a disponibilidade interna de carne, acima do normal para a época.

Ainda assim, o boi gordo apresentou reação no início de outubro e avançou cerca de 5,6% até meados de novembro, movimento acompanhado por uma valorização ainda maior da carcaça casada, que subiu 7,9% no período.

Guilherme Bumlai, presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), comenta que, neste fim de ano, o grande fator que tem impedido uma queda nos preços da arroba é justamente o aumento das exportações.

“Se não fosse esse desempenho mais forte no mercado internacional, a pressão seria nitidamente de baixa, porque o ritmo de abates segue elevado e o mercado interno não tem mostrado força suficiente para absorver toda essa oferta. As exportações, portanto, têm cumprido um papel essencial de sustentação da estabilidade atual”, detalha.

Bumlai ainda afirma que houve uma expectativa não realizada de valorização da arroba. “Por outro lado, é verdade que muitos produtores esperavam uma arroba mais valorizada para este fim de ano, algo que não se concretizou. O mercado está firme, porém, sem espaço para altas expressivas enquanto o consumo doméstico não reagir”, observa.

Eliamar corrobora que o desempenho robusto das exportações, ao mesmo tempo em que a produção apresentou crescimento moderado, acarretou menor disponibilidade interna de carne bovina ao longo do ano.

“Como resultado, a oferta doméstica permaneceu mais ajustada, o que se refletiu em valorização dos preços no mercado interno. No atacado paulista, o preço médio dos cortes bovinos ficou cerca de 26% acima do observado no mesmo período do ano anterior”.

FUTURO

Para 2026, os especialistas concordam que o cenário tem forte tendência positiva. O Itaú BBA fala em uma entrada no fim do ano com fundamentos sólidos: oferta elevada, exportações robustas e um mercado interno que, embora pressionado, deve operar com maior equilíbrio com o avanço das chuvas e a melhora das pastagens.

“Com a esperada redução gradual da oferta, fruto da virada do ciclo pecuário, e se houver melhora no consumo interno, aí, sim, teremos condições mais claras para uma recuperação de preços. A combinação de exportações fortes e mercado doméstico mais aquecido deve permitir um início de ano melhor para o produtor. Hoje, estamos em um momento de sustentação, em 2026, podemos entrar em um momento de valorização”, considera Bumlai.

A consultora da Famasul ainda ressalta que a expectativa para o mercado no encerramento deste ano é de manutenção do bom ritmo de exportações, o que ajuda a absorver parte da oferta. 

“No início de 2026, a combinação de pastagens mais estruturadas, oferta gradualmente mais ajustada e demanda externa consistente cria condições para um cenário de preços mais firmes. A tendência é de transição para um período de maior sustentação da arroba, acompanhando o início de um ciclo de oferta mais curta e um ambiente internacional ainda favorável à carne bovina brasileira”, conclui Eliamar.

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