Em Rochedo, cidade localizada a 82 km de Campo Grande, a gasolina já custa R$6,10; o etanol R$4,65 e o diesel R$4,37. Já na Capital, os valores são um pouco menores: gasolina custa em média R$5,65; etanol R$4,22; diesel R$4,20 e o GNV R$3,55.
Moradores da região de Rochedo reclamam do preço dos combustíveis fósseis. Uma pessoa, que não quis ser identificada, diz que é um absurdo o valor da gasolina no interior.
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“Raramente abasteço aqui na minha cidade pois os preços são abusivos nos dois postos existentes. Chega a uma diferença de R$0,60 à R$0,80 centavos por litro em relação à capital”, expressa.
De acordo com o cidadão, o motivo da diferença de preços em relação à Capital se deve pelo valor de transporte do frete até a pequena cidade.
“Abasteço em Campo Grande e uso meu veículo somente para o necessário. Passeios diminuíram muito. Com o orçamento doméstico cada vez mais apertado temos que priorizar o gasto para podermos chegar ao final do mês sem desabastecimento em nossas casas”, complementa.
Valdirene Alves, proprietária de uma chácara na região de Rochedo, conta que só abastece em Campo Grande. “Não tem como abastecer meu carro em Rochedo, porque a gasolina é muito cara. Compensa ir até Campo Grande e prefiro ter esse trabalho para economizar mais”.
Ela ainda diz que os aumentos constantes no preço do combustível afetam seu orçamento mensal. “As coisas já estão difíceis por conta da pandemia. Campo Grande está fechada, e ainda temos que lidar com esse preço absurdo da gasolina?” indaga.
Thiago Mendes Solpicio, analista de sistemas, mora em um conjunto habitacional de chácaras na região há um ano e também já “sentiu no bolso” o custo maior. “É um absurdo! Num país quase auto-suficiente em petróleo, era pra pagarmos um valor bem menor”, critica.
Ao Correio do Estado, o economista Michel Constantino, afirma que a gasolina é mais cara no interior do Estado pois, em cidades menores, há pouca concorrência. “Os proprietários se unem para elevar os preços. Na capital você tem mais grupos e redes de postos concorrendo entre si, além disso a eficiência da fiscalização por abuso de preços é maior”, disse.
Campo Grande
Na Capital, embora o preço seja um pouco mais barato em relação à cidades do interior, a gasolina deve ficar R$0,18 ainda mais cara, após governo reajustar pauta fiscal. A medida vale para todo o Estado.
Ainda segundo o profissional, o preço tão elevado da gasolina no país se deve por conta da alta no dólar. Mas, a previsão é que caia ao longo dos próximos meses, devido a tendência de aumento da Taxa Selic.
“Com taxa de juros Selic maior, teremos mais investidores internacionais, o que faz com que o dólar caia em relação ao real e diminua a pressão sobre o preço do petróleo”, detalha.
Ele afirma que a pandemia da Covid-19 afeta diretamente no preço dos combustíveis devido às incertezas internacionais. “Com consumo menor, dólar mais alto e pouco investimento, a pandemia pressiona os preços do mercado”, explica.
Trabalhadores autônomos, que dependem do carro para garantir o sustento familiar, são grandemente afetados pela alta no preço dos combustíveis. Houve protestos pela classe na Capital, que abasteceram R$0,50 centavos em forma de protesto em um posto de combustível no mês de fevereiro.
Além disso, entregadores de Delivery se reuniram próximo ao Parque dos Poderes para reivindicar contra o valor.
O motorista de aplicativo, Caio Vinícius Caldas de Jesus, expõe revolta contra o preço da gasolina, pois afeta diretamente no seu orçamento mensal.
“Nós rodamos pelo mesmo valor do que era a gasolina antes. Os passageiros pagam o mesmo valor e o motorista tem que pagar mais caro pela gasolina”, explica.
O aposentado, Jaime Rodrigues de Oliveira possui um ponto de táxi no centro da Capital e diz que o lucro está diminuindo cada vez mais. Ele deixa motorista no carro, portanto não trabalha.
“As vezes é mais despesa do que lucro. Tenho que pagar uma porcentagem para o motorista, abastecer com gasolina que o preço está uma vergonha e fazer manutenção no carro. Então sobra o que?” indaga.
Para evitar perdas financeiras, Constantino reitera que o etanol pode ser uma alternativa. “O consumidor deve calcular a proporção de 70% do etanol em relação a gasolina e saber qual o consumo do seu automóvel com os dois tipos de combustível. O site para fazer o cálculo certo é esse”.



