Em 10 meses, Mato Grosso do Sul já soma 117.320 novos consumidores na lista de negativados. O número de pessoas inadimplentes no Estado passou de 935.904 em dezembro do ano passado para 1.053.224 milhão em outubro deste ano, aumento de 12,53%, conforme indica a Serasa.
Em janeiro, MS atingiu a marca histórica de 1 milhão de pessoas inadimplentes. Desde então, o número segue registrando altas sucessivas, com exceção apenas para junho e agosto, quando houve uma pequena redução na comparação com os meses anteriores. Em junho, o decréscimo porcentual foi de 0,26%, enquanto em agosto foi somente de 0,03%.
Nos meses seguintes, setembro com 1,046 milhão e outubro com 1,053 milhão, a lista de negativados voltou a ganhar novos nomes. Na comparação entre os meses, o aumento foi de 0,66%.
O economista Márcio Coutinho analisa o cenário regional e destaca um dos fatores que contribuiu para o crescimento da inadimplência: o comportamento consumista.
“As pessoas estão gastando mais do que ganham. Uma vez que existe uma falta de educação financeira, pensando somente no hoje, elas acabam consumindo e se endividando, com reflexo que acontece lá na frente e que se comprova em números, como os que podemos constatar”, pondera.
Para Coutinho, outro aspecto é a ausência de empregos bem remunerados. “A economia não está ainda totalmente aquecida e não está gerando empregos suficientes para suprir as necessidades demandadas. Isso faz com que as pessoas apertem mais os orçamentos e, em muitas vezes, recorram ao crédito e acabem falhando em seus compromissos”, complementa.
Em relação à chegada do fim de ano, o mestre em Economia Lucas Mikael ressalta que, ao mesmo tempo que há um período de consumo, também há um volume maior de recursos, como o décimo terceiro salário, a participação em lucros e resultados, o bônus, entre outros benefícios, os quais podem equilibrar o mercado, assim como a quitação de dívidas, culminando na saída da lista da inadimplência.
“Novembro é marcado pela Black Friday, seguido, em dezembro, pelas festas de fim de ano, como Natal e Réveillon, além das férias. Esses eventos são comumente conhecidos pelo alto consumo. Assim, a tendência é de manutenção para o índice, com provável variação porcentual pequena para dezembro”, explica Mikael.
Em seu diagnóstico para 2024, Coutinho reitera que o panorama deve ser de manutenção da taxa de negativados elevada no Estado.
“Apesar de projeções de aumento no Produto Interno Bruto [PIB], o crescimento não será tão grande a ponto de deixar a economia extremamente aquecida. Dessa forma, a situação deve permanecer”, conclui.

OUTUBRO
Ainda de acordo com dados do relatório da Serasa referente a outubro, dos 49,41% da população adulta economicamente ativa do Estado, a maior fatia é do sexo masculino, correspondendo a 52%.
Já no quesito idade, as faixas etárias mais afetadas são as entre 26 e 40 anos, com 35,9%, e de 41 a 60 anos, com 34,8%.
Apesar do aumento, um componente do relatório apresenta recuo no 10º mês do ano, sendo as dívidas relacionadas às contas básicas, como luz, água e gás. A queda é de 0,29 ponto porcentual (p.p.) entre setembro e outubro, passando de 11,05% das pendências financeiras em Mato Grosso do Sul para 10,76%.
As informações são da edição mais recente do Mapa da Inadimplência e Negociação de Dívidas no Brasil, da Serasa, que reúne informações de outubro.
Como maior vilão, responsável por 32,62% dos débitos, o levantamento aponta o segmento de cartões e bancos, concentrando a maior porcentagem de dívidas.
Em setembro, o mesmo segmento correspondia a 32,34% das pendências. Já as dívidas financeiras e de varejo representam 17,15% e 15,26% das pendências, respectivamente.
Mikael esclarece que, apesar da queda da Selic, a taxa básica de juros do País, os juros de mercado ainda seguem em patamar muito elevado.
“Quando a gente olha os juros do cartão de crédito, por exemplo, são altíssimos, e estamos falando de algo em torno de 15% ao mês e mais de 440% ao ano no rotativo. Então, isso é que tem levado essas pessoas a apontarem uma maior dificuldade para pagar suas dívidas”, justifica.
No âmbito nacional, as dívidas relacionadas às contas básicas, as chamadas utilities, diminuíram 0,30 p.p. entre setembro e outubro, passando de 23,83% das pendências financeiras no Brasil para 23,53%.
Os débitos com bancos e cartões são os mais comuns entre os consumidores no País (29,19%). O número total de brasileiros inadimplentes teve leve alta passando de 71,8 milhões em setembro para 71,9 milhões no mês passado.