Mato Grosso do Sul registrou a abertura de 7.903 empresas em 2020. O maior número de constituições desde o início da série histórica que começou nos anos 2000. De acordo com os dados da Junta Comercial do Estado de Mato Grosso do Sul (Jucems), foram 21 novos estabelecimentos por dia.
O resultado foi 11,51% superior aos 7.087 novos CNPJs constituídos no mesmo período de 2019.
De acordo com o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, o desempenho só foi possível graças às medidas que mantiveram os níveis de atividade econômica de Mato Grosso do Sul, bem como a modernização da Jucems e aprimoramentos advindos com a Lei de Liberdade Econômica.
Últimas notícias
“Hoje, com as mudanças tecnológicas e de inovação que implantamos na Junta Comercial, ela funciona praticamente 24 horas por dia. Dependendo da natureza da empresa, ela pode ser aberta totalmente on-line, em questão de alguns minutos. Por isso, mesmo com as medidas restritivas impostas pela pandemia, a Jucems não teve seus atendimentos suspensos.
Esse fator, aliado ao conjunto de medidas adotadas pelo governo do Estado para estimular a economia sul-mato-grossense e manter os níveis de produção e de emprego, favoreceram esse resultado de 7.903 [empresas] abertas em 2020, que nos dá uma média de quase 1 empresa por hora”, comemora Verruck.
De acordo com a economista do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Fecomércio (IPF-MS), Daniela Dias, a alta no número de novos CNPJs pode ser reflexo também da pandemia.
“Tivemos alterações no comportamento das pessoas tanto na busca por empregos, por alternativas de renda. Então, nesse sentido, com desemprego, receio e expectativas instáveis sobre a economia, muitas pessoas resolveram empreender. Essas pessoas encontraram oportunidade em meio à pandemia”, analisa Daniela.
A média mensal de aberturas de empresas no ano passado foi de 659. Somente em dezembro, foram abertas 587 novos estabelecimentos em Mato Grosso do Sul.
SETORES
Entre os segmentos da economia, os que mais abriram empresas foram o comércio e os serviços. Das 7.903 empresas abertas no Estado de janeiro a dezembro do ano passado, 5.026 são do setor de serviços, representando 63,6% do total, 2.540 são do comércio (32,14%) e 337 são indústrias (4,26%).
“A liderança ficou com os setores do comércio e serviços, então muitas pessoas aproveitaram o feeling de negócios anteriores para abrir empresas. É no momento de crise que muitas oportunidades são encontradas”, considera Daniela.
O setor terciário é responsável por cerca de 70% dos empregos do Estado. A economista acredita que o recorde de novos negócios também amplia o número de empregos.
“Como a gente tem uma dependência do segmento do comércio de bens e serviços nessa parte de empregabilidade, a gente observa uma reinvenção desse segmento. Muitos empresários investiram em outros tipos de negócios que surgiram com as novas necessidades dos consumidores. Essa abertura de empresas pode ser fundamental para a recuperação da empregabilidade e da geração de renda”, complementa Daniela.
RANKING
Campo Grande lidera a lista dos 10 municípios com maior número de empresas abertas, com 3.402 constituições; na sequência vem Dourados (879); Três Lagoas (348); Ponta Porã (289); Naviraí (225); Maracaju (162); Corumbá (152); Nova Andradina (143); Chapadão do Sul (134); e Sidrolândia (108).
O presidente da Jucems, Augusto de Castro, ressalta que “os dados divulgados pela Junta não incluem os microempreendedores individuais (MEIs), que são constituídos de forma virtual em portal próprio do governo Federal”.
Conforme já noticiado pelo Correio do Estado, o registro de novos MEIs também foi expressivo. No ano passado, foram 35.605 novos microempreendedores, maior número da última década, segundo dados da Receita Federal.
Dados da Jucems apontam que foram fechadas 3.961 empresas, também o número mais expressivo aferido pela Junta em 20 anos.
“Para cada empresa fechada, praticamente duas novas foram abertas. Esse maior número de fechamentos de empresas foi alavancado por dois fatores: o impacto da pandemia, que foi maior em algumas atividades empresariais do que em outras, e, principalmente, a extinção da cobrança da taxa pelas juntas comerciais brasileiras para fechamento de empresas, que foi determinada pela Lei da Liberdade Econômica – Lei 13.874 de 20/09/2019”, conclui Castro.
A economista destaca que o saldo ficou positivo em 3.942 negócios.
“Ao mesmo tempo que muitas empresas abriram, tínhamos o receio de que acontecesse o mesmo com os fechamentos. Quando a gente considera o número de empresas abertas e as que fecharam, temos um saldo positivo”, finaliza Daniela.