A estrutura que poderá ser a maior fábrica de celulose do Brasil e uma das mais eficientes do mundo poderá começar a ser levantada ainda neste ano, possivelmente no segundo semestre.
Trata-se da terceira linha de produção da Suzano em Mato Grosso do Sul, em Ribas do Rio Pardo. Por causa de suas dimensões e de sua ambição, o projeto da futura fábrica, que ficará distante cerca de 100 quilômetros de Campo Grande, recebeu o nome de Jubarte.
A comparação com a baleia faz sentido: a capacidade de produção da fábrica será de 2,2 milhões toneladas de celulose por ano e demandará investimentos de aproximadamente R$ 14 bilhões para que seja instalada.
As tratativas com o governo de Mato Grosso do Sul e autoridades municipais de Ribas do Rio Pardo estão a todo vapor.
Mais informações só não são divulgadas oficialmente porque a Companhia Suzano – maior produtora de celulose de eucalipto do mundo – é uma empresa de capital aberto e anúncios deste porte devem ser feitos primeiramente ao mercado.
A expectativa de várias autoridades de Mato Grosso do Sul é de que a empresa confirme a instalação da nova planta na quarta-feira (12), quando anunciará os resultados do primeiro trimestre de 2021 aos seus acionistas.
“A terceira unidade da Suzano em Ribas do Rio Pardo só será confirmada após a nota oficial, temos de aguardar a apresentação dos resultados, a previsão de investimento é de R$ 14 bilhões”, afirmou o secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, Jaime Verruck.
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OS SINAIS
O primeiro grande sinal dado pela Companhia Suzano sobre a intenção de construir em Ribas do Rio Pardo o seu maior complexo industrial de celulose ocorreu em dezembro de 2019, quando anunciou ao mercado que havia comprado 106 mil hectares de terra e obtido licença ambiental para execução do projeto Jubarte.
As raízes do projeto foram fincadas há aproximadamente uma década, com a iniciativa das fazendas Boi Preto e Santa Clara de fundar na cidade vizinha a Campo Grande uma grande área de produção de eucalipto.
Inicialmente, atenderia as fábricas de celulose de Três Lagoas e em um segundo momento criaria condições para a instalação de uma planta no município.
A intenção da Suzano era encaminhar o projeto logo após a incorporação da Fibria, na segunda metade da década passada, mas, de lá para cá, houve crises econômicas e a pandemia, o que fez com que o projeto perdesse a velocidade de incorporação.
O segundo grande sinal foi dado em dezembro do ano passado, quando a companhia anunciou que a implantação do projeto Jubarte demandaria aproximadamente US$ 2,7 bilhões em investimentos.
O objetivo da Suzano é que a linha de Ribas do Rio Pardo seja a mais competitiva da companhia.
Os diferenciais são muitos: as florestas produtoras ficarão distantes no máximo 60 quilômetros da indústria e a relação custo-caixa para a produção poderá ser de US$ 90 por tonelada, enquanto a média das outras plantas da empresa é de US$ 120.
O terceiro sinal passou a ser dado desde março, quando os estudos técnicos na área da Fazenda Santa Clara, às margens da BR-262 – rodovia que liga Campo Grande a Três Lagoas – tiveram início.
As medições da área já ocorreram e o estudo de viabilidade técnico-econômica estava em andamento no mês de abril.
A expectativa era de que, assim que fossem finalizados, esses estudos seriam submetidos ao Conselho de Administração da Empresa. Por causa desta cronologia, é grande a expectativa de que a confirmação da unidade ocorra ainda neste ano.
MOVIMENTAÇÃO
O Correio do Estado apurou que autoridades estaduais e municipais de Ribas do Rio Pardo esperam que as obras comecem neste ano e que a planta seja ativada em 2024.
Neste semestre, a Suzano deu um quarto grande sinal: constituiu uma pessoa jurídica em Ribas do Rio Pardo com capital social de R$ 9,2 bilhões. Por enquanto, a atividade da pessoa jurídica é de “extração de madeira em florestas plantadas, apoio à produção florestal e cultivo de eucalipto”.
Futuramente, porém, a atividade deve ser ampliada para produção de celulose, assim como ocorre com as duas plantas de Três Lagoas, que atualmente são as maiores do Brasil.
Em Ribas, a movimentação já é grande. Empresas que prestarão apoio à instalação da fábrica já procuram terrenos. A prefeitura, por outro lado, já se movimenta para a criação de moradias de caráter provisório (alojamentos).
(Colaborou Rafaela Moreira)
Desenvolvimento deve ir além dos limites de Ribas e favorecer a Capital
A maior empresa de celulose do Brasil espera que haja uma retomada de preços no curto prazo e que a expansão da oferta gere uma competição mais acirrada.
Isso deve beneficiar a Suzano, que possui custos de produção entre os menores do mundo e mantém uma forte geração de caixa mesmo em períodos de baixa das cotações internacionais.
Assim que equacionar sua dívida elevada, poderá dar início ao investimento da planta em Ribas do Rio Pardo (MS).
Com uma distância de apenas 60 quilômetros entre a fábrica e a floresta, o chamado projeto l tem potencial de ser um dos mais competitivos do mercado, consolidando a empresa como o produtor de menor custo.
“O que ocorre quando investimentos desta magnitude são feitos é o transbordamento ou efeito de borda”, explica Constantino.
“O desenvolvimento vai muito além dos limites do município, há transbordamento em todos os níveis, não somente no financeiro, mas também de capital humano”, complementa.
Além do transbordamento de capital financeiro e humano, também há o que Constantino chama de efeito multiplicador.
“Isso atrai cabeças pensantes para o Estado, aumenta a demanda por cursos que atendam à demanda criada, aumenta o conhecimento de toda a região”, exemplifica.
O economista ainda demonstra que para cada real investido em grandes indústrias – como a que a Suzano pretende instalar em Ribas do Rio Pardo – outros três são gerados em outros setores indiretamente.
As possibilidades de desenvolvimento, segundo ele, vão muito além da atividade industrial e aumentarão a demanda por consumo e serviços nas cidades vizinhas, aquecendo o comércio e o mercado imobiliário, além de demandar mais investimentos em outras áreas.
“Isso demanda infraestrutura. A rodovia terá de ser melhorada, a infraestrutura do aeroporto, que já está sendo modificada, poderá servir como estímulo para novos voos. A demanda por carregamentos e produtos para serem entregues também aumenta e, como consequência disso tudo, a arrecadação com impostos também”, analisa Constantino. (EM)