Os números das exportações e importações brasileiras, divulgados nesta sexta-feira pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), mostram que Mato Grosso do Sul se beneficiou da guerra comercial travada entre China e Estados Unidos no primeiro semestre deste ano. Mesmo com todas as tensões no comércio global, o Estado exportou 3,29% a mais neste ano, um ligeiro crescimento em faturamento.
As exportações de produtos sul-mato-grossenses, no período compreendido entre janeiro e junho deste ano, alcançaram US$ 5,28 bilhões (aproximadamente R$ 28,6 bilhões na cotação desta sexta-feira). O saldo da balança comercial é de US$ 4,036 bilhões (aproximadamente R$ 21,8 bilhões).
O saldo da balança comercial, que é a diferença entre os valores de produtos exportados e importados, tem se beneficiado da queda nas importações em Mato Grosso do Sul, que, neste ano, de janeiro a junho, foi 10,1% menor.
As compras de produtos de outros países pelo Brasil, com entrada por território sul-mato-grossense, somaram US$ 1,28 bilhão (R$ 6,9 bilhões). O principal motivo da queda nas importações é a redução tanto do preço quanto do volume de gás natural da Bolívia.
No acumulado do ano, as compras de gás natural da Bolívia totalizam US$ 427 milhões, valor que representa uma queda de US$ 176 milhões em relação ao mesmo semestre do ano passado. O porcentual de queda na compra de gás é de 29%.
As exportações ainda poderiam ser menores, caso não tivesse ocorrido a compra, em janeiro, de equipamentos para plantas processadoras de celulose da Finlândia, que totalizou US$ 108 milhões.
Junho
O mês passado foi o segundo melhor em vendas externas para Mato Grosso do Sul, com destaque para a retomada do apetite chinês por produtos do Estado, sobretudo soja, celulose e carne bovina, nesta ordem.
As exportações de Mato Grosso do Sul em junho totalizaram US$ 977 milhões. Só no mês de março se exportou mais no Estado, quando as vendas para outros países somaram US$ 1,15 bilhão.
Março, porém, foi marcado por um aumento expressivo nas compras de carne e celulose pelos Estados Unidos. O mês antecedeu o tarifaço de Donald Trump contra vários países. O Brasil, por exemplo, passou a ser alvo, a partir de abril, de uma tarifa de 10% sobre a importação de produtos por compradores norte-americanos.
Agora, em junho, os números mostram um efeito contrário. A China aumentou as compras do Estado, e os EUA reduziram.
No mês passado, empresas chinesas compraram nada menos que US$ 260 milhões em soja de Mato Grosso do Sul. A oleaginosa, inclusive, foi o produto mais vendido do Estado, após meses atrás da celulose.
O destaque de junho foram as compras de carne bovina fresca pela China, que somaram US$ 70,1 milhões.
Para efeito de comparação, o segundo melhor mês na venda de carne bovina para outros países foi abril, quando a China comprou US$ 46,5 milhões do produto. Em junho, as vendas de celulose para a China também foram expressivas: US$ 163,3 milhões.
As compras norte-americanas de carne bovina, o produto mais comprado por eles, caíram bruscamente em junho. Enquanto em abril, o mês com maior comercialização, os EUA compraram US$ 35 milhões em carne bovina, em junho, as compras caíram para US$ 14 milhões – menos da metade.
Soja x Celulose
No acumulado do ano, a celulose segue como o produto mais vendido de Mato Grosso do Sul. As vendas chegam a US$ 1,73 bilhão, 65,2% a mais que no mesmo período do ano passado. O produto é responsável por 33% das exportações do Estado.
As vendas de soja, que reagiram em junho, foram menores no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. A oleaginosa, responsável por 28% das exportações locais, gerou receita de US$ 1,47 bilhão, 26% (US$ 547 milhões) a menos que em 2024.
A carne bovina vende mais e fatura mais neste ano, mas segue em terceiro lugar. Responsável por 14% das exportações locais, a carne bovina gerou receita de US$ 759 milhões, 39% (US$ 213 milhões) a mais que no ano passado.