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Novo cadastro vai agilizar a venda de imóveis, mas pode elevar valor do IPTU

Corretores veem avanço na segurança jurídica da compra e venda, enquanto tributaristas alertam para risco de impostos mais altos

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A Receita Federal publicou, no dia 15 de agosto, a Instrução Normativa RFB nº 2.275/2025, que institui oficialmente o Cadastro Imobiliário Brasileiro (Cib), um banco de dados nacional que promete mudar a forma como imóveis são registrados, negociados e fiscalizados no País. A medida, que entra em vigor no início de 2026, cria um identificador único para cada imóvel, um “CPF do imóvel”, integrando dados que hoje estão espalhados em diferentes órgãos, cartórios e municípios.

O novo cadastro faz parte do Sistema Nacional de Gestão de Informações Territoriais (Sinter) e torna obrigatório o compartilhamento de dados entre Receita Federal, cartórios, prefeituras, estados, instituições financeiras e agentes do mercado imobiliário. Na prática, escrituras, registros, valores de referência e dados de localização passam a estar concentrados em um único banco, o que pode mudar desde a avaliação de um imóvel até a cobrança de impostos.

Para a vice-presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de Mato Grosso do Sul (Creci-MS), Simone Leal, a mudança é disruptiva e exige atenção imediata de todo o setor. 

“O Cib funciona como um ‘CPF do imóvel’, tornando o compartilhamento de dados obrigatório para todos os agentes do mercado imobiliário. A nova instrução normativa exige que os corretores e imobiliárias se adaptem ao Cib, entendam como ele funciona e o que muda nas suas operações”, explicou.

Uma das principais alterações trazidas pela norma é a inserção de um valor de referência oficial para cada imóvel, atualizado anualmente. A medida cria um parâmetro comum para o mercado, ajudando a reduzir discrepâncias entre valores declarados e preços praticados, o que pode impactar avaliações, negociações e a base de tributação.

Segundo Simone Leal, a novidade pode aumentar a confiança do setor e uniformizar critérios de avaliação. “A inserção de um valor de referência oficial anual vai impactar as avaliações ao fornecer uma base mais sólida e transparente para o cálculo de valores, exigindo que os avaliadores considerem essa referência em seus laudos e justifiquem desvios”, disse.

“Nas negociações, a referência criaria um patamar comum de valorização, aumentando a segurança e a transparência para ambas as partes e, potencialmente, influenciaria na precificação, na tomada de decisões e até mesmo na tributação”, detalhou a vice-presidente.

Outro ganho esperado é a agilidade no processo de compra e venda. O acesso centralizado aos documentos deve reduzir o tempo e os custos com a busca de certidões e registros em diferentes cartórios, tornando o caminho até a escritura mais simples e rastreável. 

“Esse novo sistema tem tudo para deixar o processo mais rápido e seguro. Ele vai centralizar todas as informações importantes em um único banco de dados, o que significa menos burocracia, já que não vai ser preciso correr atrás de documentos em vários cartórios. Além disso, como os dados serão mais confiáveis e íntegros, o risco de fraude diminui muito. Isso também deve agilizar a aprovação de financiamentos”, explicou Simone Leal.

A tendência é de que os custos cartoriais também sejam beneficiados, conforme o sistema se consolide. “Em princípio, a expectativa é de que os custos cartoriais possam diminuir a médio e a longo prazo. Com o novo cadastro, o processo de regularização e registro deve se tornar mais simples e automatizado, reduzindo o tempo gasto e, consequentemente, os custos operacionais. Por outro lado, a curto prazo, pode haver algum ajuste ou adequação de taxas, mas a tendência geral é de que, com o tempo, fique mais barato e eficiente para todos os envolvidos”, avaliou a vice-presidente.

IMPOSTOS

Oficialmente, o Cib não prevê aumento no preço dos impostos. O que especialistas apontam é que, com a integração de dados e valores mais próximos do mercado, as prefeituras poderão, no futuro, recalcular a base do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) e por isso a conta pode subir.

O presidente da Comissão de Assuntos Tributários da Ordem dos Advogados do Brasil – seccional de Mato Grosso do Sul (OAB-MS), Marcelo Vieira, alerta que a padronização e centralização de dados facilita o trabalho dos fiscos federal, estadual e municipal, podendo resultar em aumentos indiretos na carga tributária para proprietários.

“O cadastro unifica os imóveis em um código nacional e vincula cada um a um valor de referência. Esse valor será usado e compartilhado pela Receita Federal, estados e municípios. Embora a norma não crie novos tributos, ela pode resultar em aumento indireto da carga tributária para o cidadão, pois os municípios, os Estados e a União terão todas as informações relativas aos imóveis e também uma referência dos valores de mercado. E isto facilita a fiscalização”, pontuou.

Vieira lembra ainda que o cruzamento de dados permitirá identificar imóveis irregulares ou subavaliados com muito mais facilidade, gerando autuações e cobranças adicionais.

“A Receita Federal terá meios de detectar inconsistências através de cruzamento de dados sem depender apenas de fiscalização. E isso pode gerar cobranças adicionais, retificações e autuações para quem estiver em desacordo com as normas legais”, complementou Marcelo Vieira.

Para os proprietários, a orientação é manter os dados atualizados para evitar problemas futuros. 

“O proprietário não precisa adotar nenhuma medida formal imediata, mas é altamente recomendável revisar e atualizar os cadastros dos imóveis urbanos e rurais para corrigir eventuais divergências de área, endereço ou titularidade, entre outros itens”, orientou o presidente da Comissão.

MERCADO 

Além dos efeitos tributários, a criação do Cib deve mudar a rotina dos corretores e imobiliárias, que precisarão adaptar seus sistemas, contratos e práticas ao novo padrão nacional. O mercado, que sempre lidou com uma burocracia fragmentada, passa a contar com um modelo integrado, o que, se bem implementado, tende a dinamizar negociações e dar mais segurança jurídica para compradores, vendedores e instituições financeiras.

“O novo cadastro nacional deve trazer mais transparência e agilidade na compra e venda de imóveis, centralizando informações em um banco de dados único. Assim, escrituras, registros e documentos ficam mais acessíveis, reduzindo fraudes, duplicidades e dando mais segurança jurídica. Também facilita o acesso ao crédito, tornando o mercado imobiliário mais dinâmico e seguro”, resume Simone Leal.

As imobiliárias e corretores precisarão rever contratos, políticas internas e a forma de coleta e envio de dados, além de entender como justificar variações de preços diante de um valor de referência oficial, que poderá servir de base, tanto para negociações quanto para fiscalizações. 

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Economia

Com 4,7 milhões de hectares de áreas degradadas passíveis de recuperação, MS é destaque nacional

Através de programas voltados ao carbono zero, crédito sustentável e uso eficiente do solo e água, o Estado é consolidado como exemplo nacional em recuperação de pastagens degradadas

15/12/2025 14h30

Áreas podem ser recuperadas e têm potencial de virar áreas de criação de gado

Áreas podem ser recuperadas e têm potencial de virar áreas de criação de gado FOTO: Gerson Oliveira/Correio do Estado

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Mato Grosso do Sul tem cerca de 4,7 milhões de hectares de pastagens degradadas com que podem ser transformadas em algum tipo de atividade, como agricultura, pecuária, sistemas agroflorestais ou silvicultura. 

Esse número é parte de um montante total de 12 milhões de hectares de pastagens degradadas em todo o território estadual. 

As estratégias de recuperação de pastagens degradadas tornou o Estado um exemplo nacional no assunto, já que as ações estaduais garantem competitividade, sustentabilidade e segurança alimentar. 

A recuperação das áreas combinam políticas públicas estruturantes, crédito sustentável e inovação com programas voltados ao uso eficiente do solo e da água, como o Prosolo, MS Irriga, Plano ABC+ MS, Precoce MS e o FCO Verde. 

"Estamos mostrando ao Brasil que é possível produzir mais e com responsabilidade ambiental e tecnologia", disse o secretário Jaime Verruck, da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc). 

O Plano Estadual do Governo do Estado tem como meta definida a recuperação de 1.167 milhão de hectares nas pastagens degradadas até 2030. Esse desafio é um dos motores da nova economia verde em Mato Grosso do Sul que, através do uso de ciências e políticas públicas permanentes, consolida a referência do Estado no setor de pecuária de baixo carbono e agropecuária sustentável. 

"Quando governo, produtores e instituições de pesquisa trabalham juntos, conseguimos acelerar a transição para uma agropecuária moderna, de baixa emissão de carbono e com alto desempenho", destacou Verruck.

Políticas públicas

De acordo com o Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas (PNCPD), a degradação observada em Mato Grosso do Sul é resultado de anos de práticas antigas da pecuária extensiva, com baixa taxa de lotação e pouco uso de manejo e adubação. 

Isso causou o desgaste do solo e queda na produtividade das forrageiras, plantas cultivadas para alimentar os animais (gado, aves, suínos), sendo necessárias soluções robustas, que hoje fazem parte da política principal de Estado. 

As políticas públicas de MS são: 

  • Prosolo: programa de restauração das áreas afetadas por erosão, implantando práticas conservacionistas, recuperando a fertilidade do solo e melhorando estradas vicinais;
  • MS Irriga: programa de ampliação da irrigação sustentável e do uso racional da água para intensificação da produção; 
  • Plano ABC+ MS: plano de sistemas integrados de plantio direto, uso de bioinsumos e manejo de resíduos;
  • Precoce MS: incentivo ao manejo eficiente e à pecuária de baixo carbono; 
  • FCO Verde: linha de crédito destinada à recuperação da produção e de projetos sustentáveis. Entre 2020 e 2024, foram R$ 812 milhões destinados a 771 projetos. 
Áreas podem ser recuperadas e têm potencial de virar áreas de criação de gadoFeito por Denis Felipe - Com IA

Destaques

A Semadesc e o Fundo para o Desenvolvimento das Culturas de Milho e Soja (Fundems), estão investindo R$ 7,6 milhões em certificação e monitoramento do carbono na soja e no milho. 

Com relação à pecuária, além do status alcançado em 2025 de área livre de febre aftosa sem vacinação, o Estado avança na implantação do seu Sistema Estadual de Rastreabilidade Bovina, previsto para iniciar em 2026 e cobertura total até 2032. 

Além disso, também é desenvolvido o Selo Verde, que vai integrar dados ambientais e produtivos, garantindo transparência socioambiental nas cadeias de carne e da soja. 

Mato Grosso do Sul também está entre os cinco maiores consumidores de bioinsumos do País, através do Programa Estadual de Bioinsumos, criado em 2022. Também estão em funcionamento projetos de confinamento sustentável e intensificação das pastagens, ampliando produtividade e garantindo bem-estar animal. 

"Nossa meta é chegar ao produtor com assistência técnica de qualidade e acesso a crédito sustentável, garantindo que cada propriedade tenha as condições para produzir mais e conservar mais", reforçou Verruck.
 

CAMPO GRANDE (MS)

Carnê virtual do IPTU 2026 está disponível na internet; confira

Neste ano, reajuste do IPTU é de 5,32%, com 10% de desconto à vista

15/12/2025 12h00

Pessoa consultando o valor do IPTU do seu imóvel

Pessoa consultando o valor do IPTU do seu imóvel MARCELO VICTOR

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Carnê do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), referente ao ano de 2026, está disponível e já pode ser consultado via internet. Saiba quanto veio o imposto da sua casa, em 2025, neste site.

Neste ano, o IPTU será reajustado em 5,32%, conforme noticiado pelo Correio do Estado. O reajuste cobrou a inflação, prevista no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A expectativa é que milhares de carnês físicos sejam entregues na casa do contribuinte neste mês de dezembro de 2025.

As formas de pagamento do IPTU 2026 são:

  • À vista, com 10% de desconto – vencimento em 12 de janeiro
  • Parcelado, em 12 vezes – vencimento em dias de feriados, finais de semana ou não úteis, o pagamento deverá ser feito no primeiro dia útil subsequente

Ainda haverão aqueles contribuintes beneficiados com o Bônus IPTU Azul, que terão desconto de 10% (dez por cento) sobre o valor do IPTU e da Taxa de Coleta, Remoção e Destinação de Resíduos Sólidos Domiciliares lançados.

A concessão do Bônus IPTU Azul será efetivada independentemente de requerimento do contribuinte, mediante a redução de 10% no valor lançado, e, sobre o valor já deduzido, será aplicado o desconto para pagamento à vista, conforme a opção do contribuinte.

Neste ano, as cores azul e amarelo também dão adeus ao IPTU. Até então, os carnês eram emitidos em tons diferentes: azul para contribuintes sem débitos e amarelo para aqueles com pendências.

Pessoa consultando o valor do IPTU do seu imóvel

IPTU

O IPTU é um imposto brasileiro, de competência municipal, que deve ser pago por pessoas que tenham propriedades dentro do perímetro urbano.

A arrecadação do tributo municipal é convertido em melhorias para a cidade, nas áreas de segurança, educação, saúde, infraestrutura e lazer.

Quem não paga IPTU, corre risco de perder a posse do imóvel.

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