Economia

decisão

Revogação parcial da reoneração anima setores de MS, mas preocupa prefeituras

Medida provisória desonera folha de pagamento de 17 segmentos, mas mantém ônus para prefeituras

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A Medida Provisória (MP) nº 1.208/2024, publicada ontem no Diário Oficial da União, revoga a decisão que determinava a mudança no regime de tributação de empresas de 17 setores da economia, com a retomada da cobrança tributária sobre a folha de pagamento dos funcionários.

Por outro lado, manteve o dispositivo para os municípios. A lei aprovada no Congresso de forma parcial prorrogou a desoneração dos setores que incluem serviços como comunicação, calçados, call center, confecção e vestuário, construção civil, empresas de construção e obras de infraestrutura, entre outros, até 2027.

Outro ponto que constava na MP e foi excluído é um dispositivo para que cidades com até 142 mil habitantes tenham sua alíquota de contribuição ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) reduzida.

Na prática, a contribuição – que com o benefício fiscal seria diminuída para 8% – continua sendo de 20% para as prefeituras.

A desoneração foi adotada em 2011, substituindo a contribuição previdenciária patronal de 20%, incidente sobre a folha de pagamento, por alíquotas de 1% a 4,5% sobre a receita bruta.

Conforme as entidades que representam os setores beneficiados, é “extremamente benéfico” para o País, pois permitiu que os segmentos favorecidos ampliassem o mercado de trabalho formal.

Nesta terça-feira, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, já havia adiantado que, dos quatro pontos que integram a MP – reoneração de empresas e de prefeituras, revogação do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse) e limitação para compensação tributária de créditos judiciais –, apenas os últimos dois continuarão texto em vigor.

A medida provisória tem validade imediata, entretanto, precisa passar por aprovação do Congresso e sanção presidencial em até 120 dias para que os efeitos sejam permanentes. O governo federal ainda deve enviar a reoneração da folha de pagamento como projeto de lei.

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SETORES

Sendo um dos setores impactados, o presidente do Sindicato da Habitação de Mato Grosso do Sul (Secovi-MS), Geraldo Paiva, pontua que a construção civil e o setor de serviços são os que mais empregam no Estado.

“A revogação da MP do governo federal vem ao encontro da necessidade desses setores de continuar com a capacidade de gerar emprego e renda”, comenta, adicionando que, 
de certa forma, será um respiro e mais um incentivo para os segmentos.

O diretor da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Carlos Alberto Mestriner, ressalta que o tema já havia sido aprovado pelo Congresso duas vezes. 

“Taxar a criação de emprego, ainda mais em um momento de instabilidade econômica, tanto no mercado interno quanto no internacional, seria uma irresponsabilidade muito grande. Estamos aliviados”, frisa.

Em nota, o Sindicato da Indústria e da Construção Civil de Mato Grosso do Sul (Sinduscon-MS) também comemorou a decisão. “Para o setor, a manutenção da desoneração é fundamental para a continuidade da geração de empregos. A manutenção da desoneração dará mais segurança para as empresas, que poderão dar continuidade em seus empreendimentos, seguir com os investimentos 
e com as contratações”, opina.

Em contrapartida, os municípios já ligaram o alerta para a decisão e pretendem lutar pela manutenção dos benefícios fiscais para a folha de pagamento das prefeituras. 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manteve a reoneração dos municípios – o que, na prática, a contribuição continua sendo de 20%.

Como resposta, a Confederação Nacional de Municípios (CNM) convocou os prefeitos do País para um ato em Brasília (DF), no dia 6 de março, contra o texto da MP. “A medida representa um cenário de total desrespeito aos municípios e de descrédito às decisões do Congresso”, disse 
a CNM, em nota.

O presidente da Associação dos Municípios de Mato Grosso do Sul (Assomasul) e prefeito de Nioaque, Valdir Júnior, expressou preocupação com a situação e já confirmou ao Correio do Estado que MS estará presente na manifestação no DF. “Estamos confiantes que o Congresso Nacional vai estar conosco, os municípios”, disse.

PERSE

A equipe econômica manteve em vigor o fim do Perse, mas as resistências no Congresso geram preocupação para o Executivo.

O programa foi criado em 2021 para auxiliar as empresas do setor prejudicadas pela pandemia de Covid-19, por meio de benefícios fiscais, como alíquota zero de impostos federais e parcelamento de débitos com redução de até 100% de juros e multas. 

No fim do ano passado, o governo federal publicou a MP nº 1.202, a qual revogou o Perse.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve insistir na mudança do Perse e pretende anunciar números que mostram a perda de arrecadação com o programa em razão de abusos e fraudes.

O Tribunal de Contas da União (TCU) deve ajudar no trabalho de validação dos números da Pasta, como já ocorreu durante a tramitação da reforma tributária, para o cálculo da alíquota dos novos impostos.

Em Mato Grosso do Sul, a notícia não foi bem recebida pelos representantes do turismo, de eventos, hotéis, bares e restaurantes.

Vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Mato Grosso do Sul (Abih-MS), Marcelo Mesquita destaca que os empresários do ramo veem a decisão como um grande retrocesso para a recuperação do setor hoteleiro no Estado.

“A categoria ainda se ressente dos impactos que a pandemia impôs aos negócios, e o Perse foi considerado um grande aliado para que os empreendimentos possam manter suas atividades em ordem e consigam manter um bom nível de empregabilidade”, assegura.

Como publicado no Correio do Estado na edição de 10/2, por meio de nota conjunta, 
o Sindicato Empresarial de Hospedagem e Alimentação de Mato Grosso do Sul (Sindha-MS) e a Federação de Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Mato Grosso do Sul (Sistema Fecomércio-MS) já afirmavam que eram contrários ao fim do programa.

“Muitas empresas contraíram altas dívidas durante a pandemia, para manter suas atividades em funcionamento, dívidas essas que iniciaram com juros de 3,25% e que agora passam de 17%. Por isso, o Perse tem sido o melhor meio de retomada econômica para essas empresas do setor”, dizia a nota conjunta.

PROCESSO

A decisão de Lula já era aguardada e foi fruto de um acordo feito com lideranças do Congresso, fechado ainda na semana passada. O anúncio da revogação foi realizado pelo ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Alexandre Padilha.

A prorrogação da isenção de impostos foi aprovada pelo Congresso em 2023 por mais quatro anos, porém, o presidente Lula vetou a medida. Em seguida, o Congresso derrubou o veto presidencial.

Mesmo assim, em dezembro do ano passado, uma nova MP foi editada pelo presidente, reonerando os setores gradualmente até 2027 e incluindo outras pautas para melhorar a arrecadação, como a revogação dos benefícios fiscais do Perse e a limitação no porcentual para compensação tributária por decisões judiciais passadas.

CAMPO GRANDE (MS)

Carnê virtual do IPTU 2026 está disponível na internet; confira

Neste ano, reajuste do IPTU é de 5,32%, com 10% de desconto à vista

15/12/2025 12h00

Pessoa consultando o valor do IPTU do seu imóvel

Pessoa consultando o valor do IPTU do seu imóvel MARCELO VICTOR

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Carnê do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), referente ao ano de 2026, está disponível e já pode ser consultado via internet. Saiba quanto veio o imposto da sua casa, em 2025, neste site.

Neste ano, o IPTU será reajustado em 5,32%, conforme noticiado pelo Correio do Estado. O reajuste cobrou a inflação, prevista no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A expectativa é que milhares de carnês físicos sejam entregues na casa do contribuinte neste mês de dezembro de 2025.

As formas de pagamento do IPTU 2026 são:

  • À vista, com 10% de desconto – vencimento em 12 de janeiro
  • Parcelado, em 12 vezes – vencimento em dias de feriados, finais de semana ou não úteis, o pagamento deverá ser feito no primeiro dia útil subsequente

Ainda haverão aqueles contribuintes beneficiados com o Bônus IPTU Azul, que terão desconto de 10% (dez por cento) sobre o valor do IPTU e da Taxa de Coleta, Remoção e Destinação de Resíduos Sólidos Domiciliares lançados.

A concessão do Bônus IPTU Azul será efetivada independentemente de requerimento do contribuinte, mediante a redução de 10% no valor lançado, e, sobre o valor já deduzido, será aplicado o desconto para pagamento à vista, conforme a opção do contribuinte.

Neste ano, as cores azul e amarelo também dão adeus ao IPTU. Até então, os carnês eram emitidos em tons diferentes: azul para contribuintes sem débitos e amarelo para aqueles com pendências.

Pessoa consultando o valor do IPTU do seu imóvel

IPTU

O IPTU é um imposto brasileiro, de competência municipal, que deve ser pago por pessoas que tenham propriedades dentro do perímetro urbano.

A arrecadação do tributo municipal é convertido em melhorias para a cidade, nas áreas de segurança, educação, saúde, infraestrutura e lazer.

Quem não paga IPTU, corre risco de perder a posse do imóvel.

CONTAS PÚBLICAS

MS adere a programa que alivia dívida bilionária e dá fôlego fiscal para 2026

Estado deve formalizar adesão ao Propag, que reduz juros da dívida de R$ 9,6 bilhões com a União e abre espaço no orçamento

15/12/2025 08h20

Secretaria de Estado de Fazenda; erário deve ter folga fiscal com renegociação da dívida

Secretaria de Estado de Fazenda; erário deve ter folga fiscal com renegociação da dívida Marcelo Victor

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O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PP), deve confirmar nesta semana a adesão ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag) da Secretaria do Tesouro Nacional.

A adesão deve dar fôlego financeiro a MS em 2026, em razão da carência de 15 meses para pagamento após a renegociação da dívida de R$ 9,6 bilhões com a União e entes externos, além da redução dos juros, medida que deve zerar o serviço de pagamento da dívida no próximo ano e reduzi-lo nos anos subsequentes.

Atualmente, o serviço dessa dívida com a União tem custado em torno de R$ 676 milhões por ano, aproximadamente 3% da receita corrente líquida de Mato Grosso do Sul, que no segundo quadrimestre do ano era de R$ 21,2 bilhões.

A dívida de Mato Grosso do Sul com a União é de R$ 9,6 bilhões, sendo R$ 7,6 bilhões (79,7%) referentes a empréstimos e financiamentos internos, inclusive os decorrentes das reestruturações de dívida que vêm sendo roladas desde a década de 1990.

Outros R$ 1,68 bilhão (17,5%) da dívida se referem a empréstimos e financiamentos externos (para entidades de direito privado, não governamentais) ou para entes internacionais em que a União é a garantidora da dívida.

O volume de precatórios é de R$ 186 milhões (1,9%), considerado baixo quando comparado ao de outros estados. Por fim, há ainda R$ 80 milhões em dívidas de contribuições sociais.

A dívida consolidada líquida de Mato Grosso do Sul é de R$ 5 bilhões. O valor desconsidera a receita corrente líquida e representa aproximadamente 24% do que o Estado arrecada.

No comparativo com outros estados brasileiros, a situação de Mato Grosso do Sul não é das piores, como as de São Paulo (R$ 372 bilhões), Minas Gerais (R$ 191 bilhões), Rio de Janeiro (R$ 217 bilhões) e Rio Grande do Sul (R$ 128 bilhões), mas é uma situação pior que a de Mato Grosso, que tem uma dívida de R$ 5 bilhões, por exemplo.

O programa

A adesão ao Propag começou no fim de novembro, quando o governador Eduardo Riedel enviou projeto de lei à Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul solicitando autorização para aderir ao programa. O projeto foi aprovado na sexta-feira e já foi encaminhado para sanção do governador. A expectativa é de que a adesão ao Propag vire lei ainda nesta semana.

O projeto autoriza o governo de Mato Grosso do Sul a transferir recursos ao Tesouro Nacional por meio de amortização extraordinária do saldo devedor de R$ 9,6 bilhões, além de transferir participações societárias em empresas de propriedade do Estado. A lei também autoriza a gestão estadual a transferir bens móveis e imóveis à União, desde que haja manifestação de aceite pelas partes.

Secretaria de Estado de Fazenda; erário deve ter folga fiscal com renegociação da dívida

Também está prevista, como condição para ter acesso a condições mais favoráveis de pagamento da dívida, a cessão de créditos líquidos e certos do Estado para o setor privado, desde que previamente aceitos pela União.

Por fim, MS poderá transferir à União recebíveis de créditos inscritos na dívida ativa da Fazenda Pública estadual, “confessados e considerados recuperáveis”, ou seja, não vale a transferência do que é chamado de “dívida podre”.

Pagamentos

A adesão ao Propag consiste no pagamento com os ativos citados acima e também com outra forma de quitação: o parcelamento da dívida em até 30 anos, com taxa atrelada ao IPCA (inflação) acrescida de juros zero, ou de 1%, ou de 2%, a depender de algumas condições, como porcentual de antecipação da dívida e contribuição para o Fundo de Equalização Federativa (fundo de compensação da reforma tributária).

Como a primeira parcela do pagamento do Propag só vence 15 meses após a assinatura do acordo com o Tesouro Nacional, o Estado poderá ter um forte alívio financeiro em 2026, sem a necessidade de repassar a dívida à União.

Atualmente, o serviço da dívida é de R$ 676 milhões por ano, o que representa repasses de R$ 53 milhões por mês, valor que deve ser reduzido com a adesão ao programa.

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