Depois de apontar o tarifaço de Donald Trump como “um equívoco”, Eduardo Riedel, governador do Estado de Mato Grosso do Sul, voltou a falar sobre o impacto da medida no Estado.
O anúncio da taxação assinado ontem pelo presidente norte-americano trouxe alívio para os setores de exportação, pois dois dos três maiores produtos enviados para fora não foram alvo do novo imposto: o ferro-gusa e a celulose.
No entanto, Trump manteve no decreto a aplicação de uma taxa adicional de 40% sobre as tarifas de 10% que já vigoravam (chegando a 50%) para produtos como as carnes bovina e de tilápia, que estão entre os produtos enviados daqui até os EUA.
Com a medida, Riedel afirmou na manhã desta quinta-feira (31) que a carne “talvez seja o produto mais sensível” no tarifaço.
Por isso, o governador alegou que as tratativas são em âmbito federal e que o governo do Estado está trabalhando para apoiar as melhores alternativas para a situação, caso ela permaneça.
“Está em discussão e o governo federal tem buscado prerrogativas. Os senadores estão voltando de lá com muitas informações, então estamos acompanhando esse passo a passo. O que estiver ao nosso alcance e nos compense nessa negociação com o governo americano, é esse o nosso foco”, disse em coletiva.
O que pudermos fazer para apoiar as empresas daqui a mitigar essa situação, nós iremos fazer. E por isso, a conversa é direta com a Federação das Indústrias e com o sindicato”, finalizou o governador.
Exportação
Conforme adiantado pelo Correio do Estado na semana passada, as plantas frigoríficas de Mato Grosso do Sul que exportam carne bovina para os Estados Unidos redirecionaram suas produções.
O grupo JBS, o maior exportador do Estado, redirecionou os lotes para China, Chile e outros mercados e, segundo fontes ouvidas pela reportagem, além dos dois principais destinos (China e Chile), a produção do grupo também foi redirecionada para países do Oriente Médio e Filipinas.
Dados do Mdic apontam que as vendas do Mato Grosso do Sul aos Estados Unidos foram de, pelo menos US$ 315 milhões (R$ 1,7 bilhão) de janeiro a junho deste ano, sobre os US$ 283 milhões no mesmo período do ano passado (R$ 1,4 bilhão), com uma alta de 11,4%.
A carne bovina teve alta de 78% nas exportações entre os dois anos, saindo de US$81,434 milhões, no primeiro semestre do ano passado, para US$145,201 milhões, no primeiro semestre deste ano.
Outro produto que ainda será taxado é a produção de pescados, que, apesar de representar venda de apenas US$4,9 milhões para os EUA no primeiro semestre, também é um setor em ascensão e que precisará de realocação.
Mato Grosso do Sul é o maior exportador de filé de tilápia do Brasil, e seu principal consumidor é o país norte-americano.
*Colaborou Súzan Benites


