Economia

NOTA

Frigoríficos de MS cobram solução urgente após tarifaço de Trump

O Sicadems emitiu nota oficial afirmando que a indústria procura novos mercados para realocar a produção local

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Com a suspensão preventiva da exportação de carnes aos Estados Unidos devido ao tarifaço de Donald Trump, o Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados do Estado de Mato Grosso do Sul (Sicadems) cobra urgência para encontrar soluções a fim de evitar prejuízos maiores ao setor. A afirmação foi feita em nota, divulgada nesta quarta-feira (16).

A decisão da suspensão temporário de envio da produção local aos EUA é uma resposta à tarifa de 50% imposta pelo presidente norte-americano, Donald Trump, sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto de 2025. 

Conforme antecipado pelo Correio do Estado, o vice-presidente do Sicadems, Alberto Sérgio Capuci, já havia informado ontem a paralisação das operações dos frigoríficos que enviam carne bovina aos EUA após o anúncio de Trump. 

“Todos os frigoríficos aqui, as plantas do JBS, do Minerva, do Naturafrig, algumas outras plantas que fazem exportações aos Estados Unidos, já de imediato suspenderam a produção. Agora vamos ter que realocar até coisa que já estava produzida, vai ter que retrabalhar, realocar para outros mercados e por enquanto fica suspensa, fica inviável trabalhar com essa tarifa”, informou.

Leia a nota na íntegra:

Diante dos frequentes questionamentos sobre a situação de seus associados que exportam para os Estados Unidos, especialmente frente à imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, a partir de 1º de agosto de 2025, por parte do governo norte-americano, o que tornaria inviável a continuidade das exportações, o SICADEMS informa que plantas frigoríficas exportadoras localizadas no Mato Grosso do Sul suspenderam preventivamente sua produção destinada ao mercado norte-americano.
 
Nesse momento, essas indústrias estão trabalhando para realocar a produção suspensa para o mercado interno e outros mercados externos, como forma de minimizar os impactos e preservar a continuidade da produção na sua totalidade.
 
Tal medida foi adotada como precaução diante do cenário de instabilidade atual, enquanto se aguarda uma definição oficial e concreta que permita a retomada das exportações aos Estados Unidos com segurança e viabilidade econômica.
 
Cabe destacar que o mercado norte-americano representa atualmente o segundo principal destino da carne bovina exportada pelos frigoríficos do Estado de Mato Grosso do Sul. No período de janeiro a junho de 2025, a carne desossada congelada bovina com destino aos EUA respondeu por 45% do total exportado, movimentando cerca de US$ 142 milhões.
 
Diante desses números expressivos, que impactam não apenas o setor frigorífico, mas toda a economia regional e a sociedade sul-mato-grossense, o SICADEMS espera que o governo brasileiro atue com urgência para encontrar uma solução, seja por meio de negociações diplomáticas ou estratégias comerciais, a fim de evitar ainda maiores prejuízos ao setor produtivo nacional.

Impactos

O Correio do Estado conversou com especialistas sobre os efeitos do tarifaço de Trump. Mesmo que os efeitos práticos dependam da efetivação da medida, a iniciativa foi recebida como uma ameaça direta à competitividade dos produtos de Mato Grosso do Sul nos EUA. 

Para o presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (Fiems), Sérgio Longen, a medida é “inaceitável” e defende a competitividade como uma das soluções, além da via diplomática. 

Daniel Frainer, doutor em Economia e professor da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) afirmou que a questão não é econômica mas, sim, política “justamente por conta dessa questão do processo contra o ex-presidente Bolsonaro que começou todo esse ‘zum-zum-zum’ dele em relação ao envio dessa carta dos 50%”. 

Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) apontam que as vendas de Mato Grosso do Sul aos EUA somaram US$ 315 milhões (R$ 1,7 bilhão) de janeiro a junho deste ano, ante US$ 283 milhões no mesmo mês do ano passado (R$ 1,4 bilhão) – alta de 11,4%.

PERSPECTIVAS

Comércio reage com temporários, mas esbarra na falta de mão de obra

Levantamento da ACICG revela otimismo e estabilidade; CDL aponta que deficit de trabalhadores persiste

17/11/2025 08h40

Comércio de Campo Grande deve contratar 1,1 mil trabalhadores

Comércio de Campo Grande deve contratar 1,1 mil trabalhadores Gerson Oliveira

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O comércio de Campo Grande deve encerrar este ano com um cenário de estabilidade e certo otimismo moderado na geração de vagas temporárias.

É o que mostra a pesquisa Perspectivas Empresariais para Contratações 2025, da Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG), que revela que a maior parte dos empresários da Capital pretende manter ou até ampliar o número de contratações de fim de ano.

Por outro lado, a escassez de mão de obra é apontada como empecilho.

O movimento indica que, apesar das vendas ainda avançarem de forma irregular, os lojistas apostam em um trimestre mais aquecido e na manutenção da demanda em 2026.

De acordo com o estudo, 59% dos empresários afirmaram que vão manter o volume de contratações temporárias observado no fim de 2024, outros 36% pretendem aumentar as equipes entre novembro e dezembro e apenas 5% trabalham com a possibilidade de reduzir o número de vagas.

O levantamento ouviu 100 empresas de diferentes segmentos do varejo, com maior representatividade do setor de vestuário, seguido pelos ramos de eletrônicos, calçados, brinquedos, perfumaria, cosméticos e joias.

A partir desse comportamento, a ACICG projeta a oferta de 1,1 mil vagas de trabalho no setor terciário, que envolve comércio e serviços, apenas entre outubro e dezembro, período tradicionalmente mais aquecido em razão de datas como Black Friday, Natal e Ano-Novo.

“Considerando o trimestre de outubro a dezembro, nossa expectativa é de que sejam geradas cerca de 1,1 mil oportunidades de trabalho em empresas do setor terciário, que abrange atividades de comércio e serviços”, afirma o presidente da ACICG, Renato Paniago.

A pesquisa também detalha o calendário provável das contratações. Para quase 50% das empresas, a primeira quinzena de dezembro será o período de maior entrada de novos colaboradores. Outros 22% apontam contratações ainda em novembro, enquanto 16% devem reforçar as equipes somente na segunda quinzena do último mês do ano.

As projeções também revelam o perfil majoritário do comércio campo-grandense: cerca de 83% das empresas pretendem abrir até duas vagas temporárias, reforçando o peso dos micro e pequenos negócios na economia local.

Outro dado que chama atenção e reforça a expectativa de estabilidade é o porcentual de empresários que pretendem efetivar os temporários após o período festivo. Segundo o levantamento, 88,6% das empresas têm a intenção de manter os trabalhadores após dezembro.

Para a ACICG, o número demonstra confiança na continuidade da demanda para o início de 2026. “A maioria dos empresários mantém as expectativas de contratação no mesmo patamar do ano passado, e mais de um terço pretende ampliar o número de colaboradores. Isso revela estabilidade, o que é muito saudável, diante do cenário econômico atual”, avalia Paniago.

Além das contratações, praticamente todas as empresas entrevistadas (98%) devem participar de ações promocionais no fim do ano, com destaque para a Black Friday e a Black Week, que se consolidaram como pontes estratégicas para estimular o consumidor e antecipar o aquecimento do comércio antes da chegada do Natal.

“As campanhas devem impulsionar o movimento no comércio já em novembro e preparar o terreno para o aumento das vendas em dezembro”, finaliza Paniago.

Comércio de Campo Grande deve contratar 1,1 mil trabalhadores

RITMO

Os resultados da pesquisa dialogam com movimentos recentes identificados pela Fecomércio-MS e pela Confederação Nacional do Comércio (CNC). Após quatro meses de queda, o comércio no Estado começou a sinalizar uma reação, o que pode indicar um último trimestre mais estável, comportamento associado tanto à sazonalidade de fim de ano quanto à recomposição gradual da confiança do empresário.

Em outubro, o índice de confiança do comerciante sul-mato-grossense voltou para a zona positiva, segundo a Fecomércio-MS, refletindo maior otimismo sobre o faturamento das empresas e a percepção de melhora gradual do ambiente de negócios. Esse comportamento, ainda que moderado, ajuda a explicar por que o setor tem evitado retrações mais significativas.

Se o cenário geral aponta otimismo moderado e manutenção das vagas, o dia a dia do varejo ainda divide opiniões. A empresária Leni Fernandes, do ramo de joias, semijoias, ótica e gastronomia, afirma que já contratou.

“Na parte do restaurante, contratamos duas pessoas temporárias. E, na parte das lojas de joias, vamos contratar cinco pessoas temporárias. Acreditamos muito que o movimento vai ser muito bom, vai ser melhor que o do ano passado. A expectativa nossa é de que tenha um aumento até 10% a mais do que o ano passado”, afirma.

A empresária Cláudia Barros, proprietária de loja de roupas, reforça que, apesar da expectativa para dezembro, o ritmo das vendas ainda não inspira movimentos mais ousados.

“Estamos com muito receio em contatar, porque as vendas estão em ritmo lento. Estava com expectativa de contratar três vendedoras para o fim do ano, mas, como o cenário é de cautela, vou contratar somente uma. A demanda de festas de fim de ano aumenta, mas temos que ter cautela porque o ano passado não foi como o esperado. Mesmo assim, temos que ser otimistas”.

O relato confirma a postura de “otimismo com freio de mão puxado” observada em grande parte dos lojistas, que equilibram a expectativa de aumento de fluxo com a necessidade de reduzir riscos em um ambiente econômico ainda instável.

Além do comércio de rua e dos shoppings, o varejo alimentar também reforça o movimento de contratações temporárias. A rede Assaí Atacadista, por exemplo, abriu cerca de 40 vagas temporárias para operar nas unidades de Mato Grosso do Sul entre 24 de novembro e 24 de dezembro.

As oportunidades incluem funções como operador de caixa, repositor de mercearia e repositor de perecíveis, todas com possibilidade de efetivação após o período contratual.

DIFICULDADE

O movimento identificado pela ACICG, contudo, não é unânime. A Câmara de Dirigentes Lojistas de Campo Grande (CDL-CG) pontua que há dificuldade para encontrar trabalhadores. O presidente da entidade, Adelaido Vila, afirma que o problema se agravou neste ano e tem afetado o funcionamento de lojas.

“A coisa está extremamente grave, a gente não acha trabalhadores mais. E não estamos falando nem de pessoas qualificadas, a gente não encontra pessoas que vão todo dia ao emprego. Desde o início do ano, estamos com mais de 2 mil vagas abertas. A gente não está conseguindo achar gente para trabalhar”.

Segundo ele, fatores como preferências da geração mais jovem, o nível de assistencialismo e a atratividade das vagas públicas têm contribuído para o cenário.

Reportagem já publicada pelo Correio do Estado apontou a dificuldade de alguns setores em contratar trabalhadores.

Dados da Fundação do Trabalho de Mato Grosso do Sul (Funtrab) apontam que o Estado encerrou o ano passado com 24.280 vagas de trabalho não preenchidas. Conforme os especialistas ouvidos à época, as principais causas são a falta de qualificação e o desinteresse do trabalhador.

Outro ponto destacado é o alto número de pessoas que recebem benefícios sociais, tanto estaduais quanto federais.

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Economia

Crise no arroz contrasta com uma boa safra brasileira de grãos

Mesmo sendo o segundo maior exportador de arroz fora da Ásia, o Brasil ainda precisa importar o grão em períodos de escassez

16/11/2025 09h43

 A dualidade revela gargalos de competitividade e logística.

A dualidade revela gargalos de competitividade e logística. Foto: Marcelo Victor / Correio do Estado

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Mesmo com o País caminhando rumo an uma nova safra recorde de grãos, o arroz vive o oposto - área e produção caem no momento em que o custo de produção supera o preço pago pela saca.

O desânimo dos produtores gaúchos mostra o lado menos visível da bonança agrícola. No Rio Grande do Sul, que produz mais de 70% de todo arroz brasileiro, a previsão é de queda de 10% na área plantada.

O presidente da Associação dos Agricultores de Dom Pedrito, Edinho Fontoura, resume o dilema vivido pelos produtores. "A saca de arroz está na faixa de R$ 50, mas o custo de produção chega a R$ 90. O produtor sabe que está pagando caro para trabalhar, mas não deixa de plantar porque é persistente."

Levantamento do Instituto Riograndense do Arroz (Irga) mostra que mais de 70% das áreas de cultivo no Estado foram semeadas, cobrindo 640 mil hectares, indicando que a previsão de 920 mil hectares na safra 2025/26 não será atingida.

Na anterior, o cultivo total chegou a 970 mil hectares. Além da redução na área plantada, muitos agricultores estão descapitalizados e investem menos em adubação devido ao alto custo dos insumos.

Os produtores gaúchos vêm de cinco anos agrícolas ruins: foram quatro estiagens severas e ao menos uma grande enchente.

Dados do Centro de Estudos e Pesquisas Aplicadas à Agricultura (Cepea) explicam o desalento do produtor gaúcho. A saca de 50 quilos teve média de R$ 58 em outubro, 6,2% inferior à do mês anterior e 51,4% abaixo do mesmo período do ano passado. No acumulado de 2025, a queda nominal é de 43,2%.

O agricultor Arno Walter Lausch, de Maçambará, no centro-oeste do Estado, conclui o plantio de 1,2 mil hectares na Fazenda Celeiro e espera que até a safra ocorra uma reação nos preços. "Somos produtores de alta tecnologia, que tem um custo muito alto. O arroz é importante para a rotação de culturas, pois melhora o solo onde vamos plantar também milho e soja. A gente espera que os preços melhorem e nosso trabalho seja reconhecido "

Referência do agro no centro-oeste gaúcho, o grupo Lausch cultiva em outras quatro áreas próprias e arrendadas. Cristiano Marques Lausch, filho de Arno e administrador do grupo, lembra que foram feitos altos investimentos para irrigar toda a produção de arroz. "Investimos quando os preços estavam bons e agora fica difícil pagar o investimento com os recursos da lavoura, devido aos preços baixos", diz.

Mão dupla

Mesmo sendo o segundo maior exportador de arroz fora da Ásia, o Brasil ainda precisa importar o grão em períodos de escassez. A dualidade revela gargalos de competitividade e logística.

Na safra passada, o País produziu 12,8 milhões de toneladas, acima do consumo interno, na faixa de 11 milhões. Na próxima, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o volume deve cair para 11,4 milhões, cerca de 10% menos.

Com os baixos preços internos, o País pode ampliar as exportações de arroz. A Conab prevê um crescimento de 31% para 2,1 milhões de toneladas no volume enviado para o exterior este ano devido ao excedente no mercado interno.

Este ano, o arroz brasileiro foi levado principalmente para países africanos, como Senegal e Gâmbia, e americanos, como Cuba e Peru.

Do outro lado, as importações devem se manter estáveis, em 1,4 milhão de toneladas. O País compra arroz principalmente de vizinhos, como Argentina, Paraguai e Uruguai, nossos principais fornecedores.

Conforme a companhia, a importação de arroz é necessária para regular o mercado interno, evitando que haja escassez e alta excessiva de preços quando nossa produção não atinge o volume esperado.

Quando ocorre o inverso, com excesso de produção e queda de preços, o governo pode realizar leilões de compras para aumentar seu estoque do cereal e ajudar o agricultor a desencalhar sua produção.

Neste ano, foram investidos R$ 300 milhões em operações de contratos para compra de 200 mil toneladas do cereal. O preço pago é maior que o do mercado.

Abastecimento

O arroz é um componente indispensável na cesta básica do brasileiro e há esforços para aumentar o consumo. No dia 27 de outubro, a Associação Brasileira da Indústria de Arroz (Abiarroz) lançou a campanha Arroz Combina, voltada à valorização do produto no mercado doméstico.

Além de colocar o alimento no centro do prato do brasileiro, a ação busca equilibrar oferta e demanda no País: o consumo interno se manteve estável nos últimos anos, enquanto a produção aumentou, gerando desequilíbrio nos preços.

Em outra frente, a indústria trabalha para abrir novos mercados. Por meio do projeto de exportação Brazilian Rice, desenvolvido em parceria com ApexBrasil, a Abiarroz atua em missões e feiras internacionais e realiza ações de aproximação com compradores estrangeiros.

Nos últimos meses, representantes do setor industrial orizícola participaram de agendas em países como México e Nigéria integrando missões organizadas pelo governo. Também foram recebidos importadores mexicanos no Rio Grande do Sul.

Em outubro, o arroz brasileiro esteve com estande próprio na Foodex Saudi Expo, em Riad, na Arábia Saudita, e participa, ainda este ano, da US Private Label Trade Show, nos Estados Unidos.

Etanol

Enquanto o arroz perde espaço nas lavouras, ganha novas aplicações industriais. Casca e farelo viram fonte de energia e biodiesel, e o grão busca novo valor em uma economia de baixo carbono. De acordo com o presidente do Irga, Eduardo Bonotto, o arroz tem potencial para entrar na cadeia produtiva do etanol de cereal, com o milho e o trigo.

A produção do combustível já acontece em algumas plantas com o aproveitamento do arroz quebrado no processo de beneficiamento, que tem menor valor comercial.

Além disso, subprodutos do beneficiamento de arroz podem ser melhor aproveitados: o farelo na produção de biodiesel e a casca, na queima direta como combustível para as caldeiras.

"Já temos várias plantas de biocombustível operando no Rio Grande do Sul, e outras estão em processo de instalação. Algumas já queimam a casca do arroz, o que reduz o consumo de árvores nesse processo. É um novo mercado sustentável que se abre para o produtor de arroz", diz Bonotto.

 

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