O Brasil faz hoje partida contra a Croácia, às 11h (de MS), no Estádio Cidade da Educação, pelas quartas de final da Copa do Mundo do Catar.
O jogo decide se a seleção volta a disputar uma semifinal de Mundial após oito anos. A última vez foi em 2014, quando o grupo foi derrotado por 7 a 1 para a Alemanha.
Esta fase será uma novidade para o técnico Tite, já que em 2014 a seleção brasileira foi derrotada nas quartas, pela Bélgica.
Para a partida, o técnico Tite deve repetir o time que atuou na vitória por 4 a 1 sobre a Coreia do Sul, nas oitavas de final. Esta será a primeira vez que o Brasil consegue manter a escalação.
A seleção brasileira terá o fator físico a seu favor para o jogo contra a Croácia.
O time principal do Brasil terá uma bagagem de 135 minutos em campo a menos que o adversário, fruto do casamento entre a estratégia de ter poupado os titulares contra Camarões, no terceiro jogo da fase de grupos, e o fato de os croatas terem se classificado somente nos pênaltis diante do Japão, nas oitavas de final.
Os dados da Fifa apontam que a Croácia esteve em campo por 434 minutos nesta Copa, considerando os acréscimos das quatro partidas feitas até agora e a prorrogação.
O técnico do time europeu, Zlatko Dalic, não conseguiu poupar seu time na primeira fase, já que os croatas só se classificaram em sua terceira partida.
A minutagem geral do time principal do Brasil, levando em conta as duas primeiras partidas da fase de grupos e o duelo com a Coreia do Sul pelas oitavas, bateu 299 minutos.
Se o técnico Tite não tivesse poupado o Brasil contra os camaroneses, a diferença seria de 30 minutos – a duração protocolar da prorrogação –, já que o jogo diante de Camarões teve, ao todo, 15 minutos de acréscimos.
O tempo de jogo nesta Copa do Mundo do Catar está maior porque os árbitros receberam a orientação da comissão de arbitragem da Fifa de não economizarem nos acréscimos.

Para os jogadores do Brasil, foi importante guardar energias para as fases mais agudas da Copa atual. Mas é preciso ir além do tempo em campo para bater a Croácia.
“A distância da fase de grupos para as oitavas é curta. Mas, até sexta [hoje], tem tempo hábil para recuperar. Esses 30 minutos, de alguma forma, podem nos favorecer, mas acho que não fará muita diferença. Temos de entrar com a mesma atitude de hoje [segunda-feira, 5], com coragem, mostrando futebol alegre e para frente, sem deixar lá atrás desguarnecido”, avaliou o zagueiro e capitão do Brasil, Thiago Silva.
A análise do grupo comandado por Tite é de que esse contexto de economia de pernas na primeira fase até colaborou para a construção do placar de 4 a 1 sobre a Coreia do Sul, na segunda-feira, pelas oitavas de final.
“Muita gente criticou o professor por poupar, mas muitos não entendem isso. É uma competição pesada, e a gente mostrou essa intensidade alta de novo porque a gente foi poupado. Muitos criticam ele, agora é hora de elogiar um pouco”, disse o atacante Richarlison, autor de um dos gols do Brasil na partida.
Repetir mágica de 2018
Thiago Silva reconhece que o possível cansaço da Croácia nas quartas de final não define o resultado da partida. “Talvez nos minutos finais isso pese um pouco. Mas é Copa do Mundo...”, resumiu o zagueiro.
Será o primeiro encontro entre eles no torneio desde a abertura de 2014, quando a seleção venceu por 3 a 1.
Quatro anos mais tarde, os croatas obtiveram seu maior resultado, o vice-campeonato mundial, na Rússia. Após múltiplas prorrogações, atingiram a final.
“Se fosse preciso, jogaríamos mais uma agora”, disse Ivan Perisic, logo após o estendido duelo das semifinais.
Afinal, era Copa do Mundo. A mensagem era semelhante à apresentada agora por Thiago Silva. Ou seja, a motivação ligada à disputa do principal campeonato de futebol do planeta pode ajudar a superar o cansaço.
A Croácia chegou à decisão em 2018, jogando prorrogações em todas as partidas do mata-mata. A França não passou por isso nenhuma vez, e acabou sendo campeã, definindo o título nos 90 minutos, com uma vitória por 4 a 2.
Agora, no Catar, os croatas voltaram a atuar 120 minutos nas oitavas. Derrubaram o Japão nos pênaltis, após empate por 1 a 1.
“Talvez esteja escrito no céu que a Croácia tem de vencer assim”, afirmou o zagueiro Dejan Lovren.
O Brasil chegou às quartas com muito mais tranquilidade. Abriu quatro gols de vantagem sobre a Coreia do Sul, ainda no primeiro tempo, e pôde tirar o pé do acelerador no segundo.
A Croácia tem, o que já é uma tradição, a sobrevivência às prorrogações, mas possui uma base envelhecida. É a mesma que obteve o vice há quatro anos.
Da equipe que enfrentou os japoneses na segunda-feira, Lovren, 33, Modric, 37, Perisic, 33, Brozovic, 30, e Kramaric, 31, também atuaram na final em 2018.
“Somos 4 milhões de croatas. O que fizemos nos últimos anos é um milagre”, afirmou o técnico Zlatko Dalic, comparando a população de seu país com os 200 milhões brasileiros. “Somos como um bairro de uma cidade brasileira”.
É um discurso de desafio porque a seleção não tem mostrado em 2022 o futebol de 2018. Apenas contra o Canadá se soltou e goleou por 4 a 1.
Teve estreia discreta e sem gols contra o Marrocos e repetiu o placar com a Bélgica, em jogo que Lukaku perdeu três chances incríveis para marcar.
Se o belga tivesse convertido uma, os croatas estariam eliminados.
As palavras de Dalic são mais de motivação, de lembrança do que aconteceu em 2018.
E são para fazer os jogadores acreditarem que a superação pode se repetir em 2022.
“Os atletas não dão um passo para trás, refletem o espírito do povo croata. Superamos muita dor. Nunca subestime um croata. Quando fizer isso, vai lamentar. Nós lutamos até o fim”, afirmou o treinador.




