Esportes

MENTALIDADE

Paris 2024: atletas brasileiros reforçam cuidados com saúde mental

Pauta está cada vez mais no cotidiano dos esportistas de alto rendimento

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Pés descalços, mãos na enxada e uma roça inteira para cuidar. A rotina, comum a muitos trabalhadores rurais do Brasil, é parte da preparação de um atleta de alto rendimento. Quando Petrúcio Ferreira, bicampeão paralímpico de atletismo, precisa acalmar a mente, é para São José do Brejo do Cruz, no interior da Paraíba, que ele corre. Nas palavras do próprio atleta, é um “combustível”, que ajuda a melhorar a concentração e a chegar bem nas competições.

“A vida do atleta, por mais que tenha muitas pessoas ao redor, acaba sendo uma vida solitária. Isso, porque é ele com o próprio sonho e pensamentos. [É] ele que precisa correr atrás nos dias de treino, que fica na dúvida se vai dar certo. Isso acaba exigindo muito da nossa mente. Estar longe da família, longe de casa. Isso exige muito”, diz Petrúcio. “Quando estou muito acelerado, volto para a casa dos meus pais, para relembrar um pouco das minhas origens e raízes, para lembrar de onde eu saí, onde eu estou e onde quero chegar.”

Por muito tempo, foi comum associar a imagem dos atletas à de máquinas ou de super-heróis. Em foco, o físico, os movimentos, a resistência, a força. Nos Jogos de Tóquio, realizados em 2021, uma dimensão geralmente invisível e mais humana ganhou destaque: a da saúde mental. Muito por conta da história de Simone Biles, ginasta norte-americana sete vezes medalhista olímpica, que deixou de competir em cinco finais para cuidar da parte psicológica.

Há pouco mais de um mês para o início da Olimpíada de Paris (26 de julho), e pouco mais de dois meses para a Paralimpíada (28 de agosto), atletas que vão participar dessas competições falaram com a reportagem da Agência Brasil sobre a importância da preparação mental. As conversas ocorreram no evento de apresentação do Time Petrobras, grupo de atletas patrocinado pela estatal.

Cada um lida com diferentes tipos de pressão. Medalha de ouro no Rio e em Tóquio, Petrúcio tenta ser o melhor no que faz pela terceira vez seguida.

“Principalmente na prova dos 100 metros T47, os atletas têm esse parâmetro: aquele a ser batido nas grandes competições é o Petrúcio. Chegar ao topo pode ser mais fácil do que se manter, porque eu fico sem parâmetro. O que eu tenho de superar são meus próprios resultados e eu mesmo durante os treinos. Acaba sendo um pesinho a mais, mas consigo lidar muito bem com isso hoje. Não vou trazer isso como um fardo e uma cobrança”, afirma.

Milena Titoneli

No caso da atleta de taekwondo Milena Titoneli, a preocupação com a saúde mental aumentou depois da experiência na Olimpíada passada, quando foi a quinta melhor na categoria que disputou.

“Em 2021, em Tóquio, eu tive muitos problemas. Questões bem pesadas, psicologicamente falando. Tive burnout [distúrbio psíquico causado pela exaustão extrema, causada por excesso de trabalho]. E, desde então, faço tratamento com psicólogo e com coach [treinador] esportivo."

Milena conta que foi uma fase difícil e que chegou a ser atendida por um psiquiatra e a tomar medicação, mas que atualmente não está precisando.

"Foi um período difícil, mas sempre digo que a parte mental é uma das mais importantes. O físico pode estar 100%, mas, se a cabeça não está boa, não flui. É uma das coisas a que a gente tem que dar importância como atleta. E eu venho fazendo o meu trabalho. Estou muito melhor do que estava em 2021. E acho que isso vai ter reflexo no resultado.”

Em Paris, Milena vai competir na categoria de equipes mistas. Com as vivências que acumulou até aqui, ela acredita estar mais preparada para ajudar também outros companheiros a não passar pelos problemas que enfrentou.

“Chego com muita expectativa de trazer o ouro com a equipe. Minha experiência no taekwondo pode contribuir, porque os outros atletas são um pouco mais novos do que eu. E acho que vamos ter um bom resultado, porque são atletas muito fortes que vão disputar junto comigo. Eu estou muito animada. Essa preparação foi bem intensa. Foram três anos sem descanso, buscando essa vaga para chegar em Paris e conseguir o melhor resultado possível”, resume.

Duda Lisboa e Ana Patrícia

Vôlei de praia sempre foi sinônimo de medalha olímpica para o Brasil. Em Tóquio, pela primeira vez na história, nenhuma dupla brasileira conseguiu lugar no pódio. No caso das jogadoras Duda e Ana Patrícia, portanto, a pressão vem pela expectativa de retomada da hegemonia no esporte. Ainda mais depois de um ciclo vitorioso. Líderes do ranking mundial, elas chegam com moral e, ao mesmo tempo, cobranças por resultados.

“Existe um lado bom e um lado ruim. Se nós somos favoritas hoje, é porque performamos para estar nessa posição. E existe essa coisa da expectativa de todo mundo, por conta dos resultados que apresentamos. É inegável. Também sabemos que temos um grande potencial para trazer medalha. Carregamos essa responsabilidade e tentamos tirar o foco um pouco da pressão. É fazer o nosso trabalho e chegar bem preparadas em Paris”, diz Ana Patrícia.

Um dos aspectos em que as duas têm cuidado especial é com as redes sociais, onde ficam mais expostas a críticas e até a ataques mais agressivos.

“Temos uma psicóloga esportiva que está ao nosso lado e entendemos que este trabalho é muito importante. Hoje em dia, com a internet, é muito fácil ver algum tipo de julgamento nas redes sociais. A gente precisa trabalhar muito isso, para ter certeza de quem realmente somos, e manter o nosso foco. Eu faço terapia à parte também. É difícil estar todo dia treinando, e vir um julgamento totalmente diferente. Ninguém sabe a nossa rotina, ninguém sabe o que passamos no dia a dia”, diz Ana Lisboa.

Guilherme Costa

Pela segunda vez em uma Olimpíada, o nadador Guilherme Costa chega a Paris com um conjunto de bons resultados recentes. Nos Jogos Pan-Americanos de 2023, ganhou quatro medalhas de ouro. No Mundial de Esportes Aquáticos de 2024, terminou em quarto lugar nos 400 metros livres.

Guilherme precisará lidar com pelo menos dois desafios a partir do mês que vem. Além de tentar confirmar a trajetória crescente no esporte, precisa planejar muito bem o ritmo puxado de provas. Vai participar de quatro categorias diferentes nas piscinas: 200m, 400m, 800m, 4x200m livre. E uma prova de 10 quilômetros em águas abertas. O nadador acredita que pode se tornar referência em um esporte que, no Brasil, sempre esteve acostumado a ter nadadores velocistas em destaque, como Cesar Cielo, Fernando Scherer e Gustavo Borges.

“A gente vem mudando isso. Na seletiva, os principais resultados já foram nas provas mais de meio fundo. Além de mim, tem a Mafê [Maria Fernanda Costa] e a Gabi [Gabrielle Roncatto]. É muito bom ter grandes resultados em outras provas, porque as crianças começam a querer nadar essas provas também. E, no futuro, a gente pode ser muito bom na velocidade, no meio fundo, no fundo. Então, acho que tem espaço para todo mundo. Dá para ter todo mundo bem”, diz Guilherme.

A confiança e a tranquilidade com que fala da Olimpíada também se deve muito ao fato de Guilherme sempre ter valorizado o cuidado com a mente.

“Eu faço uma preparação mental. Toda semana tenho atendimento psicológico. Eu me sinto muito bem nessa parte, trabalho isso já há algum tempo. Então, estou muito acostumado com a pressão de grandes competições”, diz o nadador.

*Com informações da Agência Brasil

REPASSE MILIONÁRIO

Equipe feminina do Operário recebe R$ 1 milhão para Série C do Brasileiro

Nesta quarta-feira (9), a palestra "Inclusão Social através do Esporte", em Campo Grande, trará nomes como Cafu, Pretinha e Mariah Morais, evento onde será anunciado o repasse milionário ao clube de Campo Grande

09/04/2025 11h30

Operário feminino recebe R$ 1 milhão para disputa da Série A3 do Brasileiro

Operário feminino recebe R$ 1 milhão para disputa da Série A3 do Brasileiro Foto: Rodrigo Moreira/FFMS

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Em Campo Grande, durante a palestra “Inclusão Social através do Esporte”, o Operário irá receber cerca de R$ 1,5 milhão oriundo de emenda parlamentar da senadora Soraya Thronicke (Podemos), sendo R$ 1 milhão somente o futebol feminino da equipe, que vai disputar duas competições este ano.

Segundo a assessoria da ex-candidata à presidente, este repasse é por convênio com a Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura (Setesc), motivado pelo clube ter sido campeão estadual na semana passada no masculino e ser tetracampeão sul-mato-grossense consecutivo no feminino.

Este ano, o Operário será o único representante de Mato Grosso do Sul na Série A3 do Campeonato Brasileiro Feminino. Nesta terça-feira (08), a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) divulgou os adversários do clube campo-grandense na competição.

O Galo está no Grupo A2 e enfrenta Operário VG-MT, Vila Nova-GO e Cresspom-DF. Para se classificar à segunda fase, precisa terminar entre os dois primeiros colocados, e a partir desta fase os confrontos serão definidos em ida e volta. 

Garantem acesso à Série A2 os quatro semifinalistas do torneio. A estreia da equipe acontecerá no dia 27 de abril, contra o Operário VG, no Estádio Jacques da Luz, em Campo Grande.

Na edição passada da competição, o Operário foi eliminado pelo Coritiba (PR) na 1ª fase, sofrendo goleada em ambas as partidas: 6x0 na ida e 5x0 na volta. Em dezembro, sagrou-se campeão estadual, ao golear o Costa Rica por 8x0, reafirmando sua hegemonia no estado.

Além da equipe feminina, o masculino também receberá um "incentivo" da senadora, de cerca de R$ 500 mil. Na próxima semana, começa a Série D do Cameponato Brasileiro Masculino, competição que o Operário é o único representante sul-mato-grossense.

O Galo está no grupo A7 e vai enfrentar os seguintes times: Goiatuba (GO), Itabirito (MG), Inter de Limeira (SP), Monte Azul (SP), Uberlândia (MG), FC Cascavel (PR) e Cianorte (PR). Os quatro primeiros colocados de cada grupo se classificam para a segunda fase, do qual, a partir deste ponto, é mata-mata.

Os emifinalistas garantem o acesso à Série C. Ano passado, Retrô (PE), Anápolis (GO), Itabaiana (SE) e Maringá (PR) subiram de divisão, com a equipe pernambucana sendo a grande campeã.

Palestra

Como mencionado, este repasse será anunciado durante a palestra  “Inclusão Social através do Esporte”. O evento trará nomes conhecidos do desporto brasileiro: Cafu, bicampeão mundial pela seleção brasileira; Pretinha, auxiliar técnica do time feminino do Vasco da Gama e bi-medalhista olímpica; e Mariah Morais, jornalista que já cubriu duas Copas do Mundo e onze edições da Libertadores.

“Trazer essas três personalidades do nosso futebol brasileiro para compartilhar suas experiências é uma oportunidade única para a comunidade esportiva sul-mato-grossense. O esporte é uma ferramenta poderosa de transformação social, e essas histórias inspiram nossos jovens a acreditarem em seus sonhos”, disse Marcelo Miranda, titular da Setesc.

Serviço - “Inclusão Social através do Esporte” com Cafu, Pretinha e Mariah Morais

Local: auditório da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) – Av. Dom Antônio Barbosa, 4155 – Vila Santo Amaro – Campo Grande
Data: quarta-feira, 9 de abril
Horário: 18h30
Entrada gratuita

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1º NA TEMPORADA

Em meio a rumores de saída, atleta de MS faz belo gol na Libertadores

Pela 2ª rodada da fase de grupos, o Botafogo furou a retranca do Carabobo (VEN) no finalzinho do jogo, com gols de Patrick de Paula e Matheus Martins

09/04/2025 09h15

Matheus Martins na comemoração de seu gol marcado contra o Carabobo pela Libertadores

Matheus Martins na comemoração de seu gol marcado contra o Carabobo pela Libertadores Foto: Reprodução/Instagram

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Na sua primeira partida em casa nesta Libertadores, o Botafogo venceu o Carabobo (VEN) por 2x0, com gols de Patrick de Paula e do campo-grandense Matheus Martins, que semana passada foi oferecido como moeda de troca em uma negociação.

Na 1ª rodada, o clube carioca perdeu para a Universidad de Chile por 1x0, ou seja, uma nova derrota poderia dificultar ainda mais a vida alvinegra na competição. Como era de se imaginar, o time venezuelano entrou retrancado, buscando um empate sem gols.

Diante disso, o Botafogo foi furar a defesa adversária somente aos 43 minutos do segundo tempo, com gol de falta de Patrick de Paula, após desviar em um jogador na barreira. Nos acréscimos, em uma bela troca de passes, Matheus Martins saiu na cara do gol e encheu o pé para selar a vitória botafoguense. Assista o gol do campo-grandense:

 

 

Esta foi a primeira participação para gol de Matheus na temporada e, coincidentemente, veio depois de ser veiculado a informação que ele teria sido envolvido na negociação que traria o meio-campista Cauly, do Bahia, para o Estrela Solitária.

Com essa vitória, o Botafogo conquista seus primeiros pontos nesta Libertadores, mas que ainda não é suficiente para entrar na zona de classificação do grupo, ficando atrás da Universidad de Chile (6 pontos) e do Estudiantes de La Plata, da Argentina (3 pontos), adversário do clube carioca na próxima rodada da competição.

Trajetória profissional

Revelado no Fluminense, Matheus subiu para o profissional antes de completar a maioridade, com apenas 17 anos. Durante seu tempo no elenco profissional do tricolor, ele atuou em 51 partidas, fez 6 gols e deu 5 assistências. Em janeiro de 2023, ele foi vendido à Udinese, pela bagatela de R$ 46,8 milhões. Porém, um dias depois de chegar ao clube italiano, o atacante foi emprestado ao Watford, da Inglaterra.

No clube inglês, ele ficou um ano e meio, sendo responsável por 6 gols e 3 assistências em 48 partidas. Após o fim do período de empréstimo, a negociação entre Botafogo e Udinese para transferência em definitivo chegou ao fim, com final feliz para a equipe carioca. 

No dia 1º de agosto, o time do empresário norte-americano John Textor pagou 10 milhões de euros (R$ 60 milhões na cotação da época) ao Udinese, da Itália.

Enquanto vivia bom momento no Watford, Matheus apareceu em convocações da seleção brasileira sub-20, do qual chegou a atuar pela Copa do Mundo de 2023 da categoria, que não teve final feliz para o Brasil, sendo eliminado nas quartas de final para Israel, por 3x2. Na seleção, ele tem seis gols em 10 partidas.

No final de agosto de 2024, a reportagem do Correio do Estado entrou em contato com Fábio Manso, responsável por levar o atacante campo-grandense ao Fluminense (RJ), clube onde Matheus foi revelado, para contar um pouco mais sobre as origens do jogador.

"Ele veio aqui com 9 anos pra 10 anos, trouxe ele pra estudar aqui no colégio (ABC), jogar futsal para gente, e eu levei ele com 11 anos, 10 pra 11 anos pro Fluminense e ficou lá todo esse tempo, né? Até ser vendido para Udinese e depois agora voltou pro Botafogo", contou Fábio.

Segundo ele, Matheus morou e foi criado perto da Avenida dos Cafezais, próximo ao Jardim Paulo Coelho Machado. Hoje, sua família mora em Xerém, bairro em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro.

Além de sua atuações no ano passado, o campo-grandense logo caiu nas graças do torcedor por ter sido idealizador da frase mais usada pelos botafoguenses nesses meses de ouro que o time vive: "É tempo de Botafogo!".

"Acabou pegando, mas foi bem natural. Não sabia que ia estar saindo com a repercussão toda. E a torcida agora usa nos estádios. Já vi bandeira no estádio do Nilton Santos, em todo lugar. Virou uma marca mesmo. Fico feliz de ter participado disso também. Então, acho que encaixei muito bem aqui, estou muito feliz", disse o campo-grandense.

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