A Itália vive uma crise sem precedentes na área da saúde, marcada por um déficit superior a 65 mil profissionais entre médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem. Para suprir a demanda, hospitais públicos e privados abriram programas de recrutamento voltados a estrangeiros, com destaque para os brasileiros.
As ofertas incluem salários que podem alcançar 7 mil euros por mês — o equivalente a aproximadamente R$ 45 mil — além de benefícios como passagem aérea, moradia e cursos de idioma. Essa iniciativa ganhou fôlego com o Decreto Milleproroghe, que flexibilizou temporariamente o reconhecimento de diplomas estrangeiros.

Plano para atrair profissionais e suprir o déficit
As oportunidades vão além dos hospitais e clínicas tradicionais, alcançando casas de repouso, serviços de geriatria, centros comunitários de saúde e até projetos humanitários. Para descendentes de italianos, existe ainda a possibilidade de transformar o contrato temporário em uma oportunidade de vida mais estável.
Após dois anos de trabalho regular, eles podem solicitar a cidadania italiana, o que facilita a permanência definitiva na Europa. O movimento de contratação também está inserido em uma estratégia maior do governo. Até 2028, a Itália planeja emitir cerca de 500 mil vistos de trabalho para estrangeiros em diferentes áreas.
O objetivo é mitigar os impactos do envelhecimento populacional e da queda do número de habitantes, fenômeno conhecido como “inverno demográfico”. Em 2024, o país registrou 58,93 milhões de habitantes, número em declínio contínuo nos últimos anos, o que pressiona ainda mais o sistema de saúde.
A burocracia é apontada como um dos principais obstáculos para a efetivação dos contratos. Em 2023, por exemplo, apenas 56% dos vistos emitidos receberam autorização inicial, e menos de 8% dos trabalhadores estrangeiros chegaram à residência efetiva no país.





