Israel ampliou a pressão sobre o Hezbollah neste domingo (29), atacando alvos em todo o Líbano e bombardeando um porto utilizado pelos rebeldes pró-Irã no Iémen, que têm disparado mísseis contra Tel Aviv. O governo libanês informou que cerca de 1 milhão de pessoas, aproximadamente 20% da população, foram deslocadas devido à guerra.
O recente assassinato do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, acentuou a crise, enquanto os ataques israelenses continuaram a ser direcionados a alvos estratégicos. Neste domingo, as Forças de Defesa de Israel (IDF) confirmaram a morte de Nabil Quaq, chefe da segurança do Hezbollah, em Beirute, onde os bombardeios deixaram 53 mortos.
Na frente sul, Israel atacou o porto de Hodeidah, resultando na morte de quatro pessoas. As tensões permanecem altas, com os EUA reforçando sua presença militar na região como uma mensagem de dissuasão contra o Irã e seus aliados.
Por fim, também foi morto em um ataque de Israel, mais ano norte no vale do Bekaa, um comandante de outro grupo rival de Tel Aviv, a Jama'a Islamiya.
A campanha para dizimar o Hezbollah começou há meros 11 dias, quando pagers começaram a explodir no bolso de integrantes do grupo. A morte de Nasrallah, 32 anos após ascender ao poder na agremiação, encimou o processo.
Israel também divulgou que matou, no ataque da sexta, 20 pessoas da cúpula do Hezbollah, além de um general da Guarda Revolucionária do Irã Teerã, que fez sua única ação direta na história contra o Estado judeu justamente por um assassinato semelhante em abril, não se manifestou.
O presidente Masoud Pezeshkian, teoricamente um moderado, disse que "os guerreiros libaneses não podem ficar sozinhos nessa batalha para que o regime sionista [Israel] não ataque um país após o outro no Eixo da Resistência", disse, usando o nome fantasia dos aliados de Teerã.
Já o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, foi transferido para um local seguro após a morte de Nasrallah, segundo a agência Reuters.
Após relatos da rede americana ABC e do The New York Times acerca de incursões terrestres israelenses já em curso no sul do Líbano, em antecipação a uma invasão, a Folha foi ouvir pessoas familiarizadas com as operações.
O relato colhido é um pouco diferente do da rede de TV, que falou em curtas ações, e do jornal, que citou infiltrações mais profundas. Segundo o que foi dito, unidades especiais estão mapeando áreas intermediárias, talvez até 15 km ao norte da fronteira, para localizar pontos de lançamento não rastreados e refinar o mapeamento do terreno.
Numa era em que tudo se resolve com drones e satélites, há coisas que só são feitas direita por seres humanos com visão no campo, como perceber esconderijos e pontos de emboscada disfarçados.
Na via inversa, o Hezbollah tem tratado de manter uma imagem de combatividade. Ainda que Israel diga que destruiu 50% de seu arsenal, algo obviamente impossível de aferir de forma independente, conta com muitos foguetes e mísseis para seguir impondo disrupção na rotina do rival.
Neste domingo, foram ao menos 75 projeteis lançados, a maioria rumo ao norte de Israel. Não houve registro de danos ou feridos graves. No porto meridional de Eilat, um míssil foi disparado por algum grupo pró-Irã do Iraque.
Também neste domingo, o secretário americano de Defesa, Lloyd Austin, determinou o reforço adicional de suas capacidades no Oriente Médio.
Segundo o Pentágono, a ideia é mandar uma mensagem de dissuasão contra Teerã e seus aliados. Na sexta, os rebeldes houthis haviam lançado 23 drones e mísseis contra três navios de guerra americanos no mar Vermelho, sem deixar danos aparentes.
Só no teatro de operações sírio, ativo em guerra civil desde 2012, disse o governo americano, os EUA mataram 37 acusados de terrorismo em setembro.
Enquanto isso, a guerra que deu origem à crise atual, no dia 7 de outubro de 2023, segue seu curso em marcha reduzida, mas constante. Uma ação na Faixa de Gaza matou chefes locais do Hamas, e o número de vítimas contado pelos palestinos chegou a 41.595.