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Para financiamento climático, COP29 aprova US$ 300 bilhões/ano

Acordo foi criticado por diversos países durante a plenária, especialmente pelas nações que estão em desenvolvimento, como Cuba, Índia, Peru e Chile, mas também pelo Canadá

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Após dificuldades de negociação e até descrença de que um acordo poderia ser obtido, a Cúpula do Clima (COP29) chegou na madrugada de hoje em Baku, no Azerbaijão, a um acordo a respeito da nova meta de financiamento climático mundial, a ser paga pelos países ricos a nações em desenvolvimento.

O montante deve ser de ao menos US$ 300 bilhões (R$1,74 trilhão) até 2035, embora estudos apontem que essas nações precisem de até US$ 1,3 trilhão (R$ 7,5 trilhões).

A decisão foi recebida com aplausos - assim como as críticas na sequência. O tema era o principal da conferência deste ano, chamada informalmente de "COP das Finanças".

O evento começou sob a sombra da eleição de Donald Trump, nos EUA, e em contexto geopolítico polarizado e de guerras. Também foi marcado pela ausência da maioria dos grandes líderes - que estiveram presentes na reunião do G20 no Brasil.

Embora aprovado pela cúpula, o acordo foi criticado por diversos países durante a plenária, especialmente as nações em desenvolvimento, como Cuba, Índia, Peru e Chile. Mas também houve queixas dos ricos, como o Canadá.

Diego Pacheco, representante da Bolívia, por exemplo, disse que a decisão "é um insulto aos países em desenvolvimento". "Financiamento climático não é caridade, é uma obrigação legal e um direito dos povos do sul global."

A decisão também foi criticada por diversas organizações ambientais, que chegaram a postular um boicote. Há o entendimento de que aumentará a pressão sobre a COP-30, no Brasil.

Para Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima, a presidência da COP foi "desastrosa", "perdendo apenas para o texto". "O desfecho escancara que os países ricos fogem de qualquer responsabilidade."

Horas antes, os blocos de países mais vulneráveis e insulares, como Angola, Haiti e Jamaica, chegaram a deixar a negociação, apontando que consideravam um "insulto" a forma como suas reivindicações não estariam sendo ouvidas.

Já o comissário europeu de Ação Climática, Wopke Hoekstra, elogiou a decisão. "A COP29 será lembrada como o início de uma era de financiamento climático", afirmou.

Maior autoridade da Organização das Nações Unidas em Clima, Simon Stiell comparou o financiamento climático a um "seguro para a humanidade" e, como tal, somente funciona se for pago e no prazo. "Baku deixa uma montanha de trabalho por fazer."

Já o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que "esperava um resultado mais ambicioso", tanto em termos financeiros quanto de mitigação. "Esta foi uma negociação complexa em cenário geopolítico incerto e dividido."

Intervenção brasileira

Como contraproposta a uma versão anterior de US$ 250 bilhões, o Brasil havia defendido que o valor fosse de US$ 300 bilhões até 2030, atualizado para US$ 390 bilhões até 2035.

Nesse cenário, argumentava que o texto deveria deixar claro que seriam recursos públicos, enquanto outras fontes não poderiam ser somadas na meta mínima exigida.

O texto final aponta, contudo, que os recursos poderão vir de diversas fontes, públicas e privadas, abrindo margem até para contabilizar bancos multilaterais.

No documento, são reconhecidas as barreiras fiscais enfrentadas pelos países em desenvolvimento e, então, chama-se a todos os atores dos setores público e privado para "trabalharem juntos" para aumentar a contribuição gradualmente, para chegar a US$ 1,3 trilhão até 2035. Isto é, o valor poderia ser alcançado se fossem somados investimentos de origens diversas.

Com a sigla NCQG em inglês, o financiamento envolve recursos para adaptação e mitigação climática e transição energética, considerando a responsabilidade histórica que os países ricos reconheceram no Acordo de Paris, por serem os maiores emissores de gases do efeito estufa.

Passando o bastão

Horas antes das plenárias finais, na noite de ontem, foi feita a "passagem de bastão" oficial para o Brasil, sede da COP-30, com discurso da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e a apresentação de um vídeo.

"É fundamental, sobretudo após a difícil experiência aqui em Baku, chegar a um resultado minimamente aceitável para todos nós, diante da emergência que estamos vivendo", afirmou ela.

"É fundamental que, antes de chegar à COP30, possamos fazer um alinhamento interno - dentro de nossos países e entre nós."

 

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G20

Aliança Global contra a Fome e a Pobreza: Entenda como funcionará

Iniciativa já conta com a adesão de 82 países, 24 organizações internacionais, nove instituições financeiras e 34 organizações filantrópicas e não governamentais

18/11/2024 21h00

Wellington Dias

Wellington Dias Divulgação

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Na 19ª Reunião de Cúpula do G20, realizada no Museu de Arte Moderna, o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), Wellington Dias, detalhou nesta segunda-feira (18) o funcionamento da recém-lançada Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. A iniciativa já conta com a adesão de 82 países, 24 organizações internacionais, nove instituições financeiras e 34 organizações filantrópicas e não governamentais.

Estrutura e Implementação

Segundo Dias, a Aliança terá bases instaladas em várias cidades estratégicas ao redor do mundo, incluindo Washington, Roma, Adis Abeba, Brasília e possivelmente Bangkok. Essas bases funcionarão como escritórios para coordenar os esforços globais de erradicação da fome e da pobreza.

Os países membros da Aliança Global elaborarão planos específicos para combater a insegurança alimentar e reduzir a pobreza em seus territórios. Esses planos serão baseados em medidas comprovadas, como programas de transferência de renda, alimentação escolar e qualificação para o emprego.

Metas e Objetivos

O objetivo inicial da Aliança é alcançar, até 2030:

  • 500 milhões de pessoas com programas de transferência de renda

  • 150 milhões de crianças com alimentação escolar

  • 200 milhões de mulheres e crianças de até seis anos com programas de saúde e acompanhamento da gestação e primeira infância

  • 100 milhões de pessoas com iniciativas de emprego e empreendedorismo

De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), entre 713 milhões e 757 milhões de pessoas podem ter enfrentado fome em 2023, uma em cada 11 pessoas no mundo, e uma em cada cinco na África.

Estrutura Organizacional

A Aliança Global contará com duas instâncias principais:

  1. Instância Técnica: Escritórios da Aliança ao redor do mundo para facilitar parcerias entre países e organizações.

  2. Conselho dos Campeões: Formado por lideranças mundiais, esse conselho ajudará a destravar acordos e avançar parcerias. O conselho contará com até 50 integrantes, sendo 25 representantes de países e 25 de organizações.

Financiamento

O financiamento da Aliança será dividido em dois blocos: um para a governança da Aliança, com o Brasil se comprometendo a contribuir com 50% do valor necessário, e outro para a implementação das ações de erradicação da pobreza e fome. Os investimentos poderão vir de empréstimos de instituições financeiras ou recursos não reembolsáveis.

O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) já anunciou um financiamento de US$ 25 bilhões (cerca de R$ 140 bilhões) para a Aliança. Além disso, o Banco Mundial será um parceiro importante, contribuindo com dinheiro não reembolsável e empréstimos com juros baixos.

Avanços no G20

Para Wellington Dias, a criação da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza é uma grande conquista da presidência brasileira do G20. “Considero algo extraordinário da Aliança o fato de, no dia do lançamento, nós termos oficializado a adesão e apoio de 82 países e mais 60 instituições, organismos internacionais e agentes financeiros”, afirmou Dias.

O G20, composto por 19 países e a União Europeia, é o principal fórum de cooperação econômica internacional, representando cerca de 85% da economia mundial, mais de 75% do comércio global e cerca de dois terços da população do planeta.

*Com informações de Agência Brasil

mundo

EUA identificam primeiro caso de nova cepa Mpox em viajante

A pessoa infectada havia viajado para o leste da África e recebeu tratamento no norte da Califórnia ao retornar

17/11/2024 13h00

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 Autoridades de saúde informaram no sábado, 16, que confirmaram o primeiro caso nos Estados Unidos da nova cepa da mpox (antigamente chamada de varíola dos macacos).

De acordo com o Departamento de Saúde Pública da Califórnia, a pessoa infectada havia viajado para o leste da África e recebeu tratamento no norte da Califórnia ao retornar. Os sintomas estão melhorando, e o risco para o público é considerado baixo.

O paciente segue isolado em casa, e os profissionais de saúde estão entrando em contato com pessoas próximas como medida de precaução, informou o departamento de saúde do estado americano

No início deste ano, cientistas relataram o surgimento de uma nova cepa de mpox no leste do Congo, na África, transmitida por contato próximo, inclusive por meio de relações sexuais. Ela foi amplamente disseminada no leste e no centro da África.

Desde o final de setembro, mais de 3,1 mil casos confirmados foram relatados, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A grande maioria ocorreu em três países africanos: Burundi, Uganda e República Democrática do Congo.

Autoridades de saúde informaram no início deste mês que a situação no Congo parece estar se estabilizando. O CDC da África estimou que o Congo precisa de pelo menos 3 milhões de vacinas contra mpox para conter a disseminação e de outras 7 milhões para o restante da África. A transmissão ocorre principalmente por contato sexual, além de contato próximo entre crianças, gestantes e outros grupos vulneráveis.

Desde então, casos da nova forma de mpox foram registrados em viajantes na Alemanha, Índia, Quênia, Suécia, Tailândia, Zimbábue e Reino Unido. Por ora, nos casos identificados em viajantes fora do continente, a disseminação foi muito limitada, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA.

Emergência global

Em agosto deste ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) voltou a considerar a mpox uma emergência de saúde global.

Ela já tinha o declarado o mpox como uma emergência global de saúde em 2022, após o vírus se espalhar para mais de 70 países que não haviam relatado casos anteriormente, afetando principalmente homens gays e bissexuais. A queda de casos fez com que a entidade declarasse fim do estado emergencial da mpox em 2023.

Antes desse surto, a doença havia sido vista principalmente em surtos esporádicos na África Central e Ocidental, quando as pessoas entravam em contato próximo com animais selvagens infectados.

O atual surto é diferente do surto global de mpox de 2022, no qual homens gays e bissexuais representaram a vasta maioria dos casos. Quando a nova emergência foi declarada, por exemplo, o CDC africano informou que quase 70% dos casos do Congo eram de crianças com menos de 15 anos, que também representavam 85% das mortes.

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