Músico, Caio Nascimento, de 35 anos, esfaqueou e assassinou sua noiva, jornalista, Vanessa Ricarte, de 42 anos, em 12 de fevereiro de 2025, no bairro São Francisco, em Campo Grande.
Mas, além de matar a noiva, também tentou esfaquear e assassinar o amigo dela, que terá a identidade preservada, na mesma casa, logo após tirar a vida da jornalista.
Portanto, o amigo também foi vítima de tentativa de homicídio de Caio.
Conforme apurado pela reportagem, o amigo foi quem acompanhou Vanessa na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) e até sua casa no dia do crime.

A jornalista compareceu na DEAM duas vezes no dia de sua morte: de madrugada, para denunciar Caio e de tarde, para buscar o papel da medida protetiva.
Após saírem da delegacia no período da tarde, Vanessa e o amigo foram para a casa e deram de cara com Caio, quando ocorreu o crime. Ou seja, no momento do feminicídio, havia três pessoas em casa: Caio, Vanessa e o amigo dela.
De acordo com o advogado do amigo de Vanessa, Pablo Arthur Burque Gusmão, após matar Vanessa, o autor também tentou assassinar o amigo dela.
“Ele é vítima. Ele não é só testemunha. Quem são as vítimas? Vanessa, feminicídio com as qualificadoras e o [amigo, que terá a identidade preservada] foi vítima de tentativa de homicídio também. Então, nós estamos como assistentes de acusação para o [amigo] e para a família da Vanessa”, explicou o profissional em entrevista exclusiva ao Correio do Estado.
O advogado ainda narrou a ordem dos fatos.
"Ele esfaqueia a Vanessa, sai correndo atrás do [amigo], mas não consegue esfaqueá-lo, por motivos alheios a vontade dele (do Caio), porque o [amigo] saiu correndo. O Caio correu atrás do [amigo], com a faca, para tentar esfaquear ele. Ele [o amigo] deu a volta na casa correndo, voltou para a sala, pegou a Vanessa e colocou junto com ele para dentro da cozinha, fechou a cozinha, apoia as costas na porta da cozinha e pega a geladeira para tentar forçar, para não deixar com que o Caio entre para terminar de matar a Vanessa e para matar ele. Nesse momento o Caio desferia várias facadas e socos na porta dizendo que iria matar todo mundo", detalhou o advogado.
CASO VANESSA RICARTE
Jornalista, Vanessa Ricarte, de 42 anos morreu esfaqueada pelo noivo, Caio Nascimento, de 35 anos, em 12 de fevereiro de 2025, no bairro São Bento, em Campo Grande.
Ela foi socorrida e encaminhada ao Hospital Santa Casa, passou por cirurgia, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu.
Horas antes de morrer, Vanessa solicitou medida protetiva contra o autor na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM). Em seguida, voltou para casa e foi morta com golpes de faca.
De acordo com o Ministério das Mulheres, o percurso de Vanessa até sua casa não poderia ter ocorrido sem a escolta da Patrulha Maria da Penha, segundo o protocolo de avaliação de risco para mulheres em situação de violência e que orienta o atendimento na Casa da Mulher Brasileira.
O feminicídio escancara uma série de falhas do poder público de Mato Grosso do Sul no enfrentamento da violência contra mulher, mostrando que medidas precisam ser tomadas e o modelo de atendimento à mulher vítima de violência precisa ser reformulado.
Caio está preso na DEAM e diz estar "muito mal pelo que aconteceu". Caio é músico, pianista e aparenta ser um "homem de Deus" nas redes sociais, tocando e cantando músicas evangélicas.
Eles namoravam há 4 meses e moravam juntos. Ele tem passagens pela polícia por roubo, tentativa de suicídio, ameaça e violência doméstica contra a mãe, irmã e outras namoradas.
A jornalista morreu quatro dias antes de seu aniversário. Ela era assessora de imprensa do Ministério Público do Trabalho (MPT) e se formou em jornalismo pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).
Governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), se reuniu com autoridades do alto escalão de sua gestão no domingo (16) e se reúne com a Ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, nesta terça-feira (18), para discutir medidas mais eficazes no combate à violência contra mulher e encontrar soluções mais eficientes para protegê-las, de modo a fortalecer a rede de proteção e apoio e reestruturar o atual modelo que presta atendimento ao público feminino.
Por enquanto, soluções ainda não foram apresentadas, mas serão divulgadas nos próximos dias.