As empresas Suzano e Eldorado, concorrentes diretas no setor de celulose, fecharam um acordo de permuta de “madeira em pé”, que são árvores ainda não cortadas, mantidas nas florestas de Mato Grosso do Sul.
Pelo contrato, cada companhia terá acesso a volumes específicos de madeira situados nas propriedades da outra, seguindo um cronograma previamente estabelecido entre as partes, exclusivamente para a produção de celulose.
Segundo reportagem do jornal O Globo, o acordo, conhecido no setor como “swap” de madeira em pé, envolve ativos florestais localizados em Mato Grosso do Sul e não implica transferência de propriedade ou arrendamento das florestas, tratando-se apenas do direito de usufruto destas.
O objetivo é garantir que a madeira extraída seja utilizada apenas como insumo na produção de celulose, sem destinação de excedentes para o mercado externo.
A parceria entre as duas empresas acontece meses após a J&F, holding dos irmãos Wesley e Joesley Batista, comprarem a parte da Paper Excellence na Eldorado Brasil Celulose, encerrando um litígio de quase oito anos na disputa pelo controle da indústria, localizada em Três Lagoas.
O grupo pagou à vista R$ 15 bilhões pela totalidade das ações da empresa. Agora, o controle da família Batista é total sobre a empresa. Até então, a Paper Excellence, do bilionário sino-indonésio Jackson Wijaya, tinha 49,5% das ações da empresa, e brigavam para validar um negócio em que eles comprariam as ações dos irmãos Batista.
Com o desfecho, foi encerrada a longa disputa pelo controle acionário da companhia e destravado um investimento estimado em US$ 5 bilhões (cerca de R$ 28 bilhões) na construção da segunda linha de produção da fábrica.
A nova unidade deverá ampliar a capacidade instalada da Eldorado em pelo menos 2,5 milhões de toneladas de celulose por ano, somando-se à atual capacidade de 1,9 milhão de toneladas, que, devido à alta produtividade, já ultrapassa os 2 milhões de toneladas anuais.
De acordo com os dados mais recentes divulgado pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semadesc), no ano passado, Mato Grosso do Sul registrou um aumento de 15% em sua área de florestas plantadas em relação ao ano de 2023, sendo o maior crescimento do Brasil.
Com seis plantas de celulose confirmadas, o Estado tem atualmente a segunda maior área de florestas plantadas do País, com 1,5 milhão de hectares, sendo 98% dessa área destinada ao cultivo de eucalipto, utilizado principalmente pela indústria de papel e celulose.




