A troca de presidente da Petrobras pode acelerar a conclusão da Fábrica de Fertilizantes de Três Lagoas (UFN3), pertencente à estatal e paralisada desde 2015. Desde a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em janeiro do ano passado, há a expectativa de retomada da construção da planta, interrompida quando as obras estavam 80% concluídas, mas o destravamento da obra tem ocorrido a passos lentos.
A engenheira Magda Chambriard, indicada pelo governo Lula logo após a demissão de Jean Paul Prates, já começou a trabalhar, e o destravamento de investimentos da estatal no mercado de gás e fertilizantes está no escopo. Nesta quarta-feira (15), ela esteve reunida com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, desafeto público de Jean Paul Prates.
Na reunião, Magda Chambriard prometeu ao ministro que iria tirar do papel os investimentos, nos quais se inclui a UFN3. No Palácio do Planalto, o entendimento é que os investimentos da Petrobras em infraestrutura caminharam a passos lentos na gestão de Prates.
O encontro entre Magda e Silveira, conforme informações do jornal O Estado de S.Paulo, durou aproximadamente duas horas, foi amistoso e selou o alinhamento entre o governo Lula e a Petrobras.
Embora Jean Paul Prates, o presidente demitido da estatal, seja ex-senador e filiado ao PT, sua passagem pela companhia foi marcada por atritos com Silveira e com o ministro da Casa Civil, Rui Costa. O ex-governador da Bahia é padrinho da indicação da nova dirigente, em dobradinha com Sergio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras.
De acordo com o Estadão, Magda e Silveira estão alinhados em termos de “visão de país”. Ela assegurou que está alinhada com as pautas do Ministério de Minas e Energia e vai trabalhar para cumprir o plano de investimentos.
Magda Chambriard foi diretora da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) no governo Dilma Rousseff (PT).
A UFN3
No mês passado, Jean Paul Prates esteve em Três Lagoas com a ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB). Na ocasião, ele não conseguiu fornecer uma data para o destravamento da obra.
A fábrica de fertilizantes, mesmo sendo estratégica para o governo, não está incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Um dos motivos é que a conclusão demanda um investimento que pode variar entre US$ 1 bilhão e US$ 2 bilhões.
A Petrobras tem caixa suficiente para investimentos, mas as críticas do grupo ligado a Alexandre Silveira eram de que a capacidade de investimento da empresa estava sendo convertida no pagamento de dividendos a acionistas.
Somente no ano passado, houve uma disputa pelo pagamento de R$ 21,95 bilhões em dividendos extraordinários aos acionistas. O valor, segundo uma parte do governo, seria suficiente para a Petrobras investir em indústria naval, fertilizantes e gás natural.