Correio B

CAMPO GRANDE

Leandro Karnal é um dos participantes da Bienal do Livro de MS

Além do historiador e da autora de "Um Defeito de Cor", a organização da 1ª Bienal do Livro de Mato Grosso do Sul, a chamada Bienal Pantanal, que ocorre de 4 a 12 de outubro em Campo Grande, também anunciou show de Almir Sater

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A primeira edição da Bienal Pantanal – 1ª Bienal do Livro de Mato Grosso do Sul segue anunciando convidados e outros destaques de sua programação. O evento será realizado no Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo, entre 4 e 12 de outubro, e vai reunir 72 convidados de 10 estados brasileiros e de 2 países sul-americanos, além dos participantes de MS.

Entre eles estão os escritores Leandro Karnal e Ana Maria Gonçalves e o músico Almir Sater. O violeiro toca com sua banda no primeiro dia da Bienal Pantanal, no dia 4 de outubro, às 20h. O escritor, professor, historiador e um dos maiores pensadores da atualidade Leandro Karnal marca presença no evento no dia 5, às 19h. Já a romancista, roteirista, dramaturga e professora Ana Maria Gonçalves, a primeira mulher negra eleita para a Academia Brasileira de Letras (ABL), está confirmada para o dia 8, às 19h. 

“Mato Grosso do Sul agora se insere no calendário de grandes eventos literários do País, proporcionando ao público o acesso aos principais pensadores da literatura contemporânea do Brasil”, ressalta Pedro Ortale, coordenador da bienal.

KARNAL

Leandro Karnal é historiador e doutor em história social pela USP. O gaúcho, natural de São Leopoldo, reside em São Paulo e é membro da Academia Paulista de Letras, professor da Unicamp por mais de 20 anos.

Ele é reconhecido em todo o País como importante escritor, palestrante, intelectual e formador de opinião. Alguns de seus livros estão entre os mais vendidos do Brasil: “O Inferno Somos Nós”; “Todos Contra Todos”; “Crer ou Não Crer”; “O Dilema do Porco Espinho” e “Viver, a Que se Destina”.

O mais recente lançamento, “A Coragem da Esperança”, acaba de chegar ao mercado. Leandro Karnal tem seu próprio canal no YouTube, o “Prazer, Karnal”, é âncora do programa “Universo Karnal” na CNN Brasil e assina coluna fixa no jornal O Estado de S. Paulo. Suas mídias sociais alcançam mais de 8 milhões de seguidores e seus vídeos e frases circulam pela internet com enorme popularidade.

Ana Maria Gonçalves: aos 54 anos, escritora mineira é primeira mulher negra a ser eleita para a Academia Brasileira de Letras (ABL) e, atualmente, também é a mais jovem imortal da entidadeAna Maria Gonçalves: aos 54 anos, escritora mineira é primeira mulher negra a ser eleita para a Academia Brasileira de Letras (ABL) e, atualmente, também é a mais jovem imortal da entidade - Foto/ Divulgação

ANA MARIA

Já a escritora mineira Ana Maria Gonçalves se tornou, em julho deste ano, a primeira mulher negra a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras (ABL). Aos 54 anos, é atualmente a integrante mais jovem entre os imortais. Tornou-se conhecida nacionalmente em 2006 com o romance “Um Defeito de Cor”, obra que mistura ficção e fatos históricos ao reconstruir a vida de uma mulher africana escravizada no Brasil do século 19.

A publicação venceu o Prêmio Casa de las Américas e foi eleito em 2021 o melhor romance brasileiro do século por um júri da Folha de S. Paulo. Ana Maria Gonçalves também atua como roteirista, dramaturga, professora e curadora de projetos culturais, fortalecendo as narrativas negras no Brasil e exterior.

Almir Sater: violeiro campo-grandense de 68 anos se apresenta com a sua banda no Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo no primeiro dia do eventoAlmir Sater: violeiro campo-grandense de 68 anos se apresenta com a sua banda no Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo no primeiro dia do evento - Foto/ Divulgação

SATER

O violeiro Almir Sater volta à sua terra natal no primeiro dia da Bienal Pantanal. O campo-grandense de 68 anos vem embalado pelo sucesso no remake da novela “Pantanal” e uma inédita turnê nacional que começou ao lado de seu filho Gabriel Sater.

No espetáculo que fará com sua banda no Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo, no dia 4, o músico vai relembrar os principais sucessos da carreira e também tocar composições gravadas nos seus mais recentes álbuns.

108 HORAS

Serão nove dias com mais de 70 atividades gratuitas, divididas em 108 horas de programação. De segunda-feira à sexta-feira, a Bienal Pantanal funciona entre 9h e 21h e, no sábado e domingo, das 10h às 22h. O público que prestigiar o evento no Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo vai poder adquirir publicações das principais editoras literárias do País que estarão espalhadas em estandes em uma área de 600 m² do complexo.

A 1ª Bienal do Livro de Mato Grosso do Sul terá 26 convidados dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Bahia, Amazonas, Goiás, Minas Gerais, Paraná e do Distrito Federal. Haverá, também, uma presença marcante de 32 convidados sul-mato-grossenses, entre escritores, palestrantes e mediadores.

Autores e autoridades do Paraguai e da Argentina também estão garantidos na programação. A Bienal Pantanal será marcada por atividades desenvolvidas em dois eixos principais. Território, Culturas e Geopolíticas terá 17 conferências envolvendo 13 temas diferentes, e Tecnologias Digitais, Sociedade e Mercado: o Mundo Contemporâneo vai contar com seis conferências desenvolvidas em seis temas distintos.

O evento ainda vai abrigar o seminário do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), com seis palestras, seminário de economia criativa, curso de escrita criativa, oficinas de quadrinhos, shows musicais, e a mostra curta bienal com a exibição de oito filmes.

ESTUDANTES

A Bienal Pantanal abre a programação também para as escolas públicas sul-mato-grossenses do Ensino Fundamental e Médio. Entre os dias 6 e 10 de outubro, entre 10h e 15h30min, haverá atividades destinadas para os alunos, como contação de histórias com grupos artísticos de Campo Grande, batalhas de rimas e uma mostra de cinema com filmes de coletivos e diretores de Mato Grosso do Sul.

O evento aguarda aproximadamente 3.600 estudantes. Para as escolas agendarem a visitação à Bienal Pantanal, é necessário enviar uma mensagem com o telefone de contato e informando o dia e horário pretendido para o e-mail da produção – [email protected]. Os estudantes também podem participar do Concurso Literário Bienal Pantanal 2025, que está com inscrições abertas até hoje no site do evento, e com o Prêmio Tuiuiú, para escritores sul-mato-grossenses.

Serão distribuídos um total de R$ 24 mil em prêmios. O homenageado da primeira edição da Bienal Pantanal é o poeta Manoel de Barros. A Bienal Pantanal – 1ª Bienal do Livro de Mato Grosso do Sul é uma realização do Instituto Ímole, do Instituto Curumins e do governo federal, e conta com o apoio da Assembleia Legislativa de MS e da Câmara Federal.

O projeto tem patrocínio da Inpasa e está sendo viabilizado com recursos destinados pelos deputados estaduais Pedro Kemp, Zeca do PT, Mara Caseiro, Gleise Jane e Renato Câmara, e deputados federais Vander Loubet, Geraldo Resende e Camila Jara.

A Bienal Pantanal conta com parceria do Ministério da Cultura, por meio do Fundo Nacional de Cultura e Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac). Mais informações: www.bienalpantanal.com.br e @bienalpantanal.

VEJA O TRAJETO

Caravana de Natal da Coca-Cola vai passar em 3 municípios de MS; confira

Caminhões estarão enfeitados com luzes natalinas, sistema de bolhas d'água, decoração interativa, painéis LED, cenografia natalina, cenários montados e Casa móvel do Papai/Mamãe Noel

07/12/2025 17h30

Carretas natalinas da Coca Cola vão passar em Campo Grande, Dourados e Itaporã

Carretas natalinas da Coca Cola vão passar em Campo Grande, Dourados e Itaporã DIVULGAÇÃO/Coca Cola

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Natal já está batendo na porta. A tradição de sair às ruas para acompanhar a passagem da Caravana Iluminada de Natal, da Coca-Cola, está de volta.

As carretas natalinas percorrerão várias avenidas/ruas de Campo Grande, Dourados e Itaporã no mês de dezembro. Veja o trajeto no fim da reportagem.

Os caminhões estarão enfeitados com luzes natalinas, sistema de bolhas d’água, decoração interativa, painéis LED, cenografia natalina, cenários montados e Casa móvel do Papai/Mamãe Noel.

CAMPO GRANDE - 16 DE DEZEMBRO -  19H

  • INÍCIO - 19 horas – Comper Itanhangá – Avenida Ricardo Brandão
  • Avenida Arquiteto Rubens Gil de Camilo
  • Avenida Afonso Pena – Bioparque Pantanal até a 13 de maio
  • Avenida Ceará
  • Avenida Mato Grosso – apenas três quadras
  • Avenida Antônio Maria Coelho
  • Avenida 14 de julho
  • Avenida 13 de Maio – apenas três quadras
  • Avenida Eduardo Elias Zahran
  • Avenida Bom Pastor
  • Avenida Toros Puxian
  • Avenida Dr. Olavo Vilella de Andrade
  • FIM – Avenida Gury Marques
Carretas natalinas da Coca Cola vão passar em Campo Grande, Dourados e Itaporã

 DOURADOS - 17 DE DEZEMBRO - 20H30MIN

  • INÍCIO - 20h30min - rua Sete de Setembro
  • Avenida Marcelino Pires
  • Rua Delfino Garrido
  • Avenida Weimar Gonçalves Torres
  • Rua Paissandú
  • Rua Monte Alegre
  • Rua Rangel Torres
  • Rua Mato Grosso
  • Rua Itamarati
  • Rua Hayel Bon Faker
  • Rua Mozart Calheiros
  • Rua Raul Frost
  • Rua Docelina Mattos Freitas
  • Rua Seiti Fukui
  • Rua Josué Garcia Pires
  • Rua Hayel Bon Faker
  • Rua Manoel Rasselem
  • Rua Projetada Onze
  • Rua General Osório
  • Avenida Marcelino Pires
  • Rua Mato Grosso
  • Rua Olinda Pires de Almeida
  • Rua João Cândido da Câmara
  • FIM - Rua Manoel Santiago
Carretas natalinas da Coca Cola vão passar em Campo Grande, Dourados e Itaporã

 ITAPORà- 17 DE DEZEMBRO - 17H30MIN

  • INÍCIO - Rotatória de entrada/saída da cidade
  • Avenida José Chaves da Silva
  • Avenida Estefano Gonella
  • Rua José Edson Bezerra
  • Rua Aral Moreira
  • Rua Duque de Caxias
  • FIM - Rotatória de entrada/saída da cidade
Carretas natalinas da Coca Cola vão passar em Campo Grande, Dourados e Itaporã

Correio B+

Capa da semana B+: Entrevista exclusiva com a atriz destaque em "O Agente Secreto" Isadora Ruppert

"A forma como o nosso cinema é admirado lá fora me emocionou muito. Me senti honrada de estar ali, não só como atriz do filme, mas como uma brasileira, representando um país que eu amo profundamente".

07/12/2025 16h30

Capa da semana B+: Entrevista exclusiva com a atriz destaque em

Capa da semana B+: Entrevista exclusiva com a atriz destaque em "O Agente Secreto" Isadora Ruppert Foto: Divulgação

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Isadora Ruppert está no elenco do filme “O Agente Secreto”, dirigido por Kleber Mendonça Filho, que estreou nos cinemas brasileiros no dia 6 de novembro. O longa, produzido por Emilie Lesclaux e CinemaScópio, estreou mundialmente no 78º Festival de Cannes, em maio de 2025, na Seção de Competição Oficial, e, desde então, participou de diversos festivais importantes.

“Acredito profundamente na força desse projeto. É um filme necessário sobre a história recente do Brasil, sobre memória e poder. Ele provoca, questiona, incomoda e, ao mesmo tempo, é profundamente envolvente do ponto de vista estético e narrativo”, diz atriz.

Isadora estava presente no Festival de Cannes, quando Wagner Moura e Kleber Mendonça Filho receberam os prêmios nas categorias Melhor Ator e Melhor Diretor, respectivamente, por “O Agente Secreto”. Ela descreve a experiência como inesquecível: “Foi incrível aquele grande público, na França, celebrando os prêmios brasileiros.

A forma como o nosso cinema é admirado lá fora me emocionou muito. Me senti honrada de estar ali, não só como atriz do filme, mas como uma brasileira, representando um país que eu amo profundamente”. Para ela, o reconhecimento internacional reforça a importância de continuar contando histórias brasileiras com coragem e sensibilidade. “O mundo está atento ao que produzimos. Nosso cinema tem potência, tem voz, tem alma”, diz.

Isadora participou também do longa “Ainda Estou Aqui”, vencedor do Oscar 2025 na categoria Melhor Filme Internacional, como Laura Gasparian. Dessa vez é Daniela, em “O Agente Secreto”, que foi escolhido pela Academia Brasileira de Cinema para concorrer ao Oscar de Melhor Filme Internacional em 2026. “Sempre sonhei em fazer um filme que chegasse ao Oscar, mas nunca imaginei que isso aconteceria tão rápido, aos 26 anos. É muita sorte”, confessa.

No cinema, Isadora, esteve também em “Medusa”, no papel de “Dani”, de Anita Rocha da Silveira, que estreou em Cannes, em 2021, na Quinzena dos Realizadores. Na TV, estará no elenco da série “BR 70”, da Netflix, ainda inédita, e a acabou de fazer uma participação na novela Dona de Mim contracenando com a atriz Flora Camolese, a Nina da trama das 19 horas.

No teatro, Isadora tem uma sólida trajetória. Recentemente, a atriz marcou presença na reabertura do Teatro Glaucio Gil, integrando o elenco da peça “Cabaré TV”, dirigida por Christina Streva e Juracy de Oliveira, em que contracenou com Gilberto Gawronski. Com a sua companhia, criada junto com amigos, a “Má Companhia de Teatro”, Isadora estará em cartaz com a peça “Dia de Jogo”, na Casa de Cultura Laura Alvim, de 5 a 21 de dezembro.

Nas redes sociais, Isadora apresenta o quadro “Pequenas Epifanias”, ao lado da amiga Beatriz Adler, escritora e psicóloga. No projeto, Beatriz assina os textos, enquanto Isadora dá vida às palavras com interpretações bem-humoradas e descontraídas que já ultrapassaram a marca de 300 mil visualizações. Mais do que entretenimento, Isadora enxerga o quadro como uma forma de manter-se ativa na atuação, divulgar seu trabalho artístico e abordar, com leveza e sensibilidade, temas que fazem parte da sociedade contemporânea.

A relação de Isadora com a temática de “O Agente Secreto” vai muito além da ficção. Ela carrega, em sua própria história, as marcas dos anos sombrios da ditadura militar no Brasil: “Minha avó foi perseguida pela ditadura. “O Agente Secreto” é o segundo filme que faço que se passa nesse período, e eu sinto isso quase como uma missão. Minha vó foi perseguida por mais de 20 anos. Ela tinha uma companhia de teatro de bonecos em Curitiba e teve que abandonar tudo para se esconder”.

Isadora faz dessa memória familiar um combustível para sua arte. “Quando estou em um projeto que é ambientado nesse período, sinto que estou também contando a história da minha família, e de tantas outras famílias brasileiras que viveram traumas parecidos. Não é só um papel, é algo que atravessa”, declara .    

Sobre a repercussão do longa após a estreia, ela diz: “Foram incríveis esses primeiros dias após a estreia do filme. Muitas pessoas vieram falar comigo e todo mundo diz: “Nossa, é um susto quando você aparece”. Eu fico muito feliz com tudo isso, e com o sucesso que o filme está fazendo”.

A atriz é Capa exclusiva do Correio B+ desta semana, e em entrevista ao Caderno ela fala sobre carreira, teatro, sucesso, filmes, entre eles "O Agente Secreto" indicado ao Oscar.

Capa da semana B+: Entrevista exclusiva com a atriz destaque em "O Agente Secreto" Isadora RuppertA atriz Isadora Ruppert é Capa exclusiva do Correio B+ desta semana - Foto: Julieta Bacchin - Diagramação: Denis Felipe - Por: Flávia Viana

CE - Você participou de dois filmes premiados internacionalmente. Podemos dizer que é uma atriz pé quente?
IR -
Esses dias li uma frase que representa muito tudo isso que está acontecendo: “Sorte é quando a oportunidade encontra alguém preparado”, de Sêneca. Sinto que isso descreve perfeitamente o momento que estou vivendo. Eu me preparo há anos para dar o meu melhor em cada trabalho que faço; ser atriz é um ofício árduo, no qual me debruço por completo.

Me sinto muito sortuda por esses dois filmes terem me encontrado, “O Agente Secreto” e “Ainda Estou Aqui”, e por eles estarem chegando tão longe. Isso é consequência de um esforço coletivo gigantesco de todas as pessoas que compõem a equipe de ambos os filmes. E confesso que estou gostando desse apelido que as pessoas têm me dado: “pé de coelho do cinema brasileiro”. Que venham muitos outros filmes como esses, e que eles inspirem ainda mais diretores a me convidarem para novas parcerias (risos).

CE - Como foi estar em Cannes e sentir a recepção ao filme?
IR -
Sempre foi um sonho para mim ir a Cannes, algo que eu carregava comigo há anos. Esses dias, relendo uma conversa com meu namorado, encontrei um vídeo do tapete vermelho que eu tinha enviado para ele no WhatsApp em 2021 e, embaixo, mandei uma mensagem assim: “amor, eu tenho certeza de que um dia vou estar lá”. E cortar para 2025… eu fui.

E foi exatamente como eu sonhei. Ver aquelas pessoas ovacionando o nosso cinema, sentir que eu fazia parte do cinema internacional e que estava ali representando o meu país… eu me senti muito brasileira. Foi um sonho realizado!

CE - Como é estar em filmes que tratam de uma época que também marcou sua história familiar?
IR -
Eu sinto isso como uma missão, sabe? A ditadura militar está muito entranhada na minha história familiar, porque a minha avó foi perseguida por mais de 20 anos. Então, de certa forma, esse assunto sempre foi muito presente para mim.

Eu cresci ouvindo minha avó contar as histórias do que viveu. Por isso, falar sobre esse tema é muito natural para mim, porque faz parte da minha própria história. Mas, ao mesmo tempo, sinto isso como uma missão — porque esse foi um período muito difícil da nossa história como país e não pode ser esquecido, para que não se repita.

Capa da semana B+: Entrevista exclusiva com a atriz destaque em "O Agente Secreto" Isadora RuppertA atriz Isadora Ruppert - Divulgação

CE - Como você se preparou para a Daniela, de O agente Secreto?
IR
- Aconteceu uma coincidência: na época em que recebi o teste para fazer a Daniela, eu estava realizando uma pesquisa profunda no Arquivo Nacional sobre a vinda da família paterna da Polônia para o Brasil. Então, eu tive um contato muito intenso com arquivos, e sinto que usei bastante dessa experiência para construir a Daniela. Outra coisa que também me ajudou na construção da personagem foi realmente compreender sobre do que filme tratava, a história dele. E pude perceber isso conversando com o Kleber e com outras pessoas da equipe. Foi muito importante para mim entender o todo para conseguir criar a minha personagem dentro do filme.

CE - Recife é importante na sua trajetória. Qual sua relação com Recife?
IR -
Recife ocupa um lugar muito especial na minha vida, tanto artisticamente quanto pessoalmente. Essa relação tão forte nasceu a partir da cultura popular — principalmente da minha conexão com o Maracatu de Baque Virado. Hoje, viajar para lá todos os anos se tornou quase um compromisso afetivo. Em Recife, aprendi muita coisa, fiz amigos que levo para a vida e reencontros que sempre me fazem crescer. É sempre muito bom voltar para lá.

CE - Você iniciou sua carreira no teatro. Qual a importância do teatro na sua formação como atriz?
IR -
O teatro é central em tudo que eu faço. Ele me formou como pessoa: foi onde fiz amigos, encontrei pessoas que amo e realmente me descobri. Comecei muito cedo, e sem ele eu certamente não teria me tornado atriz nem compreendido a dimensão de ser artista — que é algo sério, uma missão mesmo. O teatro me fez entender quem eu sou, a essência do ofício da atuação e a ter compromisso com o meu fazer artístico.

CE - Quem são suas referências artísticas?
IR -
São muitas influências... Mas, com certeza, Maria Clara Machado: que fundou O Tablado e onde, praticamente, é minha segunda casa. Foi lá que aprendi tudo. David Lynch também me marcou muito, ele me ensinou sobre a importância de estar conectado com o próprio ser e sobre Meditação Transcendental, que realmente transformou a minha vida. E o Kleber, claro. Comecei a ver os filmes dele muito nova, e isso me fez criar uma conexão profunda com o nosso cinema.

Capa da semana B+: Entrevista exclusiva com a atriz destaque em "O Agente Secreto" Isadora RuppertA atriz Isadora Ruppert é Capa exclusiva do Correio B+ desta semana - Foto: Julieta Bacchin - Diagramação: Denis Felipe - Por: Flávia Viana

CE - Você apresenta o quadro “Pequenas Epifanias” nas redes. Considera importante para um ator estar na Redes Sociais?
IR -
Sinto que, hoje em dia — até por fazer parte de uma geração muito presente nas redes — elas podem ser uma oportunidade para que alguém te veja, um meio de mostrar seu trabalho. Acho que isso é especialmente válido para um jovem ator, já que muitos diretores de elenco e até diretores usam o Instagram como plataforma de busca.

Mesmo assim, tento não ficar bitolada com isso: faço o que posso, dentro dos meus limites. O “Pequenas Epifanias” surgiu justamente como uma forma de entrar nessa lógica de maneira leve e divertida, além de ser um quadro que permite às pessoas conhecerem melhor o meu trabalho.

CE - Você atua em teatro, cinema, internet e estará em breve no streaming. Tem preferência por algum veículo?
IR -
Eu sempre digo: “Enquanto eu estiver atuando, eu estou feliz”. Sabemos como é a realidade. Só de poder exercer meu ofício, seja na TV, streaming, cinema ou teatro, já me sinto realizada. O importante é estar ativa.

Você ainda é jovem e participou de produções de peso no mercado Brasileiro. O que aprendeu com essas experiências?

Eu aprendi muito. Sinto que a gente aprende de verdade quando coloca a mão na massa, e o set, para mim, representa exatamente isso. Aprendo muito ao observar e ouvir as pessoas ao meu redor e tudo o que acontece ali. Sinto que todos os projetos dos quais participei foram, de fato, uma grande escola. Ver grandes diretores dirigindo e grandes atores em ação certamente fez com que eu crescesse muito, tanto como profissional quanto como pessoa.

CE - Quais seus projetos futuros?
IR -
Ano que vem vai ser recheado de coisas boas, mas ainda não posso entrar em muitos detalhes. Ainda esse ano, vou estrear a peça “Dia de Jogo” no dia 5 de dezembro, junto com a minha companhia de teatro, Má Companhia. Ficaremos em cartaz até 21 de dezembro, na Casa de Cultura Laura Alvim, todas as sextas, sábados e domingos.

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