O atraso nos repasses da ordem de R$ 9,5 milhões por parte do Governo do Estado e da prefeitura está sendo apontado como o responsável pela paralisação dos motoristas que deixou milhares pessoas sem ônibus no começo da manhã desta quarta-feira (22) em Campo Grande.
A informação é do presidente da Câmara de Vereadores, Epaminondas Papy (PSDB) que diz ter recebido um ofício no dia 13 de outubro fazendo um alerta de que havia o risco de paralisação das atividades caso os repassem não fossem feitos de imediato.
De acordo com o vereador, os repasses relativos aos custos do trasporte de estudantes das redes públicas não ocorre há quase quatro meses e a dívida do Governo do Estado soma pouco mais R$ 6 milhões e a da prefeitura já supera os R$ 3 milhões.
Ainda conforme o vereador, normalmente o Governo do Estado repassa o dinheiro para a prefeitura e esta faz o pagamento ao consórcio Guaicurus. Em coletiva na manhã desta quarta-feira na Câmara, Papy garantiu que a administração estadual está com o dinheiro em caixa, mas não conseguiu fazer o repasse ao município porque a administração estadual não consegue emitir uma certidão que é exigida para que o convênio seja cumprido.
Por mês, de acordo com o presidente da Câmara, o Governo do Estado repassa em torno de R$ 1,7 milhão ao consórcio. Do município, os donos dos ônibus recebem mensalmente em torno de R$ 1,3 milhão, além de isenção do ISS, que supera mais de R$ 1 milhão por mês.
Sem estes repasses, o consórcio Guaicurus alega que está sem dinheiro para quitar o vale dos cerca de milho motoristas, da ordem de R$ 1,3 milhão, que deveria ter sido depositado no dia 20.
O primeiro alerta de que poderia haver paralisação foi feito ainda em ofício no dia 20 de setembro. O documento foi enviado à Câmara à Prefeitura. Depois disso, em 13 de setembro o consórcio voltou a fazer a cobrança do dinheiro. Na última segunda-feira, 20 de outubro, mandaram outro ofício.
Porém, como a prefeitura não se manifestou, os empresários voltaram a utilizar a paralisação dos motoristas para pressionar o poder público a fazer o repasse do subsídio.
E, por conta deste atraso, os trabalhadores atrasaram em 90 minutos o início de suas atividades nesta quarta-feira. Caso não ocorra ou pagamento e não tenham a garantia de que receberão em dia no começo de novembro, ameaçam fazer nova paralisação.
Para a próxima segunda-feira o sindicato da categoria convocou uma assembleia e nela devem ser definidos os rumos do movimento. O presidente da entidade, Demétrio de Freitas, diz que pode ser definida uma greve por tempo indeterminado ou uma paralisação por 72 horas caso não obtenham a garantia de que os atrasos não ocorrerão mais.
Normalmente os ônibus começam a circular às 04:30 horas. Nesta quarta-feira, porém, só saíram das duas garagens do consórcio, nas Moreninhas e no Jardim Panamá, a partir das 6 horas, o que afetou a rotina de boa parte dos cerca de 150 usuários que utilizam o serviço diariamente na cidade.
Procurada para falar sobre o problema, a prefeitura de Campo Grande se limitou a emitir uma nota dizendo que "o Município mantém diálogo permanente com o Consórcio Guaicurus para apurar as causas da interrupção e adotar as medidas necessárias para evitar que situações como essa voltem a ocorrer".
O presidente do consórcio Guaicurus foi recebido na manhã desta quarta-feira no Paço Municipal, mas a assessoria da prefeita Adriane Lopes não disse não saber se ele foi recebido pela prefeita ou algum secretário.
A paralisação dos motoristas ocorreu em meio às reivindicações dos empresários para que a prefeitura conceda reajuste na tarifa, que desde janeiro está em R$ 4,95.


