Política

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PT ensaia saída do Governo após Riedel criticar prisão de Bolsonaro

Presidente estadual da sigla, Vander Loubet disse que governador demonstra fidelidade ao extremismo de direita

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O Partido dos Trabalhadores (PT) em Mato Grosso do Sul pode deixar a base do governo estadual após o governador Eduardo Riedel (PSDB), diretamente da Ásia, criticar publicamente a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A fala do governador, feita em suas redes sociais, foi interpretada pela sigla como um alinhamento com pautas e posturas da extrema direita, o que rompe com os princípios acordados entre as partes desde o segundo turno das eleições de 2022, quando os petistas declararam apoio a Riedel por considerá-lo um representante da centro-direita "sensata e democrática".

Atualmente, o governo estadual conta com dois petistas em sua composição. Em janeiro de 2023, Washington Willeman de Souza foi nomeado titular da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer), órgão responsável por fomentar a agricultura familiar no estado. Além dele, Viviane Luiza da Silva ocupa a Secretaria de Estado da Cidadania, uma das pastas mais importantes na gestão social do governo estadual, responsável por oito subsecretarias.

Após a publicação em que Riedel defende o ex-presidente Bolsonaro e critica o Supremo Tribunal Federal (STF), a relação entre ambos os lados se estremeceu. Abaixo, a íntegra do posicionamento de Riedel:

“Prisão domiciliar, com restrição de direitos fundamentais e sem julgamento concluído são excessos judiciais que geram temerária escalada de tensão política e jurídica no país.
Nada disso ajuda os brasileiros neste momento de grandes e graves incertezas econômicas e só compromete ainda mais a pacificação do país!
Falo neste momento do continente asiático, onde justamente estamos buscando novos mercados e saídas para as exportações de produtos de Mato Grosso do Sul, atingidos pelas medidas americanas e pela crise político-institucional entre os dois países. A responsabilidade pública e o esforço de todos agora devem ser na direção de flexibilizar e reduzir as tensões, retomando progressivamente o diálogo e não o contrário!
Precisamos pensar menos em política e mais no país agora! E o Brasil real precisa da normalidade institucional para superar os inúmeros desafios de um país ainda muito injusto e desigual! Que voltem urgente a serenidade e o bom senso!”

A declaração gerou reações imediatas dentro da legenda petista. De acordo com o presidente estadual do partido, deputado federal Vander Loubet, o teor das mensagens de Riedel aproxima o governador de pautas antidemocráticas e dificulta a manutenção do acordo que levou o PT a compor o governo. Abaixo, a íntegra da fala do deputado Vander Loubet. 

"No 2º turno das eleições de 2022, o PT declarou apoio público a Riedel por considerar que o governador representava uma centro-direita sensata e democrática.
Porém, as recentes declarações e notas oficiais do governador com mensagens que identificam fidelidade ao extremismo de direita — como os ataques ao STF, a defesa cega de Jair Bolsonaro e o apoio à chantagem retaliatória do Donald Trump tornam difícil a manutenção desse acordo.
Entramos no governo estadual pela porta da frente e, se tivermos que sair, também será pela porta da frente, algo que acontece quando as diferenças se tornam inconciliáveis.
Convocamos uma reunião no PT-MS para segunda-feira com nossos parlamentares e lideranças e vamos discutir essa saída."

O dirigente destacou a atuação do partido dentro da gestão estadual e o apoio contínuo do governo federal ao Mato Grosso do Sul, inclusive em administrações municipais de oposição.

"Demos ao governo estadual a nossa contribuição, atuando e melhorando o desempenho das políticas públicas de fomento à agricultura familiar. E até em Campo Grande, uma gestão de direita, o governo Lula está presente, com 95% dos investimentos que a cidade tem", declarou. 

Debandada

Durante a sessão ordinária da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS), na manhã de hoje (6), os deputados do PT Pedro Kemp e Gleice Jane criticaram as manifestações em favor do ex-presidente Jair Bolsonaro e também sinalizaram "dar as costas" para a atual gestão.  

"Eu não poderia deixar de comentar o que houve ontem no Congresso Nacional, um protesto contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, deputados e senadores que o apoiam, ocuparam as Mesas Diretoras da Câmara e do Senado, impedindo que as sessões fossem abertas e a votação de projetos importantes para o País, como o que isenta do pagamento do Imposto de Renda de Pessoa Física [IRPF] para quem ganha até R$ 5 mil e outros projetos importantes para a economia do País", registrou o deputado Pedro Kemp.

O deputado também comentou na sessão sobre o tarifaço imposto sobre as exportações brasileiras pelo presidente dos Estados Unidos que começa hoje. 

"Hoje entra em vigor o tarifaço em cima de uma série de produtos, e vai prejudicar o agronegócio. Me causou estranheza a manifestação do ex-governador Reinaldo Azambuja e do governador Eduardo Riedel  pelo que vem acontecendo no País. É lamentável quando os ataques à economia do Brasil e as afrontas ao Poder Judiciário não são condenados. Bolsonaro antecipou sua prisão porque deliberadamente não cumpriu as medidas cautelares".

Por sua vez, a deputada Gleice Jane também se pronunciou sobre as falas de Riedel e disse que a manutenção dos petistas na base de governo "não é saudável para a democracia". 

"Quero lembrar que é necessário fazer um grande debate nesse Estado e continuar nesse Governo não é saudável para a democracia, o País. Porque não é primeira vez que o Governo Riedel se manifesta dessa forma, mais que urgente que o Partido dos Trabalhadores e Trabalhadoras tome essa decisão. Bolsonaro está sendo condenado em prisão domiciliar para garantir que as investigações sejam feitas. Também me admirei com o movimento de domingo em que a bandeira americana esteve acima da brasileira, não podemos ser um país subserviente, temos que ter muita seriedade nesse processo", ressaltou Gleice Jane.  

A saída dos petistas do governo estadual poderá representar uma mudança significativa no equilíbrio político de Mato Grosso do Sul, fim de uma aliança que, até então, era considerada estratégica para ambos os lados.  A sigla possui uma reunião marcada para segunda-feira (12) e deve definir os próximos passos da legenda no estado, selando oficialmente o rompimento entre o partido e o governo tucano. 

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ELEIÇÕES 2026

Pressionada pelo PL, União Progressista terá de lançar pré-candidato ao Senado

Com Azambuja e Contar no páreo, PP e União Brasil ficam praticamente obrigados a lançar um nome para concorrer

06/12/2025 08h20

O deputado estadual Gerson Claro (PP) ou o secretário de Estado Jaime Verruck (PSD) pode ser o escolhido

O deputado estadual Gerson Claro (PP) ou o secretário de Estado Jaime Verruck (PSD) pode ser o escolhido Montagem

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Com a provável chapa pura do PL para disputar as duas vagas ao Senado por Mato Grosso do Sul, já que, até o momento, são pré-candidatos pelo partido o ex-governador Reinaldo Azambuja e o ex-deputado estadual Capitão Contar, a Federação União Progressista, formada pelo PP e o União Brasil, será obrigada a lançar pelo menos um pré-candidato ao cargo.

A informação foi passada ao Correio do Estado por uma fonte da própria federação, revelando ainda que o nome poderá ser o presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, deputado estadual Gerson Claro (PP), ou o secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck (PSD), que teria sido convidado a fazer parte dos progressistas.

A União Progressista lançará apenas um pré-candidato ao Senado porque tem o compromisso de apoiar a eleição de Azambuja, porém, como o PL caminha para ter dois pré-candidatos ao Senado, a federação terá de formar uma “aliança branca”, ou seja, fazer um acordo eleitoral informal com a legenda à qual, oficialmente, não estará coligada.

Por meio dessa informalidade, PP e União Brasil poderão pedir votos para o próprio candidato a senador e também para Azambuja e vice-versa, sem a necessidade de um documento de coligação formal registrado na Justiça Eleitoral que una os partidos em todos os níveis da disputa.

Esse tipo de aliança permite que diretórios regionais apoiem candidatos que seriam vetados pelas executivas nacionais, contornando, por vezes, regras de verticalização, que exigem alinhamento das coligações em diferentes níveis.

Na prática, o partido pode lançar um candidato próprio, mas orientar, de forma velada ou explícita, seus eleitores a votarem no candidato de outra legenda. Isto é, a Federação União Progressista pedirá para que os seus eleitores destinem o primeiro voto para Gerson Claro ou Jaime Verruck e o segundo, para Azambuja.

DISPUTA

Pacificada a questão da federação lançar um pré-candidato ao Senado nas eleições do próximo ano, o imbróglio ficará na definição do nome, pois Gerson Claro já está no PP e tem demonstrado desde o início do ano o desejo de ser o escolhido para ser o representante.

Procurado pelo Correio do Estado, o presidente da Assembleia Legislativa disse que não sabia dessa provável configuração para o pleito de 2026.

“Eu só posso afirmar que estou trabalhando para ser o candidato da federação ao Senado Federal”, afirmou.

O secretário Jaime Verruck também foi procurado pela reportagem, mas preferiu não comentar nada, revelando apenas que tem interesse em ser pré-candidato a senador da República pelo PSD, partido em que está filiado desde março do ano passado.

Ele já teria até anunciado a data em que vai se desincompatibilizar do cargo de secretário de Estado (30 de março de 2026) para disputar uma das duas cadeiras ao Senado pelo grupo político do governador Eduardo Riedel (PP).

No entanto, se ficar no PSD, Verruck terá problemas internos para resolver, afinal, a sigla é presidida no Estado pelo senador Nelsinho Trad, que tentará a reeleição e, portanto, poderá inviabilizar a candidatura do secretário pela legenda, o que poderia obrigá-lo a trocar de partido.

Por isso, a ida de Verruck para o PP está muito próxima e, caso o escolhido para representar a Federação União Progressista seja Gerson Claro, o secretário poderá acabar disputando uma cadeira na Câmara dos Deputados.

O Correio do Estado ainda procurou a presidente estadual do PP e também da federação, senadora Tereza Cristina, porém, não houve retorno até o fechamento desta edição. Em tempo, PP e União Brasil já entregaram ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o protocolo com o requerimento de registro de federação partidária.

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Política

Flávio anuncia que Bolsonaro o escolheu como candidato a presidente da República em 2026

Antes de falar publicamente sobre o assunto, o senador avisou ao Partido Liberal e ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), sobre a decisão de Bolsonaro

05/12/2025 15h37

Flávio Bolsonaro

Flávio Bolsonaro Agência Brasil / Tânia Rêgo

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O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) anunciou nesta sexta-feira, 5, que seu pai, Jair Bolsonaro (PL), confirmou que ele será o candidato a presidente do grupo em 2026. "É com grande responsabilidade que confirmo a decisão da maior liderança política e moral do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, de me conferir a missão de dar continuidade ao nosso projeto de nação", escreveu Flávio em uma publicação no X.

Antes de falar publicamente sobre o assunto, o senador avisou ao Partido Liberal e ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), sobre a decisão de Bolsonaro.

A informação foi antecipada pelo site Metrópoles. O Estadão confirmou que o senador conversou com Tarcísio nesta semana para tratar do assunto. O presidente nacional da sigla, Valdemar Costa Neto, disse estar a par da articulação.

"Flávio me disse que o nosso capitão ratificou sua candidatura. Bolsonaro falou, está falado. Estamos juntos", afirmou Valdemar

Na publicação nas redes sociais, o filho "01" do ex-presidente disse que o País vive dias difíceis e que não pode se conformar em vê-lo caminhar para tempos de instabilidade, insegurança e desânimo.

Ele também afirmou que não ficará de braços cruzados vendo a democracia sucumbir. Bolsonaro está preso na Superintendência Regional da Polícia Federal em Brasília desde 25 de novembro, cumprindo a pena de 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe de Estado.

"Eu me coloco diante de Deus e diante do Brasil para cumprir essa missão. E sei que Ele irá à frente, abrindo portas, derrubando muralhas e guiando cada passo dessa jornada", concluiu Flávio.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), tem autorizado visitas periódicas ao ex-presidente, especialmente de sua família. Na terça-feira, Flávio esteve com o pai, mas não mencionou qualquer conversa sobre candidatura à Presidência da República.

Membros da cúpula do PL dizem ver a informação com ressalvas, e que acreditam se tratar de um balão de ensaio para tanto inflar quanto testar o nome de Flávio a nível nacional. A escolha definitiva, para alguns, será tomada mais adiante.

Uma pessoa ligada à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) rechaça a escolha de Flávio e diz que Bolsonaro não teria tomado tal decisão sem consultar a esposa. E questiona a razão de o ex-presidente "não ter confidenciado para a Michelle, mas para outra pessoa, sem falar para a esposa, ainda mais depois do ocorrido na última semana".

A informação surge dias após um racha entre Michelle e os filhos Flávio, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ). O estopim da briga pública foi uma crítica da ex-primeira-dama à articulação feita pelo PL cearense, chefiado pelo deputado federal André Fernandes, para apoiar o ex-presidenciável Ciro Gomes na disputa contra o PL pelo governo do Estado.

Os três filhos saíram em defesa de Fernandes, alegando que a articulação teve aval de Bolsonaro, e Flávio chamou a postura da madrasta de "arrogante e autoritária". Após a visita ao pai na segunda-feira, o senador disse ter pedido desculpas a Michelle.

No dia seguinte, o PL fez uma reunião de emergência para colocar panos quentes na crise, e o acordo com Ciro foi suspenso por tempo indeterminado - o que foi lido por alguns como vitória parcial de Michelle sobre os enteados.

A crise pública que teve a formação de alianças eleitorais como pivô aconteceu uma semana depois de o bolsonarismo cerrar fileiras, numa reunião a portas fechadas em 24 de novembro, para defender um alinhamento de discurso em defesa de Bolsonaro, que havia acabado de ser preso preventivamente.

Em seu discurso na ocasião, Michelle criticou os correligionários que atacam os colegas nas redes sociais, afirmou que a "roupa suja" deve ser lavada em casa, e pediu maior alinhamento em torno de Bolsonaro. O que foi debatido naquele encontro, entretanto, veio a ruir com a exposição das divergências feita em Fortaleza.

Já Flávio foi ungido o porta-voz oficial do pai. Sem Eduardo, autoexilado nos Estados Unidos, e mais próximo do ex-presidente do que o outro irmão Carlos, que mora no Rio de Janeiro, o senador ocupa um espaço privilegiado, com mandato, holofotes e acesso à PF para trazer e levar informações do mundo externo.

A decisão do PL de dar o posto de tamanha influência a Flávio contrasta com a avaliação que o irmão Eduardo faz do poder de todos os membros da família de representar a voz do ex-presidente.

"Enquanto durar a prisão do Bolsonaro, sempre vai haver essa confusão de quem fala por ele, quem fala, quem não fala. Tanto o Flávio como o Carlos, a Michelle, são próximos do meu pai e vão ter acesso a ele. Eu acho importante que sigam tendo essa proximidade pelo ponto de vista principalmente emocional", declarou Eduardo em entrevista ao Estadão.

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