Por conta do melhor nível do rio, Antaq aponta aumento de 164,5% no volume transportado no primeiro bimestre de 2025
Em meio à polêmica sobre uma possível derrocagem e dragagem do Rio Paraguai, dados da Agência Nacional dos Transportes Aquaviários mostram que o volume de minérios e soja escoados pela hidrovia nos dois primeiros meses do ano foi 164,5% maior que em igual período do ano passado.
Isso ocorreu por conta de chuvas mais intensas no fim do ano passado e começo de 2025, principalmente no norte de Mato Grosso do Sul e na região sul de Mato Grosso.
Em primeiro de janeiro do ano passado, o nível do Rio Paraguai na régua de Ladário estava em apenas 31 centímetros, ante 1,14 metro em igual data de 2025. Um mês depois, em primeiro de fevereiro do ano passado, o rio havia subido para 61 centímetros. Agora, em primeiro de fevereiro, estava em 1,36 metro.
Sem a dragagem de manutenção, que seria a remoção de bancos de areia no fundo do leito de um ponto para outro, o transporte de minérios fica praticamente impossível quando o rio fica abaixo de um metro em Ladário.
Mas, enquanto fica entre um metro e um metro e meio, os comboios normalmente descem com carga parcial. No ano passado, marcado por uma estiagem histórica, o nível máximo que o rio alcançou foi de 1,47 metro, na primeira semana de maio.
Embora em 2025 o cenário esteja melhor, com o rio atingindo 1,96 metro nesta sexta-feira (11), o nível está longe da média histórica, que é de 3,02 metros para esta época do ano. Em 2023, quando houve escoamento recorde de 7 milhões de toneladas de produtos, o rio estava em 2,73 metros no dia 11 de abril.
TRANSPORTE
No ano passado, nos dois primeiros meses, conforme números da Antaq, foram transportadas 459 mil toneladas de pela hidrovia. No primeiro bimestre de 2025, o volume subiu para 1,2 milhão de toneladas.
A maior parte foi de minérios destinados à exportação escoados a partir dos portos de Ladário e Corumbá, com pouco mais de um milhão de toneladas, ante 459 mil toneladas em igual período do ano passado.
Depois da concessão, prevista para ser concluída ainda em 2025, a previsão é de que a hidrovia fique navegável durante o ano inteiro, já que a vencedora da licitação receberá autorização para fazer a chamada dragagem de manutenção.
Nesta quinta-feira (10), em Corumbá, a Antaq promoveu a segunda audiência pública para o aprimoramento dos documentos e da modelagem para a concessão da hidrovia. O evento reuniu contribuições de 25 participantes, de forma presencial e on-line.
De acrodo como diretor e relator do processo, Alber Vasconcelos, o futuro concessionário será responsável por manter a hidrovia operando 365 dias por ano, com obrigações claras em cinco eixos: dragagem de manutenção, monitoramento hidrográfico, sinalização e balizamento náutico, gestão e operação do tráfego aquaviário, e gestão ambiental.
A concessão do Rio Paraguai será a primeira licitação do tipo no Brasil, compreendendo o trecho entre Corumbá e Porto Murtinho, um trecho de 600 quilômetros.
Ainda de acordo com a Antaq, nos primeiros cinco anos de concessão, serão realizados serviços de dragagem, derrocagem, balizamento e sinalização adequados, construção de galpão industrial, aquisição de draga, entre outros serviços.
E é esta derrocagem um dos principais pontos de questinamento de ambientalistas e de integrantes do próprio Governo Federal. Eles temem que as intervenções acelerem o ritmo de escoamento das águas, o que forçará dragagens cadas vez mais intensas, já que o rio terá de ser navegável durante o ano inteiro.
O investimento direto estimado nesses primeiros anos é de R$ 63,8 milhões. O prazo contratual da concessão é de 15 anos com possibilidade de prorrogação por igual período.
TARIFA
Ainda segundo a modelagem, foi definido que somente será feita a cobrança de tarifa para a movimentação de cargas quando a concessionária entregar os serviços previstos na primeira fase do contrato. Em relação ao transporte de passageiros e de cargas de pequeno porte não haverá cobrança de tarifa.
A previsão de tarifa, pré-leilão, é de até R$ 1,27 por tonelada de cargas. O critério de licitação pode ser menor tarifa, por isso, esse valor ainda poderá ser reduzido. No entanto, existe a possibilidade, durante a realização da consulta pública, de alteração no critério do certame.
O transporte de cargas do Rio Paraguai, após a concessão, está estimado entre 25 e 30 milhões de toneladas a partir de 2030, o que significa um aumento significativo de movimentação em relação ao praticado atualmente.
Com a concessão, a hidrovia vai contar com um calado de 3 metros quando o rio estiver cheio e de 2 metros em períodos de seca, o que vai garantir a trafegabilidade das embarcações durante todo o ano, ou pelo menos a maior parte dele.