A Polícia Federal (PF) prendeu ontem William Alves Ribeiro, apontado como chefe de uma quadrilha de narcotraficantes que atuava em Mato Grosso do Sul e em Minas Gerais, e apreendeu vários itens de luxo, como carros, mini buggy, jet ski e quatro cavalos de raça, avaliados em aproximadamente R$ 250 mil.
A Operação Contra-Ataque III foi deflagrada na manhã de ontem, pela PF e a Receita Federal. O alvo morava no condomínio Damha II, em Campo Grande. Ao chegarem no endereço do alvo, os policiais encontraram o celular e documentos pessoais de William no telhado da casa, localizados através de um drone da PF.
Além dele, mais três pessoas foram alvos da operação: Nadja Tybusch Ribeiro (esposa), Welder Alves Ribeiro (irmão) e Rosany Larissa Aranda da Silva (cunhada). As contas bancárias de William e Welder foram bloqueadas e o saldo sequestrado.
“Através das análises bancárias e fiscais dos envolvidos, foi possível constatar um grande esquema utilizado na logística para entrega dos entorpecentes e no recebimento dos valores decorrentes dessa comercialização. Na entrega das drogas, foram empregadas empresas ligadas a familiares ou aos próprios envolvidos para emissão de documentos de transporte e notas fiscais de mercadorias agrícolas utilizadas para ocultar as drogas”, explica a Receita Federal em nota.
Para o recebimento desses valores, as transações bancárias eram realizadas através de contas de empresas autorizadas pelos sócios e de contas vinculadas a parentes. Esses últimos, segundo a PF, não tinham lastro fiscal para a realização de grandes movimentações financeiras.
“Ressalte-se que, para blindar a origem dos recursos ilícitos, foram realizados investimentos em outras atividades econômicas como comercialização de veículos em garagens de terceiros, bem como atividades de manutenção e reparo de veículos”, complementa.
Na residência de um dos envolvidos, no bairro Tijuca, foram apreendidos cinco veículos de luxo, sete armas de cano curto e uma de cano longo.
O proprietário alegou ser colecionador, atirador desportivo e caçador (CAC), mas a investigação apontou que, além de drogas, a quadrilha também traficava armas e, por isso, todo o material foi apreendido.
Entre as empresas que foram alvo, boa parte é em nome de familiares de William ou de supostos laranjas, entre elas estão a Aliança Transporte de Veículos (W.A.R Transportes), Play Motors, WR Martelinho, Conect Peças, Subprodutos Bovinos, Ateliê da Nana, Duas Nações Materiais para Construção, Stilo Diva, Embaplast e Lolya Moda Feminina.
Esta última, horas depois da operação ser deflagrada, emitiu um comunicado que dizia que a loja ficaria fechada por tempo indeterminado, e que os atendimentos só seriam feitos de maneira virtual. No Instagram, a Lolya Moda acumula 35,6 mil seguidores e leva o lema Vestindo e Empoderando Mulheres, sob propriedade de Rosany.
Sobre a esposa de William, Nadja Tybusch, uma das empresas que o nome dela aparece como sócia é a Embaplast, ao lado de seu marido. Oficialmente, ela funciona na Rua Buarque de Macedo, n. 255, no Jardim Tijuca.
Porém, no endereço não existe nenhum indício de que ali exista algum tipo de comércio de alimentos ou produtos de fumo, conforme apontam os registros oficiais da microempresa. Nadja também é dona do Ateliê da Nana ou Nadja Ribeiro Lembranças Personalizadas.
Além disso, a Polícia Federal cumpriu um mandado de busca e apreensão no Rancho JC Treinamento, onde foram confiscados os cavalos de raça de William e um reboque usado para o transporte dos equinos.
Mesmo não sendo colocado como dono do haras (estabelecimento onde se criam e reproduzem raças de cavalos), o traficante já foi chamado de “patrão” em uma postagem do empreendimento, que o parabenizava pelo seu aniversário.
Ao todo, a operação resultou na prisão de quatro pessoas, além das apreensões feitas em mais 13 endereços, sendo 12 em Campo Grande e um em Jaraguari.
IRMÃO
Welder aparece como dono da transportadora WAR – nome social de Aliança Transportes –, criada em 2015 e que atua principalmente no reboque de veículos. Inclusive, em outro processo, de 2019, na Justiça Federal, ele pede de volta um caminhão que foi apreendido pelo Ministério Público Federal (MPF), transportando cigarros paraguaios.
Segundo consta nos documentos, o veículo teria sido confiscado durante uma operação contra o contrabando de cigarros e Welder, proprietário, solicitou que o órgão devolvesse o caminhão. Depois de diversas atualizações, o processo foi movido para “conclusos para julgamento” no sábado.
Importante ressaltar que ele pede a restituição do caminhão por meio da empresa Transrest Transportes e Limpeza, que está no nome de uma terceira pessoa.
FASES ANTERIORES
As primeiras fases daOperação Contra-Ataque foram feitas em Minas Gerais. A primeira foi realizada em novembro de 2023, quando foram cumpridos 34 mandados de busca e apreensão em Uberaba (MG), Uberlândia (MG), Conceição das Alagoas (MG) e Ribeirão Preto (SP).
Na ação, foram apreendidas 2 armas, 12 veículos, 53 kg de maconha, aparelhos celulares e R$ 26,4 mil em dinheiro em espécie.
A Justiça também determinou o bloqueio de bens e valores provenientes das atividades criminosas, em aproximadamente R$ 4 milhões, e sequestro de 8 imóveis. Além disso, 16 suspeitos foram presos na ação após o cumprimento de 22 mandados de prisão preventiva, que ainda teve 4 flagrantes e 2 termos circunstanciados.
Em abril do ano passado, foi deflagrada a segunda fase da operação, que resultou no cumprimento de quatro mandados de prisão preventiva e três mandados de prisão temporária contra os investigados.
Esta etapa teve como alvo integrantes de uma facção criminosa de Uberaba (MG), que atuava na comercialização de armas e drogas. Dois meses antes, em fevereiro, dois membros desta associação foram assassinados.
As investigações da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado de Minas Gerais (Ficco-MG) apontaram que esta facção criminosa tinha contato com William, que foi preso ontem, durante a terceira fase da operação, em Campo Grande.
*SAIBA
Participaram da operação de ontem 5 auditores fiscais, 9 analistas tributários da Receita Federal e 60 policiais federais.


Mato Grosso do Sul está em alerta para tempestades (Reprodução / Inmet)


