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Às portas do Judiciário conquistas e desafios pós-reforma do CPC

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O Código de Processo Civil (CPC) atual completou 10 anos de vigência em março deste ano e, mesmo já tendo produzido diferentes efeitos no mundo jurídico, quando comparado ao anterior (o de 1973), ainda impõe muitos desafios.

Quando de sua gestação, o referido código, promulgado sob a Lei nº 13.105/2015, já era alvo de questionamentos acerca de temas processuais que ainda não teriam sido entregues em sintonia com a realidade e, portanto, com a necessidade jurídico-social de então.

Somadas umas coisas e outras, foram mais de quatro décadas de vida do antigo código e, considerando o contexto histórico, político e social do seu nascedouro, somado à velocidade empreendida às relações humanas a partir da década de 1990, já era ressentida uma atualização condizente com as mudanças advindas na pós-modernidade.

Há uma inegável relação entre o Direito e o fato social, como já apontava o sociólogo francês Émile Durkheim, sendo, portanto, natural a ocorrência perene de atualização das normas jurídicas, já que para a vida em sociedade é imperiosa a existência de regras.

Entretanto, algumas leis, no sentido amplo, levam anos ou décadas a fio de tempo de discussão, a ponto de, quando eclodirem, já se apresentarem um tanto obsoletas, em face das alterações das necessidades que a vida social reclama.

Com a Lei nº 13.105/2015 não poderia ser diferente, embora ainda hoje, após 10 anos de vigência, seja comum que a chamemos nós, os operadores do Direito, por “novo CPC”.

Questões como prazos processuais, conciliação e mediação, Direito de Família, desistência de ação, prioridade de julgamento do mérito, entre outras importantes mudanças, foram recepcionadas de forma positiva pela comunidade jurídica, mas nunca bastante o suficiente para se considerar que os imbróglios jurídicos tenham sido resolvidos. 

Ainda hoje, por exemplo, é possível se defrontar com questões processuais que não receberam o devido tratamento quando da edição do atual CPC, o que acaba trazendo certo prejuízo à marcha processual ou ao próprio direito nela buscado.

Algumas lacunas legislativas são relativamente preenchidas pela jurisprudência ou mesmo pela doutrina correlata, como é natural ocorrer em todos os ramos do Direito, mas isso não traz a segurança jurídica almejada, já que esses preenchimentos são feitos ao sabor das interpretações e compreensões, em um dado tempo e por um dado ser, as quais nem sempre se traduzem em acerto e justiça.

Uma das questões que não foi devidamente enfrentada pelo CPC de 2015, por exemplo, e que é um dos temas mais incômodos em matéria jurídica é o crônico problema da morosidade no julgamento das lides.
Embora a Constituição Federal de 1988 tenha apontado as diretrizes com que os processos devem ser processados e julgados, a dicção nela apontada ainda carece de normatização objetiva, concreta e, sobretudo, eficaz.

No artigo 5º, inciso LXXVIII, da Constituição Federal, estabeleceu-se (desde a Emenda Constitucional nº 45, de dezembro de 2024, batizada de Reforma do Judiciário), que a todos seria garantida a razoável duração do processo. 

No entanto, embora prevista tal garantia fundamental lá na Carta Magna, até hodiernamente, passado tanto tempo e mesmo com a vinda ao mundo jurídico da lei aqui comentada, não se definiram os meios, os instrumentos, a eficiência e eficácia jurídica, tampouco o esperado conceito do que se pode considerar como “razoável”.

EDITORIAL

Sanidade animal não pode ser palco de disputas

A sanidade animal é tema estratégico em que a negligência pode ter consequências inimagináveis ao Estado. O que foi construído a duras penas não pode ser desprezado neste melhor momento

15/04/2025 07h15

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Mato Grosso do Sul está prestes a alcançar um dos mais importantes reconhecimentos sanitários da pecuária brasileira: o status de zona livre de febre aftosa sem vacinação. A conquista é resultado de anos de trabalho coordenado entre produtores, técnicos, entidades do setor e o poder público. Trata-se de um selo internacional que abre mercados, atrai investimentos e posiciona o Estado em um novo patamar competitivo no agronegócio mundial.

No entanto, às vésperas desse avanço, a atuação do Instituto de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro) levanta preocupações legítimas sobre o comprometimento da autarquia com a seriedade do processo, ao menos para este veículo de comunicação. Em vez de transparência, eficiência e rigor técnico, o que se vê no episódio da Fazenda Clarão da Lua é uma preocupante sensação de que interesses paralelos têm se sobreposto à missão institucional do órgão.

A sanidade animal, especialmente em um momento tão sensível, exige decisões pautadas na ciência, no bom senso, no diálogo e no respeito aos protocolos internacionais. Qualquer deslize pode custar caro. Um eventual revés no reconhecimento sanitário colocaria em risco não apenas a reputação do Estado, mas todo um ecossistema econômico construído com esforço coletivo. O impacto não seria apenas simbólico. Seria sentido na carne – literalmente – dos produtores, dos trabalhadores do setor, dos frigoríficos, dos exportadores e da economia do nosso grandioso estado.

Ao tratar com descaso temas fundamentais, como a fiscalização, o cumprimento de normas técnicas e a responsabilização por medidas judiciais que não afetam a vistoria, o Iagro flerta com a irresponsabilidade. Ainda mais grave é quando o órgão se posiciona de forma beligerante, preferindo recorrer com subterfúgios duvidosos, em vez de corrigir rumos e oferecer respostas claras à sociedade.

É inadmissível que, neste estágio, o Iagro esteja sendo o principal obstáculo à conquista de um reconhecimento internacional. Em vez de ser vetor de progresso, está se tornando um entrave que, no fim, pode estar minando a confiança dos produtores e a credibilidade do sistema de defesa sanitária. Trata-se de proteger um patrimônio coletivo: a confiança sanitária de um Estado que construiu sua economia sobre a base do campo. E confiança não se impõe – se conquista com coerência, transparência e compromisso público.

Mato Grosso do Sul não pode pagar o preço da omissão ou da politização de um processo que deveria ser técnico por excelência. O momento exige responsabilidade e, principalmente, respeito ao trabalho de milhares de pessoas que, por décadas, fizeram da pecuária sul-mato-grossense uma referência nacional. A sanidade animal não pode ser palco de brigas paroquiais. Que a razão, a ciência e o interesse do povo prevaleçam.

CLÁUDIO HUMBERTO

"Se tivermos a anistia, teremos a pacificação nacional"

Ives Gandra Filho, jurista e ex-presidente do Tribunal Superior Eleitoral

15/04/2025 07h00

Cláudio Humberto

Cláudio Humberto

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Rueda, ‘deslumbrado’, irrita alas do União Brasil

Tem causado desconforto no União Brasil o alinhamento ao governo Lula de Antonio Rueda, presidente do partido, que parece deslumbrado com salamaleques e reuniões com ministros e líderes do governo. Como no caso em que ele recebeu Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) para definir a demissão de Juscelino Filho e o seu substituto no Ministério das Comunicações. “Consultas” do Planalto, que mais parecem ordens ao partido, como a escolha do líder da Câmara, provocam constrangimento.

Ordens petistas

O Palácio do Planalto vetou Moses Rodrigues como líder da bancada, como se o União fosse o PT. Moses assinou o projeto da anistia.

Fim da picada

O governo também tentou impor o ex-ministro Juscelino Filho como líder do União na Câmara, apesar dos crimes a que responde na Justiça.

Tem coisa aí

No partido, deputados atribuem ao temor de desagradar o Planalto a ausência de Rueda do lançamento de Ronaldo Caiado para presidente.

Em duas canoas

Rueda nunca foi eleito e no União é criticado por priorizar candidatura a deputado federal, em 2026, com um pé na direita e outro no petismo.

‘Gastômetro’ do governo será lançado dia 23

Em iniciativa semelhante ao “Impostômetro”, que expõe diariamente os tributos arrancados à força dos brasileiros, a Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) e a Associação Comercial de São Paulo se preparam para o lançamento, dia 23, do “Gasto Brasil”, que será popularmente citado como “Gastômetro”. Trata-se de uma ferramenta para monitorar os crescentes gastos da União, Estados e Municípios do dinheiro que retiram do nosso bolso.

Painel físico

O painel de LED que irá contabilizar os trilhões do Gastômetro será instalado no Pátio do Colégio, centro histórico de São Paulo.

Só um gostinho

O Gastômetro terá trabalho: somente neste ano de 2025, só a União já gastou R$1,7 trilhão, de acordo com o Portal da Transparência.

Dinheiro que evapora

O Impostômetro contabiliza quase R$1,2 trilhão tomados dos pagadores de impostos em 2025, que nem sequer chegou ao mês de maio.

Desencantou

Na geladeira desde o ano passado, Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária) e Marina Silva (Meio Ambiente), finalmente conseguiram despachar com Lula. Foram recebidos nesta segunda-feira (14).

Curtindo a falência?

O coordenador do Prerrogativas, de advogados pró-PT, curtiu o show de Gilberto Gil ao lado de Fernando Haddad. A turnê levou R$4 milhões dos Correios falidos, presidido por Fabiano Silva, indicado pelo grupo.

HH volta mesmo?

O Planalto jura que não irá interferir para salvar o deputado barraqueiro Glauber Braga (Psol-RJ) da cassação. Não é bem assim. A suplente Heloísa Helena (Rede-RJ), igualmente barraqueira, é crítica de Lula.

Triste declínio

A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) fez defesa pobre e burocrática de diploma, associou-se à “regulamentação” (censura, a rigor) das redes e “inovou”: “sem jornalismo não há democracia”. Quando lutou contra o autoritarismo, a ABI sustentava que não há democracia... sem liberdade.

Lobby ativo

Falta marcar a data para saber se planos de saúde continuarão a oferecer serviços não previstos na lista da ANS. O lobby das operadoras, despudorado, sempre prevalece. A bola está com o STF.

Fufuca com Lira

O deputado Arthur Lira (PP-AL) recebeu em Alagoas, nesta segunda (14), o ministro do Esporte que ele indicou, André Fufuca, para inaugurar duas obras para educação e prática esportiva na cidade de Coruripe.

Café salgado

No Dia do Café, ontem, nunca um cafezinho custou tão caro. A bebida querida dos brasileiros disparou 77,78% no governo Lula, nos últimos doze meses. Os números foram apurados no IPCA, do IBGE.

Bajulação prioritária

Com bicho pegando para todo lado, deputados acharam por bem aprovar urgência, o que acelera tramitação, do projeto que institui a Medalha Prefeitos pela Educação, honraria para bajular colegas de municípios.

Pensando bem...

...nem o coelhinho precisa de tantos dias de folga na Páscoa.

PODER SEM PUDOR

Menino de futuro

No golpe de 1964, Miguel Arraes foi retirado do governo pernambucano e seu vice Paulo Guerra assumiu. Um dia ele recebeu o filho de um amigo, o deputado Metódio Godoy. O rapaz queria emprego. Guerra descartou: “A única vaga que ainda não foi ocupada é a de vice-governador...” O rapaz não se fez de rogado: “Se o senhor não tiver ninguém em vista, eu aceito.” Guerra respondeu com espanto: “Meu filho, você tem futuro”. Anos depois, aquele garoto, Ribeiro Godoy, seria eleito deputado.

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