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Cesta básica em alta: o peso da inflação no bolso dos brasileiros

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A alta da cesta básica tem sido um desafio crescente para o orçamento das famílias brasileiras. Os números do Procon-SP e do Dieese mostram que, em fevereiro, os preços dos produtos essenciais subiram 1,14% em relação a janeiro, acumulando uma alta de 8,60% nos últimos 12 meses.

Na prática, isso significa que, um ano atrás, a cesta custava R$ 1.258,28, enquanto hoje o valor já chega a R$ 1.366,50. Esse aumento de mais de R$ 100 pesa no bolso, principalmente para quem já tem dificuldades para fechar as contas no fim do mês.

Por que os preços estão subindo? A inflação da cesta básica não acontece por um único motivo, mas por uma combinação de fatores. Alimentos, produtos de limpeza e higiene pessoal são afetados por mudanças nos custos de produção, transporte, câmbio e até fatores climáticos.

Os alimentos subiram 1,23% no último mês, com destaque para café em pó (71,74%), alho (31,50%) e óleo de soja (28,75%) no acumulado dos últimos 12 meses. O café, por exemplo, vem sofrendo com problemas na produção e no mercado global, o que pressiona os preços.

Os produtos de limpeza tiveram alta ainda maior no mês, de 2,53%, puxados por aumentos no custo das matérias-primas.

A única categoria que apresentou queda foi a de higiene pessoal (0,69%), o que pode ser um alívio para o consumidor, mas ainda não compensa a alta dos outros itens.

O que está na cesta básica? A pesquisa leva em conta produtos essenciais para a alimentação e o dia a dia das famílias, incluindo:

• Alimentos: arroz, feijão, leite, carne bovina, café, açúcar, farinha de trigo, batata, tomate, pão francês, óleo de soja, manteiga e frutas;
• Higiene pessoal: sabonete, creme dental e papel higiênico;
• Produtos de limpeza: detergente, água sanitária e sabão em barra.

O que isso significa para o consumidor? Com a cesta básica mais cara, o consumidor precisa fazer escolhas mais estratégicas. Muitas famílias já estão substituindo marcas, reduzindo o consumo de certos produtos e buscando promoções para aliviar o impacto da alta dos preços. Mas a grande questão é: até quando essa alta vai continuar?

A inflação da cesta básica se reflete diretamente no custo de vida no Brasil. Por isso, entender os fatores que impulsionam essa alta é essencial para que os consumidores e os formuladores de políticas possam buscar soluções e minimizar os impactos à população.

ARTIGOS

Supremo, Bolsonaro e o banco dos réus

25/03/2025 07h45

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Começa nesta terça-feira o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) que poderá transformar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete acusados em réus por suposta participação no planejamento de um golpe de Estado em 2022, ano da eleição do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A análise da admissão ou rejeição da denúncia será feita pela 1ª Turma do STF, composta pelos ministros Alexandre de Moraes (relator), Cristiano Zanin, Cármen Lúcia, Flávio Dino e Luiz Fux. Caberá a eles examinar se estão presentes os elementos mínimos exigidos para o processamento da ação penal.

Os ministros deverão analisar se a denúncia preenche os requisitos do artigo 41 do Código de Processo Penal (CPP) e se não se enquadra nas hipóteses de rejeição previstas no artigo 395 do CPP. Trata-se, em síntese, de um exame quanto às formalidades exigidas para o processamento regular de uma ação penal. O estigma que paira sobre todos os réus, independentemente do crime imputado, deve ser levado em consideração com extremo rigor nesta fase processual. No entanto, a prática demonstra que, na maioria das vezes, os magistrados apenas citam a presença dos elementos essenciais para o recebimento da denúncia e abrem prazo para a resposta à acusação.

No artigo 41 do CPP, exige-se que a denúncia descreva de forma clara e detalhada os fatos que constituem o crime, permitindo que o acusado compreenda plenamente as acusações e exerça sua defesa. Em casos que envolvem múltiplos réus, a denúncia deve individualizar as condutas de cada um.

Por outro lado, o artigo 395 do CPP estabelece que a denúncia será rejeitada caso seja inepta – ou seja, se descumprir as exigências do artigo 41, especialmente no que se refere à descrição detalhada das condutas imputadas – ou se faltar pressuposto processual ou justa causa para o exercício da ação penal.

Os pressupostos processuais dividem-se em pressupostos de existência e de validade. Os de existência incluem: a presença das partes envolvidas, a figura do juiz investido em sua função e a acusação formalizada no processo penal. Já os de validade envolvem a competência do juiz, sua imparcialidade, a capacidade para realização dos atos processuais, a legitimidade das partes e a citação válida.

As condições da ação penal incluem: a existência de fato aparentemente criminoso, a punibilidade concreta, a legitimidade das partes e a justa causa. Para que a denúncia seja aceita, é necessário haver indícios razoáveis de autoria e materialidade dos crimes imputados ao acusado, com base em provas preliminares coletadas durante a investigação.

No caso do ex-presidente Bolsonaro, estão presentes todos os elementos para o recebimento da denúncia? A análise se concentrará na situação do ex-presidente, dada a relevância de uma acusação contra um ex-chefe de Estado.

A Procuradoria-Geral da República denunciou Bolsonaro pelos crimes de liderar organização criminosa

armada (art. 2º, caput, §§2º, 3º e 4º, II, da Lei nº 12.850/2013), tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito (art. 359-L do CP), golpe de Estado (art. 359-M do CP), dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, causando prejuízo significativo (art. 163, parágrafo único, I, III e IV, do CP), e deterioração de patrimônio tombado (art. 62, I, da Lei nº 9.605/1998), com base nas regras de concurso de pessoas (art. 29, caput, do CP) e concurso material (art. 69, caput, do CP).

A denúncia, com 272 páginas, detalha as condutas imputadas a cada acusado. No caso de Bolsonaro, a peça ministerial vincula os fatos às provas colhidas durante a investigação, incluindo a colaboração premiada de Mauro Cid. A narrativa cumpre os requisitos do artigo 41 do CPP, descrevendo de forma detalhada as imputações. Além disso, não há, nesta fase processual, qualquer elemento que justifique a rejeição da denúncia com base no artigo 395 do CPP.

Em outras palavras, a denúncia preenche os requisitos formais para ser recebida, permitindo o regular processamento da ação penal. No entanto, isso não significa que haja provas definitivas contra o ex-presidente. Assim, a culpabilidade de Bolsonaro só poderá ser confirmada ao fim do processo, com a observância do devido processo legal, direito fundamental garantido a todos os brasileiros, independentemente de suas convicções políticas.

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Céu azul no PIB, tempestade no bolso: o paradoxo econômico do Brasil atual

25/03/2025 07h30

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A economia brasileira encerrou 2024 com um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 3,4%, um dos melhores resultados da última década. No entanto, por que, apesar desse dinamismo, a percepção da população sobre a economia não acompanha esse desempenho? Existem diversas razões, inclusive de natureza não econômica, mas aqui destaco duas fundamentais: o aumento do preço dos alimentos e o encarecimento do crédito.

Nos últimos quatro anos, o Brasil vem registrando crescimento econômico positivo. Paralelamente, a renda média dos trabalhadores também apresentou alta. No quarto trimestre de 2024, o rendimento médio alcançou R$ 3.326,00, mantendo a trajetória de crescimento. Segundo um estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), a renda habitual média cresceu 4,3% em termos interanuais.

Ainda assim, a confiança do consumidor apresentou queda. Dados da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo mostram que o índice de confiança do consumidor caiu 12,8% em fevereiro, comparado ao mesmo período de 2024.

Acredito que a principal razão para essa deterioração da percepção econômica é a inflação. Embora a inflação média tenha fechado 2024 em 4,83% – apenas 0,33 ponto porcentual acima da margem de tolerância da meta –, esse número aparentemente benigno esconde a forte alta de itens essenciais. 

De acordo com os dados do IPCA detalhados pelo Sidra IBGE (2025), alguns alimentos registraram aumentos expressivos em 12 meses: o café moído subiu 66%, as carnes, quase 22%, o açúcar, 8%, o leite longa vida, 11%, e o óleo de soja, 23%. Como esses produtos são de difícil substituição, especialmente para as famílias de menor renda, a pressão sobre o orçamento doméstico é intensa, agravando a sensação de perda de poder de compra.

Outro fator que impacta diretamente o bem-estar da população é o custo do crédito. Em janeiro deste ano, as taxas de juros para concessões de crédito livre atingiram 42,3% ao ano, segundo o Banco Central. Esse encarecimento restringe o consumo e dificulta o acesso a financiamentos, ampliando a sensação de deterioração econômica.

Portanto, apesar do crescimento do PIB e do aumento da renda média, a forte alta de preços de itens essenciais e o custo elevado do crédito ajudam a explicar por que a percepção da economia entre os brasileiros esteja negativa.

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