Artigos e Opinião

ARTIGO

Felipe Augusto Dias: "Compromissos
pelo Pantanal devem ser mantidos"

Engenheiro Agrônomo, diretor do Instituo SOS Pantanal

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Em outubro de 2016, o Instituto SOS Pantanal reuniu na Fazenda Caiman, no Pantanal de Miranda, em Mato Grosso do Sul, pela primeira vez os governadores dos Estados do Mato Grosso do Sul e do Mato Grosso para debaterem sobre o desenvolvimento e a proteção do Pantanal.

Este encontro histórico denominado “Carta Caiman” resultou na elaboração de um documento com compromissos importantes para proteção do Pantanal. O projeto de Lei 750 de 2011, proposto pelo senador Blairo Maggi, foi foco dos debates e surgiu como uma sinalização de um possível caminho para se equalizar as legislações dos estados formadores do Pantanal, e preencher as lacunas que o novo Código Florestal de 2012, que desde 1988 depende de uma legislação específica para o Pantanal. 

Nas duas primeiras comissões o PL 750 avançou muito nas discussões e a sua redação evoluiu em relação a proposição inicial. Contudo, nesta última comissão, em consequência de equívocos de entendimento de conceitos, a todo momento que se apresentava um relatório, este foi sendo alterado por pressões de setores que não entendem a importância da proteção do Pantanal para a continuidade das atividades econômicas na região.

A proteção das nascentes e das terras altas que integram rede hidrográfica do Pantanal, tornou-se um o principal ponto de debates. 

É fato que tudo que acontece no planalto reflete na planície pantaneira. Para compreender os efeitos do desmatamento no planalto basta visitar o rio Taquari e presenciar o seu contínuo assoreamento. Um impacto ambiental que fez a região ser abandonada pelos produtores rurais, sendo considerada hoje uma terra improdutiva.

As ameaças apenas aumentam no Planalto, área conhecida como o Peri Pantanal, onde nascem os rios que formam o bioma. Segundo o Atlas do Desmatamento do Pantanal de 2017, produzido pelo Instituto SOS Pantanal, 61% da vegetação nativa deste planalto foi devastada, um número alarmante para a proteção da planície.  Pesquisas da Embrapa e de Myrian de Moura Abdon para a Universidade de São Paulo (2004) revelam que este crescente desmatamento pode ter consequências irreversíveis para o bioma.

Apesar dessa desastrosa experiência e da constatação científica dos riscos, no último relatório apresentado e retirado de pauta, por solicitação do setor agropecuário na Comissão do Meio Ambiente e Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle, foi suprimido do artigo 1º a citação que identificava a Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai como unidade de gestão do bioma.

A retirada deste artigo, tornou o PL 750 uma Lei com proteção ilusória, como disse o Engenheiro Agrônomo Décio Siebert: “uma lei para proteger a copa da árvore”;todos sabemos que de nada adianta proteger a copa de uma árvore, porque ela se sustenta a partir das raízes e é equilibrada pelo seu tronco.

O PL da Lei do Pantanal contraria os atuais conceitos sobre a proteção do Pantanal. Segundo o Código Florestal (Lei Federal 12.727/2012) o artigo 10º define que o Pantanal é uma Área de Uso Restrito, já para Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei Federal 9.433/1997), em seu artigo 1º, destaca nos fundamentos que a Bacia Hidrográfica é a unidade de gestão da água.

Outro ponto alarmante é que o Planalto da Rede Hidrográfica do rio Paraguai e do Pantanal contam apenas com 4% de áreas de proteção, enquanto as metas de conservação sugerem 17%. Pesquisas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, coordenadas por Fabio Roque (2016) apontam que a vegetação nativa do planalto já está se aproximando de níveis críticos de degradação. 

O Pantanal é altamente dependente da água, por isto o artigo 1º - retirado do PL 750 - prejudica não só a proteção do Pantanal, que por séculos convive com a presença da agropecuária, mas prejudicará também esta atividade, como foi comprovado no rio Taquari. Se a gestão da bacia for retirada do texto, simbolicamente falando não protegerá as raízes, o tronco e muito menos a copa da árvore.

No dia Nacional do Pantanal, comemorado neste 12 de novembro, a mensagem que o Instituto SOS Pantanal deseja repassar na verdade é um pedido. Uma súplica pelo bom senso dos legisladores que tratarão do PL 750/2011, para que estes repensem no tipo de lei que votarão para o Pantanal e as consequências que esta irá desencadear para uma das regiões de maior biodiversidade do país, refúgio de 3.500 espécies de plantas, 550 aves e 124 mamíferos e o lar do homem pantaneiro que há mais de duzentos anos vive da pecuária na região sem comprometer a proteção do bioma.  

Outro pedido é para que os que os novos governadores dos estados formadores do Pantanal, que a partir de janeiro decidirão sobre o futuro do bioma e dos pantaneiros, não abandonem os compromissos assinados em 2016. 

ARTIGOS

Práticas sustentáveis e a gestão da água: lições do Rio Sena e as implicações ao futuro

20/08/2024 07h45

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Nas últimas décadas, as práticas sustentáveis ganharam grande relevância, especialmente em relação à gestão dos recursos naturais. A água, elemento essencial para a vida, é um dos recursos mais críticos nesse contexto.

A recente polêmica em torno da qualidade das águas do Rio Sena, na França, durante a Olimpíada, chamou atenção em função de sua poluição e destaca a urgência de abordarmos as questões ambientais de forma mais integrada e responsável, a fim de protegermos nossos rios e lagos.

Apesar dos esforços significativos para despoluir o rio ao longo dos anos, tendo gastado aproximadamente 1,4 bilhão de euros, a qualidade da água ainda apresentou riscos para os atletas, colocando em evidência as lacunas nas políticas ambientais e na gestão sustentável dos recursos hídricos.

A situação não acontece só na França e é um reflexo de um problema global. Em várias partes do mundo, rios, lagos e oceanos estão sob constante ameaça, em virtude do descarte inadequado de resíduos industriais e urbanos, além da falta de tratamento de esgoto.

Isso não só impacta a biodiversidade, mas também afeta diretamente a saúde pública e a qualidade de vida das populações ribeirinhas.

A experiência do Rio Sena nos ensina lições valiosas que podem e devem ser aplicadas. Primeiramente, destaca a importância de políticas públicas robustas e que priorizem a preservação e a recuperação dos recursos hídricos.

Além disso, a conscientização pública e a participação da sociedade civil são fundamentais para garantir a sustentabilidade a longo prazo.

Outro aspecto imprescindível é o investimento em infraestrutura verde, como a construção de sistemas de tratamento de esgoto eficientes e a implementação de soluções baseadas na natureza para a gestão de águas pluviais, medidas fundamentais que não só ajudam a melhorar a qualidade da água, mas também contribuem para proteger as cidades diante das mudanças climáticas.

À medida que o mundo enfrenta desafios ambientais maiores e cada vez mais complexos, a gestão sustentável da água se torna uma questão de sobrevivência. 

A Olimpíada de Paris e as controvérsias em torno do Rio Sena devem servir como um alerta para que governos, empresas e cidadãos repensem suas práticas.

No Brasil, onde a abundância de recursos hídricos muitas vezes gera descaso, é vital que aprendamos com as lições do Sena.

A implementação de práticas sustentáveis, desde o uso consciente da água até a preservação de nascentes e mananciais, é essencial para garantir a segurança hídrica e a saúde ambiental das futuras gerações.

A água, sendo um recurso natural e finito, deve ser gerida com a máxima responsabilidade. Somente por meio de práticas sustentáveis e de uma conscientização coletiva poderemos assegurar um planeta saudável e capaz de sustentar a vida em toda a sua diversidade.

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CLÁUDIO HUMBERTO

"A volta do 'toma lá, dá cá' é um erro grave"

Deputado Danilo Forte (União-CE) avisando que emendas impositivas não têm volta

20/08/2024 07h00

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Remédio é conter STF e impeachment, diz oposição

A oposição continua mobilizada para pressionar o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, a abrir processo de impeachment do ministro do STF Alexandre Moraes, alvo de seguidas acusações de abuso de poder e perseguição a aliados e seguidores do ex-presidente Jair Bolsonaro, publicadas no jornal Folha de S. Paulo. Para um desses seguidores bolsonaristas, deputada Bia Kicis (PL-DF), “há remédio [para o Brasil] e ele começa com o impeachment do Alexandre de Moraes”.

Resgate urgente

Procuradora de carreira aposentada, Bia Kicis afirma que o Legislativo está desprestigiado “e precisa resgatar suas atribuições constitucionais,”

Abaixo-assinado

Movimento pelo impeachment de Moraes soma 4,83 milhões de pessoas na plataforma Change.org. Outro, iniciado há três dias, já tem 850 mil.

Mourão apoia

O senador Hamilton Mourão (Rep-RS) também apoia a abertura do impeachment e o fim das decisões monocráticas de ministros do STF.

Respeito à Carta

Para Mourão, é preciso restabelecer o equilíbrio entre os Poderes “para barrar o avanço” do STF para além dos limites pela Constituição.

BNDES não gasta tanto em propaganda desde 2018

O BNDES não negou a informação divulgada ontem nesta coluna, sobre seus gastos com propaganda, de janeiro a julho de 2024, mais de cinco vezes o que torrou no mesmo período em 2023, mas alega informação “distorcida”. A desculpa é culpar a gestão anterior por não planejar a gastança de 2023. Pior: informa que os gastos atuais estariam “abaixo do limite contratual com as agências licitadas”, sugerindo que a farra irá aumentar. O banco não gasta tanto dinheiro em propaganda desde 2018.

Sem dó e piedade

Nos primeiros sete meses de 2023, o BNDES gastou mais de R$6 milhões e no mesmo período de 2024 cinco vezes mais: R$32,4 milhões.

Natal obeso

O BNDES gastou R$38,8 milhões com propaganda em 2023, dos quais R$30,7 milhões foram somente no mês de dezembro.

Transparente no escuro

BNDES alega que sua transparência seria “premiada” e não explica por que já torrou, até julho último, quase tudo (84%) dos gastos de 2023.

Corte ideológica

Na queda de braço do Congresso vs. aliança Lula/STF, Domingos Sávio (PL-RJ) lembra que não existe e nunca “ditadura do Legislativo”, mas diz que, abandonando a imparcialidade, o STF se torna “corte ideológica”

Questão de respeito

Sobre impeachment de Moraes, o deputado Sargento Gonçalves (PL-RN) diz que “isso não é sobre vingança ou retaliação”, mas “restabelecer o equilíbrio de poderes” e o respeito ao Legislativo.

Poder enfraquecido

Marcel van Hattem (Novo-RS) critica a prioridade da maioria dos colegas aos “interesses paroquiais” das emendas. Para ele, isso enfraquece o Legislativo, “que deveria ser o supervisor dos demais poderes”.

Holofote

Na semana da morte de Sílvio Santos, do Botafogo x Flamengo e volta dos campeonatos europeus, Alexandre de Moraes entrou nos assuntos mais buscados da internet dos últimos 7 dias, aponta o Google Trends.

PSB que casssa

A ação que pretende cassar a candidatura de Pablo Marçal (PRTB) em foi proposta pelo PSB ao Ministério Público Eleitoral, que também até já pediu cassação de Guilherme Boulos, mas este a Justiça já negou.

Aperto de sempre

Quase todas as pesquisas nos EUA apontam disputa acirrada entre Donald Trump e Kamala Harris. Ela está à frente há alguns dias, mas configura empate técnico quando consideradas as margens de erro.

Auditável previne fraude

A urna eletrônica da Venezuela, made in Argentina, é auditável porque, quando a votação é encerrada, imprime um comprovante com os resultados e um QR Code que os resume. O papel é assinado por mesários e fiscais, daí a dificuldade de a tirania fraudar cada documento.

Back-up de votação

A oposição venezuelana se preparou para enfrentar a fraude, orientando dezenas de milhares de fiscais a fotografarem comprovantes de votação (atas eleitorais) e seus QR code, antes de os militares recolherem tudo.

Pensando bem...

...urnas auditáveis na Venezuela prenderam o rabo do ditador.

PODER SEM PUDOR

Jânio e a torta

Como todo político em campanha, o estômago de Jânio Quadros tudo aceitava sem direito a queixas. E ele se derramava em elogios, às vezes imerecidos. Foi o caso da torta de odor suspeito oferecida pela mulher de um prefeito, no interior de São Paulo. Ele mentiu: “Que delícia! Seria ótimo outro bocado para a viagem de amanhã!” Ao amanhecer, quando se preparava para partir, recebeu da orgulhosa senhora uma nova torta. Jânio agradeceu, comovido, até enxugou uma lágrima inexistente. Mas a atirou no lixo, tão logo dobrou a esquina.

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