Colunistas

CLÁUDIO HUMBERTO

"PEC da Segurança Pública ou da Embromação?"

Senador Sérgio Moro (União-PR) duvida que a proposta sirva para alguma coisa

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Fim da gotinha encarece vacina e alegra indústria

Levanta suspeitas na Câmara a troca da gotinha contra poliomielite pela vacina injetável. “É muito mais fácil disseminar vacina que é uma gotinha do que por meio de injeção”, observa o deputado, médico e ex-secretário de Saúde do Rio Grande do Sul Osmar Terra (MDB-RS). Ele lembra que a injeção é muito mais cara porque exige a compra de milhões de seringas, agulhas etc., o que gerou suspeitas de interesse econômico por trás da medida do Ministério da Saúde. Adotada há 35 anos, a gotinha sempre foi eficaz e sem registro da doença em pessoas imunizadas.

Faltam explicações

Osmar Terra disse esperar que o Ministério da Saúde, diferente de todas as outras vezes que mexeu com vacina, explique melhor essa mudança.

Deputada estranha

A deputada Roseana Sarney (MDB-MA) cobrou explicações da ministra Nísia Trindade (Saúde), nesta terça-feira (5), sobre a estranha mudança.

Rincões do Brasil

“Preocupações financeiras e logísticas precisam ser abordadas”, justifica a deputada ao destacar regiões com limitações ao acesso à saúde.

Zé Gotinha mudo

A coluna procurou o Ministério da Saúde para que justificasse a troca no tipo de imunizante, mas não houve resposta. O espaço segue aberto.

Homem da ‘ética publica’ tenta melar acordo da Vale

Após afirmar que a presidência da Comissão de Ética da Presidência da República não impede suas atividades, “desde que não gere situação caracterizadora de conflito de interesses”, o advogado Manoel Caetano assinou petição ao Supremo Tribunal Federal (STF), a serviço da banca inglesa de advocacia Pogust Goodhead (PG), contra acordo avalizado pelo governo federal para indenizar as vítimas do desastre de Mariana. Caetano tenta barrar no STF o Programa Indenizatório Definitivo, que prevê a maior indenização da História para os afetados: R$170 bilhões.

Fundos abutres

O PG tem histórico de ajuizar ações em Londres para fundos abutres caçadores de desastres, em busca comissões obesas de indenizações.

Perdeu, Mané

O acordo da Vale e BHP com as vitimas permitiu a solução do caso no Brasil, frustrando o pretendido faturamento dos fundos abutres.

Tentativa de ‘melar’

A petição de Manoel Caetano ao STF tenta preservar os interesses dos clientes da PG supostamente representando novas “vítimas” do desastre.

Suicídio de defunto

Foi até engraçado: filiado ao Psol, que não elegeu um só prefeito em 5.570 municípios, Guilherme Boulos (SP) disse que “seria suicídio” a esquerda (que elegeu só 12% do total) se aliar a forças de centro.

Só jogar parado

Se houver fidelidade dos colegas, Hugo Motta (Rep-PB) já pode estourar o champagne. Somados, os partidos que o apoiam para presidir a Câmara já somam 355 deputados. Ele precisa de 257 para se eleger.

Vergonha, OAB

A deputada Carol de Toni (PL-SC) cobrou: “Onde estava a OAB quando os direitos dos cidadãos foram pisoteados?”, referindo-se ao processo absurdo contra o jurista Ives Gandra por suposta “incitação a golpe”.

Apenas um rolê

Badalaram o “pedido” de Lula para o ministro da Fazenda não viajar, mas ninguém perguntou o que Haddad faria de tão importante na Europa. A resposta: nada de relevante. Nem sequer tinha agenda definida.

Só pensam em taxar

Avança na Câmara a criação de fundo para “manutenção do carnaval”, taxando bebidas alcoólicas em mais 0,5% ou 1%. Recebeu parecer favorável do deputado Alfredinho (PT-SP) na Comissão de Cultura.

Eles amam Bolsonaro

Faz sentido muitos acharem que Lula se alimenta de Bolsonaro: dois anos depois, o petista ainda não fez entregas. Resta-lhe acionar seus cães contra o inimigo, mesmo que o vitimize. Afinal, o amor venceu.

De mau gosto

“Só pode ser piada”, diz Deltan Dallagnol, custando acreditar na fala do ministro Renan Filho (Transportes) de que traficantes preferem rotas no Brasil porque “nossos portos e aeroportos são melhores”.

Brasil machista

Levantamento Nexus/FSB mostra que 23.138 mulheres receberam apenas de zero e 10 votos, nas eleições municiais deste ano. Esse total representa 14,5% das candidaturas femininas.

Pensando bem...

...as guerras pareceram sumir por um dia.

PODER SEM PUDOR

A loucura de Benedito

Às vésperas da escolha do interventor de Minas Gerais, em 1934, Benedito Valadares se encontrou no Rio de Janeiro com José Maria Alkmin: “Se você for o escolhido, me convida para secretário?” Alkmin respondeu, divertido: “Você está louco, Benedito?” Dias depois, Getúlio Vargas anunciaria a escolha de Valadares, que logo recebeu um telegrama: “Parabéns. Retiro a expressão. Ass., Zé Maria”. A raposa política seria nomeado secretário do Interior.

artigos

A esquerda, sem rumo e sem prumo

05/11/2024 07h00

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O recado do eleitor foi claro: “vamos enterrar a ideologia, se não no cemitério das entidades mortas, pelo menos na gaveta das circunstâncias”. Foi o que vimos. O Brasil recolhe as bandeiras da esquerda, pelo menos por enquanto, até que novas circunstâncias e o espírito do tempo sugiram a necessidade de voltar a trocar as ferramentas da engrenagem.

Lendo o recado em letras garrafais: na última eleição, o eleitor puxou o País para o centro, votando de maneira pragmática, deixando de lado posicionamentos ideológicos de esquerda e extrema esquerda e optando por votar com o olho nas demandas ao redor.

Saiu da concha, onde se recolhera ao longo das últimas décadas, embalado em um pacote de boas promessas, principalmente as que acenavam com a ideia de mais dinheiro no bolso, consequentemente, geladeira cheia, barriga satisfeita, coração agradecido e cabeça disposta a votar nos entes jurídicos (partidos) e físicos (candidatos) patrocinadores do fenômeno. Ou seja, votava na equação BO+BA+CO+CA, bolso, barriga, coração, cabeça.

Neste último pleito, botou a cabeça para fora da toca para dizer: “A equação não tem sido bem-composta, por isso, vou mudar o time”. Escolheu figuras que satisfazem suas carências, nomes novos para as prefeituras e os antigos, que receberam o passaporte da reeleição por fazerem eficiente gestão. Cerca de 80% dos candidatos que buscavam se manter nos cargos conquistaram a vitória.

É fato que a esquerda trouxe muitos benefícios ao País ao longo de décadas. Com um pacote de programas e ações fundamentais, fixou suas estacas em cantos e regiões, de todos os quadrantes, principalmente em territórios mais carentes, como o Nordeste ou a periferia de São Paulo, onde se aglomeram os maiores contingentes despossuídos da nação.

Essas massas carentes sempre agradeceram aos benfeitores, concedendo-lhes seu voto. O que não deve ser entendido como uma amarração eterna na árvore esquerdista. E mais: eventuais compromissos com a esquerda devem ser compreendidos em cada contexto da quadra político-eleitoral. Podem ser rompidos, e os votos serem dirigidos a pessoas diferentes. Por exemplo, a periferia de São Paulo votou, em massa, no prefeito Ricardo Nunes, de centro-direita, e não em Guilherme Boulos, o candidato da esquerda. No passado, elegeu Marta Suplicy e Paulo Maluf, Jânio Quadros e Luiza Erundina.

Portanto, estamos diante de um eleitor pendular, cuja imagem se assemelha a dos eleitores dos estados pendulares nos EUA (swing states) – Arizona, Geórgia, Michigan, Nevada, Carolina do Norte, Pensilvânia e Wisconsin, que serão decisivos na corrida presidencial americana, com desfecho marcado para daqui a pouco, 5 de novembro. Votam ora em um candidato democrata, ora em um candidato republicano. A conclusão é a de que, tanto lá como aqui, o eleitor sobe e desce na gangorra, votando sob a sombra de suas circunstâncias, detonadora da vontade das massas.

Esse é, aliás, o mecanismo propulsor da democracia, a capacidade de o eleitor mudar instrumentos da orquestra – tambores, cordas e metais – e também os músicos, caso queira. Lembramos que, em décadas passadas, a comunidade mundial presenciava as quedas sucessivas de governos europeus – entre os quais Islândia, Dinamarca, Grã-Bretanha, Grécia, Holanda, Irlanda, Eslováquia, Portugal, Itália e Espanha.

A queda da parede de dominó abriu intensa polêmica sobre o fenômeno da globalização, sinalizando, ainda, a ascensão da tecnocracia ao centro do poder político e contribuindo para mobilizar massas, até então amorfas, em países credores e devedores.

Abrigados nas margens do espectro ideológico, grupos de todos os matizes passaram a agir como exércitos destemidos, tomando as ruas, exigindo a saída de governantes açoitados pela crise financeira e a entrada na cena política de figurantes e de propostas inovadoras.

A crítica mais comum versava sobre a perda das identidades nacionais. As nações passaram a ter governos manietados ou, para usar termo mais leve, controlados pelo mandatário-mor do planeta, o capital internacional. Ao longo dos anos, as massas eleitorais puderam ajustar seus sistemas de governo, dançando de um lado para outro nos espaços do arco ideológico.

Sob essas idas e voltas, assistimos ao recuo da esquerda no mundo. E qual o fator determinante para explicar esse refluxo? As promessas não cumpridas pela democracia. Sempre recorro ao sociólogo italiano Norberto Bobbio para explicar os buracos no edifício da democracia, feitos por um conjunto de promessas não cumpridas – entre elas a educação para a cidadania, o combate às oligarquias e a eliminação do poder invisível.

No caso da nossa América do Sul, o rodízio que se processa no arco ideológico, entre os polos da direita e da esquerda, leva em conta a saturação do eleitor com a velha ordem política. Aliás, tal cansaço parece ocorrer aqui e alhures, dando conta da indignação do votante para com as promessas descumpridas pelos agentes públicos. Os nossos vizinhos, entre eles a Argentina, o Uruguai, o Paraguai, a Colômbia e o Peru, passeiam muito pela esfera ideológica.

Volto aos nossos trópicos. E o que vejo? O PT, que lidera a frente da esquerda, com um discurso embolorado. E cercado por velhos caciques. O PSOL, de Boulos, sem credibilidade e recolhido em sua extremidade. Não à toa, a esquerda perdeu o rumo. E está sem prumo.

Artigos

Abstenção nas eleições municipais: o voto ainda é uma ferramenta prioritária para o cidadão?

Por Dilermando Martins, mestre em Ciências Sociais e doutor em Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR)

04/11/2024 07h45

Arquivo

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Por longos anos, o exercício do sufrágio esteve nas mãos de seletos grupos políticos. No Brasil monárquico, sequer existia, de modo que o poder era emanado de um único soberano: o Rei. Foi somente com a Constituição da República, em 1891, que o exercício do voto foi constitucionalmente garantido – ainda que adstrito a oligarquias e demais categorias sociais que gozavam de privilégios.

Historicamente, a luta pelo direito ao sufrágio foi árdua, e somente com a Assembleia Constituinte, que daria corpo à nossa Constituição, é que a universalidade se tornou característica associada ao exercício do direito político. É na redemocratização que o Brasil e seus cidadãos escrevem uma nova história.

No dia 27 de outubro, várias cidades do Brasil passaram pelo segundo turno das eleições municipais, colocando para o eleitor o dever do exercício constitucional da cidadania por meio do voto. A Constituição brasileira prescreve uma série de garantias acerca dos direitos políticos, entre elas o direito ao sufrágio universal, além da proteção intocável do voto direto, secreto, universal e periódico.

Neste ano, muita coisa mudou e, ao que parece, o exercício do voto deixou de ser ferramenta prioritária para os cidadãos. Somente em Curitiba, no Paraná, foram 432 mil eleitores que se abstiveram de votar. Além de ser um recorde, o dado traz outra consequência: o número de abstenções ultrapassou o número de votos dados à segunda colocada: foram 390.254 votos para a candidata Cristina Graeml (PMB), número abaixo das ausências registradas naquele domingo. Mas, afinal, o que esse dado tem a nos revelar?

Primeiramente, é possível atribuí-lo à facilidade na justificativa dos votos. Com o aplicativo e-Título, disponibilizado pela Justiça Eleitoral, justificar a ausência nunca foi tão simples, bastando abrir o APP e clicar em “justificar o voto”. A tecnologia, utilizada a favor do processo eleitoral, merece elogios e revela o quanto essa ferramenta pode ser fundamental para as eleições. 

Não obstante, uma análise mais profunda demonstra um outro cenário: a insatisfação do eleitor. O crescente contexto de corrupção, aliado à ausência de propostas concretas de transformação nos municípios, além da desmoralização dos debates públicos e das trocas de ofensas generalizadas entre os candidatos, levam o cidadão a crer que o exercício do seu voto não será capaz de realizar mudanças significativas. O sinal de alerta se acendeu, e é preciso estar vigilante em relação a ele. 

Não se pode incutir no eleitorado a ideia de que a democracia morreu ou de que o voto tem pouca serventia. Pelo contrário, está mais do que clara a necessidade de se atentar ao exercício do direito político como nossa mais potente ferramenta de mudança político-social. Afinal, aqueles que usurpam o poder dependem – não somente, mas majoritariamente – do nosso voto de confiança enquanto cidadãos titulares de um poder valioso.

Está mais do que na hora de usar esse mecanismo a nosso favor ou veremos amargar a democracia que tanto se almejou nos idos do fim da década de 1980. Que as eleições de 2024 sejam capazes de demonstrar isso ao povo brasileiro! 

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