Política

Rio Brilhante

Zeca ataca nº2 de ministério de Lula por apoiar invasão de fazenda em MS

Deputado estadual é contrário a ocupação por indígenas de fazenda que pertence a companheiro do PT

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No ataque à invasão de fazenda promovida por indígenas em MS, parlamentar criticou ocupação em discurso na Assembleia e, agora, atacou secretário-executivo de ministério de Lula, favorável ao manifesto.


Deputado estadual José Orcírio dos Santos, o Zeca do PT, que na semana passada fez discurso na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul manifestando-se relutante à invasão de uma fazenda situada na cidade de Rio Brilhante, a 160 quilômetros de Campo Grande retomou o assunto, neste fim de semana, ao atacar o parecer de Eloy Terena, o secretário executivo  do Ministério dos Povos Indígenas, apoiador do ato dos índios guarani-kaiowá.


Zeca disse que o secretário do ministério estaria agindo com “irresponsabilidade” ao concordar com o manifesto dos indígenas.


Para o ex-governador de MS, os guarani-kaiowá estariam incorrendo num erro ao ocupar a fazenda do Inho, de 300 hectares, em Rio Brilhante, por não existir nem sequer um estudo antropológico indicando que a área pode ser propriedade dos indígenas.

Para o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), entidade que defende as causas dos índios, ligada à Igreja Católica, há, sim, uma pesquisa em andamento apontando indícios que a terra pode ser dos indígenas.


REIVINDICAÇÃO HISTÓRICA

O próprio Eloy Terena, por meio de suas redes sociais, já havia expressado apoio à ocupação da fazenda. "O Ministério dos Povos Indígenas acompanha a situação dos Guarani Kaiowá que retomaram seu território em Mato Grosso do Sul.

No local existe uma reivindicação histórica pelo território. Nosso compromisso é trabalhar para concluir a demarcação e garantir a proteção da comunidade”, escreveu o secretário executivo do ministério dos Povos Indígenas.


REAÇÃO

O manifesto de Zeca contra o secretário do ministério de Lula foi rebatido, por meio de nota, pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, a associação nacional de entidades que representam os povos indígenas do Brasil. 


“Em mais uma demonstração de desprezo as lutas e povos indígenas do MS, o deputado estadual Zeca do PT agora tenta invalidar a luta e protagonismo do Secretário-Executivo do MPI (@minpovosindigenas ), Dr. Luiz Eloy Terena. Viemos ressaltar: irresponsabilidade é pôr em risco a vida dos povos indígenas, em nome da proteção de seus aliados e de interesses pessoais. Irresponsabilidade é estar deputado estadual no estado mais anti-indígena do país e tentar deslegitimar nossos direitos originários. Irresponsabilidade é não se informar, mas ocupar uma tribuna como representante do povo e apenas representar interesses próprios”, diz trecho comunicado.


Seguiu a associação:

“até onde pode ir um político para defender "os seus"? O quanto um homem não indígena precisa ter de vivência para respeitar o meio ambiente, a vida e a diversidade de povos do seu próprio estado? Talvez, quando o deputado perceber que a luta pela demarcação das terras originárias dos povos indígenas é urgente, já seja tarde demais para um futuro. Porém, acreditamos que finalmente a sociedade sul-mato-grossense entendeu, na prática, a importância que tem os povos indígenas ocuparem espaços de poder. Todo político é nosso amigo, até que seja confrontado ou ofuscado pelas nossas lutas”.


A associação finalizou a nota sustentando que “a luta indígena é ancestral. Viemos e somos antes de política, antes de assembleias legislativas e casas de lei, antes das dezenas de ano de história política de qualquer deputado. 30 anos de política não superam nossa história milenar. Todo cargo passa, nossa resistência e história persistem. Exigimos respeito!”.

Zeca do PT, que repete sempre em discurso ou debates acerca do assunto, ser favorável à demarcação das terras indígenas, afirmou na Assembleia Legislativa, semana passada, que não vai apoiar o manifesto dos indígenas em Rio Brilhante.

“Não contem comigo”, afirmou logo depois de citar que a área em questão é produtiva e estaria fora da relação de fazendas que poderia, depois de estudo antropológico, ser legitimada como terra indígena.

A fazenda do Inho, área de aproximados 300 hectares reocupada na semana passado por indígenas da etnia Guarani-Kaiowá é do presidente do diretório do Partido dos Trabalhadores (PT) de Rio Brilhante, José Raul das Neves Júnior. 

Zeca, ao discordar da opinião de Eloy Terena, questionou o secretário-executivo por por ele “não ter” feito nenhum ato favorável a ocupação de áreas por indígenas no período que o Brasil foi chefiado por Jair Bolsonaro (2019-2022). O Correio do Estado tentou ouvir Terena, mas até a publicação deste material, ele não havia se manifestado. Caso responda sua versão será incluída.

 

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Espera

Motta aguarda assessoria jurídica da Câmara para definir posse de suplente de Zambelli

Primeira Turma do STF confirmou, ontem, 12, a decisão do ministro Alexandre de Moraes que decretou a perda imediata do mandato de Zambelli

13/12/2025 21h00

Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta

Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta Foto: Câmara dos Deputados

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O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), espera uma resposta da assessoria jurídica da Casa para definir o destino do mandato da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) até segunda-feira, 15.

A equipe de Motta afirmou à reportagem que a decisão deve tratar não necessariamente da cassação de Zambelli, mas da posse de Adilson Barroso (PL-SP). O prazo de 48 horas dado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) à Câmara menciona especificamente a posse do suplente, não a cassação da titular.

A Primeira Turma do STF confirmou, ontem, 12, a decisão do ministro Alexandre de Moraes que decretou a perda imediata do mandato de Zambelli. O colegiado também chancelou a determinação para que a Mesa da Câmara dê posse ao suplente da deputada em até 48 horas, como prevê o regimento interno da Casa.

A decisão anulou a deliberação da própria Câmara de rejeitar a cassação de Zambelli, o que foi visto como afronta ao STF. Foram 227 votos pela cassação, 170 votos contrários e dez abstenções. Eram necessários 257 votos para que ela perdesse o mandato.

Moraes disse em seu voto que a deliberação da Câmara desrespeitou os princípios da legalidade, da moralidade e da impessoalidade, além de ter "flagrante desvio de finalidade".

O ministro afirmou que a perda do mandato é automática quando há condenação a pena em regime fechado superior ao tempo restante do mandato, já que o cumprimento da pena impede o trabalho externo.

Nesses casos, cabe à Casa legislativa apenas declarar o ato, e não deliberar sobre sua validade.

O STF condenou Zambelli em maio pela invasão de sistemas e pela adulteração de documentos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A pena é de 10 anos de prisão em regime inicial fechado, e tem como resultado a perda do mandato na Câmara.

A deputada, no entanto, fugiu do País antes do prazo para os recursos. Ela hoje está presa preventivamente na Itália, e aguarda a decisão das autoridades italianas sobre a sua extradição.

A votação em plenário na madrugada da quinta-feira, 11, contrariou a decisão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, que, na tarde desta quarta-feira, 10, tinha aprovado a cassação.

Zambelli participou por videoconferência da deliberação da CCJ e pediu que os parlamentares votassem contra a sua cassação, alegando ser inocente e sofrer perseguição política. "É na busca da verdadeira independência dos Poderes que eu peço que os senhores votem contra a minha cassação", disse.

No plenário, a defesa ficou com Fábio Pagnozzi, advogado da parlamentar, que fez um apelo para demover os deputados. "Falo para os deputados esquecerem a ideologia e agir como seres humanos. Poderiam ser o seus pais ou seus filhos numa situação dessas", afirmou. O filho da parlamentar, João Zambelli, acompanhou a votação. Ele completou 18 anos nesta quinta-feira.

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), discursou pedindo pela cassação. "Estamos aqui para votar pela cassação que já deveria acontecer há muito tempo", disse.

O PL trabalhou para contornar a cassação, para esperar que Zambelli perca o mandato por faltas. Pela regra atual, ela mantém a elegibilidade nessa condição.

Caso tivesse o mandato cassado, ficaria o tempo de cumprimento da pena mais oito anos fora das urnas. Ela só poderia participar de uma eleição novamente depois de 2043. Estratégia similar foi feita com Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que deverá ter a perda do mandato decretada pela Mesa Diretora.

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Política

PT oficializa pré-candidatura de Fábio Trad ao governo do Estado

Nome de ex-deputado foi oficializado em encontro realizado neste sábado (13)

13/12/2025 18h00

À direita da imagem, Fábio Trad acompanha fala de Edinho Silva

À direita da imagem, Fábio Trad acompanha fala de Edinho Silva Foto: Pedro Roque / Reprodução

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Ex-deputado federal, Fábio Trad foi oficializado como o postulante à governadoria estadual pelo Partido dos Trabalhadores (PT). A indicação ocorreu na tarde deste sábado (13), em reunião da cúpula petista na Capital, que contou com a presença do presidente nacional da sigla Edinho Silva e diversas lideranças do partido. 

Filiado ao partido desde agosto último, Fábio Trad migrou para o campo mais à esquerda após deixar o Partido Social Democrático (PSD), sigla a qual pertencia há 10 anos.

Fábio Trad, ressaltou o simbolismo político da visita do líder da sigla à Capital e afirmou que a presença da direção nacional recoloca o campo progressista sul-mato-grossense no centro do debate nacional.

“A vinda do presidente nacional do PT significa que a esquerda de Mato Grosso do Sul está, sim, no radar político nacional. Não é possível que um Estado da importância geopolítica de Mato Grosso do Sul não tenha um palanque competitivo, ideologicamente coerente com o campo progressista liderado pelo presidente Lula”, afirmou.

Ao Correio do Estado, o ex-deputado destacou que os partidos que compõem a frente progressista construirão um grande palanque para o Lula em Mato Grosso do Sul, voltado "às conquistas sociais e econômicas para o nosso povo", disse.

À reportagem, destacou que, a disputa pelo executivo estadual partiu de uma decição do presidente nacional do partido, decisão que viu com bons olhos.

"Sobre a construção em torno da minha participação na campanha, o presidente Edinho destacou a preferência do PT de MS para que a jornada seja encabeçada por mim. As definições estão se concretizando e eu espero contribuir com o presidente Lula para fazer em MS o papel que ele me incumbiu de exercer", declarou. 

Além de mirar o posto mais alto do executivo estadual, o partido deve priorizar a corrida pelo Senado, já que Soraya Thronicke (Podemos) e Nelsinho Trad (PSD), irmão de Fábio, não possuem vaga garantida para o próximo ano. 

"O presidente Lula está muito atento ao cenário aqui do estado e fará todo o esforço para que o campo progressista tenha êxito em todas as instâncias de disputa, inclusive o Senado com o companheiro Vander", disse. 

À direita da imagem, Fábio Trad acompanha fala de Edinho Silva Ex-deputado Fábio Trad / Foto: Marcelo Victor / CE

À época de sua filiação, Trad já era cotado para disputar as eleições para governador no pleito geral de 2026, contudo, havia rechaçado o embate contra o atual governador Eduardo Riedel (PP) nas urnas.

Diferente dos irmãos, ele vem de uma formação mais à esquerda. Advogado formado na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), conheceu o movimento brizolista (ligado à Leonel Brizola).

Em Mato Grosso do Sul, já teve dois mandatos de deputado federal pelo PSD, onde sua família esteve abrigada durante quase toda década passada.

Após a pandemia de Covid-19, voltou-se mais à esquerda quando se colocou como um dos oposicionistas do então presidente Jair Bolsonaro (PL).

Em 2022, não conseguiu se reeleger. Disputou a eleição pelo antigo partido e também foi derrotado na disputa pelo governo do Estado.

Em 2023, recebeu um cargo na Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), no governo Lula.

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