Política

DESPESAS

Ano eleitoral estimula debate sobre modelo de financiamento de campanha

Ano eleitoral estimula debate sobre modelo de financiamento de campanha

AGÉNCIA SENADO

23/08/2012 - 00h00
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Há também a crença de que o modelo de financiamento apenas público poderá ser um golpe no uso de “caixa dois” nas campanhas, mecanismo pelo qual contribuintes privados, normalmente empresas, fazem doações não registradas e com recursos de fontes muitas vezes não declaradas à própria Receita Federal, como afirma o advogado Alberto Rollo, especialista em Direito Eleitoral.

– O dinheiro de ‘caixa dois’ é dinheiro que normalmente já foi sonegado lá atrás, pela pessoa jurídica ou pessoa física – salienta o advogado.

Para o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), as distorções do atual modelo são tão evidentes que logo as duas Casas do Congresso acabarão se convencendo de que devem optar pelo financiamento público exclusivo.

– Estamos submetidos a uma engrenagem absolutamente equivocada: ou mudamos ou vamos conviver com um sistema que conduz permanentemente ao desvio de recursos, à contabilidade dupla, um caixa oficial e o chamado ‘caixa dois’ – afirma Arruda.

Fala-se de financiamento exclusivo porque o atual modelo já é parcialmente financiado com recursos públicos, com dinheiro do fundo partidário e, ainda, pela garantia de horário eleitoral gratuito nas emissoras privadas de rádio e televisão.

Lento andar
No Senado, a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) aprovou projeto que estabelece o financiamento apenas com recursos públicos (PLS 268/2011) ao fim do ano passado. Proveniente da Comissão de Reforma Política, o texto foi assinado pelos senadores José Sarney (PMDB-MA) e Francisco Dornelles (PP-RJ), relator da reforma.

O PLS 268/2011 proíbe os partidos políticos e candidatos de receberem doações em dinheiro ou estimáveis em dinheiro oriundas de pessoas físicas e jurídicas. Os recursos para as campanhas sairiam de fundo administrado pela Justiça Eleitoral, que para isso deverá receber em ano de campanha transferência orçamentária à base de R$ 7,00 por eleitor inscrito.

Inácio Arruda diz acreditar no iminente consenso em torno do novo modelo, mas a tramitação da proposta não tem se dado sem percalços. Na CCJ, o texto passou em meio a controvérsias, inclusive em torno dos critérios da votação. Deveria seguir então diretamente para a Câmara, mas a oposição apresentou recurso para que também fosse a Plenário. Ainda não há previsão de votação.

O líder do PSDB, senador Alvaro Dias (PR), exime a oposição de responsabilidade pelo tímido avanço da proposta sobre o financiamento público exclusivo de campanha e demais itens da reforma política. Segundo ele, o debate não avança por falta de disposição do próprio governo.

– Vivemos sob um presidencialismo forte e, quando não há disposição da Presidência da República, nenhuma reforma de profundidade acontece, sobretudo quando há uma maioria forte submetida às imposições do governo – afirma o tucano.

Poder econômico
O fato é que muitos senadores ainda não se convenceram sobre as vantagens do modelo de financiamento apenas público, ao menos em relação a seu poder para neutralizar interferências do poder econômico sobre as campanhas para favorecer candidatos afinados com seus interesses.

Para o senador Eduardo Braga (PMDB-AM), por exemplo, há “ingenuidade” na ideia de que o “PIB brasileiro” ficará de fora do processo eleitoral.

– A economia privada pode passar a interferir no processo democrático sempre pelo ‘caixa dois’. Então, será o caso de jogar todo o PIB brasileiro para uma via ilegal? – questiona.

Para Eduardo Braga, o que está em questão, em primeiro plano, é a necessidade de mecanismos para garantir maior controle e transparência sobre as campanhas.

O senador José Agripino (RN), líder do DEM, também afirma que, seja num modelo ou outro, o fundamental é coibir e punir as infrações às regras de financiamento. Ele admite que práticas ilegítimas permeiam todo o arco partidário.

– A questão é a impunidade. Se você aplica punição exemplar, vai dar exemplo a todos. Mas é preciso que haja o primeiro belo exemplo de punição – ressalta Agripino, salientando que a lição poderá começar com o julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF).

Mandatos independentes
Randolfe Rodrigues afirma que a superioridade do financiamento público não está numa suposta blindagem contra os desvios. Conforme o senador, o modelo não dispensa a necessidade de mais controle, fiscalização e punição de práticas ilegais, inclusive legislação mais rigorosa para combater o ‘caixa dois’. A seu ver, o financiamento apenas público se distingue pelo grau de autonomia que os eleitos passam a dispor perante o poder econômico.

– Enquanto os políticos forem eleitos solicitando dinheiro a empreiteiras, recebendo contribuições delas ou de qualquer outro setor ou empresa, sempre acabarão rendendo homenagens a seus financiadores, os verdadeiros detentores do mandato – afirma Randolfe.

Questionados sobre a pouca simpatia que o modelo de financiamento exclusivamente público desperta na população, os defensores reagem dizendo que esse é um “sentimento orquestrado”. Segundo Inácio Arruda, segmentos conservadores fazem “campanha aberta” para convencer a população de que o “caixa dois” sempre coexistirá com o financiamento público.

– Cabe aos partidos a coragem de aprovar o financiamento público e à própria sociedade, ao lado da Justiça Eleitoral, fiscalizar para garantir a lisura dos procedimentos – afirma.

Atualmente, a sociedade já pode acompanhar os gastos das campanhas pelo site da Justiça Eleitoral. O prazo para a divulgação da primeira prestação de contas por partidos políticos, coligações e candidatos envolvidos na atual campanha para as prefeituras encerrou-se no dia 6 de agosto.

jogatina e propina

CPI das bets, relatada por senadora de MS, entra na mira da PF

Uma irmã e o genro do lobista acusado de ter cobrado propina de R$ 50 milhões são nomeados no gabinete da senadora Soraya Thronicke

20/12/2024 09h40

Soraya Thronicke diz que familiares de lobista foram nomeados em seu gabinete por conta do

Soraya Thronicke diz que familiares de lobista foram nomeados em seu gabinete por conta do "perfil técnico e profissional de ambos"

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Reportagem publicada pela Folha de S. Paulo revela que a Polícia Federal abriu uma investigação sobre supostos pedidos de propina feitos por um lobista a empresários do setor de apostas esportivas online que estão na mira da CPI das Bets, no Senado. Uma das vítimas é ligada ao cantor Gusttavo Lima, segundo apurou a Folha de S.Paulo.

A relatora da CPI é a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) e, segundo a reportagem, familiares dos supostos pedidos de propina são nomeados no gabinete da senadora.

O lobista investigado é Silvio Barbosa de Assis, empresário conhecido pela atuação nos bastidores de Brasília. Ele chegou a ser preso pela Polícia Federal em 2018 e é réu no TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região) acusado de cobrar propina para emitir, ilegalmente, registros de sindicatos junto ao Ministério do Trabalho.

Uma das vítimas da tentativa de extorsão disse à Folha de S.Paulo, pedindo para não ser identificada, que foi procurada por Silvio no fim de novembro. O encontro ocorreu no escritório do lobista, em Brasília.

Segundo a versão desta vítima, Silvio teria dito que tem influência sobre senadores que participam da CPI das Bets e pediu R$ 50 milhões para evitar a convocação e o futuro indiciamento do empresário.
 

Silvio negou à Folha de S.Paulo que tenha pedido propina. "Eu estou fazendo um documentário, que já está bem adiantado, e vou fazer proposta para a Netflix, Prime Video e Globoplay. Estou ouvindo algumas bets, entendeu? Quanto a isso de ‘ah, fez extorsão’, deve ser o meu documentário. Como é que eu vou extorquir se não sou senador ou membro de CPI?"
 

Silvio afirmou que um empresário do setor de apostas online o procurou supostamente com o objetivo de contratá-lo para cuidar das relações institucionais da empresa, diante da abertura da CPI das Bets —negociação que, segundo Silvio, não prosperou.

A senadora Soraya Thronicke foi escolhida para a função por ter sido a autora do pedido de abertura da investigação. Soraya Thronicke e Silvio Assis se aproximaram há cerca de quatro anos. Soraya contratou, em seu próprio gabinete, a irmã e o genro do lobista, Sandra Assis e Davi Vinicius de Oliveira.

Em resposta à Folha de S.Paulo, a senadora afirmou que "dizer que meu nome tem sido usado por alguém para pedir propina a empresários é uma acusação muito séria e grave. Quem afirma isso tem o dever de apresentar provas".
 

Soraya disse que soube que "há várias pessoas poderosas, inclusive políticos, envolvidas em crimes de lavagem de dinheiro por meio de bets" que estariam "gastando milhões na mídia para tentar abalar a minha credibilidade, o que não vão conseguir".

"O que fiz a respeito foi procurar imediatamente o diretor-geral da Polícia Federal, doutor Andrei Rodrigues, e me colocar inteiramente à disposição, autorizando, desde já, a quebra dos meus sigilos fiscais, bancários e telemáticos. Pedi também a realização de uma acareação entre os citados, pois precisamos provar quem realmente tem a verdade", disse.

Sobre os familiares de Silvio em seu gabinete, a senadora disse que os contratou pelo "perfil técnico e profissional de ambos". Disse ainda que conheceu o lobista "por intermédio de vários senadores".
 

Silvio Assis disse que "no Senado, conheço todo mundo" e relatou relação de amizade com congressistas que integram a CPI das Bets. Afirmou ainda suspeitar que as denúncias sejam feitas em perseguição à senadora Soraya Thronicke.

"Não sei se é uma perseguição contra a senadora, entendeu? Se é um problema com ela, se estão querendo fazer essa narrativa de denúncia. Contra ela não vão achar nada; contra mim, não tem. Pode investigar", afirmou.

A suspeita envolvendo o lobista e a CPI das Bets foi levantada pela revista Veja, na semana passada. Até a publicação da reportagem, Silvio circulava pelo Senado e acompanhava os depoimentos pessoalmente.

Os rumores de pedido de propina foram levados nos últimos dias ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), por ao menos quatro senadores. Segundo um dos parlamentares, Pacheco conversou com o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, e pediu agilidade nas apurações.

Um senador que tratou do assunto com o presidente disse que ele ficou consternado ao ouvir as informações. Pacheco também afirmou que uma denúncia dessa gravidade mancha a imagem da instituição e de todos os parlamentares, não só daqueles envolvidos.

Outro senador que procurou o presidente do Senado disse que ele afirmou ser preciso esperar as investigações antes de fazer juízo de valor sobre qualquer um dos colegas.

Em nota, a Polícia Federal afirmou à Folha de S.Paulo que "não se manifesta sobre eventuais investigações em curso".

FUTEBOL NA MIRA

Outra CPI em curso no Senado mira a suspeita de manipulação em apostas esportivas e partidas de futebol. As denúncias, no entanto, recaem sobre a CPI das Bets, aberta em 12 de novembro com o objetivo de investigar a influência das apostas no orçamento das famílias e possíveis práticas de lavagem de dinheiro.

Em pouco mais de um mês, a comissão realizou seis sessões e ouviu três empresários ligados às bets. Ainda prestaram depoimento delegados que conduzem investigações sobre as apostas esportivas, membros do governo Lula (PT) e o presidente da Loterj (Loteria do Estado do Rio de Janeiro), Hazenclever Lopes Cançado.

As informações sobre os supostos pedidos de propina geraram constrangimento nos corredores do Senado e levaram o vice-presidente da comissão, senador Alessandro Vieira (MDB-SE), enviar à PGR (Procuradoria-Geral da República) um pedido para que se investigue o caso.

"Os potenciais fatos acima relatados, em razão de sua inequívoca gravidade, merecem uma investigação imediata por parte da PGR, de sorte que, caso confirmados, sejam adotadas as providências necessárias para a responsabilização dos agentes —públicos e privados— supostamente envolvidos", disse.

O presidente da CPI das Bets, senador Hiran Gonçalves (PP-RR), disse à reportagem que as suspeitas devem ser investigadas. "Deve-se apurar. E temos que trabalhar muito para regulamentar essa jogatina desenfreada e sem regras claras no país", completou.
 

(Informações da Folhapress)

REFORMA ADMINISTRATIVA

Thelma Lopes é cotada para assumir secretaria com "superpoderes"

Atualmente, ela é a atual chefe de gabinete da prefeita e pode ser a secretária especial da Casa Civil de Campo Grande

20/12/2024 08h00

Thelma Fernandes Nogueira Lopes é a atual chefe de gabinete

Thelma Fernandes Nogueira Lopes é a atual chefe de gabinete Foto: Reprodução

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Por meio do Projeto de Lei nº 11.504/2024, o qual dispõe sobre a adequação da estrutura da administração direta e indireta do município de Campo Grande e que foi aprovado pelos vereadores em sessão extraordinária no dia 11, a prefeita Adriane Lopes (PP) criou a Secretaria Especial da Casa Civil, a qual já está sendo chamada de “supersecretaria”.

Isso porque – conforme o texto final aprovado pela Câmara Municipal e encaminhado para a sanção da prefeita – a Pasta terá sob a sua supervisão e fiscalização e o seu controle a Agência Municipal de Meio Ambiente e Planejamento Urbano (Planurb), a Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários (Emha), a Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos (Agereg) e a Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran).

Na prática, a Secretaria Especial da Casa Civil terá como responsabilidade as agências que controlam as principais áreas da Capital, como as políticas que geram o desenvolvimento ordenado da cidade, as moradias populares e os assentamentos rurais, a regulação dos serviços públicos e o transporte coletivo urbano e o trânsito campo-grandense.

Para uma Pasta tão importante, era esperada a nomeação de uma pessoa com grande potencial técnico, afinal, terá jurisdição sobre pontos nevrálgicos da administração municipal. Entretanto, conforme fontes ouvidas pelo Correio do Estado, o cargo deve ficar com a atual chefe de gabinete da prefeita, Thelma Fernandes Mendes Nogueira Lopes.

Ela está no cargo desde 31 de outubro de 2022 e faz parte do chamado “núcleo duro” de Adriane Lopes, que inclui ainda a secretária municipal de Finanças e Planejamento, Márcia Helena Hokama.

O Correio do Estado procurou a prefeita para comentar a possibilidade da nomeação de Thelma para a Secretaria Especial da Casa Civil. Por meio de sua assessoria de imprensa, Adriane informou que ainda não escolheu nenhum nome e que todas as cadeiras do seu novo secretariado ainda estão vazias.

Além disso, a prefeita disse, ainda por meio de nota, que “somente depois do Natal vou anunciar os nomes dos novos secretários que vão ingressar na gestão e também daqueles que devem permanecer na administração municipal”.

COMPETÊNCIAS

Ainda conforme o Projeto de Lei nº 11.504/2024 aprovado pela Câmara, a Secretaria Especial da Casa Civil de Campo Grande ficará responsável, entre outras funções, pela coordenação, pela supervisão, pelo controle e pelo gerenciamento das atividades de apoio direto à prefeita Adriane Lopes.

A Pasta também cuidará da promoção do apoio e do assessoramento político-administrativo à prefeita e à vice-prefeita, bem como a assistência direta e imediata nas suas representações política, institucional e social.

Outra função dessa secretaria especial será o recebimento, a triagem, o estudo e o preparo do expediente da prefeita Adriane Lopes, bem como o acompanhamento e o controle da execução das determinações dele emanadas.

A prestação de apoio à prefeita nas suas relações político-administrativas com os munícipes, as entidades públicas e privadas e a imprensa ainda caberão à Pasta.

A formulação de campanhas e promoções de caráter público ou interno e o apoio a Adriane Lopes e aos titulares de órgãos e entidades da administração municipal no relacionamento com os meios de comunicação também fazem parte das obrigações da Secretaria Especial da Casa Civil.

Ainda caberá ao titular dessa secretaria municipal a execução das atividades do cerimonial público e a condução e a organização de solenidades de interesse da Prefeitura de Campo Grande, visando garantir a eficiência, a qualidade e a efetividade do protocolo da gestão municipal.

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