Política

ENTREVISTA

"Aprendi o quão importante é ter uma OAB representativa"

Um dos pilares é ser uma instituição apartidária, sem ingerência de partidos políticos

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A Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso do Sul estará realizando, no dia 19 de novembro, das 9h às 17h, as eleições para escolha de sua nova diretoria. 

Três chapas estão concorrendo, são elas: Mais OAB, com o advogado Luis Cláudio Alves Pereira, o Bitto Pereira; Um Novo Tempo para a OAB-MS, com a advogada Rachel Magrini; e OAB 4.0: Mudança de Verdade, encabeçada pela advogada Giselle Marques.  

Nesta edição, o Correio do Estado ouviu o candidato Bitto Pereira. Na semana que vem, será a vez da candidata Raquel Magrini.

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CORREIO DO ESTADO – qual a sua motivação para se lançar como candidato à presidência da Seção da OAB de Mato Grosso do Sul?

BITTO PEREIRA – sou advogado há 22 anos e exerço a advocacia ininterruptamente durante todo esse período. Tenho 20 anos de jornada na OAB, iniciei como presidente da Comissão da Jovem Advocacia, fui advogado da Ordem dos Advogados do Brasil de Mato Grosso do Sul, fui presidente do Instituto dos Advogados de Mato Grosso do Sul, sou conselheiro federal em segundo mandato e atual vice-presidente da Escola Superior de Advocacia Nacional [ESA].  

Ao longo dessa trajetória, aprendi o quão importante é ter uma OAB representativa, independente e que lute verdadeiramente pelos interesses da advocacia. Eu tenho feito isso ao longo de todo o meu mandato como conselheiro federal e esse é o momento de levar adiante o legado de uma gestão que eu tenho a honra de participar, que é acolhedora, que ouve toda a advocacia e que representa de maneira sempre muito firme os interesses da classe dos advogados. Por isso aceitei esse desafio de ser candidato a presidente da OAB, para continuar lutando pelas causas da nossa profissão.

Qual a leitura que o senhor faz do atual cenário da profissão no Estado e que mudanças se fazem necessárias?  

A advocacia, como todas as profissões, sofreu o impacto da pandemia. Isso é um fato. Mas a OAB fez uma ação que lhe cabe: a criação dos escritórios compartilhados, um espaço para que a advocacia possa ter o desenvolvimento de sua atividade de trabalho, com cursos telepresenciais feitos durante toda a pandemia, de modo a manter a atualização e o aprimoramento técnico da profissão. 

A criação do provimento do marketing jurídico, que cria condições de trabalho para todos os advogados, sobretudo, aos jovens que estão começando na profissão.  

Mas vamos continuar trabalhando e continuar promovendo ações para melhorar o cotidiano dos advogados. Vamos implantar, por exemplo, a Caravana de Defesa das Prerrogativas, ação que tem o objetivo de integrar as subseções e de abrir um canal permanente para ouvir advogados e advogadas da Capital e do interior de Mato Grosso do Sul.  

Nota-se que, na prática, as eleições acabam provocando rupturas internas, com a ascensão de um grupo e o distanciamento de outros até novas eleições. O que fazer para que o processo eleitoral não provoque cisões na categoria?

As eleições da OAB são importantíssimas para a nossa classe. O processo democrático oxigena a instituição, traz novas ideias e propostas, faz com que todos nós possamos pensar no futuro da advocacia. As eleições, entretanto, acabam no dia 19 de novembro. 

A partir daí, somos advogadas e advogados que devem buscar em conjunto soluções para melhorar as condições de trabalho da advocacia. Se eu tiver a honra e Deus permitir que eu seja presidente da OAB, serei presidente de todos os advogados e advogadas do Estado.  

Muitos defendem uma atuação apolítica da OAB, tanto no âmbito de seu Conselho Federal quanto no âmbito das seccionais. Qual sua opinião sobre o assunto?

Eu tenho dito muito claramente, ao longo de toda essa jornada, que um dos pilares da OAB é ser uma instituição apartidária, sem ingerência de partidos políticos. Eu não tenho filiação partidária, sou um advogado. 

Acredito que, para que a OAB continue tendo grandeza, seja no âmbito nacional, seja no âmbito das seccionais, é indispensável termos uma entidade voltada para a advocacia.  

A Ordem dos Advogados do Brasil não é, e não deve ser, palco para a defesa de interesses partidários.

Os últimos tempos têm sido marcados por violações das prerrogativas dos advogados no exercício da profissão. Como será a atuação na defesa das prerrogativas durante sua gestão? O que pode melhorar?

A OAB de Mato Grosso do Sul, na gestão que eu tenho a honra de integrar, teve um papel fundamental na aprovação da lei que criminaliza a violação das nossas prerrogativas. Essa é a maior das nossas lutas, e a aprovação deste projeto foi uma grande conquista.  

Nós temos que continuar sempre defendendo as condições de trabalho para os advogados. Lutar por prerrogativas é algo que eu fiz durante toda a minha carreira e vou continuar fazendo se eu tiver a honra de ser presidente da OAB-MS.  

Como disse anteriormente, vamos ouvir permanentemente todos os advogados do Estado na Caravana de Defesa das Prerrogativas que pretendemos implantar.  

Considerando que o número de bacharéis em Direito cresce a cada ano, como receber e apoiar o jovem advogado?

Eu iniciei minha trajetória na OAB como presidente da Comissão do Jovem Advogado. Sempre lutei pelas pautas da jovem advocacia. Aliás, tive a honra de ser o relator, em nosso Conselho Federal, do processo que resultou na alteração do Estatuto da Advocacia, possibilitando que jovens advogados e advogadas com três anos de inscrição possam participar das eleições da OAB.  

Também tivemos a participação, com a bancada da OAB de Mato Grosso do Sul, em um projeto que hoje é uma realidade, que é o novo provimento de marketing jurídico, que foi apresentado no Conselho Federal pelo conselheiro Ary Raghiant Neto, que nos apoia na nossa jornada. 

Este projeto ajuda, sobretudo, os jovens advogados, possibilitando a abertura de novos mercados de trabalho.  

Entre nossas propostas para os jovens advogados estão: o reforço da fiscalização do cumprimento do piso salarial; a elaboração de uma cartilha digital, com orientações sobre a estrutura e competência da OAB-MS, serviços oferecidos, prerrogativas e demais dúvidas dos advogados que estão ingressando na Ordem; e ainda criaremos um programa de mentoria, em parceria com escritórios interessados em dar apoio e orientação aos jovens profissionais.

Quais foram, em sua avaliação, os principais problemas enfrentados pelos advogados durante a pandemia de Covid-19?

Como disse, a advocacia, como toda profissão, sofreu os reflexos da pandemia. Tivemos o Poder Judiciário fechado por um período, paralisação de processos e uma mudança muito significativa para o meio virtual.  

A virtualização trouxe alguns benefícios, como, por exemplo, o de poder realizar audiências de conciliação sem ter que se deslocar para fazer uma reunião, que poderia demandar um grande esforço de deslocamento e que poderia não passar de cinco minutos. Mas a virtualização também afastou o advogado do trabalho presencial nos fóruns, e isso é prejudicial à advocacia.  

Nós temos que ter uma retomada dos serviços presenciais, mas sempre respeitando as regras de biossegurança.  

Como o senhor vê a paridade de gênero e a equidade racial no processo de escolha dos novos dirigentes da OAB?

Tive a honra de participar desse momento histórico da advocacia brasileira, que foi o provimento que criou a paridade de gênero e a equidade racial no âmbito da Ordem dos Advogados do Brasil.  

Eu sempre defendi a paridade de gênero e participei dessa votação, que aconteceu em 14 de dezembro de 2020, no Conselho Federal, resultando nesse provimento atual, que determina que todas as chapas inscritas tenham paridade entre homens e mulheres e equidade racial.

Acredito que a paridade deve ir além do discurso e se fazer na prática. Em nossas propostas, defendemos a ampliação da paridade em vários espaços da OAB onde ela ainda não é obrigatória, como, por exemplo, na Escola Superior de Advocacia.  

Qual sua opinião sobre o voto direto à diretoria do Conselho Federal da Ordem?

Há dois anos, a Ordem dos Advogados do Brasil criou uma comissão de revisão do sistema eleitoral. Nos trabalhos dessa comissão, eu apresentei o voto para que todos os cargos da OAB sejam preenchidos por eleições diretas. 

Infelizmente, no atual cenário, o mandatário maior da advocacia brasileira, o presidente do Conselho Federal da OAB, não é eleito diretamente, como todos os demais presidentes de seções e seccionais.  

Por isso minha posição é, de longa data e na prática, a de defender o voto direto no sistema eleitoral da OAB.

Caso eleito, como gostaria que sua gestão fosse lembrada?

Estou trabalhando incessantemente para que o nosso projeto seja exitoso. Se eu tiver a honra de ser o presidente da OAB, quero que seja uma gestão lembrada pela defesa intransigente das prerrogativas dos advogados e também pela luta incessante por honorários dignos para toda a advocacia. 

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abrandamento

Quatro dos oito deputados de MS votam para reduzir cadeia de Bolsonaro

Com a mudança aprovada na Câmara, parlamentares preveem, para Bolsonaro, que o regime fechado caia para 2 anos e 4 meses

10/12/2025 07h13

Proposta inicial dos deputados da direita era conceder anistia, mas o relator Paulinho da Força alterou rumo da proposta

Proposta inicial dos deputados da direita era conceder anistia, mas o relator Paulinho da Força alterou rumo da proposta Montagem / Correio do Estado

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Metade da bancada sul-mato-grossense da Câmara dos Deputados votou, na madrugada de hoje (10), a favor da redução de penas de pessoas condenadas pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 e pela tentativa de golpe de Estado, entre eles ex-presidente Jair Bolsonaro e generais das Forças Armadas. O Projeto de Lei da Dosimetria (Projeto de Lei 2162/23) foi aprovado por 291 votos a favor e 148 contrários. 

A redução ocorre porque a matéria acaba com a soma de penas e estipula que será aplicada a mais grave nos crimes de tentativa de acabar com o Estado Democrático de Direito e de golpe de Estado, quando praticados no mesmo contexto. 

As regras aprovadas poderão retroagir para beneficiar o réu, desta forma os já condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) vão ter direito à revisão do total para esses dois crimes, prevalecendo a pena maior (4 a 12 anos) por tentativa de golpe de Estado. Agravantes e atenuantes ainda serão aplicáveis sobre o cálculo.

Outra mudança ocorreu na progressão de regime fechado para semiaberto. Atualmente, exceto para condenados por crimes hediondos, o réu primário obtém progressão de pena se cumprir 16% dela em regime fechado, mas o crime não pode ter sido cometido com violência à pessoa ou grave ameaça. 

O texto muda a Lei de Execução Penal para fazer valer os 16% de regime fechado para crimes com ou sem violência ou grave ameaça. Sem a mudança, a progressão ocorreria apenas com o cumprimento de 25% da pena pelo réu primário. Para os reincidentes, o índice de cumprimento no regime fechado passa de 30% para 20%.

O projeto aprovado permite que o estudo ou o trabalho passe a valer para reduzir a pena no caso de prisão domiciliar, como já é permitido no regime fechado.

Com o texto apresentado pelo relator da matéria, os deputados iniciaram a votação do PL às 1h36min de hoje (quarta-feira) e a estenderam por quase uma hora, até às 2h26min. Ao todo foram 441 votos, sendo 291 favoráveis e 148 contrários e uma abstenção. 

Proposta inicial dos deputados da direita era conceder anistia, mas o relator Paulinho da Força alterou rumo da proposta

A bancada do estado se dividiu. Metade a favor e metade contra. Foram favoráveis ao texto Beto Pereira (PSDB), Dr. Luiz Ovando (PP), Marcos Pollon e Rodolfo Nogueira (os dois do PL). Os parlamentares contrários foram Camila Jara e Vander Loubet (ambos do PT) e Dagoberto Nogueira e Geraldo Resende (os dois do PSDB). 

Este resultado possibilita que todos os condenados pela tentativa de golpe sejam beneficiados com a nova fórmula de soma de penas, entre eles o ex-presidente da República Jair Bolsonaro; Almir Garnier, ex-comandante da Marinha; Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil; Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); Anderson Torres, ex-ministro da Justiça; e Alexandre Ramagem, deputado federal.

Esse grupo foi condenado a penas que variam de 16 anos a 24 anos em regime fechado pela 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), em caráter definitivo, em 25 de novembro deste ano. Outras penas de detenção devem ser cumpridas depois daquelas de reclusão.

Parlamentares da oposição preveem, para o ex-presidente Jair Bolsonaro, que o total da redução pode levar ao cumprimento de 2 anos e 4 meses em regime fechado em vez dos 7 anos e 8 meses pelo cálculo atual da vara de execução penal, segundo a Agência Câmara de Notícias. Mas a definição dos novos prazos será do STF e pode ser influenciada pelo trabalho e estudo em regime domiciliar, que diminuem o período de prisão.

O texto original previa anistia a todos os envolvidos nos atos de 8 de janeiro e dos acusados dos quatro grupos relacionados à tentativa de golpe de Estado julgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Mas esse artigo foi retirado do projeto.

Multidão

Para os crimes de tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito e de tentativa de golpe de Estado, quando praticados em contexto de multidão, como o caso dos participantes dos atos de 8 de janeiro de 2023 nas sedes dos três Poderes, em Brasília, o texto reduz a pena de 1/3 a 2/3, desde que o agente não tenha financiado o ato ou exercido papel de liderança.

Política

Saiba como votou a bancada de MS na regularização de terras de fronteira

Projeto que flexibiliza regras para regularização de terras na faixa de fronteira divide votos entre parlamentares sul-mato-grossenses

09/12/2025 22h08

Plenário da Câmara dos Deputados

Plenário da Câmara dos Deputados Agência Câmara

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O deputado federal Vander Loubet (PT), integrante da base de apoio ao governo Lula, votou contra o Projeto de Lei 4.497/24, enquanto o deputado Marcos Pollon (PL), da oposição, não participou da votação — apesar de ter registrado presença na sessão. O texto, aprovado na noite desta quarta-feira, permite a regularização de propriedades rurais em faixa de fronteira com origem em títulos de alienação ou concessão de terras devolutas emitidos pelos estados até outubro de 2015. Os demais parlamentares sul-mato-grossenses votaram a favor da proposta.

O projeto afeta uma faixa de até 150 quilômetros a partir da linha de fronteira em Mato Grosso do Sul, autorizando que os atuais ocupantes obtenham registro da terra mediante apresentação de declaração escrita e assinada, quando não for possível emitir certidões diretamente do órgão responsável ou nos casos em que o prazo de resposta ultrapassar 15 dias.

O texto também abre caminho para regularizar grandes propriedades — acima de 15 módulos fiscais — mesmo em áreas que tenham processos administrativos de demarcação indígena em andamento, incluindo territórios tradicionalmente ocupados. No entanto, imóveis superiores a 2,5 mil hectares só poderão ser regularizados com anuência do Congresso Nacional e mediante o cumprimento dos requisitos legais.

Com essa redação, Vander Loubet votou contra a matéria. Já Marcos Pollon, embora presente na sessão segundo registros da Câmara, não registrou voto. Minutos antes, porém, o deputado havia votado a favor de um requerimento para encerrar a discussão da proposta.

Os deputados Beto Pereira (PSDB), Camila Jara (PT), Dagoberto Nogueira (PSDB), Dr. Luiz Ovando (PP), Geraldo Resende (PSDB) e Rodolfo Nogueira (PL) apoiaram o projeto e votaram pela sua aprovação.

Como votou cada deputado de MS

A favor do projeto:

 

  • Beto Pereira (PSDB)
  • Camila Jara (PT)
  • Dagoberto Nogueira (PSDB)
  • Dr. Luiz Ovando (PP)
  • Geraldo Resende (PSDB)
  • Rodolfo Nogueira (PL)

 

Contra o projeto:

  • Vander Loubet (PT)

 

Não votou (com presença registrada):

  • Marcos Pollon (PL)

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