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Ativista ambiental de MS aplaude Senado por ter deixado votação do PL do Veneno para 2023

Franklin Schmaulz acha que governo atual agiu mal com a legislação ambiental e adiamento permite mais diálogo acerca do assunto

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Segunda-feira passada (19), a CRA (Comissão Agricultura e Reforma Agrária) do Senado aprovou o Projeto de Lei 1.459, que mexe nas regras de aprovação e comercialização dos produtos agrotóxicos.

Havia uma expectativa de os senadores, em plenário, logo depois, votarem pelo sim ou não da proposta, também conhecida como 'Pacote do Veneno' na sessão de ontem. Mas, a ideia foi suspensa e, agora, o projeto será votado somente ano que vem, no governo de Lula, que já se posicionou contra o plano.

Para opositores do projeto em questão, a aprovação da ideia facilitaria o uso de agrotóxico.
Franklin Schmaulz, mestre em Sociologia, também ativista ambiental em Mato Grosso do Sul elogiou o retardamento da votação. E apontou os motivos:

"É importante não ter sido votado este ano porque a urgência e estímulo ao PL do Veneno era também um resultado do governo que está chegando ao fim agora. Bolsonaro foi grande aliado da bancada ruralista, que promoveram em conjunto o desmonte da legislação ambiental, assim como a flexibilização da utilização de agrotóxicos. Frear o projeto agora abre a possibilidade de novas negociações com o governo que vai assumir, mesmo que a bancada ruralista siga forte em 2023".

O PL em questão foi criado já há quase duas décadas pelo ex-senador e ex-governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, que já foi ministro da Agricultura.

MAIS CONFABULAÇÃO

Para Franklin, o peso do assunto exige mais debates, diálogos.

"Serão novos marcos de diálogo e também de pressão de setores que devem ter voz no novo governo [Lula]. Cabe ressaltar que Lula foi eleito com a promessa de rever retrocessos em áreas como a ambiental e que esse setor tem tido muita influência no debate da transição governamental. Espero que as organizações que tem se colocado contra o PL do Veneno possam ser mais ouvidas no próximo período".

O ativista disse ainda que o governo eleito deve rever as resoluções que liberaram o comércio de agrotóxico em anos recentes. Nos últimos quatro anos foram habilitados no mercado brasileiro 2.097 agrotóxicos.

"Em primeiro lugar, há a necessidade de revogação imediata das autorizações dadas sob os termos da flexibilização. Se o Brasil liberou agrotóxicos proibidos em outras partes do mundo e que tem comprovação científica de que causam males à saúde humana, não há o que ser discutido, é preciso revogar.

Para além disso, o fortalecimento dos órgãos de controle e regulação: não é possível permitir, como quer o PL do Veneno,  que apenas o Ministério da Agricultura dê autorizações para agrotóxicos, quando o tema abrange outras áreas como o meio ambiente e saúde pública, Anvisa e Ibama precisa ter papel decisivo nos processos", disse Franklin.

Seguiu o ativista ambiental: "do ponto de vista estrutural o Brasil enfrenta um dilema: é o celeiro do mundo mas tem milhões de família com insegurança alimentar. É necessário rever prioridades.

A produção de alimentos em quantidade e qualidade para o abastecimento interno deve ser a prioridade e para isso tem que haver investimento, tecnologia e crédito para as alternativas de produção agrícola que produzem com responsabilidade socioambiental. A fome não é mais aceitável, tampouco a contaminação da comida, da água, do ar e da terra para garantir safras recordes de uma produção e lucros que nem ficam no Brasil".


ECONOMIA & MEIO AMBIENTE

Ainda segundo o ativista, "aliar crescimento econômico com respeito aos direitos humanos e ao ambiente talvez seja o nosso maior desafio, principalmente com o avanço das mudanças climáticas.

O próprio agronegócio deveria estar preocupado com o impacto da degradação que o modelo agroindustrial extrativista tem sobre os recursos naturais. Não haverão terras sadias, nem água e nem condições climáticas para sustentar esse regime. Rever o modelo de produção é condição essencial para enfrentar esses desafios, combater a fome e a desigualdade. Nesse sentido, construir uma Política Nacional de Redução da Utilização de Agrotóxicos é uma condição para iniciar as transformações necessárias".

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POLÍTICA

Em pedido de renúncia, Zambelli diz que segue viva e que Brasil continuará ouvindo sua voz

Zambelli foi condenada a 10 anos de prisão por mandar um hacker invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e está presa na Itália desde julho.

14/12/2025 22h00

Deputada federal Carla Zambelli

Deputada federal Carla Zambelli Agência Câmara

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A agora ex-deputada federal, Carla Zambelli (PL-SP), usou o pedido de renúncia de seu mandato para elogiar a proteção recebida pela Câmara e para dizer que "segue viva" mesmo após deixar os quadros da Casa. Zambelli foi condenada a 10 anos de prisão por mandar um hacker invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e está presa na Itália desde julho.

"A história registra: mandatos podem ser interrompidos; a vontade popular, jamais. Eu sigo viva, a verdade permanece, e o Brasil continuará a ouvir minha voz", afirmou, na solicitação encaminhada ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos).

Zambelli também agradeceu as decisões da Câmara que mantiveram o mandato da deputada, antes de Supremo Tribunal Federal anulá-las e determinar a perda de mandato de Zambelli. "Esse ato da Câmara foi institucional e constitucional: um momento em que a Casa do Povo afirmou a soberania do voto, o devido processo legal e os limites do poder punitivo do Estado", escreveu.

Leia a íntegra do comunicado:

RENÚNCIA AO MANDATO PARLAMENTAR

AO EXCELENTÍSSIMO SENHOR

PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS

DEPUTADO FEDERAL HUGO MOTTA

Excelentíssimo Senhor Presidente,

Senhoras e Senhores Deputados,

Povo brasileiro,

Eu, Carla Zambelli Salgado de Oliveira, Deputada Federal eleita para a 57ª Legislatura (2023-2027), representante do Estado de São Paulo, legitimada por 946.244 votos nas eleições gerais de 2022, faço esta manifestação por intermédio de meus advogados constituídos, Dr. Fabio Pagnozzi e Dr. Pedro Pagnozzi, diante da impossibilidade de comparecer pessoalmente a esta Casa, em razão de encontrar-me privada de liberdade em território estrangeiro. Falo, portanto, não apenas como parlamentar, mas como voz de quase um milhão de brasileiros que confiaram em mim sua representação.

O que se registra neste ato não é apenas a renúncia a um mandato, mas um marco institucional. A Câmara dos Deputados exerceu integralmente sua competência constitucional, observando o procedimento previsto no artigo 55 da Constituição Federal, especialmente seus ?? 2º e 3º, que atribuem exclusivamente ao Poder Legislativo a deliberação sobre a perda de mandato parlamentar, mediante decisão do Plenário, assegurados o contraditório e a ampla defesa.

No curso desse procedimento, foi elaborado relatório pelo Relator na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, Deputado Diego Garcia, demonstrando, de forma técnica e fundamentada, que não existem provas jurídicas aptas a sustentar a perda do meu mandato, tampouco elementos que embasem qualquer condenação. Esse relatório trouxe à luz uma verdade elementar do Estado de Direito: não se cassa um mandato sem provas.

Essa compreensão foi confirmada pelo Plenário da Câmara dos Deputados, que, ao não deliberar pela cassação, afirmou que não havia fundamento jurídico legítimo para suprimir um mandato conferido por quase um milhão de brasileiros. Esse ato foi institucional e constitucional: um momento em que a Casa do Povo afirmou a soberania do voto, o devido processo legal e os limites do poder punitivo do Estado.

A História constitucional ensina que os regimes livres somente subsistem quando cada Poder reconhece seus limites. Montesquieu advertia que "todo aquele que detém poder tende a abusar dele, indo até onde encontra limites". O registro aqui produzido reafirma que o Parlamento não é instância acessória, mas Poder constitucional autônomo, cuja competência não pode ser esvaziada sem grave risco ao Estado Democrático de Direito. Este episódio permanecerá como referência institucional para situações semelhantes, nas quais se discuta a preservação do mandato popular frente à expansão indevida do poder punitivo estatal.

Posteriormente, deliberação do Supremo Tribunal Federal determinou a perda do mandato, afastando o resultado do procedimento conduzido por este Parlamento.

É diante desse quadro, e não por medo, fraqueza ou desistência, que comunico, de forma pública e solene, minha renúncia ao mandato parlamentar, para que fique registrado que um mandato legitimado por quase um milhão de votos foi interrompido apesar do reconhecimento formal, por esta Casa, da inexistência de provas para sua cassação.

Este gesto não é rendição. É registro histórico. É a afirmação de que mandatos passam; princípios permanecem. A democracia não se resume às urnas; ela vive no respeito às instituições e na coragem de registrar a verdade.

Dirijo-me, por fim, ao povo brasileiro. Aos meus eleitores, afirmo: a verdade foi dita, a história foi escrita e a consciência permanece livre. Ideias não se cassam. Convicções não se prendem. A vontade popular não se apaga.

A história registra: mandatos podem ser interrompidos; a vontade popular, jamais. Eu sigo viva, a verdade permanece, e o Brasil continuará a ouvir minha voz.

Que Deus abençoe o povo brasileiro, ilumine esta Nação e a conduza, sempre, pelo caminho do direito, da justiça e da liberdade.

Respeitosamente,

Carla Zambelli Salgado de Oliveira

Deputada Federal - Brasil

POLÍTICA

Carla Zambelli renuncia ao mandato após STF determinar que suplente assumisse

A renúncia da deputada foi anunciada antes mesmo da Câmara cumprir a nova determinação do Supremo Tribunal Federal.

14/12/2025 15h00

Deputada Federal Carla Zambelli

Deputada Federal Carla Zambelli Divulgação

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Na tarde deste domingo (14), o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), informou que a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) renunciou ao cargo parlamentar. A decisão foi tomada após uma determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) para que o suplente, Adilson Barroso (PL-SP),  assumisse o cargo em até 48 horas.

Em nota, a Câmara informou que a deputada comunicou à Secretaria-Geral da Mesa a sua renúncia. "Em decorrência disso, o presidente da Câmara dos Deputados determinou a convocação do suplente, deputado Adilson Barroso (PL-SP), para tomar posse", informou a Casa em nota.

Em maio, Zambelli foi condenada pela Corte a dez anos de prisão e à perda do mandato por envolvimento na invasão cibernética ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), feita pelo hacker Walter Delgatti Neto. O caso dela transitou em julgado, sem mais chances de recursos, em junho. 

A decisão foi levada para análise do plenário da Câmara. Na madrugada de quinta-feira (11), foram 227 votos a favor da cassação do mandato de Zambelli contra 170 votos pela manutenção. Eram necessários 257 para que ela perdesse o cargo.

Porém, na sexta-feira (12), o STF anulou a deliberação da Câmara e determinou a perda imediata do mandato. A Corte apontou que a votação violava a Constituição no dispositivo que impõe perda de mandato nos casos de condenação com trânsito em julgado.

Estratégia

A renúncia da deputada foi anunciada antes mesmo da Câmara cumprir a nova determinação do Supremo Tribunal Federal. Segundo aliados de Zambelli, seria uma estratégia para preservar os direitos políticos dela.

“Ao renunciar antes da conclusão da cassação, preserva direitos políticos, amplia possibilidades de defesa e evita os efeitos mais graves de um julgamento claramente politizado”, afirmou o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder do PL na Câmara.

Carla Zambelli está presa na Itália, desde julho deste ano, depois de fugir do Brasil em decorrência do trânsito em julgado do processo no STF. O Supremo aguarda a extradição.

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