Política

MORTE DE BEBÊ

Pré-candidato a prefeito de Corumbá é condenado por erro médico

Por decisão de primeira instância, terá de indenizar casal em R$ 40 mil por negligência que levou à morte de bebê que estava prestes a nascer

Continue lendo...

Pré-candidato a prefeito de Corumbá, o médico Gabriel Alves de Oliveira (PSB) foi condenado na última sexta-feira (28) a pagar uma indenização de R$ 40 mil a um casal de Corumbá por conta de erro médico que resultou na morte de um feto em 2019. 

A decisão judicial foi assinada pela juíza Luiza Vieira Sá de Figueiredo, que acatou pedido do casal Katiuscia Fernandes da Costa e Bruno Adrison Barbosa Leite. Eles pediam a condenação também da Santa Casa, da prefeitura de Corumbá  e da médica Mariana Santiago Guerra. Porém, a magistrada entendeu que somente o ex-vereador Gabriel era responsável pela morte do bebê. 

Conforme informações que constam na decisão judicial, Katiuscia procurou Gabriel nos dias 10 e 13 de março de 2019, mas ele fez alguns exames e mandou que voltasse para casa. Ele era o profissional que havia acompanhado toda a gravidez. Um dos atendimentos foi no consultório particular do médico. 

Katiuscia e o marido voltaram para casa, mas as contrações e perdas de líquido continuavam e ela voltou seguidas vezes a procurar ajuda médica e até acionou o médico-político por watssap, mas não obteve sucesso.

Depois de idas e vindas, e passar pelas mãos de mais três profissionais, quatro dias depois da primeira tentativa de atendimento, o casal soube que o filho estava sem vida no útero da mãe, que depois disso finalmente foi submetida a uma cirurgia para retirada do feto. 

Não bastasse a demora no atendimento, o casal ainda aponta outro grave equívoco de Gabriel.  “Não aguentando ver o sofrimento da esposa, pediu ao DR. GABRIEL que realizasse o parto por cesariana, mas foi informado que receitaria um remédio para que a gestante suportasse a dor por mais uma semana, prescrevendo então a medicação NITROFURANTOÍNA de 06 em 06 horas. Salientaram que tal medicação é indicada para o tratamento das infecções urinárias agudas e crônicas, e que conforme o resumo da bula do remédio, este deve ser evitado por mulheres no final da gestação”. 

Em sua defesa Gabriel Alves de Oliveira alegou que seguiu todos os procedimentos protocolares e “defendeu que os documentos juntados não demonstram qualquer irregularidade em sua conduta, que adotou todos os procedimentos recomendados para a gravidade da paciente (autora), que não era de risco”. 

Além disso, diz a decisão judicial, ele alegou que “outros dois médicos  examinaram a paciente e adotaram o mesmo procedimento. Asseverou que, ainda de acordo com o relato dos autores, no dia 10 de março de 2019, dia do seu plantão, o requerido examinou a paciente, fez o 'toque', detectou os batimentos cardíacos do feto e observou que estava tudo dentro da normalidade, atestando que o que tinha ocorrido era o rompimento do tampão mucoso”. 

Mas, apesar da argumentação, a juíza entendeu que a morte ocorreu por conta de negligência de Gabriel. “Após regular instrução do feito, conjugando-se a prova documental e oral constantes dos autos, denota-se que o feto de KATIUSCIA FERNANDES DA COSTA não nasceu com vida devido à negligência do médico GABRIEL ALVES DE OLIVEIRA”, 

Indenização

Na petição, o advogado do casal havia exigido indenização de cem salários mínimos por dano moral, o que à época daria R$ 99,8 mil. Mas a juíza entendeu que o valor é desproporcional e fixou a indenização em  R$ 40 mil.. 

Além disso, o casal pediu indenização por danos materiais, que totalizariam, em valores atuais do salário mínimo, a pouco mais de R$ 1 milhão (732 salários mínimos). A magistrada, porém, nem mesmo se pronunciou a respeito do tema, pois o pedido não foi devidamente justificado. 

PROBLEMA CRÔNICO

Há décadas a cidade de Corumbá enfrenta problema crônico por causa da deficiência no atendimento a parturientes e recém-nascidos. Com quase 120 habitantes, incluindo Ladário, a cidade não tem UTI neonatal.

Por conta disso, em 2022 o MPE (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) abriu investigação para apurar quase 70 mortes de bebês em dois anos na Maternidade de Corumbá. Foram 35 óbitos em 2020 e 34 no ano seguinte.

O deputado federal Geraldo Rezende, que foi secretário estadual de Saúde, chegou a apresentar denúncia formal contra o prefeito, Marcelo Yunes, por ter feito mau uso de uma verba de R$ 12 milhões que deveria ter sido destinado à instalação de uma UTI. Em março deste ano o MPE abriu outro inquérito para investigar as denúncias apresentadas pelo deputado, que é do mesmo partido do prefeito. 

APOIO POLÍTICO

Também em maço, Gabriel Alves de Oliveira filiou-se ao PSB, partido comandado pelo deputado Paulo Duarte. Da filiação participou o presidente estadual do PSDB, o ex-governador Reinaldo Azambuja, indicando que o médico terá apoio dos tucanos.

Gabriel foi vereador pelo MDB, mas mesmo em outro partido, continua como o apoio de André Puccinelli, principal expoente do partido no Estado, para a disputa em outubro deste ano. 

Com 42 anos, o político Gabriel Alves de Oliveira, o Dr. Gabriel, começou sua carreira política en 2016, quando foi eleito vereador pelo MDB com 2.063 votos, sendo o mais bem votado daquela eleição.

Quatro anos depois, o Dr. Gabriel disputou a prefeitura de Corumbá pelo PSD e terminou em terceiro lugar, com 9.321 votos. Já em 2022, saiu candidato a deputado estadual novamente pelo MDB, obtendo 9.448 votos, ficando como suplente do partido.
 

Espera

Motta aguarda assessoria jurídica da Câmara para definir posse de suplente de Zambelli

Primeira Turma do STF confirmou, ontem, 12, a decisão do ministro Alexandre de Moraes que decretou a perda imediata do mandato de Zambelli

13/12/2025 21h00

Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta

Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta Foto: Câmara dos Deputados

Continue Lendo...

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), espera uma resposta da assessoria jurídica da Casa para definir o destino do mandato da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) até segunda-feira, 15.

A equipe de Motta afirmou à reportagem que a decisão deve tratar não necessariamente da cassação de Zambelli, mas da posse de Adilson Barroso (PL-SP). O prazo de 48 horas dado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) à Câmara menciona especificamente a posse do suplente, não a cassação da titular.

A Primeira Turma do STF confirmou, ontem, 12, a decisão do ministro Alexandre de Moraes que decretou a perda imediata do mandato de Zambelli. O colegiado também chancelou a determinação para que a Mesa da Câmara dê posse ao suplente da deputada em até 48 horas, como prevê o regimento interno da Casa.

A decisão anulou a deliberação da própria Câmara de rejeitar a cassação de Zambelli, o que foi visto como afronta ao STF. Foram 227 votos pela cassação, 170 votos contrários e dez abstenções. Eram necessários 257 votos para que ela perdesse o mandato.

Moraes disse em seu voto que a deliberação da Câmara desrespeitou os princípios da legalidade, da moralidade e da impessoalidade, além de ter "flagrante desvio de finalidade".

O ministro afirmou que a perda do mandato é automática quando há condenação a pena em regime fechado superior ao tempo restante do mandato, já que o cumprimento da pena impede o trabalho externo.

Nesses casos, cabe à Casa legislativa apenas declarar o ato, e não deliberar sobre sua validade.

O STF condenou Zambelli em maio pela invasão de sistemas e pela adulteração de documentos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A pena é de 10 anos de prisão em regime inicial fechado, e tem como resultado a perda do mandato na Câmara.

A deputada, no entanto, fugiu do País antes do prazo para os recursos. Ela hoje está presa preventivamente na Itália, e aguarda a decisão das autoridades italianas sobre a sua extradição.

A votação em plenário na madrugada da quinta-feira, 11, contrariou a decisão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, que, na tarde desta quarta-feira, 10, tinha aprovado a cassação.

Zambelli participou por videoconferência da deliberação da CCJ e pediu que os parlamentares votassem contra a sua cassação, alegando ser inocente e sofrer perseguição política. "É na busca da verdadeira independência dos Poderes que eu peço que os senhores votem contra a minha cassação", disse.

No plenário, a defesa ficou com Fábio Pagnozzi, advogado da parlamentar, que fez um apelo para demover os deputados. "Falo para os deputados esquecerem a ideologia e agir como seres humanos. Poderiam ser o seus pais ou seus filhos numa situação dessas", afirmou. O filho da parlamentar, João Zambelli, acompanhou a votação. Ele completou 18 anos nesta quinta-feira.

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), discursou pedindo pela cassação. "Estamos aqui para votar pela cassação que já deveria acontecer há muito tempo", disse.

O PL trabalhou para contornar a cassação, para esperar que Zambelli perca o mandato por faltas. Pela regra atual, ela mantém a elegibilidade nessa condição.

Caso tivesse o mandato cassado, ficaria o tempo de cumprimento da pena mais oito anos fora das urnas. Ela só poderia participar de uma eleição novamente depois de 2043. Estratégia similar foi feita com Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que deverá ter a perda do mandato decretada pela Mesa Diretora.

Assine o Correio do Estado

Política

PT oficializa pré-candidatura de Fábio Trad ao governo do Estado

Nome de ex-deputado foi oficializado em encontro realizado neste sábado (13)

13/12/2025 18h00

À direita da imagem, Fábio Trad acompanha fala de Edinho Silva

À direita da imagem, Fábio Trad acompanha fala de Edinho Silva Foto: Pedro Roque / Reprodução

Continue Lendo...

Ex-deputado federal, Fábio Trad foi oficializado como o postulante à governadoria estadual pelo Partido dos Trabalhadores (PT). A indicação ocorreu na tarde deste sábado (13), em reunião da cúpula petista na Capital, que contou com a presença do presidente nacional da sigla Edinho Silva e diversas lideranças do partido. 

Filiado ao partido desde agosto último, Fábio Trad migrou para o campo mais à esquerda após deixar o Partido Social Democrático (PSD), sigla a qual pertencia há 10 anos.

Fábio Trad, ressaltou o simbolismo político da visita do líder da sigla à Capital e afirmou que a presença da direção nacional recoloca o campo progressista sul-mato-grossense no centro do debate nacional.

“A vinda do presidente nacional do PT significa que a esquerda de Mato Grosso do Sul está, sim, no radar político nacional. Não é possível que um Estado da importância geopolítica de Mato Grosso do Sul não tenha um palanque competitivo, ideologicamente coerente com o campo progressista liderado pelo presidente Lula”, afirmou.

Ao Correio do Estado, o ex-deputado destacou que os partidos que compõem a frente progressista construirão um grande palanque para o Lula em Mato Grosso do Sul, voltado "às conquistas sociais e econômicas para o nosso povo", disse.

À reportagem, destacou que, a disputa pelo executivo estadual partiu de uma decição do presidente nacional do partido, decisão que viu com bons olhos.

"Sobre a construção em torno da minha participação na campanha, o presidente Edinho destacou a preferência do PT de MS para que a jornada seja encabeçada por mim. As definições estão se concretizando e eu espero contribuir com o presidente Lula para fazer em MS o papel que ele me incumbiu de exercer", declarou. 

Além de mirar o posto mais alto do executivo estadual, o partido deve priorizar a corrida pelo Senado, já que Soraya Thronicke (Podemos) e Nelsinho Trad (PSD), irmão de Fábio, não possuem vaga garantida para o próximo ano. 

"O presidente Lula está muito atento ao cenário aqui do estado e fará todo o esforço para que o campo progressista tenha êxito em todas as instâncias de disputa, inclusive o Senado com o companheiro Vander", disse. 

À direita da imagem, Fábio Trad acompanha fala de Edinho Silva Ex-deputado Fábio Trad / Foto: Marcelo Victor / CE

À época de sua filiação, Trad já era cotado para disputar as eleições para governador no pleito geral de 2026, contudo, havia rechaçado o embate contra o atual governador Eduardo Riedel (PP) nas urnas.

Diferente dos irmãos, ele vem de uma formação mais à esquerda. Advogado formado na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), conheceu o movimento brizolista (ligado à Leonel Brizola).

Em Mato Grosso do Sul, já teve dois mandatos de deputado federal pelo PSD, onde sua família esteve abrigada durante quase toda década passada.

Após a pandemia de Covid-19, voltou-se mais à esquerda quando se colocou como um dos oposicionistas do então presidente Jair Bolsonaro (PL).

Em 2022, não conseguiu se reeleger. Disputou a eleição pelo antigo partido e também foi derrotado na disputa pelo governo do Estado.

Em 2023, recebeu um cargo na Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), no governo Lula.

Assine o Correio do Estado 

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).