Política

Eleições 2022

Capitão Contar presidiu, antes de político, entidade filantrópica que 'quebrou' financeiramente

Candidato do PRTB chefiou por 7 anos centro de ensino para carentes no bairro Nova Lima

Continue lendo...

Candidato ao governo de Mato Grosso do Sul, capitão Contar, do PRTB, na reserva remunerada do Exército desde dezembro de 2017, mês que ele completara 34 anos de idade, tem um histórico frustrado como administrador de uma entidade filantrópica que cuidava de crianças carentes, até 2018, quatro anos atrás, quando assumiu mandato de deputado estadual.

Antes de parlamentar, ele chefiava o Cemeb (Centro de Ensino Maria Edwiges Borges), uma Organização Não-Governamental que atendia, em tempo integral, crianças e adolescentes com idades entre 6 e 15 anos, de famílias pobres, vítimas, principalmente, da violência. 

Em nota encaminhada ao Correio do Estado, o candidato diz: “o fechamento não tem nenhuma relação com administração  de Contar na instituição” (ver no final dessa reportagem).

Por regra das Forças Armadas, Contar, assim que elegeu-se deputado, de modo involuntário seguiu para a reserva. Por atuar por mais de 10 anos (ele já prestava serviço ao Exército), conquistou o direito à remuneração (recebe em torno de R$ 7 mil mensais).

Retomando à questão do Cemeb: “Durante o mês de agosto [2018] as principais dificuldades foram em relação ao financeiro, o que nos forçou a uma paralisação para organizarmos o ambiente com uma reforma e assim podermos em um curto período de tempo voltar com as atividades, visando uma maior qualidade e conforto a nossos usuários”, diz o último relatório acerca dos serviços da ong que funcionava no bairro Nova Lima. Trecho do comunicado não prosperou: desde ali, 31 de agosto de 2018, o Centro de Ensino não mais funcionou.

No mesmo relatório o qual o Correio do Estado teve acesso, naquele agosto, a entidade, embora com capacidade para cuidar de 200 internos, atendia, com frequência 82 crianças e adolescentes. Daí em diante, os usuários do local ficaram sem a assistência diária, como refeições, atividades escolares, esportivas e até médicas.

PROCESSO JUDICIAL

Renan, antes de a entidade entrar em colapso financeiro, em 2018, enfrentou até um processo judicial a pedido do Ministério Público Estadual, que enxergou irregularidade no prédio do Cemeb.

A casa funcionava, por exemplo, sem o alvará que, obrigatoriamente, deveria ser emitido pelo Corpo de Bombeiros.

Em maio de 2015, por exemplo, advogados que defendiam a Cemeb, entidade presidida por Contar, pediu à Justiça prazo para obter o alvará do Corpo de Bombeiros: Destarte, requer a suspensão deste processo pelo prazo de seis meses, com a finalidade de concluir o procedimento administrativo perante o Corpo de Bombeiros e apresentar a referida documentação exigida pelo Ministério Público Estadual, pondo fim ao levantamento apontado”.

O alvará foi solicitado em março de 2014, data que o MPE fiscalizou o prédio. Na investida, alimentos com data de validade vencida foram achados da fiscalização também.

À época, os defensores de Contar narraram na petição o motivo do atraso no alvará: “A expedição do alvará está gerando diversos gastos, sendo este o único motivo pelo qual ainda não regularizou a situação completamente”. 

Os advogados acrescentaram ainda que: “é necessário reiterar que o Cemeb não possui fins lucrativos e desempenha seus serviços de forma gratuita à sociedade carente da região em que está localizada, e ainda, se mantém única e exclusivamente das doações de seus benfeitores e convênios”. Nessa apelação, Contar aparece como réu.

REPASSES

Em pesquisas do período, no Diário Oficial de Campo Grande, o jornal situou repasses conduzidos pela prefeitura ao Cemeb.
Em 2014, há registro de um repasse no valor de R$ 96 mil ao centro de ensino presidido por Contar, à época ainda no Exército. Em 2016, a transferência de recurso para a Cemeb somou R$ 79,2 mil.

Em 2020, há uma nova movimentação do MPE que questiona o fechamento da entidade. À época, a ex-mulher do capitão Contar, Leda Jorge de Souza, então vice-presidente do Cemeb, responde ao questionamento do MPE:
“Apesar dos esforços da Instituição em manter suas beneficências, a ausência de auxílio por parte do Poder Público resultou no encerramento abrupto de suas atividades”.

Espaço está à venda

Espaço está à venda / Gerson Oliveira - Correio do Estado

PERDA

A reportagem ouviu vizinhos do prédio onde funcionava a Cemeb, cujo prédio está à venda hoje. “Uma dona que morava ali na esquina tinha 9 filhos, seis deles iam todo o dia para o centro de ensino. Lá almoçavam, estudavam e até jogavam capoeira. Com o fim da escola, os filhos retornaram para as ruas”, disse uma moradora que não quis ver o nome publicado na reportagem.

A família em questão morava a uma quadra do Cemeb, que funcionava rua Ida Baís, no bairro Nova Lima. A reportagem tentou localizar a família, mas ela, segundo vizinhos, disseram que a mãe dos 9 filhos ganhou do município uma casa que ficaria perto do conjunto Moreninha, uma distância de 26 quilômetros do extinto Cemeb.

No último relatório sobre as atividades do centro de ensino, que fechou as portas no dia 6 de agosto de 2018, é citado o quanto às famílias imploraram pelo retorno da entidade.

“Devido a paralisação sentimos o quanto o projeto faz a diferença para a comunidade, pois a partir daí muitasd foram as famílias que nos procuraram para se oferecerem em ajuda ao que fosse possível a elas”, diz o documento assinado por uma coordenadora pedagógica.

OUTRO LADO

Veja a nota emitida pela assessoria de imprensa de Contar

Trata-se do processo n. 0813773-81.2014.8.12.0001 no qual o Ministério Público do Estado do Mato Grosso do Sul, representou o Centro de Ensino Edwiges Borges - Cemeb, à época pelo seu presidente Renan Barbosa Contar.

Naquela época, o Ministério Público apresentou a representação com objetivo que fossem sanadas as irregularidades estruturais encontradas em procedimento interno. 

A verdade dos fatos foi explicada na ação, demonstrando que a Entidade era sociedade de assistência social que oferecia convivência e educação a crianças e jovens de 06 a 15 anos, prestando a coletividade essencial serviço de interesse público, através do oferecimento de aulas de educação física e música, visando ao progresso social, cultural e moral dos seus atendidos.

Esclareceu-se que o Cemeb não possui fins lucrativos e desempenhou seus serviços de forma gratuita à sociedade carente da região em que está localizada, e ainda, se manteve única e exclusivamente de doações de seus benfeitores e convênios.

Contudo, as medidas necessárias e solicitadas pelo Ministério Público foram prontamente atendidas.
Evidencia-se que o Capitão Contar presidiu a entidade de 2010 até 02  janeiro de  2017.
No curso do processo, dentre as irregularidades apontadas pelo Ministério Público Estadual em sua representação, a única que restou pendente foi a obtenção do Alvará do Corpo de Bombeiros, pois foi demonstrado o cumprimento de todas as exigências.

O que pode ser comprovado pelo documento de fls. 273 dos autos do processo, mediante o auto de verificação.
A sentença proferida pelo Poder Judiciário do Estado do Mato Grosso do Sul, em 09/11/2017, quando o Capitão Contar não presidia mais a entidade, demonstrou que nenhuma irregularidade foi cometida pela entidade, nos quesitos salientados pela imprensa. 

Anote-se que o Centro de Ensino Edwiges Borges - Cemeb, encerrou suas atividades em meados do ano de 2018, mais precisamente em 06 de agosto, pelo motivo de falta de parceria do poder público, acarretando sérias dificuldades financeiras. O fechamento não tem nenhuma relação com administração  de Contar na instituição. 

O projeto chegou a atender 220 crianças por mês.

Assine o Correio do Estado

Câmara dos Deputados

Camila Jara pode perder mandato por confusão em plenário

O episódio aconteceu na última quarta-feira (9) e a representação foi feita à Câmara pelo Partido Novo por suposta violação ao decoro parlamentar

16/12/2025 18h15

Camila protagonizou confusão com o secretário-geral Lucas Ribeiro

Camila protagonizou confusão com o secretário-geral Lucas Ribeiro Reprodução

Continue Lendo...

A deputada federal sul-mato-grossense Camila Jara (PT) pode perder o mandato por causa de uma confusão no plenário da Câmara dos Deputados durante sessão realizada na última quarta-feira (9).

O Partido Novo apresentou uma representação ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados contra a deputada por suposta violação ao decoro parlamentar. 

Segundo o documento, Jara teria agredido fisicamente o secretário-geral da Mesa da Câmara, Lucas Ribeiro Almeida Júnior, quando ela teria, supostamente, o empurrado e apontado o dedo em seu rosto, além de proferir ofensas verbais. 

O episódio aconteceu durante uma confusão no plenário quando o deputado Glauber Braga (PSOL) teria se recusado a deixar a cadeira destinada ao presidente da Câmara, Hugo Motta, assumindo de forma irregular a presidência dos trabalhos e se recusar a repassá-la ao deputado Carlos Veras (PT), precisando ser retirado à força. 

Enquanto isso, Camila foi vista discutindo de forma acalorada com o Lucas Ribeiro de forma acalorada, apontando o dedo para o rosto do parlamentar e o empurrando. 

O vídeo foi gravado pelo deputado Nikolas Ferreira, que chamou a parlamentar de “descontrolada”.

Em sua representação, o partido Novo sustenta que a conduta da petista viola deveres previstos no Código de Ética, como o exercício de mandato com dignidade e o tratamento respeitoso a servidores da Casa. 

Além disso, o partido também mostrou outros comportamentos que enquadram ofensas físicas ou morais nas dependências da Câmara como atentado ao decoro parlamentar. 

O documento ainda menciona um episódio anterior, ocorrido no mês de agosto de 2025, quando Camila teria se envolvido em “agressão” contra o deputado Nikolas Ferreira (PL), sendo apontado como uma conduta reincidente. 

O partido pediu, então, que o Conselho de Ética instaure um processo disciplinar e aplique a penalidade de perda do mandato ou, de forma alternativa, a suspensão do exercício do mandato da parlamentar pelo período de seis meses, após a instrução do caso e a oitiva das partes e testemunhas. 

Resposta de Jara

Em nota enviada ao Metrópolis, Camila Jara afirmou que o fato na audiência foi um “tumulto generalizado, com cenas até de violência física”. 

“Recebo com indignação a representação do partido Novo no Conselho de Ética. Agi em defesa das jornalistas, deputadas e deputados que vi serem agredidos por policiais legislativos. Sempre pautei minha atuação pelo respeito institucional, pela defesa da democracia e pela valorização dos servidores do Parlamento”, declarou.

A parlamentar disse ainda que “qualquer narrativa que me imputasse condutas violentas ignoraria o contexto dos fatos e, antes disso, os próprios fatos. E seria estória, e não história”.
 

CRIME ORGANIZADO

Fronteira com MS, Paraguai fecha acordo com EUA para combater facções criminosas

A região é rota de tráfico de drogas para o Brasil, Argentina e Uruguai. O plano estratégico prevê o estabelecimento ou ampliação de tropas norte-americanas de importância estratégica

16/12/2025 16h15

Marco Rubio,  secretário de Estado

Marco Rubio, secretário de Estado Reprodução: rede social

Continue Lendo...

Paraguai e Estados Unidos selaram nesta segunda-feira (15), um acordo de cooperação militar que prevê a atuação de militares americanos no país sul-americano. Atualmente, na região, a Casa Branca tem acordos similares com Panamá, Equador, Bahamas e Trinidad e Tobago.

O Acordo Estatutário de Forças (Sofa, na sigla em inglês) regulamenta a atuação de militares e civis do Departamento de Defesa americano em países estrangeiros. O pacto foi assinado pelo secretário de Estado, Marco Rubio, e o chanceler paraguaio, Ruben Ramirez Lezcano.

O objetivo, segundo o governo americano, é facilitar a resposta conjunta a interesses de segurança regional em comum para os dois países, em uma referência velada a cartéis de droga que atuam na região.

“Ao estabelecer uma estrutura para as atividades do pessoal militar e civil dos EUA no Paraguai, este acordo abre novas portas para nossos esforços coletivos para promover a segurança e a estabilidade em nosso hemisfério”, disse Rubio em sua conta no X.

“Se observarmos o problema fundamental no hemisfério, o mais grave que enfrentamos é o dessas organizações terroristas transnacionais, que em muitos casos não são terroristas por ideologia, mas têm uma base financeira e econômica”, acrescentou.

Nova Doutrina Monroe

O acordo, apesar de não autorizar operações armadas ou criação de bases, abre caminho para a cooperação e treinamento militar entre os dois países, e vem a público dias depois de os EUA divulgarem sua nova Estratégia de Segurança Nacional, que prevê uma ampliação da presença militar na América Latina.

Na ocasião, o documento evocou a Doutrina Monroe, que ficou conhecida no século 19 sob o lema “América para os americanos”, e defendeu uma hegemonia dos EUA sobre a região frente às potências europeias.

O plano estratégico divulgado na semana passada prevê o estabelecimento ou ampliação de acesso de locais de importância estratégicas para o governo americano.

No centro do continente e cercado por importantes fontes de água doce e rotas de narcotráfico, o Paraguai se encaixa nesse perfil.

Hoje, os EUA têm ainda bases militares no Equador, na Colômbia e no Peru, operadas pelo Comando Sul.

Há anos, a presença de grupos armados ligados ao Hezbollah na tríplice fronteira entre o Paraguai, Brasil e Argentina preocupa o governo americano.

A região também é ponto de rota para o escoamento de drogas para o Brasil, Argentina e Uruguai.

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).