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Contrariando a esquerda, Zanin vota contra reconhecimento de violência policial a indígenas de MS

Em abril deste ano, a Apib acionou o STF para tentar conter a violência policial contra indígenas Guarani e Kaiowá em Mato Grosso do Sul

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Cristiano Zanin, o mais novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), indicado pelo presidente Lula (PT), efetivou mais um voto considerado polêmico e criticado pela esquerda. Desta vez, ele votou contra o reconhecimento de uma ação de violência policial contra indígenas Guarani-Kaiowá, que ocorreu em Mato Grosso do Sul.

Zanin acompanhou o voto do relator, Gilmar Mendes, juntamente aos ministros André Mendonça e Nunes Marques contra a ação ajuizada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), que pedia ao Supremo a investigação da Polícia Militar durante os conflitos fundiários entre fazendeiros e indígenas; 

Contrariamente, a presidente da Corte, Rosa Weber, abriu o primeiro voto contra o do relator, seguida pelos ministros Edson Fachin, Cármen Lúcia, Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Luiz Fux e Dias Toffoli.

Pela votação, o STF aceitou a ação proposta que denuncia violência policial e violações de preceitos constitucionais contra comunidades indígenas de Mato Grosso do Sul.

O julgamento virtual terminou na noite desta sexta-feira (25) e analisava uma decisão anterior do ministro Gilmar Mendes, que já havia negado provimento à ação, em decisão provisória.

Mesmo assim, o placar final do julgamento ficou em 7 votos a 4 a favor do prosseguimento da ação.

Relembre o caso de conflito indígena

Em abril deste ano, a Apib acionou o STF para tentar conter a violência policial contra indígenas Guarani e Kaiowá em Mato Grosso do Sul.

A articulação protocolou uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental,  na qual pedia que a conduta da Polícia Militar em operações de desocupação de terras contra indígenas fosse investigada pela Corregedoria e que a força fosse proibida de atuar nesse tipo de operação.

Segundo a Apib, “as violações perpetradas contra as comunidades indígenas em Mato Grosso do Sul são sistêmicas e se relacionam com a ausência de demarcação da terra tradicionalmente ocupada”, inclusive com a presença de milícias privadas, “culminando em mortes, lesões corporais e trauma coletivo”.

Segundo a entidade, as ações policiais na região acontecem “em total desconformidade com os protocolos legais”.

Procurada, a Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul afirmou que age no “estrito cumprimento do dever legal, para a preservação da ordem pública e da vida”.

A violência contra os Guarani e Kaiowá em Mato Grosso do Sul é uma constante há alguns anos na disputa de território da região ligados ao agronegócio. Desde 2003, pelo menos dez lideranças foram assassinadas no estado, contabilizando a articulação.

Votos de Zanin incomodam a esquerda

Indicado pelo presidente Lula para o STF, o ministro Cristiano Zanin acumulou críticas de aliados do petista e elogios de opositores, pelo voto solitário contra a descriminalização do porte de drogas para uso pessoal.

Menos de um mês após sua posse no STF, Zanin também tem acumulado outros posicionamentos em julgamentos contrários à expectativa de parte dos apoiadores de Lula.

Na última semana, o ministro apresentou relatório para manter a condenação de dois homens acusados de furtar um macaco de carros, dois galões com combustível e uma garrafa enchida pela metade com óleo diesel – itens que, juntos, foram avaliados em R$ 100.

A defesa da dupla pedia o reconhecimento do princípio de insignificância, argumentando que os produtos furtados tinham baixo valor e foram recuperados pela vítima. Zanin, porém, decidiu manter a condenação.

Zanin ainda foi criticado por apoiadores de Lula por ter sido o único ministro do Supremo a votar contra a tipificação da homotransfobia como crime de injúria racial.

Após a repercussão negativa, o gabinete do ministro divulgou mensagem rebatendo as críticas, dizendo que a decisão se deu por questões processuais.

O ministro também integrou a maioria do STF que decidiu mudar regra e permitir que juízes atuem em processo de clientes de escritórios de advocacia que tenham parentes dos próprios magistrados em seus quadros.

Ex-advogado de Lula, Zanin foi indicado pelo presidente para uma das cadeiras do Supremo Tribunal Federal após a aposentadoria de Ricardo Lewandowski.

*Com Folhapress. 

Política

Moraes manda PGR e defesa de Bolsonaro se manifestarem sobre laudo de violação da tornozeleira

A PGR deverá se manifestar primeiro, em até cinco dias, e depois os advogados terão o mesmo prazo para enviar ao STF informações que julgarem importantes

18/12/2025 21h00

Ministro do STF, Alexandre de Moraes

Ministro do STF, Alexandre de Moraes Divulgação

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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), pediu nesta quinta-feira, 18, que a Procuradoria-Geral da República (PGR) e a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro se manifestem sobre o laudo da Polícia Federal que atestou a violação da tornozeleira eletrônica dele.

A PGR deverá se manifestar primeiro, em até cinco dias, e depois os advogados terão o mesmo prazo para enviar ao STF informações que julgarem importantes.

O laudo da Polícia Federal apontou "danos significativos" na junção da capa plástica da tornozeleira eletrônica.

"O aspecto físico e as análises realizadas na área danificada sugerem que na tornozeleira eletrônica foi empregada uma fonte de calor concentrado com ferro em sua composição. Testes realizados com ferro de solda na superfície do material questionado exibiram aspectos compatíveis com os danos verificado", diz o relatório da PF.

O ex-presidente admitiu que usou um ferro de solda no aparelho. Bolsonaro disse que agiu "por curiosidade". A defesa afirma que ele teve um episódio de "confusão mental" causado por "efeitos colaterais" da interação de remédios. Segundo os advogados, isso levou a "pensamentos persecutórios e distantes da realidade".

O episódio levou Moraes a decretar a prisão preventiva do ex-presidente, posteriormente convertida na execução da pena de 27 anos e 3 meses decorrente da condenação no processo da trama golpista. Bolsonaro está preso na superintendência da Polícia Federal em Brasília.

Chapadão do Sul

Justiça suspende eleição da mesa diretora de Câmara de Vereadores por suspeita de fraude e "pacto"

Em decisão liminar, Juiz Silvio Prado acata pedido do vereador Marcel D'Angelis e aponta "robustos indícios" de acordo clandestino, promessa de emprego a suplente e violação do processo democrático

18/12/2025 18h00

Justiça suspende eleição da mesa diretora de Câmara de Vereadores de Chapadão do Sul

Justiça suspende eleição da mesa diretora de Câmara de Vereadores de Chapadão do Sul Divulgação

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O Juiz Silvio Prado, da 1ª Vara Cível de Chapadão do Sul, deferiu tutela de urgência e suspendeu a eleição da Mesa Diretora da Câmara Municipal, realizada em 6 de outubro de 2025.

A liminar, proferida em uma ação anulatória movida pelo vereador Marcel D'Angelis Ferreira Silva (PP), foi baseada em "robustos indícios" de esquema que teria fraudado o processo democrático interno.

As acusações, sustentadas por uma gravação audiovisual registrada em Ata Notarial, incluem a combinação prévia de votos, a promessa de um cargo em troca de apoio político, a antecipação inconstitucional do pleito e a criação de um "pacto plurianual" para dividir a presidência da Casa nos anos de 2026, 2027 e 2028.

O juiz advertiu que o descumprimento da suspensão acarretará multa diária, pessoal e solidária de R$ 50.000,00 contra os vereadores réus, além de possível comunicação por ato de improbidade administrativa.

A ação, ajuizada pelo vereador Marcel D'Angelis, alega que a eleição de 6 de outubro foi apenas uma "mera homologação" de um acordo selado em uma reunião privada ocorrida quase um mês antes, em 10 de setembro de 2025.

Uma gravação dessa reunião, cuja transcrição consta nos autos, revelou diálogos que, segundo o juiz, "evidenciam práticas absolutamente incompatíveis com o regime constitucional".

A eleição pública teria se tornado um "teatro institucional", como descreveu o magistrado, para formalizar um resultado já definido em segredo.

Uma das falas transcritas na ata notarial é categórica: "A sessão do dia 06 é só para confirmar. Não tem surpresa". Para o juiz, isso representa um "claro abuso institucional" e uma fraude procedimental.

A gravação revela um suposto acordo para garantir o voto de uma vereadora suplente. Em troca do apoio, ela teria recebido a garantia de um emprego por três anos.

A transcrição é explícita: "A Inês vai votar com a gente... mas ela pediu garantia de emprego por três anos. Já acertamos isso."

O juiz classificou a afirmação como uma "aparente compra ilícita de apoio político", que viola a moralidade administrativa e configura abuso de poder.

 

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