Política

GOLPE DE ESTADO

Decisão histórica do STF põe no banco dos réus 4 generais

Desde a Proclamação da República, em 1889, nenhum oficial general das Forças Armadas foi indiciado nem condenado pelo crime de tentativa de golpe de Estado

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Pela primeira vez na história do Brasil, uma investigação contra quatro oficiais generais das Forças Armadas por tentativa de golpe de Estado avança a ponto de torná-los réus.

Trata-se do almirante de Esquadra Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha do Brasil; o general de Exército Augusto Heleno Ribeiro Pereira, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI); o general de Exército Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ex-ministro da Defesa; e o general de Exército Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil de Jair Bolsonaro.

Eles passarão a responder a um processo penal, o que pode levar à prisão, a depender da pena. A decisão foi proferida ontem pela 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). 

Desde a Proclamação da República, em 1889, nenhum militar de alta patente foi indiciado nem condenado pelo crime de tentativa de golpe de Estado.

Conforme o professor de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Carlos Fico, em 1922, o então presidente Hermes da Fonseca foi preso por supostamente estar envolvido na tentativa de deposição do presidente Epitácio Pessoa.

Segundo o professor, houve somente o “início de um inquérito”, que não foi concluído, uma vez que Fonseca morreu antes disso. Então, apesar da prisão que durou seis meses, ele não foi julgado formalmente.
Também, no caso dos oficiais generais que planejaram a tentativa de golpe de Estado, uma investigação como essa nunca foi tão longe, com a possibilidade de condenar à prisão os responsáveis na esfera penal.

“Em todos os casos de tentativas de golpe e pronunciamentos militares contra presidentes, nunca houve a efetiva punição de militares golpistas. Mesmo nos casos em que houve o início de alguma investigação, uma anistia acabou sendo aprovada”, diz Fico.

O historiador ressalta que, no contexto da última ditadura que o Brasil viveu, de 1964 a 1985, a Lei da Anistia, de 1979, impediu a punição de “qualquer pessoa”, inclusive dos militares.

De acordo com Fico, crimes graves de violação de direitos humanos não foram julgados em função dessa legislação, episódio que ficou conhecido como “perdão aos torturadores”.

A Comissão Nacional da Verdade (CNV), que funcionou de 2012 a 2014, reconheceu a responsabilidade de diversos militares, mas não tinha poder para julgar nem punir.

DEFESAS DOS RÉUS

As defesas dos quatro oficiais de alta patente das Forças Armadas avaliaram que o acolhimento da denúncia pelo STF era esperado. Os advogados, porém, salientaram que o processo ainda está na fase inicial.

Ao aceitar a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), o Supremo tornou os denunciados réus. Assim, eles passarão a responder a um processo judicial. 

No fim da ação, eles serão absolvidos ou condenados, com penas a serem definidas pelos magistrados.

O advogado e ex-senador Demóstenes Torres, que representa o ex-comandante Garnier, avaliou que “cumpriu-se a previsão” do julgamento.

“Agora, abre-se o leque para que nós possamos fazer o contraditório e a ampla defesa”, declarou.

Segundo José Luis Oliveira Lima, o Juca, advogado que defende o general Braga Netto, o “jogo está começando”. Ele também reafirmou que durante a instrução provará a inocência do ex-ministro.

“Estamos em uma fase inicial, como todos os ministros fizeram questão de pontuar. É uma fase preliminar em que verificaram indícios de autoria, prova da materialidade. O jogo está começando. Temos ainda uma instrução criminal pela frente, a oitiva das testemunhas de acusação, a oitiva das testemunhas de defesa, ao fim os interrogatórios dos denunciados e toda a prova escrita que as defesas vão apresentar”, afirmou.

A defesa de Garnier indicou que deve questionar ao longo do processo a delação premiada do tenente-coronel do Exército Mauro Cid, que serviu para parte da obtenção de provas da PGR.

SAIBA

Principais argumentos de Alexandre de Moraes

1) “Indícios fortes de autoria”: O ministro Alexandre de Moraes sustentou que há elementos robustos para justificar o recebimento da denúncia e a abertura do processo criminal. Segundo ele, a denúncia apresentada pela PGR é “detalhada, compreensível e coerente” e oferece aos acusados todas as condições necessárias para exercerem 
seu direito de defesa.

2) Ataques do 8 de Janeiro: Moraes exibiu vídeos da invasão às sedes dos Três Poderes, ocorrida em 8/1/2023, para contextualizar a denúncia e reforçar a ligação entre os acusados e os atos violentos. Ele classificou o episódio como uma “guerra campal” e “tentativa de golpe violentíssimo”.

3) Ataques às instituições: Ao longo do voto, o ministro destacou que Bolsonaro 
adotou uma postura sistemática de descredibilização das instituições, em especial 
o STF e o sistema eleitoral.

*Com informações de agências

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PED 2025

Gleice Jane e Vander Loubet vão disputar as eleições do PT em Mato Grosso do Sul

Definição dos candidatos para direção estadual ocorreu no Congresso de Articulação da Esquerda realizado em Dourados

30/03/2025 14h30

Foto: Reprodução

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Reunião entre a direção estadual do Partido dos Trabalhadores (PT), decide pela candidaturas da deputada estadual Gleice Jane e do deputado federal Vander Loubet para disputa da liderança do partido em Mato Grosso do Sul.

As eleições fazem parte do Processo de Eleição Direta (PED) do Partido dos Trabalhadores que vai decidir, por voto direto, o sucessor ou sucessora da atual presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann, além dos membros das direções municipal e estadual do partido em todo o país.

Entre os candidatos para assumir a direção estadual, Vander é considerado da ala mais moderada, ao centro. Já a Gleice Jane, da ala mais a esquerda do partido.

Os candidatos foram confirmados em reunião da Direção Estadual do PT da Articulação de Esquerda, que esteve reunida em Dourados neste sábado (29), no período da manhã, no Sindicato dos bancários, e no período da tarde na câmara municipal.

A definição do pleito foi realizada com a presença do candidato a presidência Nacional do PT, o historiador Valter Pomar, onde ficou definido por unanimidade que a Deputada Gleice Jane será a candidata que vai disputar com o Deputado Federal Vander Loubert a direção do PT no Mato Grosso do Sul.

As eleições internas do PT serão realizadas no dia 6 de julho. Em janeiro deste ano o Diretório nacional do partido aprovou os prazos para inscrição das chapas que concorrerão às três instâncias de direção, definidos segundo o calendário abaixo:

  • em nível municipal e zonal: entre 12 de março e 14 de abril
  • em nível estadual: entre 11 de março e 28 de abril
  • em nível nacional: entre 10 de março e 19 de maio

Atualmente Humberto Costa é quem comanda o cargo da presidência do PT até a realização das eleições diretas, já que a atual presidente do partido, Gleisi Hoffmann, assumiu o Ministério de Secretaria de Relações Institucionais do Brasil no fim do mês de fevereiro.

PED NACIONAL

No contexto nacional das eleições para presidente do Partido dos Trabalhadores, Edinho Silva é cotado com um dos favoritos a vencer a disputa, já que recebeu o apoio do Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Edinho é um sociólogo e político brasileiro, filiado ao Partido dos Trabalhadores. Foi Vereador do município de Araraquara (SP) deputado estadual e ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República.

Além do Edinho, o atual secretário de Relações Internacionais, Romênio Pereira, será candidato pela tendência Movimento PT.

Um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras, Romênio Pereira é natural de Patos de Minas (MG) e iniciou a sua trajetória no movimento sindical no início dos anos 1980 em seu estado natal. Ele já ocupou várias funções no PT-MG e também na direção nacional do partido.

Quem concorre também a presidência nacional é o historiador e membro do Diretório Nacional do PT, Valter Pomar, que registrou sua candidatura para concorrer à presidência representando o movimento Articulação de Esquerda.

Mudança

Moraes concede prisão domiciliar a condenado do 8/1 com câncer

Preso sofreu infarto recentemente e usará tornozeleira

29/03/2025 21h00

FABIO RODRIGUES POZZEBOM/AGÊNCIA BRASIL

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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, concedeu neste sábado (29) prisão domiciliar a um condenado pelo ato golpista de 8 de janeiro de 2023 com câncer que sofreu infarto recentemente. Jaime Junkes passará a cumprir a pena de 14 anos em casa e usará tornozeleira eletrônica.

“Além do seu diagnóstico de câncer, reiteradamente comprovado nos autos, [o condenado] teria sofrido recentemente infarto agudo no miocárdio, o que configura importante situação superveniente a autorizar a excepcional concessão de prisão domiciliar humanitária”, escreveu Moraes em sua decisão.

Além da tornozeleira, Junkes não poderá usar redes sociais, comunicar-se com os demais envolvidos nos atos de 8 de janeiro, nem dar entrevistas a veículos de imprensa sem a autorização do STF.

O condenado também está obrigado a informar à Justiça qualquer deslocamento por problemas de saúde com 48 horas de antecedência, exceto em casos de emergência, em que a saída poderá ser comunicada posteriormente.

Junkes também não poderá receber visitas em casa, exceto de irmãos, filhos, netos e advogados. As demais visitas precisarão ser autorizadas pelo STF.

Reconsideração

Ao permitir a prisão domiciliar, o ministro reconsiderou decisão do último dia 21. Na ocasião, Moraes não permitiu a ida de Junkes para casa, argumentando que o condenado poderia deixar o presídio periodicamente para fazer tratamentos de saúde.

Preso em flagrante dentro do Palácio do Planalto em 8 de janeiro de 2023, Junkes foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República como “executor material” dos ataques às sedes dos Três Poderes. Ele foi condenado a 12 anos e seis meses de pena em regime fechado, mais um ano e seis meses em regime semiaberto ou aberto.

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