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Deputados cobram ações do Estado para resolver ocupações de sem-terra no Mato Grosso do Sul

Parlamentares analisam casos crescentes no Estado e divergem, classificando ocupantes de "pessoas com bom senso" a "criminosos"

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Diante de casos crescentes de acampamentos sem-terra em Mato Grosso do Sul, parlamentares da Assembleia Legislativa divergem quanto ao perfil das famílias que ocupam as áreas e suas intenções, mas concordam que uma atitude precisa ser tomada pelo Governo do Estado. 

Como adiantado pelo Correio do Estado, nos próximos dias, aproximadamente 450 famílias ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) devem ocupar a região 50 km distante de Ponta Porã, o Assentamento Itamarati. 

"Existe a possibilidade de ocuparmos duas regiões distintas de Mato Grosso do Sul. De forma mais concreta, estamos articulando a ocupação próxima ao Assentamento Itamarati, próximo ao município de Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai", afirmou Claudinei Barbosa, em entrevista ao Correio do Estado.

Parlamentar do PRTB, Rafael Tavares disse que oficiou nominalmente o governador, Eduardo Riedel, para haver uma resposta "mais enérgica" para as ações de ocupação que acontecem pelo interior do Estado. 

"Para que ele [Riedel] deixe claro para esses movimentos aí, que no Mato Grosso do Sul não tem espaço para terrorismo. O poder executivo tem que sinalizar isso. Não é porque o ex presidiário hoje está no comando da nação, que o país vai voltar a ser a bagunça de antigamente que era durante os governos do PT", afirma ele.

Tavares comenta que, muitas das vezes, as pessoas nessa situação buscam um espaço para sobreviver, mas cita que "não é o meio correto você invadir a propriedade de alguém". 

Rafael frisa que, nessa "disputa", coloca seu mandato à disposição para proteger e ajudar os produtores rurais, sendo que, segundo ele, seu gabinete respalda qualquer ação da polícia "em defesa da propriedade privada, e contra qualquer absurdo cometido em razão aos produtores rurais". 

Outro parlamentar, João Henrique Catan (PL), faz ainda um paralelo entre os ataques terroristas de oito de janeiro, quando foram registrados vandalismos contra o patrimônio público, e a situação que alguns fazendeiros enfrentam atualmente. 

"Agora - nas leis, no direito criminal, penal -, o crime de violação da propriedade privada, que deveria, neste momento, chamar tanta atenção e ser punido adequadamente, não tem a tratativa da mesma regra, no mesmo parâmetro", diz João Henrique. 

Catan ainda chama o Luiz Inácio Lula da Silva de "criminoso", dizendo que o mandatário eleito busca mudar a política agrária do ex-presidente Jair Bolsonaro, que ele classifica como "de libertação". 

"Não sou contra a gente ter um processo de desenvolvimento agrário no País. Sou contra a violação do direito absoluto de propriedade, liberdade de expressão. Nossas garantias constitucionais fundamentais estão sendo violadas e ninguém está dando a devida atenção. Temo que isso aqui, daqui a pouco, vire uma Venezuela, uma Cuba", argumenta ele. 

Sobre o assunto, através das redes sociais, o deputado federal correligionário de Catan, Rodolfo Nogueira, frisou seu repúdio contra o que chamou de "ações de violência do grupo da Frente Nacional de Luta Campo e Cidade". 

Perfil e medidas esperadas

Rafael tavares aponta o método das famílias ligadas ao MST como "errado", dizendo que, se há demanda a ser reivindicada, elas precisam fazer "da maneira correta", "não dessa forma, invadindo a propriedade das pessoas". 

Quando questionado sobre as medidas a serem tomadas, com relação ao abrigo e segurança dessas famílias, por sua vez o parlamentar relaciona a questão como um problema a ser pelo governo federal. 

"E o que a gente percebe é que aqui são pessoas que, de forma organizada, com lideranças, acabam se apropriando de áreas que não são suas", completa ele.

Já Catan, quando perguntado sobre o perfil dessas famílias, não hesitou em dizer que "são criminosos", e pontuou que em seu último mandato usou dados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para entender quem são as pessoas que buscam um pedaçõ de terra. 

"Todo pedido de regulamentação, normalmente, são feitos por mulheres. Pela reação do Incra elas são a maioria, porque os homens não conseguem se regularizar para ter um pedaço de terra para trabalhar. Porque na maioria das vezes são criminosos que estão com mandados de busca e apreensão em aberto, que estão cumprindo pena", afirma o deputado. 

Para ele, esse problema não vai se resolver de forma fácil, e cita que o governador Eduardo Riedel não tem tratado da situação de uma forma adequada, criticando as escolhas do atual governador. 

“Colocou dentro da Agraer, uma agência de desenvolvimento agrário, um indicado pelo critério político do lado do Partido dos Trabalhadores (PT). Governador Eduardo está dando o mapa da mina, de onde tem que ser feita as invasões”. 

Base aliada

Membros do Partido dos Trabalhadores na Assembleia Legislativa, Zeca do PT e Amarildo Cruz, acreditam que as famílias ligadas ao MST buscam algo "justo" e tem "bom senso" para que não sair simplesmente ocupando territórios. 

"Sabem que ocupar por ocupar não vai resolver. Na medida que o governo Lula está começando, não tem o recurso ainda disponível, porque o Lula quer comprar terra para fazer assentamento de forma pacífica", apontou Zeca. 

Segundo ele, o atual governo recebeu "terra arrasada" de Jair Bolsonaro, sem ter recursos para o que Zeca classifica como "fundamental". 

"Ou seja, os assentamentos que já existem a gente fazer produzir para melhorar a vida de quem já está assentado", complementa o parlamentar. 

Conforme Zeca, o que vem acontecendo são acampamentos à beira da estrada, que surgem como "mecanismo de pressão política legítimo"

"Se não partir para o tudo ou nada, sem problema nenhum. Me estranha muita gente da mídia, empresários e pessoal do agronegócio dizer que os sem-terra estão acampando. Eles não acamparam na frente dos quartéis, xingando as pessoas; proibindo o direito de ir e vir; pedindo ditadura militar? E ninguém se constrangeu com isso". 

Zeca diz não apoiar o que chama de "ocupação por ocupação", mas aponta que essas famílias geralmente buscam levantar terra que eventualmente esteja improdutiva, ou que queira ser comercializada, para quando tiver dinheiro o governo Federal comprar. 

"Meu mandato, portanto, vai servir para a gente buscar recursos, em parceria com o governo Riedel e com o governo de Lula, para a gente fazer aquele estão assentados produzirem e melhorarem de vida", diz. 

Já Amarildo Cruz diz que conhece o movimento e considera o grupo organizado, uma vez que, segundo o parlamentar, lutam por algo "extremamente justo" que é a democratização ao acesso à Terra. 

"A Terra não pode estar concentrada na mão de poucos em detrimento de muitos, inclusive de gente que depende e tem talento pra viver, principalmente a agricultura familiar, da pequena propriedade, para uma pessoa sozinha plantar de 50 a 70 mil hectares de soja, por exemplo, sem colocar nenhum tipo de alimento na mesa do brasileiro", fala .

Conforme o deputado, os sem-terra falam em "ocupação" e não em "invasão", e considera isso uma forma de poderem levar a reivindicação adiante, já que Amarildo diz que, nos últimos anos, qualquer tipo de avanço ao processo de democratização à Terra foi paralisado. 

"Eles têm uma estratégia de ocupação. A falta de emprego e a fome não esperam. Elas têm urgência e, obviamente, que isso é uma estratégia que o movimento sempre aderiu. Acho que faz parte, dentro do campo da organização, da democracia e da não violência", finaliza ele. 
**(Colaborou Alison Silva)

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Espera

Motta aguarda assessoria jurídica da Câmara para definir posse de suplente de Zambelli

Primeira Turma do STF confirmou, ontem, 12, a decisão do ministro Alexandre de Moraes que decretou a perda imediata do mandato de Zambelli

13/12/2025 21h00

Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta

Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta Foto: Câmara dos Deputados

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O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), espera uma resposta da assessoria jurídica da Casa para definir o destino do mandato da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) até segunda-feira, 15.

A equipe de Motta afirmou à reportagem que a decisão deve tratar não necessariamente da cassação de Zambelli, mas da posse de Adilson Barroso (PL-SP). O prazo de 48 horas dado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) à Câmara menciona especificamente a posse do suplente, não a cassação da titular.

A Primeira Turma do STF confirmou, ontem, 12, a decisão do ministro Alexandre de Moraes que decretou a perda imediata do mandato de Zambelli. O colegiado também chancelou a determinação para que a Mesa da Câmara dê posse ao suplente da deputada em até 48 horas, como prevê o regimento interno da Casa.

A decisão anulou a deliberação da própria Câmara de rejeitar a cassação de Zambelli, o que foi visto como afronta ao STF. Foram 227 votos pela cassação, 170 votos contrários e dez abstenções. Eram necessários 257 votos para que ela perdesse o mandato.

Moraes disse em seu voto que a deliberação da Câmara desrespeitou os princípios da legalidade, da moralidade e da impessoalidade, além de ter "flagrante desvio de finalidade".

O ministro afirmou que a perda do mandato é automática quando há condenação a pena em regime fechado superior ao tempo restante do mandato, já que o cumprimento da pena impede o trabalho externo.

Nesses casos, cabe à Casa legislativa apenas declarar o ato, e não deliberar sobre sua validade.

O STF condenou Zambelli em maio pela invasão de sistemas e pela adulteração de documentos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A pena é de 10 anos de prisão em regime inicial fechado, e tem como resultado a perda do mandato na Câmara.

A deputada, no entanto, fugiu do País antes do prazo para os recursos. Ela hoje está presa preventivamente na Itália, e aguarda a decisão das autoridades italianas sobre a sua extradição.

A votação em plenário na madrugada da quinta-feira, 11, contrariou a decisão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, que, na tarde desta quarta-feira, 10, tinha aprovado a cassação.

Zambelli participou por videoconferência da deliberação da CCJ e pediu que os parlamentares votassem contra a sua cassação, alegando ser inocente e sofrer perseguição política. "É na busca da verdadeira independência dos Poderes que eu peço que os senhores votem contra a minha cassação", disse.

No plenário, a defesa ficou com Fábio Pagnozzi, advogado da parlamentar, que fez um apelo para demover os deputados. "Falo para os deputados esquecerem a ideologia e agir como seres humanos. Poderiam ser o seus pais ou seus filhos numa situação dessas", afirmou. O filho da parlamentar, João Zambelli, acompanhou a votação. Ele completou 18 anos nesta quinta-feira.

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), discursou pedindo pela cassação. "Estamos aqui para votar pela cassação que já deveria acontecer há muito tempo", disse.

O PL trabalhou para contornar a cassação, para esperar que Zambelli perca o mandato por faltas. Pela regra atual, ela mantém a elegibilidade nessa condição.

Caso tivesse o mandato cassado, ficaria o tempo de cumprimento da pena mais oito anos fora das urnas. Ela só poderia participar de uma eleição novamente depois de 2043. Estratégia similar foi feita com Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que deverá ter a perda do mandato decretada pela Mesa Diretora.

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Política

PT oficializa pré-candidatura de Fábio Trad ao governo do Estado

Nome de ex-deputado foi oficializado em encontro realizado neste sábado (13)

13/12/2025 18h00

À direita da imagem, Fábio Trad acompanha fala de Edinho Silva

À direita da imagem, Fábio Trad acompanha fala de Edinho Silva Foto: Pedro Roque / Reprodução

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Ex-deputado federal, Fábio Trad foi oficializado como o postulante à governadoria estadual pelo Partido dos Trabalhadores (PT). A indicação ocorreu na tarde deste sábado (13), em reunião da cúpula petista na Capital, que contou com a presença do presidente nacional da sigla Edinho Silva e diversas lideranças do partido. 

Filiado ao partido desde agosto último, Fábio Trad migrou para o campo mais à esquerda após deixar o Partido Social Democrático (PSD), sigla a qual pertencia há 10 anos.

Fábio Trad, ressaltou o simbolismo político da visita do líder da sigla à Capital e afirmou que a presença da direção nacional recoloca o campo progressista sul-mato-grossense no centro do debate nacional.

“A vinda do presidente nacional do PT significa que a esquerda de Mato Grosso do Sul está, sim, no radar político nacional. Não é possível que um Estado da importância geopolítica de Mato Grosso do Sul não tenha um palanque competitivo, ideologicamente coerente com o campo progressista liderado pelo presidente Lula”, afirmou.

Ao Correio do Estado, o ex-deputado destacou que os partidos que compõem a frente progressista construirão um grande palanque para o Lula em Mato Grosso do Sul, voltado "às conquistas sociais e econômicas para o nosso povo", disse.

À reportagem, destacou que, a disputa pelo executivo estadual partiu de uma decição do presidente nacional do partido, decisão que viu com bons olhos.

"Sobre a construção em torno da minha participação na campanha, o presidente Edinho destacou a preferência do PT de MS para que a jornada seja encabeçada por mim. As definições estão se concretizando e eu espero contribuir com o presidente Lula para fazer em MS o papel que ele me incumbiu de exercer", declarou. 

Além de mirar o posto mais alto do executivo estadual, o partido deve priorizar a corrida pelo Senado, já que Soraya Thronicke (Podemos) e Nelsinho Trad (PSD), irmão de Fábio, não possuem vaga garantida para o próximo ano. 

"O presidente Lula está muito atento ao cenário aqui do estado e fará todo o esforço para que o campo progressista tenha êxito em todas as instâncias de disputa, inclusive o Senado com o companheiro Vander", disse. 

À direita da imagem, Fábio Trad acompanha fala de Edinho Silva Ex-deputado Fábio Trad / Foto: Marcelo Victor / CE

À época de sua filiação, Trad já era cotado para disputar as eleições para governador no pleito geral de 2026, contudo, havia rechaçado o embate contra o atual governador Eduardo Riedel (PP) nas urnas.

Diferente dos irmãos, ele vem de uma formação mais à esquerda. Advogado formado na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), conheceu o movimento brizolista (ligado à Leonel Brizola).

Em Mato Grosso do Sul, já teve dois mandatos de deputado federal pelo PSD, onde sua família esteve abrigada durante quase toda década passada.

Após a pandemia de Covid-19, voltou-se mais à esquerda quando se colocou como um dos oposicionistas do então presidente Jair Bolsonaro (PL).

Em 2022, não conseguiu se reeleger. Disputou a eleição pelo antigo partido e também foi derrotado na disputa pelo governo do Estado.

Em 2023, recebeu um cargo na Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), no governo Lula.

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