Com a saída das duas principais lideranças do PSDB de Mato Grosso do Sul, o governador Eduardo Riedel e o ex-governador Reinaldo Azambuja, que trocaram o ninho tucano pelo PP e PL, respectivamente, a permanência dos seis deputados estaduais no partido para as eleições gerais do próximo ano está condicionada a diversos fatores.
O principal deles é a garantia de uma reeleição tranquila para os parlamentares Paulo Corrêa, Pedro Caravina, Jamilson Name, Lia Nogueira, Mara Caseiro e Zé Teixeira, afinal, sem Riedel e Azambuja, o partido ficou desidratado e, por causa isso, pelo menos dois deputados estaduais já avisaram que vão aproveitar a janela partidária para trocar de legenda, enquanto um terceiro também deve tomar o mesmo destino.
Para os três que devem permanecer na sigla com o objetivo de buscar a reeleição, uma articulação é usar as prováveis candidaturas dos vereadores campeões de votos em Campo Grande para reforçar a chapa tucana que disputará cadeiras na Assembleia Legislativa no pleito de 2026.
Conforme informações obtidas pelo Correio do Estado, os três deputados estaduais tucanos apostam que as candidaturas dos vereadores Silvio Pitu, que teve 6.409 votos em 2024, Dr. Victor Rocha, com 5.355 votos, Professor Juari, com 5.050 votos, e Flavio Cabo Almi, com 5.003 votos, ao legislativo estadual podem servir de “escada” à reeleição deles.
Afinal, os atuais deputados estaduais do PSDB são bons de votos nas cidades do interior do Estado e não tão bons assim em Campo Grande, deficiência que poderá ser sanada com as eventuais candidaturas dos quatro vereadores tucanos em 2026 à Assembleia Legislativa, o que fortaleceria suas brigas pela manutenção das respectivas cadeiras na Casa de Leis estadual.
A única eventualidade de a manobra não dar certo é se os quatro vereadores interessados em vagas no legislativo estadual desistirem do projeto político, pois, como a janela partidária só abre em 2028, eles ficariam impedidos de trocar de partido sob risco de terem os respectivos mandatos cassados por infidelidade, caso identifiquem que suas candidaturas seriam apenas “escadas” para os veteranos da mesma chapa.
De acordo com a apuração do Correio do Estado, a possibilidade de os deputados estaduais tucanos usarem os quatro vereadores do mesmo partido como escada para as próprias reeleições teria sido discutida em sigilo logo após a reunião em que o ex-governador Azambuja comunicou oficialmente aos parlamentares do PSDB a saída da legenda para assumir o comando do diretório estadual do PL.
A reportagem procurou ouvir alguns dos vereadores tucanos que pretendem sair candidatos a deputados estaduais no próximo ano e eles foram unânimes em discordar da manobra.
“Se eles estão pensando que vamos concorrer em uma chapa com deputados estaduais com mais de 30 mil votos já assegurados, podem tirar o cavalo da chuva. É melhor continuar tocando o mandato de vereador do que servir de ‘escada’ para os outros”, disse um dos vereadores que preferiu não se identificar.
Esse mesmo parlamentar ainda completou que, caso a manobra seja feita às claras e definida para atender os anseios do PSDB de Mato Grosso do Sul, seria possível aceitá-la, entretanto, teria de ser combinado que os vereadores que adotem essa missão recebam o apoio financeiro necessário e, depois, em 2028 a respectiva ajuda política.
No entanto, outro vereador tucano ouvido pelo Correio do Estado disse que não há a menor hipótese de aceitar tal proposta, pois acredita que teria os votos necessários para conseguir por conta própria uma vaga de deputado estadual, sendo inviável entrar em uma disputa eleitoral para ser “escada” de quem já está na Casa de Leis e tentará a reeleição.
“Não fiquei sabendo dessa manobra por parte dos deputados estaduais do partido, porém, se eles pensam que ela pode prosperar, estão enganados. Eu e os demais colegas da Câmara Municipal não pretendemos entrar na campanha eleitoral do próximo ano se acharmos que não teremos chances de sermos eleitos”,
assegurou.
Ex-deputado Fábio Trad / Foto: Marcelo Victor / CE


