Política

Entrevista

"Estamos assumindo o Tribunal de Contas em momento muito delicado, e vejo mais como uma missão"

O novo presidente da Corte de Contas anunciou a realização de concursos públicos ainda neste ano para a vaga de conselheiro substituto e para auditores e analistas de controle externo

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O novo presidente do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul (TCE-MS), conselheiro Flávio Kayatt, concedeu uma entrevista exclusiva ao Correio do Estado e destacou que assume a Corte de Contas em um momento muito delicado, por ter quatro conselheiros afastados do exercício das funções por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Ele ainda revelou que, durante sua gestão à frente do TCE-MS, pretende realizar concurso público para conselheiro substituto e para auditores e analistas de controle externo. Outra questão abordada pelo conselheiro foi a redução do número de processos nas caixas do Tribunal de Contas. 

“Para você ter uma ideia, saímos de 80 mil para pouco mais de 28 mil processos represados”, revelou Flávio Kayatt, completando que também pretende mudar a imagem da Corte de Contas. 

“A imagem do Tribunal de Contas punitivo não quero ter, pretendo fazer com que os prefeitos não enxerguem a Corte de Contas como um ‘bicho-papão’”, ressaltou o novo presidente do TCE-MS.

Qual será sua principal bandeira neste primeiro ano como presidente da Corte de Contas?

O Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul, nos últimos anos, avançou muito com as ferramentas tecnológicas e proporcionou aos nossos técnicos que são capacitados uma maior eficiência. E é neste sentido que nós podemos colaborar e proporcionar, aos municípios e ao nosso estado, o acompanhamento dos processos desde suas análises prévias. Um processo que começa sem vícios sempre terá menos chances de ter problemas lá na frente. E é desta forma que queremos convencer os jurisdicionados sobre a nossa importância.

Durante a gestão do presidente Jerson Domingos, o TCE-MS focou na primeira infância. O senhor pretende dar continuidade a essa pauta?

Na semana passada, nós estivemos reunidos com o conselheiro Célio de Lima e demos carta-branca para ele continuar com o trabalho que desenvolveu a respeito da primeira infância nos últimos dois anos. Vamos dar continuidade porque percebemos o impacto positivo.

Quando o senhor foi eleito presidente da Corte de Contas, disse que pretendia se aproximar mais dos prefeitos. O senhor ainda mantém essa intenção?

Continuo com a mesma pretensão de fazer a aproximação com os presidentes das Câmaras Municipais, dos prefeitos e do governador Eduardo Riedel, para que possamos auxiliá-los e fazer com que eles não tenham receio. Porque, na nossa gestão, queremos um Tribunal de Contas participativo, no sentido de contribuir com a nossa expertise. Para isso, queremos criar a Sala dos Prefeitos, onde eles terão todo aparato técnico para os orientar. Quero ver os corredores da Corte de Contas com prefeitos circulando para solucionar seus interesses. Apenas em última análise o Tribunal aplica a punição.

Outra questão que o senhor abordou foi a intenção de fazer concursos públicos. Para quais cargos serão abertos concursos no TCE-MS?

Está a cargo do conselheiro Marcio Monteiro a responsabilidade dos concursos – e ainda para este ano. Teremos provas para conselheiro substituto e para auditores e analistas de controle externo. Uma grande oportunidade para os interessados ingressarem no serviço público. Como a Corte tem sete áreas diferentes de atuação, a previsão é de que surjam quatro vagas de auditor para cada. No caso do conselheiro substituto, quando ele não está substituindo um titular, segue com tarefas administrativas, ficando afastado somente da tarefa de julgar. Havendo um novo integrante, ele receberá parte dos processos redistribuídos aos demais, diante dos afastamentos.

Com os investimentos em tecnologia feitos pela Corte de Contas, quais serão os ganhos para os jurisdicionados?

Na gestão do conselheiro Jerson Domingos, reduzimos drasticamente o número de processos nas caixas do Tribunal de Contas. Para você ter uma ideia, saímos de 80 mil para pouco mais de 28 mil processos represados na Corte de Contas do Estado. Outras ferramentas estão sendo disponibilizadas, e acredito que, somado aos profissionais que temos, possamos proporcionar aos jurisdicionados o acompanhamento e o aperfeiçoamento dos processos que virão para análise. Uma delas é o Sistema de Fiscalização Integrada de Gestão [e-Sfinge], que marca uma nova era na prestação de contas dos municípios em Mato Grosso do Sul. Passado apenas um mês desde o lançamento do novo sistema pelo Tribunal de Contas, 95% dos municípios [75 de 79] conseguiram completar com sucesso a primeira etapa do processo, enviando as Leis Orçamentárias, Plano Plurianual [PPA], Lei de Diretrizes Orçamentárias [LDO] e Lei Orçamentária Anual [LOA]. Esse envio possibilita ao TCE-MS o acompanhamento detalhado da previsão dos projetos e dos programas municipais, incluindo a alocação de recursos para áreas prioritárias, como a primeira infância. O sucesso do e-Sfinge não é apenas uma conquista tecnológica, mas também um passo significativo para a modernização da gestão pública no Estado. Com o sistema, o Tribunal de Contas consegue realizar um monitoramento mais ágil e preciso, o que se reflete em maior transparência e eficiência na utilização dos recursos públicos.

No próximo ano teremos as eleições gerais. O TCE-MS tem alguma ação programada para evitar problemas na hora em que os candidatos forem registrar suas candidaturas na Justiça Eleitoral?

O Tribunal de Contas tem e deve estar alheio às questões políticas.

O senhor pretende aprofundar ainda mais a aproximação da Corte de Contas com as demais instituições?

O ex-presidente conselheiro Jerson Domingos sempre fez questão de ter uma boa relação com as demais instituições. Me refiro à Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul [Alems], ao Ministério Público de Mato Grosso do Sul [MPMS] e ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul [TJMS]. Neste sentido, deveremos dar continuidade, construindo pontes e tendo uma boa relação com os demais Poderes.

Na gestão anterior, o TCE-MS teve quatro conselheiros afastados por determinação da Justiça. Como o senhor espera reverter a imagem negativa que ficou impregnada no Tribunal?

Estamos assumindo o Tribunal de Contas em momento muito delicado, e vejo mais como uma missão. Na minha gestão, pretendo ser o mais discreto possível, mas dar continuidade no avanço implementado pelo conselheiro Jerson Domingos. Há muitas áreas dentro do Tribunal de Contas que melhoraram acima da média na administração dele, como, por exemplo, a relação com os servidores. O Jerson Domingos criou uma harmonia com os funcionários que deixou o TCE-MS leve e participativo, algo que pretendo dar continuidade. Além disso, ele investiu pesado em ferramentas tecnológicas para deixar o Tribunal do Estado na vanguarda. Por isso, o que está dando certo, vou continuar. Enfim, seremos um Tribunal de Contas discreto, aproveitando ao máximo a qualificação do nosso pessoal para dar suporte às jurisdições, observando os limites para não nos tornarmos uma consultoria paralela.

Presidente, para finalizar, o senhor já foi prefeito e, na sua época, a relação com a Corte de Contas era difícil. Como melhorar isso?

A imagem do Tribunal de Contas punitivo não quero ter, pretendo fazer com que os prefeitos não enxerguem a Corte de Contas como um “bicho-papão”. Eu já fui prefeito de Ponta Porã e sei como era engessada a relação do município com o TCE-MS. Aquela imagem de um colegiado punitivo não reflete uma convicção de que é o melhor caminho. Enfim, quero uma Corte de Contas que auxilie, recomende e que proporcione, lá na frente, melhores resultados para nossa sociedade. Acredito que, no fim, a população também vai ganhar, pois teremos redução na quantidade de contas reprovadas. Penso que, se o embrião for fecundado corretamente, o contrato vai nascer certo e o gestor municipal terá menos problemas, consequentemente, os nossos técnicos terão menos dificuldades na hora de analisar as contas.

Perfil

Flávio Kayatt

Natural de São Paulo (SP), onde nasceu no dia 22 de outubro de 1960, formou-se em Administração de Empresas pelas Faculdades Unidas Católicas de Mato Grosso (Fucmat), que atualmente levam o nome de Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). Foi vereador por Ponta Porã, entre 1993 e 1996, presidente da Câmara Municipal de Ponta Porã, no biênio 1995-1996, e vice-prefeito de Ponta Porã entre 1997 e 1998. Além disso, foi prefeito de Ponta Porã por dois mandatos, no período de 2005 a 2008 e de 2009 a 2012. O conselheiro Flávio Kayatt ainda foi deputado estadual por três mandatos, no período de 1999 a 2002, de 2003 a 2004 e de 2015 a 2017. No TCE-MS, ele foi empossado conselheiro no dia 13 de novembro de 2017, sendo vice-presidente no biênio 2019-2020, vice-presidente no biênio 2023-2024 e designado ouvidor para o biênio 2023-2024. 

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Espera

Motta aguarda assessoria jurídica da Câmara para definir posse de suplente de Zambelli

Primeira Turma do STF confirmou, ontem, 12, a decisão do ministro Alexandre de Moraes que decretou a perda imediata do mandato de Zambelli

13/12/2025 21h00

Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta

Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta Foto: Câmara dos Deputados

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O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), espera uma resposta da assessoria jurídica da Casa para definir o destino do mandato da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) até segunda-feira, 15.

A equipe de Motta afirmou à reportagem que a decisão deve tratar não necessariamente da cassação de Zambelli, mas da posse de Adilson Barroso (PL-SP). O prazo de 48 horas dado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) à Câmara menciona especificamente a posse do suplente, não a cassação da titular.

A Primeira Turma do STF confirmou, ontem, 12, a decisão do ministro Alexandre de Moraes que decretou a perda imediata do mandato de Zambelli. O colegiado também chancelou a determinação para que a Mesa da Câmara dê posse ao suplente da deputada em até 48 horas, como prevê o regimento interno da Casa.

A decisão anulou a deliberação da própria Câmara de rejeitar a cassação de Zambelli, o que foi visto como afronta ao STF. Foram 227 votos pela cassação, 170 votos contrários e dez abstenções. Eram necessários 257 votos para que ela perdesse o mandato.

Moraes disse em seu voto que a deliberação da Câmara desrespeitou os princípios da legalidade, da moralidade e da impessoalidade, além de ter "flagrante desvio de finalidade".

O ministro afirmou que a perda do mandato é automática quando há condenação a pena em regime fechado superior ao tempo restante do mandato, já que o cumprimento da pena impede o trabalho externo.

Nesses casos, cabe à Casa legislativa apenas declarar o ato, e não deliberar sobre sua validade.

O STF condenou Zambelli em maio pela invasão de sistemas e pela adulteração de documentos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A pena é de 10 anos de prisão em regime inicial fechado, e tem como resultado a perda do mandato na Câmara.

A deputada, no entanto, fugiu do País antes do prazo para os recursos. Ela hoje está presa preventivamente na Itália, e aguarda a decisão das autoridades italianas sobre a sua extradição.

A votação em plenário na madrugada da quinta-feira, 11, contrariou a decisão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, que, na tarde desta quarta-feira, 10, tinha aprovado a cassação.

Zambelli participou por videoconferência da deliberação da CCJ e pediu que os parlamentares votassem contra a sua cassação, alegando ser inocente e sofrer perseguição política. "É na busca da verdadeira independência dos Poderes que eu peço que os senhores votem contra a minha cassação", disse.

No plenário, a defesa ficou com Fábio Pagnozzi, advogado da parlamentar, que fez um apelo para demover os deputados. "Falo para os deputados esquecerem a ideologia e agir como seres humanos. Poderiam ser o seus pais ou seus filhos numa situação dessas", afirmou. O filho da parlamentar, João Zambelli, acompanhou a votação. Ele completou 18 anos nesta quinta-feira.

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), discursou pedindo pela cassação. "Estamos aqui para votar pela cassação que já deveria acontecer há muito tempo", disse.

O PL trabalhou para contornar a cassação, para esperar que Zambelli perca o mandato por faltas. Pela regra atual, ela mantém a elegibilidade nessa condição.

Caso tivesse o mandato cassado, ficaria o tempo de cumprimento da pena mais oito anos fora das urnas. Ela só poderia participar de uma eleição novamente depois de 2043. Estratégia similar foi feita com Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que deverá ter a perda do mandato decretada pela Mesa Diretora.

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Política

PT oficializa pré-candidatura de Fábio Trad ao governo do Estado

Nome de ex-deputado foi oficializado em encontro realizado neste sábado (13)

13/12/2025 18h00

À direita da imagem, Fábio Trad acompanha fala de Edinho Silva

À direita da imagem, Fábio Trad acompanha fala de Edinho Silva Foto: Pedro Roque / Reprodução

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Ex-deputado federal, Fábio Trad foi oficializado como o postulante à governadoria estadual pelo Partido dos Trabalhadores (PT). A indicação ocorreu na tarde deste sábado (13), em reunião da cúpula petista na Capital, que contou com a presença do presidente nacional da sigla Edinho Silva e diversas lideranças do partido. 

Filiado ao partido desde agosto último, Fábio Trad migrou para o campo mais à esquerda após deixar o Partido Social Democrático (PSD), sigla a qual pertencia há 10 anos.

Fábio Trad, ressaltou o simbolismo político da visita do líder da sigla à Capital e afirmou que a presença da direção nacional recoloca o campo progressista sul-mato-grossense no centro do debate nacional.

“A vinda do presidente nacional do PT significa que a esquerda de Mato Grosso do Sul está, sim, no radar político nacional. Não é possível que um Estado da importância geopolítica de Mato Grosso do Sul não tenha um palanque competitivo, ideologicamente coerente com o campo progressista liderado pelo presidente Lula”, afirmou.

Ao Correio do Estado, o ex-deputado destacou que os partidos que compõem a frente progressista construirão um grande palanque para o Lula em Mato Grosso do Sul, voltado "às conquistas sociais e econômicas para o nosso povo", disse.

À reportagem, destacou que, a disputa pelo executivo estadual partiu de uma decição do presidente nacional do partido, decisão que viu com bons olhos.

"Sobre a construção em torno da minha participação na campanha, o presidente Edinho destacou a preferência do PT de MS para que a jornada seja encabeçada por mim. As definições estão se concretizando e eu espero contribuir com o presidente Lula para fazer em MS o papel que ele me incumbiu de exercer", declarou. 

Além de mirar o posto mais alto do executivo estadual, o partido deve priorizar a corrida pelo Senado, já que Soraya Thronicke (Podemos) e Nelsinho Trad (PSD), irmão de Fábio, não possuem vaga garantida para o próximo ano. 

"O presidente Lula está muito atento ao cenário aqui do estado e fará todo o esforço para que o campo progressista tenha êxito em todas as instâncias de disputa, inclusive o Senado com o companheiro Vander", disse. 

À direita da imagem, Fábio Trad acompanha fala de Edinho Silva Ex-deputado Fábio Trad / Foto: Marcelo Victor / CE

À época de sua filiação, Trad já era cotado para disputar as eleições para governador no pleito geral de 2026, contudo, havia rechaçado o embate contra o atual governador Eduardo Riedel (PP) nas urnas.

Diferente dos irmãos, ele vem de uma formação mais à esquerda. Advogado formado na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), conheceu o movimento brizolista (ligado à Leonel Brizola).

Em Mato Grosso do Sul, já teve dois mandatos de deputado federal pelo PSD, onde sua família esteve abrigada durante quase toda década passada.

Após a pandemia de Covid-19, voltou-se mais à esquerda quando se colocou como um dos oposicionistas do então presidente Jair Bolsonaro (PL).

Em 2022, não conseguiu se reeleger. Disputou a eleição pelo antigo partido e também foi derrotado na disputa pelo governo do Estado.

Em 2023, recebeu um cargo na Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), no governo Lula.

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