Política

Eleições 2024

Família de candidato em MS é acusada de trabalho escravo

Ministério do Trabalho encontra sete trabalhadores em condições degradantes em fazenda da família Carbonaro, ligada a Tiago Carbonaro, candidato a prefeito em Itaporã; Justiça aceitou a denúncia

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A campanha eleitoral tem trazido à tona investigações sobre trabalhos degradantes (análogos a escravidão) e infrações ambientais. Esse é o caso de Itaporã, cidade da Grande Dourados, a 233 quilômetros de Campo Grande, onde a família Carbonaro, ligada ao candidato a prefeito Tiago Carbonaro (PP), enfrenta acusações de trabalho escravo.

Durante uma fiscalização do Ministério do Trabalho, em conjunto com o Ministério Público do Trabalho e a Polícia Militar, sete trabalhadores foram encontrados em condições análogas à escravidão na Fazenda Santa Maria, em Bela Vista, entre 13 de março e 25 de abril de 2022.

A propriedade pertence a Aristeu Alceu Carbonaro e Álvaro José Carbonaro, tio e pai de Tiago Carbonaro, candidato a prefeito de Itaporã.

De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), em relatório do procurador Alexandre Aparizi, os trabalhadores enfrentavam condições degradantes, sem alojamento adequado, obrigados a se abrigar em barracos de lona e a dormir em tarimbas (camas de madeira) ou redes.

A água disponível para consumo não tinha proteção contra contaminação, e não havia local adequado para armazenar alimentos ou realizar refeições. Os trabalhadores relataram ainda a falta de banheiros, sendo obrigados a fazer suas necessidades fisiológicas no mato, em condições insalubres e sem privacidade.

Os auditores fiscais do trabalho informaram que os funcionários trabalhavam das 5h às 11h, com intervalo para almoço, e retomavam as atividades entre 12h e 13h, estendendo-se até as 17h.

A jornada, portanto, variava de 10 a 11 horas diárias, superando as 44 horas semanais permitidas pela lei. Alguns trabalhadores também afirmaram que a alimentação não era fornecida pelo empregador.

Relato da vítima

Uma das vítimas relatou que trabalhou por oito meses na Fazenda Santa Maria na construção de cercas para contenção do gado. Segundo ele, o gerente da fazenda, Edilson Pereira das Graças, informou que os alojamentos estavam ocupados e que os trabalhadores deveriam “se virar” para encontrar hospedagem.

Eles improvisaram barracos de lona, dormiam em tarimbas e buscavam água em um córrego próximo, pois a água trazida de trator estava frequentemente contaminada, causando crises de diarreia em alguns colegas.

O gerente Edilson negou as acusações, afirmando que a família Carbonaro forneceu alojamento com água, luz e banheiro, mas os trabalhadores recusaram por estar distante do local de trabalho. Ele também afirmou que a água era proveniente de um poço artesiano, consumida por todos na fazenda.

Álvaro Carbonaro declarou desconhecer as condições dos trabalhadores, que foram contratados por seu irmão em parceria com o gerente da fazenda. Aristeu, por sua vez, disse que os alojamentos adequados foram oferecidos e que não havia visto os barracos durante suas visitas esporádicas à fazenda.
A denúncia foi aceita pela Justiça Federal, e Edilson, Álvaro e Aristeu foram formalmente acusados em julho deste ano.

Além das acusações de trabalho análogo ao escravo, os proprietários da Fazenda Santa Maria estão sendo investigados pelo Ministério Público Estadual por possível desmatamento irregular em 122,58 hectares de área de Preservação Permanente.

A promotora Nara Mendes dos Santos Fernandes informou que, apesar de os proprietários negarem a responsabilidade pelo desmatamento, não buscaram uma solução amigável para o problema, o que levou à conversão do inquérito em ação civil pública.

Outro lado

Procurado pela reportagem para comentar o caso, o candidato Tiago Carbonaro limitou-se a responder “boa tarde” e não acrescentou mais informações.

O espaço permanece aberto para o posicionamento dos envolvidos.

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Eleições 2024

Fórum de Cultura faz sabatina entre candidatos à prefeitura de Campo Grande

Irão participar do evento os quatro candidatos mais bem posicionados nas pesquisas eleitorais

16/09/2024 16h30

Os candidatos Camila Jara (PT), Beto Pereira (PSDB), Rose Modesto (União) e Adriane Lopes (PP)

Os candidatos Camila Jara (PT), Beto Pereira (PSDB), Rose Modesto (União) e Adriane Lopes (PP) Foto: Montagem

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Nesta terça-feira (17), às 19h, o Fórum de Cultura de Campo Grande irá promover uma sabatina com Rose Modesto (União), Camila Jara (PT), Beto Pereira (PSDB) e Adriane Lopes (PP), os quatro candidatos mais bem colocados nas pesquisas.

O evento, que ocorrerá no Teatro do Mundo, irá explorar as propostas individuais dos candidatos para a cultura de Campo Grande. Para garantir foco nas propostas individuais, não será permitido que os candidatos façam perguntas entre si. Algumas questões serão comuns a todos, enquanto outras serão sorteadas.

Devido ao número limitado de lugares, a organização do evento reservou assentos para representantes de diversos setores culturais, assegurando a participação equilibrada de diferentes áreas. Quem não conseguir estar presente poderá acompanhar a transmissão ao vivo pelo YouTube e Instagram do Fórum de Cultura.

O encontro tem como objetivo principal destacar a cultura como uma prioridade nas propostas de governo. "Queremos que a próxima gestão reconheça a importância da cultura não apenas como um direito, mas como uma ferramenta essencial para o desenvolvimento econômico e social", afirma Vitor Samudio, presidente do Fórum. 

Serviço:

  • Data: terça-feira, 17 de setembro
  • Horário: 19h
  • Local: Teatro do Mundo, Rua Barão de Melgaço, 177, Centro
  • Transmissão ao vivo: YouTube e Instagram.

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FUNDO ELEITORAL

Partido de Bolsonaro usa dois pesos e duas medidas para distribuir recurso

Em Campo Grande, Ana Portela, filha do presidente estadual do PL, recebeu R$ 300 mil para a campanha de vereadora

16/09/2024 08h00

A candidata a vereadora Ana Portela com Jair Bolsonaro e com o pai dela, o Tenente Portela

A candidata a vereadora Ana Portela com Jair Bolsonaro e com o pai dela, o Tenente Portela Foto: arquivo

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A falta de comando regional do PL, partido do ex-presidente da República Jair Messias Bolsonaro, continua fazendo estragos em Mato Grosso do Sul, onde já teve três presidentes estaduais, sendo uma embarcação à deriva nas agitadas águas da política.

Se antes os principais problemas da legenda no Estado foram lançar ou não candidatura a prefeito de Campo Grande e fechar ou não aliança com o PSDB em nível estadual, agora, a nova complicação é a distribuição do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), já que a sigla tem a maior fatia do bolo, R$ 886.839.487,85. Ou seja, 17,87% do total de R$ 4.961.519.777,00.

A falta de critérios para a divisão dos recursos do fundo eleitoral está gerando uma crise entre os candidatos a vereador pelo PL em Campo Grande, maior do que o montante que o partido tem direito do FEFC em nível nacional.

Para complicar, o descontentamento não é exclusividade entre os candidatos da Capital, pois no interior o problema é o mesmo.

Tudo começou na primeira semana deste mês, quando a candidata a vereadora Ana Portela, filha do presidente estadual do PL, o primeiro-suplente de senador Tenente Portela, tinha recebido como recurso para a campanha eleitoral nada menos do que R$ 300 mil, enquanto os outros candidatos estavam recebendo módicos R$ 30 mil ou continuavam zerados.

O que irritou os demais bolsonaristas é que os candidatos com maior densidade eleitoral estavam ainda com as contas zeradas, enquanto a filha do presidente estadual, que teria poucas chances de vitória, recebeu R$ 300 mil. 

Para complicar ainda mais, nomes considerados muito fortes, como Tio Trutis, André Salineiro e Rafael Tavares, estavam sem receber recursos até o início da semana passada, algo que mudou, pelo menos, para Tio Trutis, que recebeu também R$ 300 mil, e para André Salineiro, com R$ 170 mil.

Rafael Tavares ainda segue a ver navios, enquanto Carlinhos da Farmácia recebeu R$ 120 mil e Bruno Ortiz ganhou outros R$ 100 mil, sem falar na Professora Tenente Ana Paula, que levou R$ 80 mil, e Gabriel Batista, Anda Abdo, Julia Ruiz, Mariana Azevedo, Missionária Josi e Susi Kids, que tiveram direito a R$ 50 mil cada.

Além disso, Alan Tatuapu, Davi Ribeiro, Joni Guimarães, Professor Thiago Nunes e Vivi Tobias também receberam R$ 40 mil cada, enquanto Cassy Monteiro, Ed do PL, Isaac Pancini, Jayme Macarrão, Luiz Curci e Pastor Ludio Marcondes ganharam R$ 30 mil. Os demais candidatos a vereador estão zerados.

Já entre os 17 candidatos a prefeitos no interior pelo partido de Bolsonaro, apenas cinco receberam recursos do FEFC: Robson Rezende (Paranaíba), com R$ 1,5 milhão; Pompilio Júnior (Ponta Porã), com R$ 500 mil; Dr. Max (Guia Lopes da Laguna), com R$ 300 mil; Odair Pereira (Jateí), com R$ 20 mil; e Mané Nunes (Alcinópolis), com R$ 3,5 mil.

Os outros 12 candidatos a prefeitos ainda não receberam R$ 1,00 do fundo eleitoral, sendo eles: Adriano Brum (Antônio João), Professora Lurdes (Caarapó), Lino Keffler (Coronel Sapucaia), André Campos (Corumbá), Juliana Lara (Iguatemi), Dr. Luiz Audízio (Jaraguari), Luciano França (Maracaju), Rodrigo Sacundo (Naviraí), Delegado Murilo (Pedro Gomes), Fábio Netto (Porto Murtinho), Rodrigo Basso (Sidrolândia) e Careca da Recuperadora (Sonora).

Candidatos a vereadores pelo PL em Campo Grande criticaram a inexistência de critério exato na divisão do dinheiro do FEFC.

No início deste mês, o presidente estadual do partido, Tenente Portela, teria dito que seriam distribuídos R$ 30 mil para cada um dos concorrentes, algo que caiu por terra quando a filha dele colocou as mãos em uma bolada de R$ 300 mil.

Eles questionaram quem seria a cabeça pensante para analisar os potenciais de cada candidato com muita ou pouca chance de vitória e, dessa forma, ter direito a mais recursos do fundo eleitoral. 

Muitos ficaram decepcionados com o ex-presidente Bolsonaro, que teria dito, antes do início da disputa, que o projeto do PL seria ser diferente da oposição, mas, no fim das contas, está igual ou até pior que os demais partidos. 

Essa falta de dinheiro para a maioria dos candidatos do PL acaba afetando a campanha eleitoral deles nas ruas, já que não terão recursos para honrar compromissos com gráficas, marqueteiros e mídias.

Além disso, após Bolsonaro fechar aliança com o PSDB em MS, muitas candidaturas do PL foram canceladas e algumas tiveram de recorrer à Justiça Eleitoral para continuar na disputa. 

O Correio do Estado tentou falar com o presidente estadual do PL, Tenente Portela, para comentar a situação, mas até o fechamento desta matéria não obteve sucesso. Porém, o espaço continua aberto.

R$ 1,5 Milhão

Esse é o montante que o candidato a prefeito de Paranaíba pelo PL, Robson Rezende, recebeu do fundo eleitoral para a campanha

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